Pisídia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pisídia num mapa de 1903

Pisídia era uma região da antiga Ásia Menor (Anatólia) que se localizava ao norte da Lícia e fazia fronteira com a Cária, Lícia, Frígia e Panfília, correspondendo, a grosso modo, com a província moderna de Antália na Turquia. A região, notoriamente difícil de controlar, passou pelo controle dos persas aquemênidas, dos gregos do Império Selêucida, foi uma província romana e parte do Tema Anatólico no período bizantino até ser perdida definitivamente para o Sultanato de Rum no século XII, quando o nome caiu em desuso e desapareceu do registro histórico.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Embora próxima do Mar Mediterrâneo no mapa, o clima quente do sul não consegue passar pelo terreno elevado dos Montes Tauro e, por isso, não há áreas florestais e relativamente pouca madeira na Pisídia. Em compensação, a agricultura é beneficiada nas regiões irrigadas pela água que corre das montanhas, cuja pluviosidade média anual é de cerca de 1 000 mm nos picos e de 500 mm nas encostas. As cidades da Pisídia, a maioria localizada nas encostas, se beneficiaram muito desta fertilidade, principalmente para o cultivo de frutas e pastagens para criação de animais.

Entre as principais cidades da região estavam Termesso, Selge, Cremna, Sagalasso, Etena, Antioquia, Neápolis, Tiríaco, Laodiceia Combusta e Filomélio.

História[editar | editar código-fonte]

Período pré-Romano[editar | editar código-fonte]

A região da Pisídia tem sido habitada desde o período paleolítico, com algumas povoações conhecidas a partir do terceiro milênio a.C. Os ancestrais dos pisídios provavelmente já habitavam a região no século XIV a.C., quando registros hititas fazem referência a uma povoação nas montanhas chamada de Salavassa, que foi posteriormente identificada como sendo Sagalasso. A língua pisídia é pouco conhecida, mas presume-se que ela seja parte do ramo anatólico das línguas indo-europeias.

Já desde a época hitita, a Pisídia abrigava comunidades independentes do controle central. Conhecida por suas facções guerreiras, a região permaneceu independente do Reino da Lídia e até mesmo do Império Aquemênida, que conquistou a Anatólia no século VI a.C. e dividiu a região em satrapias para conseguir controlá-la melhor. As constantes revoltas e um permanente estado de tumulto tornavam o governo na região bastante instável.

Período helenístico[editar | editar código-fonte]

Mapa mostrando as concessões feitas pelo Império Selêucida depois da Guerra romano-síria em 190 a.C. (cores claras). A Pisídia estava entre as regiões cedidas ao Império Romano, que cedeu-a depois ao Reino de Pérgamo

Alexandre, o Grande, teve um pouco mais de sorte, conquistando Sagalasso em seu caminho para a Pérsia, embora a cidade de Termesso tenha conseguido resistir. Depois da morte de Alexandre, a região tornou-se parte dos territórios de Antígono Monoftalmo e, possivelmente, de Lisímaco da Trácia. Em seguida, Seleuco I Nicátor, fundador da dinastia Selêucida, se apoderou da região. Sob o controle do Império Selêucida, colônias gregas foram fundadas em lugares estrategicamente importantes e a população local foi helenizada. Mesmo assim, os reis helênicos jamais conseguiram controlar completamente a região, em parte por que a Anatólia estava em constante disputa entre os selêucidas, os atálidas do Reino de Pérgamo e o Reino da Galácia, além de sofrer invasões dos celtas vindos da Europa. As cidades da Pisídia estão entre as últimas da Anatólia Ocidental a adotarem completamente a cultura grega e a cunhar suas próprias moedas.[1]

A Pisídia passou oficialmente dos selêucidas para os atálidas como resultado do Tratado de Apameia que Antíoco III foi forçado a assinar depois de perder a Guerra romano-síria em 190 a.C. Depois que Átalo III, o último rei de Pérgamo, morreu sem filhos e deixou seu reino para os romanos em 133 a.C., a recém-criada província da Ásia foi criada em seu território ao passo que a Pisídia foi dada ao Reino da Capadócia, que se mostrou incapaz de controlá-la. Os pisídios tentaram a sorte juntando-se aos piratas da Cilícia e da Panfília até o jugo romano ser finalmente restaurado em 102 a.C..

