Templo de Salomão – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para o templo da Igreja Universal localizado em São Paulo, veja Templo de Salomão (IURD).
Templo de Salomão
Tipo
Templo de Jerusalém
edifício religioso desaparecido, destruído ou demolido (d)
Concepção
Data
Utilização
Encomendador

De acordo com a Bíblia hebraica, o Templo de Salomão, também conhecido como Primeiro Templo, foi o Templo Sagrado (em hebraico: בֵּית־הַמִּקְדָּשׁ: Beit HaMikdash) na antiga Jerusalém antes da sua destruição por Nabucodonosor II após o cerco de Jerusalém de 587 a.C. e sua posterior substituição pelo Segundo Templo no século VI a.C.

A Bíblia hebraica afirma que o templo foi construído sob o reinado de Salomão, rei do Reino Unido de Israel e Judá e que, durante o Reino de Judá, o templo foi dedicado a Javé, e cujo interior habitava a Arca da Aliança. O historiador judeu Josefo diz que "o templo foi queimado 470 anos, 6 meses e 10 dias depois de ter sido construído",[1] embora fontes rabínicas afirmem que o Primeiro Templo ficou de pé por 410 anos e, com base em Seder Olam Rabá, a construção do local em 832 a.C. e sua destruição foi 422 a.C., 165 anos depois do que as estimativas seculares.

Por causa das sensibilidades religiosas envolvidas e da situação politicamente volátil em Jerusalém, apenas foram realizadas pesquisas arqueológicas limitadas sobre o Monte do Templo. Não foram permitidas escavações arqueológicas no Monte do Templo durante os tempos modernos. Portanto, há poucas peças de evidências arqueológicas da existência do Templo de Salomão.[2] Uma romã de marfim que menciona sacerdotes na casa "de --- h" e uma inscrição que registra a restauração do Templo sob o reinado de Joás apareceu no mercado das antiguidades, mas sua autenticidade foi questionada e é objeto de controvérsia.

Narrativa bíblica[editar | editar código-fonte]

Representação artística do Rei Salomão no Templo em Jerusalém (pintura de James Tissot ou seguidor, 1896-1902).
Esboço do Templo de Salomão.

Intervenção de Davi[editar | editar código-fonte]

O rei Davi, da tribo de Judá, desejava construir uma casa para Javé (YHWH), onde a Arca da Aliança ficasse definitivamente guardada, ao invés de permanecer na tenda provisória ou tabernáculo, existente desde os dias de Moisés. Segundo a Bíblia, este desejo foi-lhe negado por Deus conforme está escrito em 1 Crônicas 28:3 "Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue". No entanto, isso seria permitido ao seu filho Salomão, cujo nome significa "paz". Isto enfatizava a vontade divina de que a Casa de Deus fosse edificada em paz, por um homem pacífico (2 Samuel 7:1-16; 1 Reis 5:3-5; 8:17; 1 Crónicas 17:1-14; 22:6-10).

Davi comprou a eira de Ornã ou Araúna, um jebuseu, que se localizava no monte Moriah ou Moriá, para que ali viesse a ser construído o templo (2 Samuel 24:24, 25; 1 Crónicas 21:24, 25). Ele juntou 100.000 talentos de ouro, 1.000.000 de talentos de prata, e cobre e ferro em grande quantidade, além de contribuir com 3.000 talentos de ouro e 7.000 talentos de prata, da sua fortuna pessoal. Recebeu também, como contribuições dos príncipes, ouro no valor de 5.000 talentos, 10.000 dáricos e prata no valor de 10.000 talentos, bem como muito ferro e cobre (1 Crónicas 22:14; 29:3-7). Salomão não chegou a gastar a totalidade desta quantia na construção do templo, depositando o excedente no tesouro do templo (1 Reis 7:51; 2 Crónicas 5:1).

Aspectos da construção[editar | editar código-fonte]

O Rei Salomão começou a construir o templo no quarto ano de seu reinado seguindo o plano arquitectónico transmitido por Davi, seu pai (1 Reis 6:1; 1 Crónicas 28:11-19). O trabalho prosseguiu por sete anos. (1 Reis 6:37, 38) Em troca de trigo, cevada, azeite e vinho, Hirão, o rei de Tiro, forneceu madeira do Líbano e operários especializados em madeira e em pedra. Ao organizar o trabalho, Salomão convocou 30.000 homens de Israel, enviando-os ao Líbano em equipes de 10.000 a cada mês. Convocou 70.000 dentre os habitantes do país que não eram israelitas, para trabalharem como carregadores, e 80.000 como cortadores (1 Reis 5:15; 9:20, 21; 2 Crónicas 2:2). Como responsáveis pelo serviço, Salomão nomeou 3.300 como encarregados da obra. (1 Reis 5:16)

Salomão mandou entalhar grandes pedras (1 Reis 5:15) que eram encaixadas umas nas outras, de forma que não se usavam ferramentas para entalhar na obra (não se ouviam martelos ou instrumentos de ferro na obra). No templo se utilizava escada tipo caracol para subir aos dois pavimentos superiores (1 Reis 6:8). Foi um período extremamente próspero para a nação, no qual Salomão passa a criar cavalos, institui trabalhos forçados para os nativos da terra (cananeus) contrariando as ordenanças de Deus escritas no livro de Deuteronômio 17:14 a 17:20. Este período de prosperidade só foi possível após as guerras vencidas por Davi, seu pai, conforme relata o próprio Salomão em 1 Reis 5:3, esta foi a forma de Javé não dar condições para Davi realizar a obra.[carece de fontes?]

