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Pietro Della Valle
Pietro Della Valle
Nascimento 11 de abril de 1586
Roma
Morte 21 de abril de 1652 (66 anos)
Roma
Sepultamento Basílica de Santa Maria em Aracoeli
Cidadania Estados Papais
Cônjuge Sitti Maani Gioerida della Valle
Ocupação explorador, compositor, escritor
Movimento estético música barroca

Pietro Della Valle (Roma, 2 de abril de 1586 — Roma, 21 de abril de 1652) foi um explorador italiano que viajou pela Ásia. Della Valle também é conhecido por ter sido o introdutor dos gatos da raça persa no ocidente, pois em uma de suas passagens pela Pérsia ele trouxe consigo alguns exemplares dos animais que habitavam as ruas locais.[1]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Em 1614 ele partiu de Veneza, passou um ano em Constantinopla, onde estudou os idiomas turco e árabe; em seguida, continuou sua jornada passando pelo Egito, Terra Santa, Arábia, Pérsia e Índia, retornando à Itália em 1626. A narrativa de suas viagens baseada em suas cartas apareceu em dois volumes (1650-1658); uma parte foi publicada em inglês com a biografia de Della Valle (The Travels of Pietro della Valle in India (ed. por Edward Gray, Hakluyt Society, vol. LXXXIV e LXXXV, 1892).

Ele pertencia a uma família nobre romana e nasceu no palácio da família, que havia sido construído pelo Cardeal Andrea. Sua juventude foi dividia entre ocupação com literatura e com armas. Ele prestou serviço contra os mouros da Barbária, mas também se tornou membro da Academia Romana dos Umoristi, adquirindo alguma reputação como versejador e retórico. A ideia de viajar para o Oriente surgiu por causa de uma decepção no amor, como uma alternativa ao suicídio, e amadureceu como um objetivo fixo a partir de uma visita ao sábio Mario Schipano, professor de medicina em Nápoles, para quem os registros das viagens de Pietro foram remetidos sob a forma de cartas muito elaboradas, baseadas no diário completo.

Antes de deixar Nápoles, ele fez um juramento de peregrinagem à Terra Santa, e, partindo de Veneza no dia 8 de junho de 1614, navegou até Constantinopla, onde permaneceu por mais de um ano e aprendeu bem o idioma turco e um pouco o árabe. No dia 25 de setembro de 1615, ele navegou até Alexandria com nove acompanhantes — ele sempre viajava como um distinto nobre, com todas as vantagens da sua posição. Partindo de Alexandria, ele navegou até o Cairo e, após uma excursão ao Monte Sinai, deixou o Cairo em 8 de março de 1616, viajando até a Terra Santa, em tempo para assistir às celebrações da Páscoa em Jerusalém.

Tendo visitado os lugares sagrados, viajou de Damasco a Alepo, e deste lugar a Bagdá, onde ele se casou com uma cristã síria chamada Maani, nativa de Mardin, a qual morreu em 1621. Em seguida, ele desejava visitar a Pérsia, mas, como este país estava em guerra com o Império Otomano, ele teve de deixar Bagdá com discrição no dia 4 de janeiro de 1617. Acompanhado de sua esposa, prosseguiu por Ispaã, e se juntou ao Abas I numa campanha no norte da Pérsia no verão de 1618. Ele foi bem recebido na corte e tratado com hóspede do xá.

No seu retorno a Ispaã, ele começou a pensar em retornar pela Índia em vez de aventurar-se novamente no Império Otomano, mas o seu estado de saúde e a guerra entre a Pérsia e os portugueses em Ormuz criaram dificuldades. Em outubro de 1621, saiu de Ispaã, e, visitando Persépolis e Xiraz, traçou seu caminho para a costa. No entanto, apenas em janeiro de 1623 que ele encontrou passagem para Surate no navio inglês Whale.

Della Valle permaneceu na Índia até novembro de 1624; seus centros de operação eram Surate e Goa. Ele esteve em Mascate em janeiro de 1625, e Baçorá em março. Em maio, tomou a rota do deserto para Alepo, e embarcou em Alexandreta num navio francês. Passando por Chipre, ele chegou a Roma em 28 de março de 1626, onde foi recebido com muitas honras, não apenas nos círculos literários, mas também pelo Papa Urbano VIII, que o nomeou cavaleiro de seu dormitório. No restante de sua vida, não houve ocorrências especiais: ele casou novamente com uma órfã de uma família nobre georgiana, Miriucci (Tinatin de Ziba), a qual havia sido adotada por sua primeira esposa quando criança, e o havia acompanhado em todas as suas viagens. Com ela, teve quatorze filhos.

Durante a vida de Pietro della Valle, foram impressos: i) uma oração do funeral de sua esposa Maani, cujos restos mortais ele levou consigo a Roma para serem enterrados (1627); ii) uma descrição do xá Abas, impressa em Veneza em 1628, mas não publicada; iii) a primeira parte da carta narrando suas viagens (Império Otomano, 1650). As Viagens na Pérsia (duas partes) foram publicadas por seus filhos em 1658, e a terceira parte (Índia) em 1663. Uma tradução inglesa apareceu em 1665, seguida pelo texto italiano. A edição de Brighton (1843, 2 volumes) é mais apreciada que as outras reimpressões. Ela contém um resumo da vida do autor por Gio. P. Bellori (1622). A história de Della Valle é seguidamente prolixa, com tendência para o retórico, mas é clara e exata, bem informada e muito instrutiva, motivo pelo qual seu trabalho ainda possui grande valor.

Referências[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  1. pelaqita (7 de junho de 2023). «History of the Persian Cat». Pelaqita Persians (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2024