Pietro Bembo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pietro Bembo
Cardeal da Santa Igreja Romana
Administrador Apostólico de Bérgamo
Info/Prelado da Igreja Católica
Pietro Bembo, por Tiziano, (1539-1540). National Gallery of Art, Washington.
Atividade eclesiástica
Ordem Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém
Diocese Diocese de Bérgamo
Nomeação 18 de fevereiro de 1544
Predecessor Dom Pietro Lippomano
Sucessor Dom Vittore Soranzo
Mandato 1544 - 1547
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 1539
Cardinalato
Criação 20 de dezembro de 1538 (in pectore)
10 de novembro de 1539 (Publicado)

por Papa Paulo III
Ordem Cardeal-presbítero
Título São Ciríaco nas Termas de Diocleciano (1539-1542)
São Crisógono (1542-1544)
São Clemente (1544-1547)
Brasão
Dados pessoais
Nascimento Veneza
20 de maio de 1470
Morte Roma
18 de janeiro de 1547 (76 anos)
Nacionalidade italiano
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Pietro Bembo (Veneza, 20 de maio de 1470Roma, 18 de janeiro de 1547) foi um gramático, escritor, humanista, historiador e cardeal veneziano. Foi o primeiro a estabelecer as regras da língua italiana de modo seguro e coerente, com base nas práticas dos maiores escritores toscanos do Trecento. Contribuiu decisivamente para a difusão na Itália e no exterior do modelo poético petrarquista. Suas ideias foram também fundamentais para a formação musical do estilo madrigal do século XVI.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Veneza, da importante e antiga família patrícia dos Bembo, filho de Bernardo Bembo e Elena Morosini. Ainda pequeno, acompanhava o pai, senador da Sereníssima, a Florença, onde aprendeu a apreciar o toscano, que teria preferido à língua vêneta da sua cidade natal. Após um primeiro período de estudos, transfere-se para Messina, onde estuda o grego por dois anos, com Constantino Láscaris. Graduou-se na Universidade de Pádua.

Posteriormente (1497-1499) estudou na corte de Ferrara, que os D'Este haviam transformado em importante centro literário e musical. Ali encontrou Ludovico Ariosto e começou a elaborar os diálogos Gli Asolani ("Os Asolanos")

Os poetas que sempre o inspiraram na sua poesia foram o Boccaccio e Petrarca. Gostava de fazer acompanhar as suas obras poéticas por moças que tocavam alaúde, e uma vez teve a honra de ser acompanhado por Isabella d'Este, a quem depois presenteou com uma cópia de Gli Asolani.

Volta a Ferrara em 1502, onde conhece Lucrécia Bórgia, mulher de Afonso d'Este, com a qual tem uma relação. Bembo sai da cidade em 1505, quando a peste dizimou a população.

Entre 1506 e 1512 viveu em Urbino, e ali começou a escrever suas principais obras: as Prose della volgar lingua (cuja publicação acontecerá somente em 1525). Em 1513 vai para Roma com Júlio de Médicis, futuro papa Clemente VII. Em Roma, o papa Leão X faz dele o seu secretário. Após a morte do pontífice, em 1521, Bembo transfere-se para Pádua, onde habitava sua amante Faustina Morosina della Torre, da qual teve um filho. É nessa época que publica em Veneza as Prose della volgar lingua. Em 1529 retorna a Veneza, onde ocupou o cargo de historiógrafo da República de Veneza e bibliotecário da Biblioteca Marciana.

A oferta do chapéu cardinalício pelo papa Paulo III em 1539 levou-o a Roma. Renuncia aos estudos de literatura clássica, dedicando-se à teologia e à história clássica. Nos quatro anos seguintes, será eleito bispo de Gubbio e depois, de Bérgamo.

Morreu em Roma, aos 76 anos.

Obras[editar | editar código-fonte]

Pietro Bembo, Historia Veneta, 1729
Sogno, 1492-1494

Como escritor, Bembo foi um dos mais eminentes representantes dos ciceronianos, grupo que defendia a restauração de um estilo inspirado na Antiguidade Clássica romana, a partir da imitação dos dois modelos principais da língua latina: Cícero, para a prosa, e Virgílio, para a poesia.

Foi também o iniciador do Petrarquismo, propondo o estilo do poeta como exemplo de pureza lírica e como modelo absoluto. Por sua indicação, a poesia da época tomará como exemplo as rimas de Petrarca.

Entre os seus escritos em latim destacam-se sobretudo:

  • Epistolae (Leonis X. nomine scriptae, 16 volumes. Veneza, 1535; Familiares, 6 volumes)
  • Rerum veneticarum libri XII (História da República Vêneta de 1487 a 1513). Veneza, 1551.
  • Historia veneta escrita entre 1487 e 1513; publicada em 1551, depois traduzida, por ele mesmo, em italiano, como Istoria Viniziana.
  • Carmina (Veneza, 1533) onde se coloca a tradição do Dolce stil novo de Petrarca.

Seus mais importantes escritos em língua vulgar são:

  • Gli Asolani, discursos filosóficos sobre o amor platônico (Venezia 1505)
  • Prose nelle quali si ragiona della volgar lingua (cujo nome completo é Prose di M. Pietro Bembo nelle quali si ragiona della volgar lingua scritte al Cardinale de Medici che poi è stato creato a Sommo Pontefice et detto Papa Clemente Settimo divise in tre libri), o mais notável documento da discussão sobre a língua literária italiana do século XVI (Veneza 1525). As "Prose" tiveram uma influência decisiva sobre o desenvolvimento da língua italiana. Nessa obra, Bembo propõe o emprego da língua usada por Petrarca para as obras em versos, e da língua usada por Giovanni Boccaccio para os textos em prosa. O livro III das Prose surge como uma gramática do italiano. Pietro Bembo pretende promover uma língua "arcaica " toscana, decalcada dos modelos literários de Dante, Pertrarca e Boccaccio, enquanto Baldassare Castiglione (1478-1529) e Gian Giorgio Trissino (1478-1550) desejam que se desenvolva um padrão misto, concebido a partir de diferentes elementos dos vários dialetos existentes. Por fim, Claudio Tolomei e Niccolò Machiavelli (1469-1527) pretendem o uso do toscano moderno - mais precisamente, do florentino.[1]

Em 1583 é criada a Accademia della Crusca, cujos dicionários são a referência incontornável da língua. A Academia opta por promover a língua "arcaica" defendida por Bembo e em 1612 publica o primeiro grande dicionário da língua "moderna": Vocabolario degli Accademicci della Crusca. Assim o toscano impõe-se nas obras de gramática e na literatura, mas não consegue impor-se como língua de comunicação geral.

  • Rime (Venezia 1530)
  • Lettere volgari (5 volumes, Verona 1545)

Em 1501, Bembo editou o Cançoneiro de Petrarca e, em 1502, as Terze Rime (Divina Comédia) de Dante, em estreita colaboração com o editor Aldo Manuzio (ou Aldus Manutius). Pela primeira vez, dois autores em língua vulgar tornaram-se objeto de estudos filológicos, o que até então acontecia apenas com os clássicos antigos. Ambas as edições serão as bases de todas as edições subsequentes por pelo menos três séculos.

O tipo "Bembo" foi usado pela primeira vez na obra De Aetna, de Pietro Bembo, impresso por Manuzio em 1496 e assim denominado em homenagem ao autor do texto.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Pietro Bembo