Plano de San Luis – Wikipédia, a enciclopédia livre

Francisco I Madero.

O Plano de San Luis Potosí foi um documento político proclamado em San Antonio, Texas, pelo líder do movimento revolucionário mexicano e candidato presidencial do Partido Nacional Antirreeleicionista, Francisco I. Madero. Este manifesto convocava ao levantamento em armas no dia 20 de novembro de 1910, para levar a cabo o derrube do porfiriato, o estabelecimento de eleições livres e democráticas,[1] assim como também se comprometia a restituir aos camponeses as terras que lhes haviam sido arrebatadas pelos fazendeiros.[2]

Rapidamente chegaram à Cidade do México as cópias do Plano de San Luis, a imprensa da capital informava do desenvolvimento de uma conspiração,[3] e em 18 de novembro de 1910 foi a conspiração contra Díaz na cidade de Puebla. Esta conjura era dirigida por Aquiles Serdán, o qual junto com a sua família, foi assassinado pela polícia.[4]

Contudo, como resposta à proclamação de Madero começaram a surgir levantamentos armados por todo o México em novembro de 1910, os quais culminaram finalmente com a renúncia de Porfirio Díaz, o triunfo de Madero nas eleições presidenciais de 1911, assim como a Revolução Mexicana, que duraria cerca de uma década e ceifaria a vida a centenas de milhar de mexicanos.[2]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Em 1910 o Partido Nacional Antirreeleicionista elegeu como candidatos à presidência e vice-presidência do México Francisco I. Madero e Francisco Vázquez Gómez, respetivamente, ratificando a aliança com o Partido Nacionalista Democrático.[5] Considerava-se que esta dupla era adequada pois Madero era popular e Vázquez tinha possuía um reconhecido prestígio político.[6] Em junho, durante a campanha eleitoral —durante a qual foi frequentemente obstaculizado pelas autoridades— foi detido por proteger a um dos seus oradores, Roque Estrada, acusado de incitar à rebelião.[5] A detenção ocorreu em Monterrey, Nuevo León, e no dia seguinte Estrada entregou-se esperando conseguir a liberdade de Madero, mas sem obter resultados. Foram ambos acusados de sedição, fomentar à rebelião e insultar as autoridades. No fim desse mês foram transferidos para San Luis Potosí.[3]

Com Madero preso as eleições primárias tiveram lugar em junho e as secundárias em 10 de julho, declarando-se Porfírio Díaz como vencedor indiscutível. Esta vitória foi ratificada pela Câmara de Deputados em setembro,[7] depois de rejeição de um recurso de apelação, apresentado por Madero e antirreeleicionistas, no qual se solicitava a anulação das eleições por considerá-las fraudulentas.[3]

Madero foi libertado sob fiança e refugiou-se na cidade de San Antonio, Texas e iniciou com os seus colaboradores a redação de um documento para convocar a luta armada contra Díaz, para não existirem repercussões políticas com o governo estadunidense —o qual mantinha relações diplomáticas com o México—, o documento foi datado de 5 de outubro, último dia que passou na cidade de San Luis Potosí.[7][8]

Os termos do plano[editar | editar código-fonte]

O plano de San Luis Potosí consistia de um apelo ao povo mexicano para que se levantasse em armas -considerando esgotados os recursos legais-, desconhecendo a reeleição de Díaz ao cargo, anulando as recentes eleições e convocando novas eleições, entretanto Madero assumiria a presidência provisória. Proclamava também o princípio da não reeleição. Madero comprometia-se a respeitar as obrigações governamentais contraídas antes da revolução, a ser escrupuloso no uso dos fundos públicos,[3] assim como também a restituir aos camponeses as terras que lhes haviam sido arrebatadas pelos fazendeiros,[2] por abuso da Lei de Terrenos Baldios.[9]

A data marcada para o início do levantamento foi o dia 20 de novembro de 1910, às seis da tarde. Entretanto, o documento deveria ser distribuído de forma discreta.[3]

«Concidadãos:-Não vacileis pois um momento: tomai as armas, arrojai do poder aos usurpadores, recobrai os vossos direitos de homens livres e recordai que os nossos antepassados legaram-nos uma herança de glória que não podemos desonrar. Sede como eles foram: invencíveis na guerra, magnânimos na vitória».- SUFRÁGIO EFETIVO, NÃO REELEIÇÃO.
San Luis Potosí, 5 de outubro de 1910.- Francisco I. Madero.[3]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Rapidamente chegaram à Cidade do México as cópias do Plano de San Luis, a imprensa da capital informava do desenvolvimento de uma conspiração,[3] e em 18 de novembro de 1910 foi descoberta a conspiração contra Díaz na cidade de Puebla. Esta conjura era dirigida por Aquiles Serdán, o qual junto com a sua família, foi assassinado pela polícia e pela milícia após resistirem durante algumas horas.[4]

Apesar de não se ter iniciado um verdadeiro movimento em 20 de novembro, como resultado da convocatória de Madero -mas sobretudo das suas promessas de uma reforma agrária— começaram a surgir levantamentos armados por todo o México em 1910, no norte comandados por Pascual Orozco e Pancho Villa e em Morelos por Emiliano Zapata,[10] cujos triunfos militares culminaram finalmente com a renúncia de Porfirio Díaz, o triunfo de Madero nas eleições presidenciais de 1911, assim como o início da Revolução Mexicana —uma revolução de índole social—, a qual reclamava uma melhoria das condições de vida e de trabalho para as classes marginalizadas, como operários e camponeses, e que duraria cerca de uma década e ceifaria a vida a centenas de milhar de mexicanos.[2]

Referências[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Fabián Moreno, Francisco. «¿Fue Madero un ingenuo, un idealista o un mal político?». Bicentenario.gob.mx 
  2. a b c d «La Revolución mexicana». Fundación Rojo Urbiola, A.C. 
  3. a b c d e f g Molina Arceo, Sandra. «El Plan de San Luis Potosí». Bicentenario.gob.mx. Arquivado do original em 15 de abril de 2010 
  4. a b «Aquiles Serdán, 1876-1910». Bicentenario.gob.mx. Arquivado do original em 23 de fevereiro de 2010 
  5. a b Mayer, p. 46
  6. Garcíadiego, p. 94
  7. a b Mayer p. 47
  8. Garcíadiego, p. 95
  9. Manuel Fernández Leal. «Ley sobre Ocupación y Enajenación de Terrenos Baldíos.» (em espanhol). 500 años de México en documentos 
  10. Mayer, p. 48

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]