Relações entre Bielorrússia e Rússia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Relações entre Bielorrússia e Rússia
Bandeira da Bielorrússia   Bandeira da Rússia
Mapa indicando localização da Bielorrússia e da Rússia.
Mapa indicando localização da Bielorrússia e da Rússia.

As relações entre Bielorrússia e Rússia são as relações diplomáticas estabelecidas entre a República da Bielorrússia e a Federação Russa. Ambos são vizinhos, com uma extensão de 959 km na fronteira entre os dois países. A Bielorrússia possui uma embaixada em Moscou e a Rússia possui uma embaixada em Minsk. São aliados próximos e, em conjunto, compõem o Estado da União. Os cidadãos de ambos os países gozam de liberdade de movimento em todo o território.[1]

A cooperação em política externa entre os países é sistemática e diversa. A Rússia e a Bielorrússia têm posições comuns sobre questões internacionais, cooperam estreitamente com a Organização das Nações Unidas, além de outras organizações universais e regionais.

História Recente[editar | editar código-fonte]

Com o fim URSS, os desafios a serem enfrentados pelos Estados que faziam parte da união não eram desprezíveis. Além de terem de criar instituições e legislações estatais próprias, (adaptando ou transformando aquilo que herdaram da URSS), também tiveram que migrar para um novo um sistema econômico de relações capitalistas e de propriedade privada, construindo uma economia nacional própria. [2]

A Rússia mesmo com a desagregação da União Soviética se manteve com grande parte do território e consequentemente dos vastos recursos naturais, bem como com grande parte do exército, tecnologia militar e do arsenal nuclear, mas deixou de ter a relevância mundial ocupada pela URSS passando a se tornar um ator de influência regional junto à Comunidade de Estados Independentes, [2] do qual a Bielorrússia foi uma das fundadoras.

Mesmo com a independência das antigas repúblicas, a Rússia não deixou de manter o interesse no destino destas, bem como na manutenção de sua influência política e econômica, mais especificamente com a Bielorrússia e Ucrânia, países com os quais compartilha uma origem eslava oriental comum, além das vantagens econômicas e geopolíticas inerentes a esta relação.[2]

A Bielorrússia do ponto de vista étnico, tem aproximadamente 84% da população como bielorrussa, havendo cerca de 8,5% de russos, 3% de polacos, pouco mais de 1,5% de ucranianos e 3% de minorias diversas. A nível linguístico, 53% têm o bielorrusso como língua materna e 41,5% o russo. Contudo, este último é utilizado por 70% da população, contra apenas 23% do primeiro. [3] O que a aproxima significativamente cultural e linguisticamente da Rússia.

A Bielorrússia após se tornar independente elegeu em 1994 o seu primeiro e até agora único presidente, Aleksandr Lukashenko. Desde então, a relação entre Belarus e Rússia tem se dado entre outros fatores por conta dos gasodutos e oleodutos russos que passam pela Bielorrússia e que abastecem a Europa. Para que isso acontecesse, foi acertado que Belarus pudesse ter acesso à essas fontes de energia com um valor abaixo do mercado. No entanto, devido ao fim das sanções impostas pela União Europeia à Bielorrússia em 2016, ocorreram algumas oscilações nessa relação, o que gerou o fim dos subsídios energéticos à Bielorrússia e uma tensão nas relações políticas entre os dois países nesse momento ocorreu. [4]

Além disso, fatores externos também devem ser levados em consideração. A Bielorrússia é cercada pelos países da UE (mais os EUA atrás deles) e a Ucrânia - do oeste, norte e sul; Rússia (e China, politicamente, não geograficamente) do Oriente. Na luta pela Bielorrússia o ponto de apoio econômico, político e militar, o "Ocidente" atua de forma poderosa e usa não apenas dinheiro e tecnologias políticas, mas também os métodos mais importantes e modernos - manipulação cultural, ideológica e informativa. O "Oriente" neste contexto vinha perdendo sua influência, agindo fracamente e à moda antiga. [4]

