Partido Democrático Social – Wikipédia, a enciclopédia livre

Partido Democrático Social
Logo do extinto Partido Democrático Social
Número eleitoral 11
Presidente Paulo Maluf
Fundação 31 de janeiro de 1980
Dissolução 4 de abril de 1993 (31 anos)
Sede Brasília, DF
Espectro político Direita
Antecessor ARENA
Sucessor PPR (fusão com o PDC e sucessor legal)
PFL (dissidência, coexistiu historicamente com o PDS de 1985 a 1993)
PSD (dissidência, coexistiu historicamente com o PDS de 1987 a 1993)
PSC (dissidência, coexistiu historicamente com o PDS de 1985 a 1993)
Cores      Azul
     Branco
     Vermelho
Sigla PDS
Política do Brasil

Partidos políticos

Eleições

Partido Democrático Social (PDS) foi um partido político brasileiro de direita fundado em 31 de janeiro de 1980.[1] O partido surgiu após o fim do sistema bipartidário que havia sido implantado pelo Regime Militar de 1964 e que foi objeto de uma reforma ocorrida no governo João Figueiredo. Sucessor da ARENA, foi extinto em 1993, após seus integrantes aprovarem sua fusão com o Partido Democrata Cristão (PDC) para criar o Partido Progressista Reformador (PPR).

De uma dissensão nos seus quadros, surgiu o Partido da Frente Liberal (PFL), mais recentemente Democratas (DEM) e hoje parte do União Brasil, em 1985. Posteriormente o Partido Progressista Reformador mudaria para Partido Progressista Brasileiro (PPB) em 1995, e, numa nova mudança, tornou-se o Partido Progressista (PP) em 2003, passando a denominação atual de Progressistas em 2017.

Como herdeiro da ARENA, comandou as duas casas do Congresso Nacional durante o Governo Figueiredo (1979-1985).

Elegeu governadores em treze estados brasileiros ao longo de sua existência, sendo doze nas eleições de 1982 e um nas de 1990.

História[editar | editar código-fonte]

O retorno do pluripartidarismo no Brasil ocorreu em novembro de 1979. O Congresso Nacional extinguiu nessa ocasião o bipartidarismo, abrindo o caminho para a criação de novos partidos. A ARENA foi legalmente extinta[2] e o PDS foi criado em seu lugar, como seu sucessor direto.[3]

Fundado em 31 de janeiro de 1980, o PDS tinha dentre seus filiados José Sarney e Fernando Collor, dois futuros Presidentes da República, sendo que o maranhense foi eleito presidente do partido em 28 de fevereiro e ocupou o cargo durante quatro anos.

Mesmo aureolado pela condição de agremiação governista, o PDS urdiu a aprovação de uma emenda constitucional de autoria do deputado Anísio de Souza, que prorrogou até 1982 os mandatos dos prefeitos e vereadores eleitos em 1976, de modo a permitir uma melhor estruturação partidária. Assim o PDS só disputou sua primeira eleição em 15 de novembro de 1982 na qual elegeu 12 governadores (vencendo em todo o Nordeste), 15 senadores (preenchendo as três vagas de Rondônia), 235 deputados federais, 476 deputados estaduais, 2533 prefeitos e a maioria dos vereadores. No cômputo geral foi o mais votado do país, porém muito dessa maioria foi conseguida graças ao voto vinculado e as sublegendas.

Em 1º de fevereiro de 1983 tomaram posse os parlamentares eleitos no ano anterior e na condição de maior bancada o PDS assegurou o comando do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, contudo por não dispor de maioria urdiu um acordo com o PTB em maio após fazer algumas concessões políticas (cargos) aos trabalhistas. Tal aliança não evitaria a rejeição do Decreto 2.024 em 21 de setembro. Em seu teor ele garantia reajustes salariais de 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a quem recebesse até sete salários mínimos e foi a primeira vez desde 1964 que um projeto do Executivo foi rejeitado pelo Congresso. Ao proclamar o resultado o senador Nilo Coelho declarou: "Eu não sou presidente do Congresso do PDS, sou presidente do Congresso do Brasil", no que foi aplaudido pela oposição. A essa altura os debates acerca da sucessão presidencial dominavam os bastidores do PDS e diante da falta de consenso quanto ao tema o presidente Figueiredo abdicou de comandar o processo de escolha de um candidato delegando a tarefa à cúpula partidária. A essa altura despontavam os nomes de: Aureliano Chaves, Costa Cavalcanti, Hélio Beltrão, Mário Andreazza, Marco Maciel e Paulo Maluf.

