Radiografia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Radiografia do joelho em um moderno equipamento de raios X

Radiografia é uma técnica de exame de imagem que utiliza raios X para ver um material cuja composição não é uniforme como o corpo humano. Um feixe heterogêneo de raios X é produzido por um gerador e projetado sobre um objeto. A densidade e a composição de cada área determina a quantidade de raios X absorvida. Os raios X que atravessam são capturados atrás do objeto por um detector (seja filme fotográfico ou detector digital). Produz-se então uma representação em duas dimensões de todas as estruturas superpostas.

O feixe de raios X, transmitido através do paciente, impressiona o filme radiográfico, o qual, uma vez revelado, proporciona uma imagem que permite distinguir estruturas e tecidos com propriedades diferenciadas. Durante o exame radiográfico os raios X interagem com os tecidos através do efeito fotoelétrico e Compton. Em relação à probabilidade de ocorrência destes efeitos, obtém-se imagens radiográficas que, mostram tonalidades de cor cinza bem diferenciadas; conforme a densidade, tudo o que está dentro do corpo surge em uma cor diferente numa radiografia.

Nos ossos, a radiografia acusa fraturas, tumores, distúrbios de crescimento e postura. Nos pulmões, pode proporcionar o diagnóstico da pneumonia ao câncer. Em casos de ferimento com armas de fogo, ela é capaz de localizar onde foi parar o projétil dentro do corpo. Para os dentistas, é um recurso fundamental para apontar as cáries. Na densitometria óssea, os raios X detectam a falta de mineral nos ossos e podem acusar a osteoporose, comum em mulheres após a menopausa. Na radiografia contrastada, é possível diferenciar tecidos com características bem similares, tais como os músculos e os vasos sangüíneos, através do uso de substâncias de elevado número atômico (iodo ou o suspensão de sulfato de bário). Ainda, o raio-X possibilitou o surgimento de exames como a tomografia axial computorizada (TAC) que, com ajuda do computador, é capaz de fornecer imagens em vários planos, de forma rápida e precisa, utilizando quantidades mínimas de radiação.

Um tipo especial de radiografia, feita nos pulmões, chama-se broncografia. Devido o contraste gerado pelos tecidos, normalmente é mais difícil o registro de uma radiografia realizada em um tórax, o que difere também conforme o sexo.[1]

História[editar | editar código-fonte]

A descoberta dos raios-x se deu em 1895 enquanto Röntgen desenvolvia estudos sobre os raios catódicos em seu laboratório. O trabalho se iniciou quando Röntgen observou que os raios catódicos se propagavam para fora da ampola de Crookes, notando luminescência em uma placa de platinocianureto de bário quando uma corrente elétrica passava pela ampola. Através de estudos, testes e ideias, Röntgen descobriu os “novos raios”, os quais denominou de raios-x por não saber exatamente de qual tipo de raio se tratava e também para distingui-los de outros tipos.[2]

Röntgen realizou variados testes com diferentes objetos posicionados entre os raios e a placa. Enquanto segurava esses objetos para realização dos testes, pode visualizar um leve esboço dos ossos de sua mão. Aprofundando os testes, Röntgen trocou a placa por uma chapa fotográfica e, a partir disso, teve certeza de que havia descoberto algo interessante.[2]

Temos a radiografia da mão da esposa de Röntgen, como sendo a primeira radiografia realizada.


Röntgen ficou conhecido como o descobridor de um milagre médico. Radiografias passaram a ser realizadas com frequência como tratamento paliativo de câncer dolorosos e em tratamento de lesões superficiais, acreditando ter um efeito bactericida. Clínicas estéticas também adotaram o uso da nova descoberta para procedimentos depilatórios.[2]

Após algum tempo, casos como queimaduras, necroses, amputações e similares, começaram a acontecer com frequência. Alguns cientistas até começaram a suspeitar dos raios-x, provocam dermatite em seus próprios dedos a fim de provar a teoria. Mas durante muito tempo, apesar do surgimento de casos, a comunidade científica não acreditava que os raios-x pudessem trazer malefícios à saúde. Somente após a morte de uma assistente de radiologia, por diversas queimaduras e amputações, os jornais começaram a divulgar cada vez mais notas de falecimento. E a partir disso os médicos passaram a acreditam que o uso dos raios-x poderia ser fatal.[2]


Curiosidade: não se tem registros de quaisquer lesões no descobridor dos raios-x. Röntgen era extremamente cuidadoso quanto à exposição, pois não acreditava que seus raios pudessem não ser nocivos.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Alvarez, Fernando Suarez; Canetti, Marcelo Dominguez; Corrêa Filho, Wilson Braz; Borghi, Danielle. Protocolos de Avaliação Simplificada de Radiografias: Avaliação Sistemática de Radiografias do Tórax (Capítulo 114). Secretaria de Saúde e Defesa Civil - Governo do Estado do Rio de Janeiro - 2010. Número: 874 / Publicado em 12/03/2012 - 11:03
  2. a b c d e Francisco, F. C.; Maymone, W.; Carvalho, A. C. P.; Francisco, V. F. M.,; Francisco, M. C. (2005). «Radiologia: 110 anos de história» (PDF). Rev. Imagem. 27 (4): 281-286