Durante muito tempo, Lukashenko oscilou oportunisticamente entre Moscovo e Bruxelas, aproximando-se a um lado ou a outro, segundo as circunstâncias. Com as eleições que tanto a União Europeia como uma boa parte da população bielorrussa consideraram fraudulentas, e que oficialmente reelegeram Lukashenko com 80% dos votos, em Agosto de 2020, tudo mudou. [5]

A repressão aos protestos, o desvio de um avião comercial europeu para prender um dissidente e a promoção das viagens de requerentes de asilo usados pela Bielorrússia para pressionar as fronteiras da União Europeia fizeram o resto – Bruxelas viu este último passo como mais uma fase da “guerra híbrida” lançada pelo Kremlin. Moscovo passou a ser o único caminho de Lukashenko para se manter no poder, desta vez aparentemente sem retorno, como ficou demonstrado quando o país serviu de plataforma para a ofensiva russa contra a Ucrânia lançada pelo Norte, por via do território bielorrusso, e posteriormente com a instalação mísseis nucleares bem como a presença da tropas e milícias Russas no território Bielorrusso desde então. [5] [6]


Fusão entre Bielorrússia e Rússia[editar | editar código-fonte]

A fusão entre Bielorrússia e Rússia é um projeto político de criação de um Estado a partir da união da Bielorrússia com a Rússia e possivelmente com outros Estados e territórios pós-soviéticos. O projeto era notoriamente promovido pelo ditador bielorrússo Aleksandr Lukashenko na década de 1990, entretanto, após a ascensão de Vladimir Putin na liderança da Rússia, Lukashenka recuou na sua defesa da união, por perder a confiança na sua capacidade de se tornar o presidente da mesma, e passou à resistir as pressões de maior integração com a Rússia por um certo período, mantendo um balanço entre Rússia e União Europeia.[7]

Porém, após os protestos na Bielorrússia que se iniciaram em 2020, e criaram uma crise de legitimidade para o regime de Lukashenka, tanto pelas reivindicações do movimento de maior democracia como também pela repressão violenta exercida pelo regime, o Estado Bielorrússo e sua elite perderam a sustentação pelo lado Europeu, sofrendo sanções e cortes nas relações diplomáticas.[8][9]

A política neo-imperialista Rússa, que tomou forma na Anexação da Crimeia à Federação Rússa e Invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, reforçou o papel da ideologia neo-soviética que promove o estreitamente da relação entre ambos países.[9] Declarações recentes do líder russo são interpretadas como apontando para uma revitalização do projeto de fusão.[10] As declarações enfatizam a necessidade da união em vista da sanções e da percebida hostilidade aos dois países. Enquanto que o líder Bielorrússo também fez chamados para um maior estreitamento com outros Estados pós-soviéticos, acentuando a proposta como uma condição para a manutenção da independência e soberania destes.[10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. https://meduza.io/en/feature/2017/02/03/russia-is-in-a-quarrel-with-belarus
  2. a b c ADAM, Gabriel Pessim (2008). «As relações entre Rússia, Ucrânia e Belarus e o papel que nelas exercem os recursos energéticos». Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS lume repositório digital: 13. Consultado em 30 de dezembro de 2023 
  3. MARTINS, Jorge (4 de outubro de 2020). «A história política de um país em ebulição». Esquerda.net. Esquerda (DOSSIER 320: BIELORRÚSSIA: OS PROTESTOS QUE ABALAM O REGIME). Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  4. a b «Bielorrússia: entenda a situação do país». Pelotas MUN. 15 de agosto de 2020. Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  5. a b Lorena, Sofia (26 de fevereiro de 2022). «Bielorrússia, o país que a Rússia já absorveu». PÚBLICO. Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  6. «Guerra na Ucrânia: por que Putin começou a posicionar armas nucleares em Belarus». BBC News Brasil. 16 de junho de 2023. Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  7. Kazharski & Makarychev 2021, p. 1.
  8. Kazharski & Makarychev 2021, p. 2.
  9. a b Troianovski, Anton (12 de novembro de 2021). «Russia and Belarus Inch Closer to a Full-Blown Merger». The New York Times. Consultado em 17 de julho de 2022 
  10. a b «Will Western pressure trigger Russia's 'merger' with Belarus?». Aljazeera. Consultado em 17 de julho de 2022 
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