Referendo sobre a independência da Escócia em 2014 – Wikipédia, a enciclopédia livre

                          
Referendo sobre a independência da
Escócia em relação ao Reino Unido

Independência da Escócia
18 de setembro de 2014
Tipo de eleição:  Referendo sobre independência
Demografia eleitoral
Votantes : 3 623 344
Resultados do referendo (verde="Sim"; vermelho"Não")
Referendo sobre a independência da Escócia em 2014
"A Escócia deve ser um país independente?"[1]
Sim
  
44.70%
Não
  
55.30%

O referendo sobre a independência da Escócia ocorreu no dia 18 de setembro de 2014.[2]

Após um acordo entre os governos do Reino Unido e da Escócia,[3] as condições para este referendo foram estabelecidas e aprovadas pelo parlamento escocês em Novembro de 2013.[4][5][6] A questão presente no referendo, tal como recomendada pela Comissão Eleitoral, era "deve a Escócia ser um país independente?" Os eleitores só podiam responder "Sim" ou "Não".[7] Para passar, a proposta de independência requeria uma maioria simples. Com algumas excepções, todos os residentes na Escócia com 16 anos de idade ou mais poderiam votar, um total de cerca de 4,3 milhões de pessoas.

O "Yes Scotland" era o grupo principal da campanha pela independência, enquanto o "Better Together" era a campanha do grupo principal que defendia a manutenção da união com o Reino Unido. Muitos outros grupos de campanha, partidos políticos, empresas, jornais e personalidades também se envolveram. Entre as questões proeminentes levantadas durante a campanha estavam a moeda que uma Escócia independente poderia usar, a despesa pública, a adesão do novo país à União Europeia e os recursos provenientes do petróleo no Mar do Norte.[8]

A contagem dos votos começou depois do encerramento das urnas às 22h00 BST (21h00 UTC) em 18 de setembro, nas 32 áreas do governo local. Com o resultado final divulgado, os escoceses decidiram permanecer como um país constituinte no Reino Unido. O "não" venceu por uma margem de cerca de 10 pontos percentuais e os nacionalistas reconhecem derrota.[9]

História[editar | editar código-fonte]

Em 15 de Outubro de 2012, os primeiros-ministros do Reino Unido e da Escócia, David Cameron e Alex Salmond, assinaram um acordo que permitiria, em 18 de setembro de 2014, que fosse realizado um referendo a respeito da independência da Escócia. [10] Para votar era necessário ter pelo menos 16 anos de idade e registrar-se – 97% dos escoceses registraram-se para votar no que foi o maior referendo da história da Escócia.[11]

O Primeiro-Ministro escocês, Alex Salmond, a Vice-Primeira-Ministra, Nicola Sturgeon, no lançamento da National Conversation, em 14 de agosto de 2007

A posição dos escoceses quanto ao referendo sobre a independência da Escócia em 2014 apresentou bruscas mudanças desde a proposta de independência ser oficialmente apresentada em Dezembro de 2013: um balanço entre cinco sondagens feitas entre aquele mês e Janeiro de 2014 mostrou 39% a favor e 61% contra, com os indecisos excluídos.[12] Em sondagem realizada pelo periódico britânico Daily Mail e divulgada no final de Agosto de 2014, 41,6% eram favoráveis, enquanto 47,6% se manifestaram pela permanência. Em 6 de setembro, o site de pesquisas YouGov divulgou uma pesquisa em que 47% dos escoceses eram a favor da independência e 45% contra – excluindo-se os indecisos, há 51% e 49%, respectivamente.[13]

Em 12 de setembro, a uma semana do referendo, o YouGov publicou outra sondagem, desta vez mostrando, pela primeira vez desde Agosto, os escoceses contra à frente, com 51%, e os escoceses a favor com 48%, excluindo-se os indecisos, o que fez com que os políticos britânicos David Cameron, Ed Miliband e Nick Clegg viajassem para a Escócia para intensificar a campanha contra a independência.[14][15]

Estudos referentes aos grupos de escoceses que votariam a favor ou contra também foram feitos: um afirmava que os escoceses ficariam mais propensos ao “sim” quando informados do que aconteceria em caso de independência;[16] outro revelava que a maior parte dos académicos escoceses eram contra a independência, 54,5% a 41,2%, e acreditavam que com ela a educação universitária da Escócia sairia prejudicada.[17]

Desde 2012, quando a Escócia teve permissão para elaborar um referendo a respeito de sua independência, várias campanhas de ambos os lados foram formadas, sendo as principais a Yes Scotland, em 25 de Maio, a favor da independência,[18] e a Better Together, em 25 de Junho, contra.[19]

