República Democrática do Sudão – Wikipédia, a enciclopédia livre


جمهورية السودان الديمُقراطية
Jumhūrīyat as-Sūdān ad-Dīmuqrāṭīyah

República Democrática do Sudão

1969 – 1985
Flag Brasão
Bandeira Emblema
Localização de Sudão
Localização de Sudão
Continente África
Região mundo árabe
País Sudão
Capital Cartum
15° 38' N 32° 32' E
Religião Islã
Animismo
Cristianismo
Governo Unipartidarismo
Presidente
 • 1969–1985 Gaafar Nimeiry
 • 1985 Abdel Rahman Swar al-Dahab
Primeiro-ministro
 • 1969 Babiker Awadalla
 • 1985 Al-Jazuli Daf'allah
Vice-presidente
 • 1969–1971 Khalid Hassan Abbas
 • 1982–1985 Omar Muhammad al-Tayib
Período histórico Guerra Fria
 • 25 de maio de 1969 Fundação
 • 10 de outubro de 1985 extintoa
Área
 • 1973 2 505 813 km2
População
 • 1973 est. 14 113 590 
     Dens. pop. 5,6 hab./km²
 • 1983 est. 20 594 197 
     Dens. pop. 8,2/km²
Atualmente parte de  Sudão
 Sudão do Sul
[a] A Constituição da República Democrática do Sudão foi suspensa em 6 de abril de 1985. Uma constituição provisória foi aprovada em 10 de outubro de 1985, renomeando o país para "República do Sudão" [1].

A República Democrática do Sudão foi estabelecida entre 1969 e 1985. Este período histórico é separado do Sudão pós-colonial por ser iniciado com um golpe de Estado que acabaria com a frágil democracia do país recém-nascido, porém conflitos por resolver culminariam na Segunda Guerra Civil Sudanesa.

Golpe de Estado de 1969 e Conselho Nacional de Comando Revolucionário[editar | editar código-fonte]

Em 25 de maio de 1969, vários jovens oficiais que se autodenominam Movimento dos Oficiais Livres, tomaram o poder no Sudão e deram inicio a chamada era Nimeiri na história do Sudão. No cerne da conspiração havia nove oficiais liderados pelo coronel Gaafar Nimeiry, que estiveram envolvidos em conspirações contra o regime de Ibrahim Abboud. O golpe de Nimeiri foi apoiado pelo Partido Comunista Sudanês, pelas diferentes organizações nacionalistas árabes e certos grupos religiosos conservadores que justificaram o golpe de Estado com o argumento que os políticos civis haviam paralisado o processo de tomada de decisões, haviam fracassado em resolver os problemas econômicos e regionais do país, e haviam deixado o Sudão sem uma constituição permanente.

Ao assumir o poder, o Conselho Nacional de Comando Revolucionário proclamou o estabelecimento de uma "república democrática" dedicada ao avanço do "socialismo sudanês". Os primeiros atos do governo incluíram a suspensão da Constituição, a abolição de todas as instituições do governo e a proibição de partidos políticos. O Conselho Nacional de Comando Revolucionário também nacionalizou muitas indústrias, empresas e bancos. Nimeiri tornou-se presidente do Conselho Nacional de Comando Revolucionário. Em seguida, se tornaria presidente (em 1971) e ao mesmo tempo o primeiro-ministro.[1]

Primeiramente, Nimeiri introduziu até mesmo os comunistas no governo. Até o final de 1969, a URSS passaria a prestar assistência militar para o Sudão. Porém, até o final de 1970, as relações de Nimeiri com os comunistas se deterioraram bruscamente e ele tirou-os do governo. No verão de 1971, uma série de golpes e contragolpes, com a participação dos comunistas, obrigaria Nimeiri a reprimir-los severamente e expurgá-los.

A partir de 1972, a União Socialista Sudanesa torna-se o único partido político legal da República Democrática do Sudão, e Jaafar Nimeiri - o seu presidente.

Política de islamização do Sudão e Segunda Guerra Civil Sudanesa[editar | editar código-fonte]

A crescente influência do Islã no Sudão nas décadas de 1970 e 1980 teve um impacto nas políticas de Nimeiri, que inicialmente contou com o apoio do Partido Comunista do Sudão e pregou o conceito secular do "socialismo árabe". Sob a pressão das forças anti-marxistas, Nimeiri foi forçado a alterar suas políticas, declarando o Islã como uma prioridade em todas as áreas públicas.

Em setembro de 1983 Nimeiri declarou o Sudão uma república islâmica e promulgou um decreto oficial sobre a introdução da sharia como base do sistema legal sudanês. A partir dessa época até abril de 1985, Nimeiri realizou no Sudão a sua própria "revolução islâmica". Os decretos de Nimeiri, que ficaram conhecidos como as leis de setembro, foram amargamente ressentidas tanto por muçulmanos secularizados como pelos sulistas predominantemente não-muçulmanos.

Enquanto isso, a situação de segurança no sul havia deteriorado tanto que até o final de 1983 ascendeu a uma nova guerra civil.[2]

Fim do regime[editar | editar código-fonte]

No início de 1985, o descontentamento contra o governo resultou em uma greve geral em Cartum. Manifestantes protestavam contra o aumento dos custos dos alimentos, da gasolina, e do transporte. A greve geral paralisou o país. Nimeiri, que estava em uma visita aos Estados Unidos, foi incapaz de suprimir as manifestações contra seu regime que cresceram rapidamente. Um golpe militar liderado por seu ministro da Defesa, o Gen. Abdel Rahman Swar al-Dahab, o depôs.[3][4] Nas eleições seguintes, o líder pró-islamita Sadiq al-Mahdi (que tinha tentado um golpe contra Nimeiry em 1976) tornou-se primeiro-ministro.

Referências

  1. THE NIMEIRI ERA, 1969-85 - Sudan: A Country Study.
  2. HISTORY OF THE SUDAN - historyworld.net
  3. SUDAN'S PRESIDENT IS OUSTED IN COUP BY MILITARY CHIEF by JUDITH MILLER, The New York Times (April 7, 1985)
  4. Sudan: A Historical Perspective Arquivado em 28 de janeiro de 2013, no Wayback Machine. - Sudan.Net