Revolução Belga – Wikipédia, a enciclopédia livre

Revolução Belga
Parte de Revoluções de 1830

Episódio da revolução belga de 1830, Gustaf Wappers (1834), ( Museu de Arte Moderna, em Bruxelas).
Período 25 de agosto de 1830 - 14 de julho de 1831
Local Bélgica e Países Baixos
Resultado
  • Vitória belga;
    • As potências da Europa reconhecem a independência de facto da Bélgica
Participantes do conflito
Bélgica Rebeldes Belgas

Apoiado por:

Países Baixos Países Baixos
Líderes
Bélgica Charles Rogier
Bélgica Erasme Louis Surlet de Chokier
Monarquia de Julho Luís Filipe I
Monarquia de Julho Étienne Maurice Gérard
Reino Unido dos Países Baixos Guilherme I dos Países Baixos
Reino Unido dos Países Baixos Príncipe Guilherme II
Reino Unido dos Países Baixos Príncipe Frederico
Forças
Bélgica Desconhecido
Monarquia de Julho 60 000
Reino Unido dos Países Baixos 50 000
Baixas
Desconhecidas Desconhecidas

A Revolução Belga foi o conflito que levou à secessão das províncias do sul do Reino Unido dos Países Baixos e estabeleceu o independente Reino da Bélgica.

A revolução belga de 1830 fez os habitantes das províncias do sul do Reino dos Países Baixos rebelarem-se contra a hegemonia das províncias do norte, principalmente protestantes. Grande parte da população do sul eram católicos romanos, de língua francesa, ou liberais, que consideravam o governo do rei Guilherme I como despótico. Houve altos níveis de desemprego e inquietação industrial entre as classes trabalhadoras. Dentro de algumas semanas de agosto e setembro resultou-se a revolta e secessão de Flandres, Valônia e a formação da Bélgica. Apenas parte de Luxemburgo permaneceu até 1890, em união pessoal com o Reino Unido dos Países Baixos.[1]

Do século XIV ao século XVI, o norte e o sul se uniram e compartilharam a mesma história, primeiramente como Países Baixos Borgonheses e mais tarde como Países Baixos Espanhóis. Durante a Reforma Protestante e a Guerra dos Oitenta Anos, sete províncias se tornaram independentes do Império Espanhol, formando a República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos. Em 1815, após o Congresso de Viena, o norte e o sul se reuniram com o Principado de Liege. As divisões religiosas, linguísticas e econômicas que ocorreram durante os cerca de 250 anos de distância logo se tornaram claras.

Em 25 de agosto de 1830, ocorreram distúrbios em Bruxelas e lojas são saqueadas. Levantes seguiram no resto do país. Fábricas foram ocupadas e as máquinas destruídas. A ordem foi restabelecida brevemente depois que as tropas de Guilherme comprometidas com as províncias do sul, mas contínuos distúrbios e a liderança foi tomada pelos elementos mais radicais, que começaram a falar de secessão.[1]

A batalha ocorreu em Bruxelas. Os canhões foram disparados no Parque Warande. As tropas holandesas foram forçadas a retirar por causa de deserção em massa de recrutas das províncias do sul, enquanto os Estados-gerais em Bruxelas, votaram a favor da secessão e declararam independência. Como consequência, o Congresso Nacional se reuniu e Guilherme absteve-se de uma ação militar futura e apelou para as grandes potências. O resultado foi a Conferência de Londres em que as grandes potências europeias reconheceram a independência da Bélgica. Após a instalação de Leopoldo I como "Rei dos Belgas", em 1831, o Rei Guilherme fez uma tardia tentativa militar para reconquistar a Bélgica e restaurar a sua posição através de uma campanha militar. Esta Campanha dos Dez Dias fracassou como resultado de uma intervenção militar francesa. Os holandeses aceitaram a decisão da Conferência de Londres e a independência da Bélgica, assinando o Tratado de Londres.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Reino Unido dos Países Baixos[editar | editar código-fonte]

Após a Batalha de Leipzig, o exército francês de Napoleão recua ao leste do rio Reno. As terras do Reino da Holanda, previamente anexadas ao Primeiro Império Francês, agora eram controladas por Guilherme I dos Países Baixos. Durante o Congresso de Viena em 1815, Guilherme I, da Casa de Orange-Nassau, declara o Reino Unido dos Países Baixos com o suporte do Império Britânico.[2]

Divisões sociais, econômicas e políticas entre o norte e o sul[editar | editar código-fonte]

O novo país era dividido: no norte, a maioria era protestante e falava neerlandês (holandês), uma língua germânica; No sul do país, a população era católica e falavam ou um dialeto da língua neerlandesa, o flamengo, ou o francês, além de uma minoria que fala alemão.

A representação da população belga era menor comparada com os neerlandeses. Além disso, a comunidade católica não aprovava o rei, que era protestante. Por isso, católicos e liberais da Bélgica se uniram em 1828 para uma união de suas motivações políticas.[3]

Em 1823, houve uma tentativa de forçar a língua neerlandesa no sul dos Países Baixos, sendo resistida pela população belga. Em 1830, a reforma foi abolida.[4]

Independência[editar | editar código-fonte]

Ascensão de Leopoldo I da Bélgica[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Leopoldo I da Bélgica

Em Novembro de 1830, o Congresso Nacional da Bélgica foi estabelecido para criar e escrever a constituição do novo estado. O Congresso decidiu que a Bélgica seria uma monarquia constitucional popular. Em 7 de Fevereiro de 1831, a Constituição da Bélgica foi aprovada. Entretanto, ainda não havia um verdadeiro rei sentado no trono belga.

