Petróglifo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Petróglifos conhecidos como Pedra do Ingá, localizados na cidade de Ingá, na Paraíba, no Brasil. Até hoje, permanece o mistério do propósito e do significado desses petróglifos, que já atraíram diversos pesquisadores.

Petróglifos ou gravuras rupestres (do prefixo latino petra, ae, "rochedo, pedra", este do grego pétra, as, "rochedo, rocha", com o sufixo grego glúphó, "esculpir, gravar") são imagens geometrizadas e representações simbólicas, geralmente associadas, que registram fatos e mitos, gravadas nas rochas das paredes internas e externas de cavernas por populações neolíticas ou calcolíticas. São encontrados em todo o mundo.

Petróglifos no Canyon Lands National Park, em Utah, nos Estados Unidos.

Não se deve confundir o termo "petróglifo" com pictograma, que é uma imagem desenhada ou pintada. Os petróglifos e os pictogramas pré-históricos formam um conjunto conhecido como arte rupestre.

Petróglifos conhecidos como Meercatze (assim chamados pelo arqueólogo Leo Frobenius), no Wadi Methkandoush, na região líbia de Mesak Settafet.

História[editar | editar código-fonte]

Os petróglifos mais antigos datam do Paleolítico Superior ou do Neolítico, aproximadamente há 10 000 ou 12 000 anos atrás. Ao redor de 7 000 ou 9 000 anos atrás, começaram a aparecer outros sistemas de escrita como a pictografia e os ideogramas. Os petróglifos seguiram sendo muito comuns e algumas sociedades menos avançadas continuaram utilizando-os durante milênios, até o momento de entrar em contato com a cultura ocidental no século XX. Foram encontrados em todos os continentes, excetuando a Antártida, embora se concentrem especialmente em partes da África, Escandinávia, Sibéria, o Sudoeste de América do Norte e Austrália.

Interpretação[editar | editar código-fonte]

Petróglifos perto de Qobustam, no Azerbaidjão.

Estas imagens talhadas na rocha provavelmente tinham um sentido cultural e religioso muito profundo para as sociedades que as criaram, sentido que em muitas ocasiões se perdeu. Acredita-se que muitos petróglifos representavam algum tipo de linguagem ritual ou simbólica ainda não desvelada. Os glifos mais tardios da Idade do Bronze Nórdica em Escandinávia parece fazerem referência a algum tipo de fronteira territorial entre tribos, além dos significados religiosos que tiverem. Também semelha que existiam dialetos locais ou regionais entre povos da mesma família ou entre vizinhos. As inscrições na Sibéria têm formas que poderiam ser o antecedente das runas, embora não tenha sido encontrada nenhuma relação entre ambos e nem sequer se tenha chegado a compreender seu significado.

Alguns investigadores deram-se conta da similaridade existente entre diferentes estilos de petróglifos encontrados em todos os continentes. Contudo, não deve ser difícil explicar estilos semelhantes, já que todos os seres humanos se inspiraram no que os rodeava. Pode dever-se quer a uma simples coincidência quer às migrações que levaram a cabo os diferentes grupos a partir de uma localização comum, quer a uma origem igual para todos eles. Em 1853, George Tate leu um trabalho no Berwick Naturalist's Club, com o qual John Collingwood Bruce concordava, e no qual se assinalava que os glifos tinham "...uma origem comum, e indicam um significado simbólico com o qual se representa um pensamento popular". Ao catalogar a arte rupestre escocesa, Ronald Morris chegou a contabilizar até 104 teorias diferentes sobre sua interpretação.

Petróglifo em Mesquite Springs, no Vale da Morte, no Arizona.

Outras teorias, mais controversas, são baseadas na sua maioria na psicologia de Carl Jung e nos estudos do historiador Mircea Eliade, segundo os quais é possível que a similaridade dos petróglifos e de outros símbolos arquetípicos ou atávicos de diferentes culturas e continentes seja o resultado de uma estrutura herdada geneticamente no cérebro humano.

Existem outras teorias que sustêm que os petróglifos foram realizados pelos xamãs num estado alterado de consciência, talvez induzidos pelo uso de alucinógenos naturais. Demonstrou-se que muitos dos modelos geométricos (conhecidos como constantes de forma) que aparecem nos petróglifos e pinturas rupestres estão "enroscados" no cérebro humano, aparecendo muita frequência em problemas de visão e alucinações produzidas pelas drogas, a enxaqueca e outros estímulos.

