Repórteres sem Fronteiras – Wikipédia, a enciclopédia livre

Repórteres sem Fronteiras
(RSF)
Reporters sans frontières
Logótipo
Repórteres sem Fronteiras
Logo desde 2020
Tipo Organização não-governamental e sem fins lucrativos
Fundação 1985
Sede Paris, França
Secretário-geral Christophe Deloire (desde 2012)
Fundadores Robert Ménard, Rémy Loury, Jacques Molénat e Émilien Jubineau
Empregados cerca de 100
Sítio oficial rsf.org/pt-br

Os Repórteres sem fronteiras (RSF, em francês: Reporters sans frontiers) é uma organização internacional, não governamental e sem fins lucrativos com o objetivo de garantir o direito à liberdade de informação e de imprensa. O grupo defende as suas atividades na crença de que todos tem direito à informação independente de fronteiras, assim como descrito no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A RSF tem status consultivo junto à Organização das Nações Unidas, ao Conselho da Europa e à Organização Internacional da Francofonia.[1]

Linhas de ação[editar | editar código-fonte]

Jean-François Julliard (no centro), recebe a medalha Charlemagne para as mídias europeias, em nome de RSF (2009).

As linhas de ação de RSF, explicitadas no site da entidade, são:

  • defender os jornalistas e colaboradores dos meios de comunicação aprisionados ou perseguidos por sua atividade profissional, e denunciar os maus-tratos e a tortura de que são vítimas em muitos países;
  • lutar para fazer recuar a censura e combater as leis que visam restringir a liberdade de imprensa;
  • conceder a cada ano quase trezentas bolsas de assistência, a fim de auxiliar jornalistas ou veículos de comunicação em dificuldade, bem como as famílias de repórteres presos.
  • agir para melhorar a segurança dos jornalistas, notadamente em zonas de conflito.[2]

RSF é membro e fundadora da organização International Freedom of Expression Exchange (IFEX), uma rede mundial de mais de 70 organizações não governamentais de defesa da liberdade de expressão, que monitora violações à liberdade de imprensa e de expressão, movendo campanhas de defesa de jornalistas, escritores, usuários de Internet e outros que possam ser vítimas de perseguição pelo exercício do direito à expressão.

Em 2005, a organização foi agraciada com o Prêmio Sakharov para a liberdade de espírito, conferido pelo Parlamento Europeu. Para o período de outubro de 2008 a janeiro de 2012, seu secretário-geral é Jean-François Julliard,[3][4] sucedendo a Robert Ménard, que dirigia a organização desde a sua fundação.

Relatório anual[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Índice de Liberdade de Imprensa

RSF publica a cada ano um relatório sobre o estado da liberdade de imprensa no mundo. Este documento, bastante mediatizado a cada aparição, baseia-se em diversos critérios para avaliar a liberdade de imprensa real em cada país, considerando desde ataques a jornalistas até a existência de leis que possam dificultar ou limitar essa liberdade.

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Em 2005, a associação recebeu o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento atribuído pelo Parlamento Europeu.[5]

Críticas[editar | editar código-fonte]

Ação de protesto da RSF em Paris contra as Olimpíadas de 2008, em Pequim, com os anéis olímpicos substituídos por algemas e a legenda "Beijing 2008"

Em 2007 houve questionamentos quanto às fontes de financiamento da organização e críticas às posições assumidas por seu secretário geral, Robert Ménard, sobre a prática de tortura.[6] A análise das contas da RSF, feita por repórteres independentes em 2005, e a alegada vinculação de Robert Ménard, à CIA,[7] bem como suas declarações de que o uso de tortura seria justificável, em alguns casos.[8]

A RSF recebeu críticas na década de 2000 por aceitar financiamento do National Endowment for Democracy (NED)[9] nos Estados Unidos e do Center for a Free Cuba. Na época, o secretário-geral Robert Ménard apontou que o financiamento do NED totalizava 0,92 por cento do orçamento da Repórteres sem Fronteiras e era utilizado em suporte de jornalistas africanos e suas famílias.[10] A RSF encerrou seu relacionamento com o Center for a Free Cuba em 2008.[11]

Robert Ménard, ex-presidente da Repórteres Sem Fronteiras, considera que as críticas de que é sujeito, assim como a Repórteres Sem Fronteiras, têm origem em particular no regime cubano e seus partidários políticos; considera que o regime castrista está “por trás de quase todos os que tentarem desqualificar a nossa ação”.[12] De forma mais geral, Robert Ménard considera que as críticas à RSF não são surpreendentes e são normais na medida em que a associação põe em causa Estados poderosos, que consequentemente respondem com campanhas de difamação, e comenta: “que esperar regimes que aprisionam, torturam, assassinam?".[12] Em 2020, vive uma crise ligada à sua proximidade com o governo francês, cujos projetos de lei são considerados por muitos jornalistas como obstáculos à liberdade de informar.[13]

Financiamento[editar | editar código-fonte]

O orçamento da RSF para 2018 totalizou € 6,1 milhões. Cinquenta por cento da receita da organização vem de subsídios públicos; 12 por cento de fundações; 24 por cento da publicação de livros de fotografia e 9 por cento de doações públicas. As fundações que apoiam o trabalho da RSF incluem Adessium Foundation, IEDDH (International Cooperation and Development da Comissão Europeia), Sida [1] (Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional) e Omidyar.

Referências

  1. «Quem somos? | RSF». rsf.org. Consultado em 21 de abril de 2023 
  2. Présentation de Reporters sans frontières. Publicada em 24 de março de 2011.
  3. «Robert Ménard est remplacé par Jean-François Julliard». Consultado em 13 de março de 2012. Arquivado do original em 25 de setembro de 2011 
  4. «Robert Ménard "se passera très bien des médias"» (em francês). Le Figaro. 26 de setembro de 2008. Consultado em 24 de dezembro de 2008. Cópia arquivada em 23 de dezembro de 2008 
  5. Gibbs, Stephen (14 de dezembro de 2005). «Cuba 'bars women from prize trip'». News. BBC News. Consultado em 10 de dezembro de 2021 
  6. Jean-Noël Darde (2007) Quand Robert Ménard, de RSF, légitime la torture
  7. Jean Guy Allard (2005), Robert Ménard agente de la CIA según un periodista canadiense
  8. Gennaro Carotenuto (2007) Reporteros sin Fronteras: "Sí a la tortura"
  9. Révélations sur le financement de RSF Arquivado em 22 de abril de 2008, no Wayback Machine., por Marie-Christine Tabet. Le Figaro, 21 de abril de 2008.
  10. «Bias claim against reporters' group». Media. The Guardian. 19 de maio de 2005. Consultado em 13 de dezembro de 2020 
  11. «Reporters Without Borders keeps UNESCO consultative status, condemns disinformation». News. Reporters Without Borders. 13 de março de 2012. Consultado em 13 de dezembro de 2020 
  12. a b Roc, Nancy (18 de dezembro de 2008). «RobertMénard : l'éloge de l'engagement». Documents. Consultado em 13 de dezembro de 2020 
  13. Cassini, Sandrine (4 de dezembro de 2020). «Article 24 de la loi « sécurité globale » : Reporters sans frontières accusé d'attentisme». Medias. Le Monde. Consultado em 13 de dezembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Sobre os problemas de neutralidade:

Vídeo 
  • « Le journalisme en zone de conflit » Vídeo de uma conferência do secretário geral de Repórteres sem fronteiras, Robert Ménard, sobre jornalismo em zonas de conflito, em maio de 2005. (em francês)