Pedro Tinoco de Faria – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pedro Tinoco de Faria
Nascimento 2 de fevereiro de 1962
Lisboa
Cidadania Portugal
Ocupação escritor, empreendedor, político, oficial

Pedro Manuel Cardoso Tinoco de Faria (Lisboa, 2 de Fevereiro de 1962) é um tenente-coronel das forças especiais de Portugal, aposentado do Estado Maior do Exército,[1] empresário e escritor.

Ficou especialmente conhecido por liderar o chamado "movimento das espadas", na sequência da crise no Exército Português após os roubos dos paióis de Tancos.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Actividade militar[editar | editar código-fonte]

Filho do Capitão pára-quedista Luís António Sampaio Tinoco de Faria, morto em combate na Guerra do Ultramar[2] em 28 de Abril de 1966,[3] e de uma professora de Geografia.[4] É pai de três filhos, Catarina, Sasa e Pedro Miguel.

Licenciado pela Academia Militar, onde tinha ingressado em 1982 para o curso de infantaria, e se licenciou em Ciências Sócio-Militares.[5] Como Oficial de infantaria, em 1988 ingressa no regimento de Comandos[6] e mais tarde nas Tropas Paraquedistas[7] após ter ter frequentado o 175º Curso de Paraquedismo em Outubro de 1993.

Desempenhou várias funções de Estado Maior como Oficial de Logística, Oficial de Pessoal, Chefe do Departamento de Planeamento da Formação e Oficial de Operações.[8]

Cumpriu diversas missões em ambientes operacionais de alto risco, no âmbito das Nações Unidas e da NATO.

Nomeadamente, fez parte da 1.ª Força Expedicionária Portuguesa, da Bósnia e Herzegovina. Em 1999, entra no Kosovo com a 1.ª Unidade Portuguesa. Em 2001 é nomeado 2.º Comandante de Batalhão de Paraquedistas deslocado para o Teatro de Operações de Timor Leste.[9] Em 2003 através do Joint Analisys and Lessons Centre da NATO é deslocado diversas vezes para o Afeganistão como especialista em Force Protection. Integra a 1ª Operational Mentoring and Liason Team experimental da Nato em Mazar-i-Sharif no Norte do Afeganistão.[5]

Recebeu um louvor em 6 de Setembro de 2004,[10] condecorado com a Medalha Cobre de Comportamento Exemplar.[11]

No dia 1 de Novembro do mesmo ano entra para a reforma do Exército português.[12]

Por despacho do Ministro da Defesa Nacional de 25 de Outubro de 2000, é indicado para receber a Medalha da NATO.[13]

Actividade política[editar | editar código-fonte]

Em Fevereiro de 2017, insurge-se contra a punição de instrutores no curso militar de Forças Especiais em que morreram dois jovens.[14]

Depois de partilhar um manifesto feito por si, a que chamou "do Paiol e da Honra",[15] surge como um dos três oficiais que organizaram o convocado[16] e depois desconvocado protesto intitulado de “movimento das espadas” contra a exoneração de cinco comandantes na sequência do furto em Tancos,[17] um protesto de oficiais com deposição das espadas, em Belém, que acabou por ser cancelado.[18] Depois teve a oportunidade de explicar numa entrevista porque actuou assim e lança o repto para a criação de um novo movimento, com o nome "Que Portugal Queremos".

Tinha já marcado o lançamento do seu romance de natureza autobiográfica na sede da Academia Militar, quando o Chefe do Estado Maior, o general Rovisco Duarte, decide não o autorizar. Dessa forma esse acto foi deslocado para a sede da Sociedade Histórica da Independência de Portugal para dia 6 de Julho de 2017 e na mesma, como estava antes combinado, a sua apresentação feita pelo secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional, comandante de Pessoal do Exército, o tenente-general Antunes Calçada.[19][20]

Fez parte da Comissão Organizadora de um almoço de homenagem ao Coronel CMD Paulo Pipa de Amorim, em agosto de 2018,[21] como sinal de repúdio ao Chefe do Estado-Maior do Exército que o tinha afastado do comando da força do comandos por este ter homenageado publicamente o seu camarada de armas Victor Ribeiro e ao facto de ter louvado por ter sido operacional no Golpe de 25 de Novembro de 1975.[22][23]