Os vínculos atuais entre o xamanismo e a arte rupestre, entre o povo San do deserto do Kalahari, foram objeto de estudo pelo Rock Art Research Institute (RARI) da Universidade de Witwatersrand. Embora a arte do povo San se centre na pintura, os motivos que se escondem atrás desta podem lançar um pouco de luz e serem a base para a compreensão de outros tipos de arte, incluindo os petróglifos. Como aparece no sítio web do RARI:

Relação de petróglifos no mundo[editar | editar código-fonte]

África[editar | editar código-fonte]

Ásia-Pacífico[editar | editar código-fonte]

América do Sul[editar | editar código-fonte]

Brasil[editar | editar código-fonte]

  • Pedra do Ingá, no Brasil: gravuras rupestres entalhadas na rocha, localizado no município brasileiro de Ingá no estado da Paraíba.
  • Figuras rupestres, Costão do Santinho, em Florianópolis.

América do Norte[editar | editar código-fonte]

Europa[editar | editar código-fonte]

Portugal[editar | editar código-fonte]

Portugal e Galiza[editar | editar código-fonte]

As gravuras existentes na Galiza e no Norte de Portugal formam o chamado grupo de Petróglifos galaico-portugueses. As representações naturalistas ou figurativas são as mais característicos dessa arte rupestre ao ar livre (apesar de ser menos abundantes que as geométricas), e que as diferencia de outras zonas atlânticas.[3] A maior parte delas são localizadas no sul da Galiza, na província de Pontevedra, na zona costeira que abrange desde a ria de Muros até à desembocadura do rio Minho, e concretamente no vale do rio Lérez. Em Portugal, temos uma primeira zona restrita a faixa costeira do Alto Minho com motivos geométricos, zoomórficos, armas e idoliformes, e outra zona mais extensa que engloba grande parte da região do Minho, Trás-os-Montes e as Beiras com representações esquemáticas e antropomórficas.[4]

Oriente Médio[editar | editar código-fonte]

Tipos[editar | editar código-fonte]

  1. Abstratos: São desenhos sem uma geometria clara. Podem estar sozinhos ou formando conjuntos.
  2. Geométricos: Desenhos que se têm uma geometria clara. Covinhas, cruzes, suásticas, círculos, quadros xadrezados, sóis, etc.
  3. Figurativos ou representativos: Simbolizam figuras, quer humanas (pegadas de pés) quer animais (leões, girafas etc.).
  4. Objetos: Representam objetos. Flechas, carros, barcos.

Ao não ser uma ciência exata, as conjeturas feitas sobre o significado dos petróglifos são muito extensas. Mas em geral segundo o tipo de petróglifo há uma explicação aproximada.

  1. Abstratos: Representam deuses ou constelações.
  2. Geométricos: Marcar territórios, uso em cerimônias religiosas.
  3. Figurativos ou representativos: Boa sorte para a caça, procura da fertilidade feminina.
  4. Objetos: plegárias aos deuses para uma boa caça ou colheita.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Beckensall, Stan e Laurie, Tim (1998). Prehistoric Rock Art of County Durham, Swaledale and Wensleydale. County Durham Books. [S.l.: s.n.] ISBN 1-897585-45-4 
  • Beckensall, Stan (2001). Prehistoric Rock Art in Northumberland. Tempus Publishing. [S.l.: s.n.] ISBN 0-7524-1945-5 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Sítios Pré-históricos de Arte Rupestre do Vale do Rio Côa e de Siega Verde.
  2. «CIART - Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo». Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão. Consultado em 1 de junho de 2023 
  3. CAAMAÑO GESTO, José Manuel: A gran historia de Galicia. Prehistoria de Galicia. Volume 2: O Calcolítico e a Idade de Bronce. ISBN 978-84-96931-02-2
  4. Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, ed. (2020). «Arte Rupestre». Consultado em 10 de novembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons
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O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Petróglifo

*(em português)-As Gravuras por António José Marques da Silva. Acessado em 27 de outubro de 2008.