Raul Brandão – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura o fotógrafo e pintor brasileiro, veja Raul Gomes Brandão.
Raul Brandão
Raul Brandão
Raul Brandão
Nome completo Raul Germano Brandão
Nascimento 12 de março de 1867
Foz do Douro, Porto
Morte 5 de dezembro de 1930 (63 anos)
Lapa, Lisboa
Residência Nespereira (verões), Lisboa (invernos)
Nacionalidade Portugal Portugal
Cônjuge Maria Angelina de Araújo Abreu Brandão (1897, sem filhos)
Ocupação Escritor, jornalista e militar
Movimento literário Expressionismo, lirismo, Simbolismo
Magnum opus Húmus
Página oficial
http://www.bmrb.pt/

Raul Germano Brandão (Porto, Foz do Douro, 12 de março de 1867Lisboa, Lapa, 5 de dezembro de 1930[1]), militar, jornalista e escritor português, famoso pelo realismo das suas descrições e pelo lirismo da linguagem.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de José Germano Brandão, negociante, e de Laurinda Laurentina Ferreira de Almeida Brandão, Raul Germano Brandão nasceu a 12 de Março de 1867, na Foz do Douro, [2] localidade onde passou a sua adolescência e mocidade. Sendo descendente de pescadores, o mar foi tema recorrente da sua obra.

Depois de uma passagem menos feliz por um colégio do Porto, Raul Brandão gravita para o grupo dos nefelibatas, sendo sob seu signo que desperta para o mundo das letras e publica suas primeiras obras. Em 1891, terminado o curso secundário e depois de breve passagem, como ouvinte, pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército. Com esse ingresso, ao que parece a contragosto, inicia uma carreira militar caracterizada por longas permanências no Ministério da Guerra, envolvido na máquina burocrática militar. Nas suas próprias palavras: "no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado." Paralelamente, mantém uma carreira de jornalista e vai publicando extensa obra literária. Encontra-se colaboração da sua autoria no semanário O Micróbio [3] (1894-1895) e nas revistas Brasil-Portugal[4] (1899-1914), Revista nova [5] (1901-1902), Serões [6] (1901-1911) e Homens Livres [7] (1923).

Em 1896, foi colocado no Regimento de Infantaria 20, em Guimarães, onde conhece Maria Angelina de Araújo Abreu, com quem se casa a 11 de Março de 1897. Inicia, então, a construção de uma casa, a "Casa do Alto", na freguesia de Nespereira, nos arredores daquela cidade. Aí se fixará em definitivo, embora com prolongadas estadas em Lisboa e noutras cidades. Reformado no posto de capitão, em 1912, inicia a fase mais fecunda da sua produção literária.

Raul Brandão visitou os Açores no Verão de 1924, numa viagem feita a título pessoal, mas que coincidiu, em parte, com a "Visita dos Intelectuais", então organizada sob a égide dos autonomistas, particularmente de José Bruno Carreiro e do seu jornal, o «Correio dos Açores». Dessa viagem, que durou cerca de dois meses (mais demorada, portanto, que a dos intelectuais convidados por Bruno Carreiro), resultou a publicação da obras As ilhas desconhecidas - Notas e paisagens (Lisboa, 1927), uma das obras que mais influíram na formação da imagem interna e externa dos Açores. Basta dizer que é em As ilhas desconhecidas que se inspira o conhecido código de cores das ilhas açorianas: Terceira, ilha lilás; Pico, ilha negra; S. Miguel, ilha verde...

Faleceu de aneurisma na Rua de São Domingos à Lapa, número 44, primeiro, a 5 de Dezembro de 1930, aos 63 anos de idade, após sofrer síncope cardíaca, no dia anterior. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, e, em 1934, trasladado para o Cemitério de Guimarães, onde repousa até hoje.

Deixou uma extensa obra literária e jornalística que muito influenciou a literatura em língua portuguesa com o seu lirismo e profundidade filosófica, marcando o seu comprometimento ético e social, numa linguagem forte de contrastes, contradições e rupturas que prefiguram a modernidade do século XX. "Húmus" é sua obra maior, inovando na narrativa sem enredo nem personagens, a que chamaram anti-romance. Eduardo Lourenço considera que “o único personagem das quase-ficções de Raul Brandão é a própria ficção que agoniza ou indefinidamente clama a impossibilidade da ficção”, cita Luci Ruas (da UFRJ em artigo da ogolobo.com em 12-01-2018), a que acrescenta que no seu grito simultaneamente individual e colectivo, este autor coincide com Freud e Nietzsche e antecipa o movimento do Orpheu. (ver aqui)

Entre outras homenagens a Raul Brandão, destacam-se:

  • O seu site oficial, onde se podem encontrar leituras da sua obra por autores actuais;
  • As realizadas em Portugal ao longo do ano de 2017, nos 100 anos da publicação de "Húmus", noticiadas aqui ;
  • A Biblioteca Municipal de Guimarães, com o seu nome;
  • Em 1950, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando seu nome a uma rua na zona de Alvalade.[8]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Impressões e Paisagens (1890);
  • História de um Palhaço (1896);
  • O Padre (1901);
  • A Farsa (1903);
  • Os Pobres (1906) (eBook);
  • El-Rei Junot (1912);
  • A Conspiração de 1817 (1914);
  • Húmus (1917) (eBook);
  • Memórias (Vol. I), (1919) (eBook);
  • Teatro (1923);
  • Os Pescadores (1923);
  • Memórias (Vol. II), (1925);
  • A Morte do Palhaço e o Mistério das Árvores (1926);
  • As Ilhas Desconhecidas (1927);
  • Jesus Cristo em Lisboa, em colaboração com Teixeira de Pascoaes, (1927);
  • O Avejão (1929) (teatro);
  • Portugal Pequenino, em colaboração com Maria Angelina Brandão, (1930);
  • O Pobre de Pedir (1931) (Edição Póstuma);
  • Vale de Josafat (Vol. III das Memórias), (1933) (Edição Póstuma).

Obras disponíveis em formato digital na Internet[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Brandão, Raul (2015). Reynaud, Maria João, ed. Húmus. Lisboa: Relógio D'Água. p. 11 
  2. Assento de baptismo nº 35/1867, Foz do Douro, Porto.
  3. Rita Correia (22 de Junho de 2010). «Ficha histórica: O Micróbio. semanário de caricaturas (1894-1895)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 6 de Dezembro de 2014 
  4. Rita Correia (29 de Abril de 2009). «Ficha histórica: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada (1899-1914).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 26 de Junho de 2014 
  5. Pedro Mesquita (25 de Junho de 2013). «Ficha histórica: Revista nova(1901-1902)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 15 de setembro de 2015 
  6. Rita Correia (24 de Abril de 2012). «Ficha histórica: Serões, Revista Mensal Ilustrada (1901-1911).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Setembro de 2014 
  7. Rita Correia (6 de fevereiro de 2018). «Ficha histórica:Homens livres (1923)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de março de 2018 
  8. https://www.facebook.com/423215431066137/photos/pb.423215431066137.-2207520000.1448277903./873152106072465/?type=3&theater

Ligações externas[editar | editar código-fonte]