A campanha pela independência argumentava que uma independência aumentaria a economia do país, o salário mínimo e fortaleceria a democracia, que passaria a focar mais nas minorias escocesas; ao passo que a campanha contra afirmava que haveria riscos e incertezas económicas caso a independência fosse declarada, como sobre a moeda, a libra esterlina, e também que assim o Reino Unido não mais teria tanto poder econômico.[20] Ambas as campanhas contaram com o apoio de diversas celebridades, como o ator escocês Alan Cumming,[21] a favor,[22] e a escritora britânica J.K. Rowling, contra.[23]

Os dois maiores bancos da Escócia, o Lloyds Banking Group e o Banco Real da Escócia, deram início a uma campanha contra a independência, alertando sobre os riscos para a economia,[24] tendo o segundo também anunciado que, caso o referendo decidisse a favor da independência, mudaria sua sede para Londres, Inglaterra, devido aos riscos e incerteza económica.[25]

Se os escoceses tivessem votado pela independência, esta seria declarada em 24 de março de 2016.[26]

Referências

  1. 'Não' vence plebiscito de independência[ligação inativa]
  2. «Scotland to hold independence poll in 2014 – Salmond». BBC News. 10 de janeiro de 2012. Consultado em 15 de abril de 2014 
  3. «Agreement between the United Kingdom Government and the Scottish Government on a referendum on independence for Scotland» (PDF). 15 de outubro de 2012. Consultado em 1 de Maio de 2013 
  4. «Response to referendum consultation». Scotland.gov.uk. 11 de Maio de 2012. Consultado em 11 de outubro de 2012 
  5. «Scottish Independence Referendum Bill». Scottish.parliament.uk. Consultado em 31 de janeiro de 2014 
  6. Scottish Independence Referendum Act 2013
  7. «Government accepts all Electoral Commission recommendations». Scotland Government. 30 de janeiro de 2013. Consultado em 9 de setembro de 2014 
  8. «Scottish independence: a guide to the big decision». The Guardian. Consultado em 9 de setembro de 2014 
  9. Deutsche Welle, ed. (19 de setembro de 2014). «Escócia rejeita independência» 
  10. «AGREEMENT between the United Kingdom Government and the Scottish Government on a referendum on Independence for Scotland» (PDF) (em inglês). GOV.UK. 15 de Outubro de 2012. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  11. Hugo Gye (11 de setembro de 2014). «97% of Scots sign up to vote in referendum as independence poll is set to be the biggest in country's history» (em inglês). Daily Mail. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  12. John Curtice (27 de Janeiro de 2014). «Scottish independence: Are referendum polls on the move?» (em inglês). BBC News. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  13. «Scottish independence: Vote 'will go to the wire'» (em inglês). BBC News. 7 de setembro de 2014. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  14. Severin Carrell (12 de setembro de 2014). «Scottish independence poll shows support cooling as referendum draws near» (em inglês). The Guardian. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  15. Catarina Fernandes Martins (12 de setembro de 2014). «"Não" à frente por quatro pontos». Observador. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  16. Libby Brooks (7 de setembro de 2014). «Referendum: Study finds those with more info are more likely to vote yes» (em inglês). The Guardian. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  17. David Matthews (11 de setembro de 2014). «Majority of Scottish academics set to vote 'no' in referendum, THE poll shows» (em inglês). Times Higher Education. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  18. «Scottish independence: One million Scots urged to sign 'yes' declaration» (em inglês). BBC News. 25 de maio de 2012. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  19. «Scottish independence: Alistair Darling warns of 'no way back'» (em inglês). BBC News. 25 de junho de 2012. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  20. Sónia Simões, Manuel Fernandes (10 de setembro de 2014). «O que precisa saber sobre o referendo na Escócia». Observador. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  21. Peter Dempsie (8 de setembro de 2014). «Hollywood star Alan Cumming joins Nicola Sturgeon on the campaign trail for Yes» (em inglês). Yes Scotland. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  22. Adam Withnall (7 de agosto de 2014). «Scottish independence: The famous for and against – and the Scots who just want to decide for themselves» (em inglês). The Independent. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  23. «Scottish independence: What have celebrities been saying?» (em inglês). BBC News. 4 de julho de 2014. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  24. Max Colchester (11 de Setembro de 2014). «Scotland's Two Biggest Banks Warn About Impact of Independence» (em inglês). The Wall Street Journal. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  25. «Scottish independence: RBS confirms London HQ move if Scotland votes 'Yes'» (em inglês). BBC News. 11 de setembro de 2014. Consultado em 12 de setembro de 2014 
  26. «Referendo sobre independência da Escócia será evento do ano no Reino Unido». A Voz da Rússia. 1 de janeiro de 2014. Consultado em 25 de janeiro de 2014 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]