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Defesa do Reich
Reichswehr

Bandeira do Reichswehr
País República de Weimar (1919–1933)
Alemanha Nazista Terceiro Reich (1933–1935)
Corporação Forças Armadas da República de Weimar
Missão Exército
Criação 1919
Extinção 1935
Logística
Efetivo 115 000 (1921)
Comando
Comandante cerimonial Friedrich Ebert
Paul von Hindenburg
Comandantes
notáveis
Hans von Seeckt
Werner von Fritsch
Sede
Guarnição Zossen, Teltow-Fläming

Reichswehr (Escutar a palavra em alemão; em português, 'Defesa do Império') era o conjunto das forças armadas alemãs no período entre 1919 e 1935, quando foram renomeadas para Wehrmacht.[1]

Ao fim da I Guerra Mundial, que trouxe a derrota à Alemanha, as força do Império estavam deterioradas e desorganizadas, os soldados derrotados voltavam para suas casa sozinhos ou em pequenos grupos e muitos deles se juntaram num Freikorps (Corpo Independente), um grupo de unidades paramilitares de voluntários, que se envolveram em revoluções e choques de fronteira entre 1918 e 1923.

A recém-formada República de Weimar, criada com a abdicação do Kaiser, necessitava, entretanto, de uma força armada regular para defesa e policiamento do Estado. Assim, em março de 1919, o governo instituiu a Força Nacional Provisória de Defesa (Vorläufige Reichswehr ), constituída de um Exército Nacional Provisório (Vorläufiges Reichsheer), com um efetivo de 400.000 homens em sua existência e uma pequena Marinha Nacional Provisória (Vorläufige Reichsmarine). Em janeiro de 1921, foi oficialmente instituído o Reichswehr, englobando todas as forças, de acordo com as limitações impostas pelos Aliados no Tratado de Versailles.

Limitado por tratado a 100.000 homens, o Reichswehr era constituído de:

  • Exército do Império (Reichsheer), composto de dois grupos de comando, com sete divisões de infantaria e três divisões de cavalaria. carros de combate, artilharia pesada e aviões eram proibidos. Carros blindados leves sobre rodas, artilharia leve (de calibre de até 75 mm, principalmente modelos pré-Primeira Guerra Mundial) e metralhadoras eram permitidos. Apesar dessas restrições, continuou-se desenvolvendo tecnologia bélica com empresas estrangeiras (como a Bofors na Suécia, possuía muitos projetistas alemães) ou os acordos feitos com os soviéticos (Tratado de Rapallo), que levaram alemães a serem treinados na URSS.
  • Marinha do Império (Reichsmarine), composta de seis couraçados pré-dreadnoughts, já obsoletos no período, dos quais quatro foram retirados de serviço até 1933, seis cruzadores leves obsoletos, dois quais cinco foram retirados de serviço até 1933 e doze contratorpedeiros, totalizando 15 mil homens. Durante a segunda metade da década de 1920 até Hitler declarar inválido o Tratado de Versalhes, foram construídos mais 6 couraçados de bolso (3 da Classe Deutschland e 3 da Classe Admiral Hipper) e 6 cruzadores leves (Emden 3 da Classe Könisberg e 2 da Classe Leipzig). Submarinos e aeronaves navais eram proibidos, mas continuaram sendo desenvolvidas, a exemplo dos submarinos finlandeses Saukko e Vetehinen, desenvolvidos pela empresa holandesa Ingenieurskantoor voor Scheepsbouw (criada pelos alemães após a guerra para burlar o Tratado de Versailles) e construídos na Finlândia pela Crichton-Vulcan.
    Soldados da Reichswehr em treinamento, 1930.

Apesar de limitado em tamanho e poder de fogo, seus integrantes continuaram a planejar, pesquisar e discutir novos incrementos militares, com a ajuda em certas ocasiões do Exército Vermelho. Seus oficiais e o Reichswehr como instituição nunca foram muito amigáveis da democracia, mas se mantiveram leais ao governo democrático alemão enfatizando isso com um perfil apolítico de comportamento. Isto deu à democracia alemã uma chance de se desenvolver, mas ao mesmo tempo diminuiu uma capacidade maior de resistência das Forças Armadas contra alguém como Adolf Hitler.

Apesar dos tempos de paz e das limitações do tratado - que causaram uma redução das forças armadas alemãs de 750.000 homens em 1913 para os 100.000 da época - terem aumentado sua qualidade material humana na mesma proporção - apenas os melhores e mais capazes eram aceitos no Reichswehr – a modernização constante no resto do mundo do aparelho de guerra deixava claro que o pequeno exército não tinha chances de desenvolvimento sem apoio aéreo e mecanizado, não importasse quanto esforço fosse feito no aperfeiçoamento das táticas da infantaria.

Durante o período da proibição, uma força aérea paramilitar existiu, criada em 29 de abril de 1933, a Reichluftschutzbund, responsável pela defesa aérea até a criação da Luftwaffe em 1935, quando foi fundida ao Reichsluftfahrtministerium (Ministério da Aviação do Reich), sendo extinta somente em 1945. Após a criação da Luftwaffe, seus equipamentos (aeronaves, principalmente caças e armas antiaéreas) ficaram sob controle da Luftwaffe. É importante ressaltar que foram criados muitos clubes de aviação civil na Alemanha, e que a aviação de transporte civil e postal teve início na Alemanha, principalmente após o Junkers Ju 52 ser posto em serviço. Rudolf Hess, um dos principais membros do NSDAP, que voou em 10 de maio de 1941 para a Inglaterra em busca de paz antes da invasão da URSS, era membro de um desses clubes de aviação civil. Sua missão fracassou pois Winston Churchill recusou-se a firmar paz com os alemães, ele acabou ficando preso durante o resto da guerra, foi julgado no Tribunal de Nuremberg e faleceu na prisão em 1987, num suicídio sob circunstâncias suspeitas.

Durante 1933 e 1934, após Hitler chegar ao poder como chanceler da Alemanha, o Reichswehr começou secretamente um programa de expansão e modernização, que finalmente se tornou público com o anúncio formal da criação da Wehrmacht em 1935. A altura do anúncio oficial da criação da Wehrmacht, o Reichswehr tinha crescido para 300 mil soldados, já possuía peças de artilharia de calibre superior ao permitido e também os primeiros tanques, como o Panzer I, estavam disponíveis. A marinha também começou a ser expandida, com o início da construção de submarinos, dos dois cruzadores de batalha da Classe Scharnhorst, dos dois couraçados da Classe Bismarck e do porta-aviões Graf Zeppelin. No início da guerra, apenas os dois cruzadores de batalha e 30 submarinos estavam disponíveis, sendo completados em 1941 os couraçados. O Graf Zeppelin não foi concluído, devido a interferências políticas e disputas entre os almirantes Erich Raeder e Karl Dönitz. Dönitz era a favor de dar prioridade a construção de submarinos, enquanto Raeder era a favor da conclusão do porta-aviões.

Referências

  1. Darman, Peter, ed. (2007). "Introduction: Deutschland Erwache". World War II A Day-By-Day History. ISBN 978-0-7607-9475-3.