Plano Colômbia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Colin Powell, então secretário de Estado dos EUA, em visita à Colômbia, cumprimenta um membro da Polícia Nacional colombiana (2001).

O Plano Colômbia (inicialmente chamado Plano pela Paz da Colômbia[1]) foi um acordo bilateral entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos. Concebido em 1999, durante as administrações dos presidentes Andrés Pastrana Arango e Bill Clinton, foi originalmente projetado para durar seis anos. Seus objetivos declarados eram: criar uma estratégia para eliminar o narcotráfico no território colombiano; por um fim ao conflito armado na Colômbia, que já durava 40 anos na época, desestruturando os grupos guerrilheiros, notadamente as FARC; promover o desenvolvimento social e econômico. O sucessor de Pastrana, Álvaro Uribe (2002-2010) prosseguiu a implementação do Plano, porém com maior ênfase nas questões de segurança. Uma parte importante dos custos do Plano Colômbia foi paga pela comunidade internacional - União Europeia e, principalmente, Estados Unidos.[2][3]

A iniciativa recebeu várias críticas e elogios ao longo de sua existência. Se, por um lado, ajudou a fortalecer o governo colombiano e suas forças armadas, aumentando o controle do Estado sobre o território nacional, o Plano Colômbia também teve impactos negativos sobre o meio ambiente, a agricultura e a saúde das populações locais, sobretudo em razão da fumigação das plantações de coca que acabou também infectando o solo e até atingindo outras plantações, além de colocar em risco a vida de milhares de consumidores e arruinar os negócios de muitos pequenos produtores.[4][5] A versão original do Plano, tal como apresentada pelo Presidente Pastrana, não tinha como alvo principal o tráfico de drogas, a ajuda militar ou a fumigação das plantações,[6] dando ênfase à erradicação manual das plantas como melhor alternativa.[1]

Porém, a eleição do presidente Uribe coincidiu com o período que se seguiu aos atentados de 11 de setembro. O novo presidente decidiu então requalificar o conflito colombiano como guerra contra o terrorismo, distinguindo-o da situação de conflito interno ou guerra civil, que persistia por mais de quatro décadas na Colômbia. Em 2005, Uribe lançou a maior operação militar já realizada contra as FARC, taxando-as, juntamente com outras formas de guerrilha existentes no país, como "narcoterroristas". Essa nova definição do conflito colombiano acabou por colocar em segundo plano os problemas estruturais do país - a desigualdade política e social, a concentração da renda e da riqueza, a corrupção e a permanência de determinados grupos de interesse no poder. A nova definição do conflito combinava perfeitamente com a visão norte-americana da "guerra mundial contra o terrorismo" e encontrou amplo apoio por parte do Congresso dos EUA, enquanto a União Europeia também começava a mudar tanto a sua retórica quanto a orientação de suas políticas e seus programas, atribuindo precedência à segurança do Estado em relação ao desenvolvimento econômico, ao bem-estar da população e aos direitos humanos. Assim, durante o governo Uribe, o Plano Colômbia destinou ao desenvolvimento social e ao reforço das instituições 26% dos recursos disponíveis, enquanto 74% foram destinados ao reforço das forças armadas e da polícia.[7]

Até 2008, cerca de 1,3 bilhões de dólares já haviam sido repassados à Colômbia, no âmbito do Plano.[8]

Em 2016, com o Plano Colômbia foi substituído pelo programa Paz Colômbia, logo após o acordo de paz entre o governo colombiano e as FARC. Na ocasião, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou a concessão de um apoio econômico de mais de 450 milhões de dólares.[9][10]

Referências

  1. a b Pastrana, Andres; Gómez, Camilo (2005), La Palabra bajo Fuego. Bogotá: Editorial Planeta Colombiana, ISBN 9789584213198, p. 116-117
  2. Connie Veillette (22 de junho de 2005). «Plan Colombia: A Progress Report» (PDF). Congressional Research Service. The Library of Congress 
  3. «Helping Colombia Fix Its Plan to Curb Drug Trafficking, Violence, and Insurgency». The Heritage Foundation 
  4. Toxic Drift: Monsanto and the Drug War in Colombia. Por Jeremy Bigwood. CorpWatch, 21 de junho de 2001.
  5. (em inglês) Plan Colombia and Beyond. Fumigation compensation? Forget it. Center for International Policy.
  6. Grace Livingstone (2004). Inside Colombia: Drugs, Democracy, and War. [S.l.]: Rutgers University Press. pp. 123–130. ISBN 0-8135-3443-7 
  7. (em italiano) Tra sicurezza e sviluppo: il rischio di militarizzazione della cooperazione internazionale. Collana Strumenti di Lavoro 18. FOCSIV, 2006.
  8. «Plan Colombia: Drug Reduction Goals Were Not Fully Met, but Security Has Improved; U.S. Agencies Need More Detailed Plans for Reducing Assistance» (PDF). US Government Accountability Office. Consultado em 14 de novembro de 2008 
  9. "Obama pledges more than $450 million aid to help Colombia peace plan". Página acessada em 16 de janeiro de 2018.
  10. "El nuevo capítulo del Plan Colombia se llamará Paz Colombia": Obama. El Espectador, 4 de fevereiro de 2016.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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