Sucessão presidencial de 1985[editar | editar código-fonte]

Paralelo a efervescência no seio do PDS, a oposição encampou as Diretas Já cujo estopim se deu num comício em Abreu e Lima em março de 1983 e depois viria a contagiar o país ao longo do ano seguinte, contudo a rejeição da emenda Dante de Oliveira por falta de quorum em 25 de abril de 1984 frustrou os anseios do eleitorado brasileiro por falta dos vinte e dois votos, que garantiriam sua apreciação pelo Senado.[nota 1]

Na qualidade de presidente do PDS, José Sarney propôs a realização de prévias na escolha do candidato a presidente, tese rechaçada pelos malufistas que a consideravam um ardil para evitar sua vitória na convenção. Diante do impasse, Sarney renunciou em 11 de junho, no que foi seguido por seu sucessor o senador Jorge Bornhausen num intervalo pouco superior a dez dias. Em 5 de julho a dissidência Frente Liberal rompeu com o comando partidário e no dia 23 foi anunciado um acordo desta com o PMDB em apoio à eleição de Tancredo Neves onde o vice-presidente seria escolhido dentre os quadros liberais. Em 8 de agosto José Sarney deixou o PDS e se filiou ao PMDB no dia 13 e foi escolhido candidato a vice-presidente.

O revés da eleição direta para Presidente da República logo foi capitalizado em comícios e manifestações de apoio favoráveis à escolha de Tancredo Neves à suprema magistratura do país ao passo que o PDS teve que decidir em convenção datada de 11 de agosto entre Maluf e Mário Andreazza, quem seria o candidato. Consumada a vitória do primeiro por 493 votos a 350 multiplicaram-se as dissidências com Aureliano Chaves, Marco Maciel e Antônio Carlos Magalhães anunciando seu apoio à chapa Tancredo-Sarney. O comício inaugural da "Aliança Democrática" aconteceu em Goiânia dia 14 de setembro onde compareceram 300 mil pessoas. A essa altura as oposições (exceto os petistas) apontaram Tancredo como seu candidato. Setenta e duas horas antes da votação Maluf sofreu um revés com a decisão de que a escolha do Presidente da República seria em votação aberta. Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente com 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf mais 26 abstenções, mas não chegou a tomar posse e foi substituído por José Sarney.

Novos desafios[editar | editar código-fonte]

Após a derrota no Colégio Eleitoral, o PDS teve que se reorganizar como partido político e nisso o senador Amaral Peixoto foi escolhido para presidir a agremiação e seu principal desafio foi conciliar os partidários de uma oposição sistemática ao governo, no caso os malufistas, e os que defendiam uma postura moderada quanto ao tema, liderados pelo Ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães, todavia como ACM deixou o partido e ingressou no PFL em 6 de janeiro de 1986 os defensores da oposição férrea ao governo foram vitoriosos.

A primeira empreitada do PDS na oposição aconteceu nas eleições realizadas em 201 municípios brasileiros em 1985[nota 2] e nelas o partido elegeu 22 prefeitos[nota 3] colhendo uma vitória em São Luís com Gardênia Gonçalves, esposa do senador João Castelo, adversário político de Sarney. Ao final daquele ano o partido contava com apenas quatro[nota 4] dos doze governos de estado que elegera em 1982[4] sendo que em 1986 elegeu o vice-governador do Piauí e levou ao Congresso apenas dois senadores e trinta e três deputados federais, números pífios se comparados aos de 1982.

Nas eleições de 1988, Maluf foi derrotado por Luiza Erundina em São Paulo, todavia o PDS conquistou 446 prefeituras, (inclusive Rio Branco e Florianópolis)[nota 5] o terceiro maior número do país. Maluf foi candidato a Presidência da República em 1989 quando ficou em quinto lugar e no segundo turno, apoiou Collor, em oposição a Lula. Derrotado na disputa pelo governo paulista em 1990, Maluf teve o consolo de ver seu partido conquistar o governo do Acre, derrotando o PT e eleger dois senadores[nota 6] e quarenta e dois deputados federais.

A última eleição disputada pelo PDS aconteceu em 1992 quando Paulo Maluf venceu em São Paulo e Teresa Jucá em Boa Vista. Naquele ano os pedessistas mantiveram o posto de terceiro maior partido do Brasil ao elegerem 363 prefeitos. A história da agremiação teve fim em 4 de abril de 1993 quando este se fundiu ao PDC para criar o Partido Progressista Reformador (PPR), presidido pelo senador Espiridião Amin.

