Ponte Neroniana – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ponte Neroniana
Pons Neronianus
Ponte Neroniana
Diagrama de Roma mostrando a localização (em vermelho) da Ponte Neroniana
Arquitetura e construção
Material Pedra
Estilo arquitetônico Romano
Design Ponte de madeira
Ponte em arcos
Data de abertura século I
Data de encerramento Antes do século IV
Geografia
Cruza Rio Tibre
Localização Roma, Itália
Ponte Neroniana Pons Neronianus está localizado em: Roma
Ponte Neroniana
Pons Neronianus
Coordenadas 41° 54' 03.6" N 12° 27' 50.8" E

Ponte Neroniana (em latim: Pons Neronianus), chamada também de Ponte de Nero, era uma ponte romana em Roma construída durante o reinado do imperadores Calígula ou Nero[1] para ligar a parte ocidental do Campo de Marte ao Campo Vaticano, onde a família imperial tinha várias propriedades ao longo da via Cornélia.

História[editar | editar código-fonte]

Não existem evidências diretas de que Nero de fato tenha construído esta ponte batizada com seu nome[2]. É possível que ela tenha recebido este nome simplesmente por que a região à direita do Tibre além da ponte era chamada de "Planície de Nero" ainda na Idade Média, o que teria levado os habitantes de Roma, sem saber as origens da ponte arruinada, a batizaram com o nome da região e não do imperador propriamente dito[3][4]. Seja qual for a sua origem, a ponte deu a Nero acesso fácil aos "Jardins de Agripina", como era chamada a propriedade de sua mãe, Agripina, a Jovem, a jusante do outro lado do rio, que contava com um belo pórtico[5].

O imperador Calígula construiu um circo do outro lado rio. O historiador Tácito afirma que foi nele, rebatizado como Circo de Nero, que o imperador Nero executou os cristãos que foram acusados pelo grande incêndio de 64 d.C. para entreter o povo de Roma depois da tragédia. Acredita-se que Nero tenha substituído uma ponte de madeira na Via Triunfal (em latim: via Triumphalis) com uma outra em cantaria batizada em sua homenagem, a Ponte Neroniana (Pons Neronianus), ou ainda Ponte Triunfal (Pons Triumphalis), por causa da via que passava sobre ela. A população em geral cruzava esta ponte para ir ao Circo de Nero. A Ponte de Nero também foi chamada de Ponte do Vaticano (Pons Vaticanus) por sua ligação com a região.

Começando com Tito, os imperadores romanos vitoriosos passaram a celebrar seus triunfos entrando em Roma marchando através da Ponte de Nero ao longo da via Triunfal. É provável que a ponte não fosse capaz de aguentar o tráfego do dia-a-dia em Roma, pois, em menos de um século, o imperador Adriano construiu a Ponte Élio a menos de 200 metros a Montante e ela possivelmente já estava arruinada no século IV, uma evidência citada pela primeira vez por Henri Jordan, que se baseou numa passagem de Prudêncio[6]:

Ibimus ulterius, qua fert uia pontis Hadriani,
laeuam deinde fluminis petemus.
Transtiberina prius soluit sacra peruigil sacerdos,
mox huc recurrit duplicatque uota.

Cruzaremos por onde o caminho da ponte de Adriano nos leva,
então procuraremos a margem esquerda do rio.
Primeiro o padre insone realiza os ritos transtiberinos,
e então corre de volta para este lado para repetir suas preces.

Prudêncio ainda estava vivo quando Honório e Arcádio construíram o arco triunfal referido no texto citado sobre uma cerimônia dupla, realizada na Basílica de São Pedro e na Basílica de São Paulo Extramuros, que afirma que a rota para São Pedro a partir da margem esquerda cruzava a "ponte de Adriano", que era a Ponte Élio a montante. Como a passagem pela Ponte Neroniana teria encurtado o caminho, fica claro que ela já não era mais utilizada na época[2].

Na Idade Média, ela certamente já era chamada de Pons ruptus ("Ponte quebrada"), por sua condição. No século XV, o papa Júlio II planejou restaurá-la, mas o plano não foi adiante[7].

Ela não foi mencionada nas fontes literárias clássicas e nem nos catálogos regionais; foi mencionada apenas na Mirabilia Urbis Romae e na Graphia Aureae Urbis Romae como uma das ruínas de Roma que ainda podiam ser vistas na época. Ela também não foi mencionada no relato de Procópio sobre o cerco de Roma pelos godos em 537.

Localização[editar | editar código-fonte]

A Ponte Neroniana cruzava o rio logo abaixo da moderna Ponte Vittorio Emanuele II, mas num ângulo ligeiramente diferente, como comprovam os fragmentos da antiga estrutura ainda existentes. Quando o nível do Tibre está suficientemente baixo, é possível ver as fundações de uma das quatro colunas que antigamente suportavam a ponte[7]. No século XIX, todos os pilares ainda eram visíveis acima do nível da água, mas eles foram removidos depois para permitir a navegação segura pelo Tibre[2].

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Pons Neronianus» (em inglês). University of Virginia 
  2. a b c Taylor, Rabun. Tiber River Bridges and the Development of the Ancient City of Rome (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  3. Richardson, Lawrence (1992). A New Topographical Dictionary of Ancient Rome. Campus Neronis (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  4. Jordan, Henri (1878). Topographie der Stadt Rom (em alemão). [S.l.: s.n.] p. 416 
  5. Sêneca, Ira 3.18; Tácito, Anais 15.44
  6. Prudêncio, Peristephanon 12.61–64
  7. a b Platner, Samuel Ball (1929). Pons Neronianus. Oxford University Press (em inglês). Londres: A Topographical Dictionary of Ancient Rome. p. 401 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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