É líder e presidente do político Movimento Gente,[24] extra-partidário, do qual foi fundador em 28 de Setembro de 2019. O mesmo, ainda duma forma informal e a partir da sua página do facebook, a 2 de março de 2019, já tinha convocado uma manifestação em Pedrógão Grande em sequencia da reportagem divulgada pela TVI, no programa de investigação de Ana Leal, onde eram feitas revelações comprometedoras sobre o material doado às vítimas dos incêndios aí acontecidos em 2017,[25] assim como tinha afixado um grande cartaz, na zona do Campo Pequeno, em Lisboa, indiretamente alusivo ao facto de que a Sociedade não perder nada com a ausência de políticos, ligados aos partidos, na governação do país.[26]

É correspondente colunista no Inconveniente.[27]

Obras[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Diário da República, 2.ª série — N.º 66 — 6 de abril de 2015, Aviso n.º 3624/2015, pág. 8301
  2. «Filhos da Escola do Exército e da Academia Militar». Academia Militar. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  3. O inferno português em África, Correio da Manhã, 20 de Janeiro de 2013
  4. Pedro Tinoco Faria. “A maçonaria manda na tropa”, , por Vítro Rainho e Beatriz Dias Coelho, Jornal I, 9 de Setembro de 2018
  5. a b Pedro Tinoco de Faria, Equipa, Sobre Nós, Academia de Inteligência Emocional
  6. Pedro Tinoco Faria. “A maçonaria manda na tropa”, por Vítro Rainho e Beatriz Dias Coelho, Jornal I, 9 de Setembro de 2018
  7. Escola de Tropas Pára- Quedistas, Relação dos pára-quedistas militares, curso n.º 175
  8. Pedro Tinoco de Faria, Wook
  9. Summary of World Broadcasts: Asia, Pacific (em inglês). [S.l.]: British Broadcasting Corporation. 2000. p. 5 
  10. Armadas, Ministério Da Defesa Nacional-Estado-Maior-General Das Forças Armadas- Gabinete Do Chefe Do Estado-Maior-General Das Forças. «Louvor 933/2004, de 6 de Setembro». Diários da República. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  11. Ordem do exército, 2.ª série,n.º 5, 31 de Maio de 2005, Ministério da Defesa Nacional - Estado Maior do Exército, pág. 327
  12. «Diário da República, 2.ª série — N.º 44 — 4 de março de 2015, Portaria n.º 165/2015» (PDF). Consultado em 31 de agosto de 2017. Arquivado do original (PDF) em 27 de janeiro de 2016 
  13. «Despacho 23091/2000 (2.ª série), 2000-11-14». Diário da República Eletrónico. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  14. «Associação de Oficiais dá força institucional a texto incendiário de militar comando - DN». www.dn.pt. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  15. Tenente-Coronel Cmd Pedro Tinoco de Faria - "MANIFESTO DO PAIOL e da HONRA"
  16. Renascença (3 de julho de 2017). «Furto de Tancos leva oficiais a depor espadas à porta de Marcelo - Renascença». Rádio Renascença. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  17. Protesto de oficiais: "Sabe quantos é que íamos a Belém? Três", Público, 10 de julho de 2017
  18. Matos, Pedro Raínho, Vítor (11 de julho de 2017). «Crise no Exército. General insinua: "Sabujo para cima e cão para baixo"». Observador. Consultado em 6 de fevereiro de 2022 
  19. «Chefe do Exército proíbe lançamento de livro na Academia Militar - DN». www.dn.pt. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  20. Botelho, Leonete (9 de julho de 2017). «General que se demitiu foi escolhido por Marcelo para Conselho Superior de Defesa». PÚBLICO. Consultado em 6 de fevereiro de 2022 
  21. «Almoço de homenagem ao Coronel CMD Paulo Pipa de Amorim – Associação de Comandos». Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  22. «Mal-estar no exército com agitação nos comandos». Jornal SOL. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  23. Almoço de militares em “repúdio” contra o general Rovisco Duarte, ZAP, 22 de Agosto de 2018
  24. História, Movimento Gente (consulta em 3 de Fevereiro de 2021
  25. Movimento Gente convoca manifestação e exige justiça em Pedrógão Grande, Jornal Sol, 1 de março de 2019
  26. Cartaz no Campo Pequeno é de movimento de direita que pensa haver razões para golpe de Estado, por Executive Digest, 23 de Janeiro de 2020
  27. Redação (15 de novembro de 2020). «Inconveniente». inconveniente.pt. Consultado em 6 de fevereiro de 2022 
  28. O beijo da Quissonde / Pedro Tinoco de Faria ; il. Vera Magalhães. - 2.ª ed. - Porto : Fronteira do Caos, 2017. - 199 p. : il. ; 23 cm. - ISBN 978-989-8647-90-0, in Biblioteca Nacional Portuguesa

Ligações externas[editar | editar código-fonte]