Diagrama da origem histórica do partido[5][6]
Partido Social Liberal (PSL)
1994–2022
  União Brasil (UNIÃO)
2022–presente
Aliança Renovadora Nacional (ARENA)
1966–1979
  Partido da Frente Liberal (PFL)
1985–2007
Democratas (DEM)
2007–2022
  Partido Democrático Social (PDS)
1980–1993
  Partido Progressista Reformador (PPR)
1993–1995
  Partido Progressista Brasileiro (PPB)
1995–2003
Partido Progressista (PP)
2003–2017
Progressistas (PP)
2017–presente
Partido Democrata Cristão (PDC)
1985–1993
Partido Social Trabalhista (PST)
1988–1993
  Partido Progressista (PP)
1993–1995
Partido Trabalhista Renovador (PTR)
1985–1993

Participação e desempenho eleitoral[editar | editar código-fonte]

Participação em eleições presidenciais[editar | editar código-fonte]

Ano Imagem Candidato(a) a Presidente Candidato a Vice-Presidente Coligação Votos % Colocação Ref.
1985 Paulo Maluf Paulo Maluf (PDS) Flávio Marcílio (PDS) Sem coligação 180 27,27% 2.º [7]
1989 Paulo Maluf Paulo Maluf (PDS) Bonifácio Andrada (PDS) Sem coligação 5.986.575 8,85% 5.º [8]

Participação e desempenho eleitorais[editar | editar código-fonte]

Participação em eleições parlamentares federais[editar | editar código-fonte]

Câmara dos Deputados[9]
Legislatura Bancada % ±
48.ª (1987–1991)
41 / 487
8,41 Estável 0
49.ª (1991–1995)
42 / 503
8,34 Aumento 1
Senado Federal[10]
Legislatura Bancada % ±
48.ª (1987–1991)
4 / 75
5,33 Estável 0
49.ª (1991–1995)
12 / 81
14,81 Aumento 8

Membros famosos[editar | editar código-fonte]

Presidente da República pelo PDS[editar | editar código-fonte]

Vice-presidente da República pelo PDS[editar | editar código-fonte]

Governadores pelo PDS[editar | editar código-fonte]

Senadores pelo PDS[editar | editar código-fonte]

Deputados Federais pelo PDS[editar | editar código-fonte]

Outros[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

Notas

  1. Sobre o resultado da votação, a proposta recebeu o voto favorável de 298 deputados contra 65 votos contrários e 03 abstenções, porém a ausência de 112 parlamentares impediu que os 22 votos restantes necessários para a apreciação pelo Senado Federal fossem alcançados.
  2. Capitais de estado, áreas de segurança nacional, estâncias hidrominerais, novos municípios e municípios de territórios.
  3. Àquela altura o grupo político de Antônio Carlos Magalhães, ainda estava no PDS e em razão dessa circunstâncias dezesseis dos vinte e dois prefeitos eleitos em todo o país eram da Bahia.
  4. O partido manteve os governos da Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e perdeu oito governadores nordestinos, sendo que o do Ceará ingressou no PMDB e os demais (Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) migraram para o PFL.
  5. Em 1988, o PDS triunfou com Espiridião Amin e Jorge Kalume nas referidas capitais.
  6. O próprio Amin em Santa Catarina e Lucídio Portela no Piauí.

Referências

  1. Almanaque digital da Folha de S. Paulo
  2. www.planalto.gov.br. «LEI Nº 6.767, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1979». Consultado em 16 de novembro de 2017 
  3. Fundação Getúlio Vargas. «PMDB». Consultado em 16 de novembro de 2017 
  4. Partido já perdeu oito governadores (online). Folha de S. Paulo, 04/12/1985. Página visitada em 15 de janeiro de 2012.
  5. TSE. «Histórico de partidos». Consultado em 26 de outubro de 2016 
  6. Marcio Rodrigo Nunes Cambraia (outubro–dezembro de 2010). «A Formação da Frente Liberal e a Transição Democrática no Brasil (1984-85)». Revista On-Line Liberdade e Cidadania. Fundação Liberdade e Cidadania. Consultado em 26 de outubro de 2016 
  7. «Eleição indireta de 1985 marcou o fim da ditadura militar - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 24 de agosto de 2020 
  8. «1989: Uma eleição histórica». ISTOÉ Independente. 3 de outubro de 2014. Consultado em 24 de agosto de 2020 
  9. Bancada na Eleição Portal da Câmara dos Deputados. Acessado em 19 de abril de 2016.
  10. Senadores Portal do Senado Federal. Acessado em 19 de abril de 2016.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ALMANAQUE ABRIL 1986. 12ª edição. São Paulo, Abril, 1986.
  • ALMANAQUE ABRIL 1987. 13ª edição. São Paulo, Abril, 1987.
  • ISTO É - BRASIL 500 ANOS: Atlas Histórico. São Paulo, Editora Três, 1998.
  • VEJA. O Beijo da Maioria, matéria publicada em 1º de junho de 1983.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]