Em 39 a.C., Marco Antônio encarregou a Pisídia ao rei cliente da Galácia, Amintas, e deu-lhe a missão de cuidar dos homonadesianos, foras-da-lei dos Montes Tauro que assolavam as estradas que ligavam a Pisídia à Panfília, no litoral. Depois que Amintas foi morto nesta disputa, Roma incorporou a Pisídia completamente, fundindo-a na recém-criada província da Galácia. Os homonadesianos foram aniquilados somente em 3 a.C..

Período romano e bizantino[editar | editar código-fonte]

Provincia Pisidia
Província da Pisídia
Província do(a) Império Romano e do Império Bizantino
 
325século VII


Província da Pisídia num mapa da Diocese da Ásia (c. 400)
Capital Antioquia na Pisídia

Período Antiguidade Tardia
39 a.C. Incorporada pela província da Galácia
325 Separada da Galácia durante a reforma de Diocleciano
século VII Adoção dos sistema temático
século XII Perda definitiva da região depois da Batalha de Miriocéfalo

Em 74 d.C., a parte sul da Pisídia foi fundida com a nova província da Lícia e Panfília enquanto que a região norte permaneceu com a Galácia. Durante este período, a Pisídia foi colonizada por veteranos das legiões romanas com duplo objetivo de recompensá-los pelo serviço e de controlar os pisídios. Para os colonos, porém, que vinham das regiões mais pobres da Itália, a agricultura deve ter sido a principal atração da região. Sob Augusto, oito colônias foram fundadas na Pisídia e Antioquia e Sagalasso tornaram-se as principais cidades da região. A província foi gradualmente latinizada, com o latim permanecendo como a língua formal ali até pelo menos o final do século III.

A Pisídia foi uma região importante nos primeiros anos do cristianismo. Paulo de Tarso visitou Antioquia em todas as suas viagens missionárias, ajudando a torná-la o centro da nova religião na Anatólia.[2] Depois que o imperador Constantino legalizou o cristianismo em 311, ela teve um importante papel como sé metropolitana. Foi a capital da província da Pisídia, fundada no século IV durante a as reformas de Diocleciano e Constantino, uma subdivisão da Diocese da Ásia, que era subordinada à Prefeitura pretoriana do Oriente. Por causa das guerras civis e das invasões estrangeiras na época, a maior parte das cidades da Pisídia foi fortificada neste período.

A região foi devastada por um grande terremoto em 518, pela Praga de Justiniano por volta de 541-543, outro terremoto e o início dos raides árabes no século VII. Depois que conquista muçulmana da Síria desorganizou completamente as rotas comerciais, a área perdeu muito a importância. No século seguinte, os raides se intensificaram e no século XI, os turcos seljúcidas finalmente capturaram a região e fundaram o Sultanato de Rum na Anatólia Central. A Pisídia trocou de mãos muitas vezes na disputa entre os seljúcidas e os bizantinos até 1176, quando o grande sultão Quilije Arslã II derrotou Manuel I Comneno na Batalha de Miriocéfalo ("mil cabeças"), encerrando para sempre o domínio romano na região.

Sés episcopais[editar | editar código-fonte]

As sés episcopais da província que aparecem no Anuário Pontifício como sés titulares são:[3]

Referências

  1. asiaminorcoins.com - ancient cities and coins of Pisidia
  2. Atos 13:13–14; Atos 14:21–22
  3. Annuario Pontificio 2013 (Libreria Editrice Vaticana 2013 ISBN 978-88-209-9070-1), "Sedi titolari", pp. 819-1013

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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