O templo tinha uma planta muito similar à tenda ou tabernáculo que anteriormente servia de centro da adoração ao Deus de Israel. A diferença residia nas dimensões internas do Santo e do Santo dos Santos ou Santíssimo, sendo maiores do que as do tabernáculo. O Santo tinha 40 côvados (17,8 m) de comprimento, 20 côvados (8,9 m) de largura e, evidentemente, 30 côvados (13,4 m) de altura (1 Reis 6:2). O Santo dos Santos, ou Santíssimo, era um cubo de 20 côvados (8,9 m) de lado (1 Reis 6:20; 2 Crónicas 3:8).

Os materiais aplicados foram essencialmente a pedra e a madeira. Os pisos foram revestidos a madeira de junípero (ou de cipreste segundo algumas traduções da Bíblia) e as paredes interiores eram de cedro entalhado com gravuras de querubins, palmeiras e flores. As paredes e o teto eram inteiramente revestidos de ouro (1 Reis 6:15, 18, 21, 22, 29).

Após a construção do magnífico templo, a Arca da Aliança foi depositada no Santo dos Santos, a sala mais reservada do edifício.

Anos posteriores[editar | editar código-fonte]

Teria sido pilhado várias vezes e teria sido totalmente destruído por Nabucodonosor II da Babilónia, em 586 a.C., após dois anos de cerco a Jerusalém. Os seus tesouros teriam sido levados para a Babilónia e tinha assim início o período que se convencionou chamar de Exílio Babilônico ou Cativeiro em Babilónia na história judaica.[carece de fontes?]

Décadas mais tarde, em 516 a.C., após o regresso de mais de 40.000 judeus do Cativeiro Babilónico foi iniciada a construção no mesmo local do Segundo Templo. Séculos mais tarde, na época de Jesus, o rei Herodes, o Grande, querendo agradar aos judeus, remodelou o templo, que foi destruído pelo general Tito em 70 d.C, pelos romanos, no seguimento da Grande Revolta Judaica.

Hoje o que resta, erguido, do Templo é o Muro das Lamentações, usado pelos judeus como lugar de oração.

Estudos modernos[editar | editar código-fonte]

James Ussher[editar | editar código-fonte]

James Ussher, bispo irlandês durante o século XVII,[3] calculou que o Templo de Salomão teve sua construção finalizada em 1004 a.C.; foi com base nesta data, e na sua estimativa do ano 4 a.C. para o nascimento de Jesus Cristo, que ele estipulou que a criação deveria ter ocorrido em 4004 a.C., e fixou a data da criação no que seria a época inicial do calendário hebraico proléptico para este ano, ou seja, no pôr do sol que antecedeu o dia 23 de outubro de 4004 a.C.[4]

Isaac Newton[editar | editar código-fonte]

Desenho do Templo de Salomão, por Isaac Newton.

Newton, em sua proposta para reformar a cronologia antiga, datou a construção do templo em 1015 a.C.. De acordo com seus cálculos, todos os demais templos do mundo, inclusive as pirâmides do Egito, construídas entre 901 a.C. e 788 a.C., e os templos da Grécia, Mesopotâmia e Pérsia, foram construídos depois do templo de Salomão.[5]

Newton se baseou nos textos da Bíblia, principalmente na visão de Ezequiel (Ezequiel 9:5), para descrever o templo de forma detalhada.[6]

Réplica[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Templo de Salomão (IURD)

A Igreja Universal do Reino de Deus, denominação neopentecostal brasileira, construiu uma réplica do segundo templo na cidade de São Paulo no bairro do Brás.[7][8]

Referências

  1. Josephus, Jew. Ant. 10.8.5
  2. «Science & Nature – Horizon». BBC.co.uk. Consultado em 20 de maio de 2015 
  3. Pierce, Larry (28 de abril de 2006). «The World: Born in 4004 BC?» (em inglês). Answers. Consultado em 3 de janeiro de 2013 
  4. James Ussher, The Annals of the World [em linha]
  5. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, A Short Chronicle from the First Memory of Things in Europe, to the Conquest of Persia by Alexander the Great [em linha]
  6. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, Chapter 5: A Description of the Temple of Solomon [em linha]
  7. «Obra para receber 10 mil está orçada em R$ 200 milhões». Estadao.com.br. Consultado em 14 de julho de 2018 
  8. «Templo de Salomão é inaugurado em São Paulo». G1.com. Consultado em 14 de junho de 2018 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo incorpora texto do verbete Temple, Solomon’s no Easton's Bible Dictionary (em inglês), obra em domínio público, publicada originalmente em 1897.
  • Este artigo incorpora texto da Enciclopédia Judaica (Jewish Encyclopedia) (em inglês) de 1901–1906 (artigo "Temple of Solomon"), uma publicação agora em domínio público.
  • Finkelstein, Israel e Neil Asher Silberman (2006). David and Solomon: In Search of the Bible's Sacred Kings and the Roots of the Western Tradition. [S.l.]: Free Press. ISBN 0-7432-4362-5 
  • Finkelstein, Israel e Neil Asher Silberman. The Bible Unearthed: Archaeology's New Vision. [S.l.: s.n.] 
  • Benjamin Mazar, The Mountain of the Lord (Doubleday, NY, 1975) ISBN 0-385-04843-2.
  • Roland De Vaux (tr. John McHugh), Ancient Israel: Its Life and Institutions (NY, McGraw-Hill, 1961).
  • Goldman, Bernard, The Sacred Portal: a primary symbol in ancient Judaic art, Detroit : Wayne State University Press, 1966. It has a detailed account and treatment of Solomon's Temple and its significance.
  • Hamblin, William and David Seely, Solomon's Temple: Myth and History (Thames and Hudson, 2007) ISBN 0500251339
  • Nascimento, Thiago, A verdade sobre o Cristianismo (Campo Grande/MS, 2015), Modo Editora, ISBN 9788584050376

Ligações externas[editar | editar código-fonte]