Até então um príncipe do reino de Saxe-Coburgo-Gota, Leopoldo foi convidado pelo Congresso para se tornar rei da Bélgica, fazendo o seu juramento ao trono no dia 21 de julho de 1831. O dia 21 de julho se tornou, desde então, o dia nacional da Bélgica.[5]

Os países europeus e uma Bélgica independente[editar | editar código-fonte]

Plano de partilha da Bélgica proposta pelo embaixador francês Talleyrand.

Em 20 de Dezembro de 1830 ocorre a Conferência de Londres de 1830, onde representantes diplomáticos de cinco países se reuniram: A Áustria, a França, o Reino Unido, a Prússia, e a Rússia. Inicialmente, houve discordâncias sobre uma Bélgica independente. A França, tomada por liberais em um período conhecido como a Monarquia de Julho, apoiava a independência da Bélgica, enquanto que as outras nações apoiavam o status quo na Europa — as Guerras Napoleônicas ainda estavam na memória dos europeus. Nesta conferência, uma das soluções propostas foi a do embaixador francês, Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, conhecida como o plano de partição de Talleyrand. O plano foi rejeitado pelos outros países.

Pós-independência[editar | editar código-fonte]

Campanha dos Dez dias[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Campanha dos Dez dias

Guilherme II não ficou satisfeito com o encontro em Londres e não aceitava a independência da Bélgica, pois dividia seu reino e afetava o tesouro do seu país. Entre 2 de Agosto a 12 de Agosto de 1831, inicialmente tendo sucesso contra as forças belgas em Hasselt e Leuven. Apenas com a aparição das forças francesas, sob Étienne Gérard, que as forças neerlandesas pararam de avançar sobre a Bélgica. O rei Guilherme II foi forçado, eventualmente, a assinar o Tratado de Londres.

Tratado de Londres de 1839[editar | editar código-fonte]

Em 19 de Abril de 1839, as nações da Europa, incluindo os Países Baixos, reconheceram a independência e neutralidade da Bélgica, sendo composta pelas regiões de Flandres Ocidental, Flandres Oriental, Brabante Valão e Brabante Flamengo, a Antuérpia, Limburgo, Hainaut, Liège, além de partes de Luxemburgo e Namur.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Schroeder, Paul W. (1994). The Transformation of European Politics 1763-1848 (em inglês). [S.l.]: Clarendon Press. pp. 97–671. ISBN 978-0198221197 
  2. Blom, J. C. H. (2006). History of the Low Countries (em inglês). [S.l.]: Berghahn Books. p. 306. 516 páginas. ISBN 9781845452728 
  3. «The Belgian Period» (em inglês). belgium.be. Consultado em 21 de julho de 2017 
  4. Jacques Logie (1980). De la régionalisation à l'indépendance, 1830 (em francês). Paris: [s.n.] p. 21. ISBN 9782801103326 
  5. «National Day and feast days of Communities and Regions» (em inglês). belgium.be. Consultado em 1 de Setembro de 2017 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Johannes Koll (Hrsg.): Nationale Bewegungen in Belgien. Ein historischer Überblick. Niederlande-Studien. Bd 37. Münster 2005. ISBN 3-8309-1465-2.
  • Dieter Langewiesche: Europa zwischen Restauration und Revolution 1815–1849. Oldenbourg Grundriss der Geschichte. Bd 13. 4ª edición. Múnich 2004. ISBN 3-486-49764-2.
  • Gordon A. Craig: Geschichte Europas 1815–1980. 3ª edición 1989. ISBN 3-406-09567-4.
  • Wolfgang Heuser: Kein Krieg in Europa. Die Rolle Preußens im Kreis der europäischen Mächte bei der Entstehung des belgischen Staates (1830–1839). Reihe Geschichtswissenschaft. Bd 30. Pfaffenweiler 1992. ISBN 3-89085-775-2.
  • Robert Demoulin: La Révolution de 1830. Bruselas 1950.
  • Robert Demoulin: L’influence française sur la naissance de l’Etat belge. In: Revue historique. Alcan, París 223.1960, pp. 13–28.
  • Rolf Falter: Achtiendertig, de scheiding van Nederland, België en Luxemburg. Tielt 2005. ISBN 90-209-5836-4.
  • J. S. Fishman: Diplomacy and revolution, the London conference of 1830 and the Belgian revolt. Amsterdam 1988. ISBN 90-5068-003-8
  • Hermann Theodor Colenbrander: Gedenkstukken der Algemeene Geschiedenis van Nederland van 1795 tot 1840. s’Gravenhage 1905 ff. (en particular el volumen de la Serie D.9: Regeering van Wilhelm I. 1825–1830 und D.10: Regeering van Wilhelm I. 1830–1840).
  • Verstolk van Soelen: Recueil de pièces diplomatiques relatives aux affaires de la Hollande et de la Belgique. La Haya 1831–1833.
  • Dokumente der Geschichte Belgiens. Bd 2. Belgien der Neuzeit. Von 1830 bis heute. „Ideen und Studien“. Nr. 109, 1978. Hrsg. v. Ministerium für Auswärtige Abgelegenheiten und Entwicklungszusammenarbeit. Bruselas 1978.

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]