Parque Olhos D'Água – Wikipédia, a enciclopédia livre

Parque Olhos D'água fotografado por um drone DJI Mavic Air a 120 metros de altura sobre a SQN 412, ao meio-dia de 26 de junho de 2018

O Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água ou Parque Olhos D'água é um parque público, ecológico e de lazer brasileiro localizado na Asa Norte na região administrativa de Brasília, Distrito Federal, Brasil. Estabelecido em 1994, possui 28 hectares e é um dos pontos mais frequentados da região. Ali desenvolvem-se diversas atividades, desde eventos culturais a aulas e atividades físicas. A vegetação típica da região, o cerrado, é preservada no parque, que também conta com um pequeno lago. É administrado pelo governo do Distrito Federal (GDF).

História[editar | editar código-fonte]

Parque Olhos D'Água A unidade nasceu da iniciativa da comunidade local, que para chamar a atenção da sociedade e do governo para sua importância, fizeram diversas ações como passeatas pelo Eixão do Lazer e a construção, em 1993, de uma árvore de Natal feita com o lixo jogado no parque, pelo artista plástico Normando Rodrigues Parque Olhos D'Água

— Governo do Distrito Federal, 2020, [1]

Na década de 1990, os moradores da Asa Norte de Brasília demandaram a criação de um parque na região.[2] O Parque Olhos D'água foi previsto com o advento da Lei n°. 556, sancionada pelo governador Joaquim Roriz em 7 de outubro de 1993, que autorizou o poder executivo distrital a criá-lo "dentro da área que compreende a SQN 413, SQN 414 e SCLN 414 e SCLN 415."[3][4] Foi então inaugurado em 1994,[5] ajudando a proteger a lagoa, as nascentes, córregos e a biodiversidade ali existentes.[6]

A Lei n°. 556 determinou que o parque teria os seguintes objetivos: a preservação das nascentes; a preservação e recuperação do lago da SCLN 414/415; a preservação e recuperação da mata ciliar; a proteção da bacia do Paranoá; o desenvolvimento de programas de observação ecológica e pesquisas sobre os ecossistemas locais; a criação das condições para a população usufruir do local, em consonância com a preservação ambiental; e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental.[3]

Em 2011, uma área localizada na Entrequadra 212/213 Norte recebeu a proposta para a construção de um shopping, que ia se chamar Shopping Olhos D'Água. No entanto, moradores de quadras próximas manifestaram-se contrariamente e mobilizaram-se para obstar a ideia.[7] Ativistas ambientais reportaram que existiam três relatórios atestando que naquele local havia a nascente de um córrego; outro relatório da Universidade de Brasília informou o oposto.[8][9] Após protestos,[10][11] o governador Agnelo Queiroz decretou a incorporação daquele espaço ao parque, ampliando em sete hectares sua área.[12][13][14]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Percurso destinado para a prática de exercícios físicos, em 2016

O parque possui área de 28 hectares. Em 2015, o Instituto Brasileiro de Museus informou que este possuía a seguinte divisão: 11 hectares de áreas degradadas e perturbadas; 5,30 hectares de vegetação exótica; 5,20 hectares de vegetação nativa antropizada; 0,38 hectares de reflorestamento com nativas; 10,35 hectares de vegetação nativa; 2,09 de cerrado ralo; 5,49 hectares de mata de galeria; 2,77 hectares de cerrado típico; 0,22 hectares de lagoa; 0,10 hectares referentes à ocupação de equipamento de lazer; 0,10 hectares de ocupação da sede.[4]

Sua estrutura destinada ao lazer inclui trilhas, parque infantil, circuito de malhação, banheiros, bebedouro, chuveiros, quiosques, pistas de cooper, bancos e cadeiras para banho de sol. As lixeiras instaladas contam com coleta seletiva.[4] Cercado em todo seu limite,[15] é fiscalizado por policiais do Batalhão Florestal da Polícia Militar do Distrito Federal.[16]

Lagoa do Sapo[editar | editar código-fonte]

A Lagoa do Sapo, em 2014

Um de seus principais atributos naturais,[17][18] a Lagoa do Sapo é resultado de duas nascentes que se encontram no local. Atinge sete metros em seu ponto mais profundo[19][20] e conta com uma variedade de animais, entre eles peixes, tartarugas e patos.[21][2] Seu nome têm origem na antiga Sociedade Amigos do Parque Olhos D'Água (SAPO).[2]

Administração[editar | editar código-fonte]

É administrado pelo governo do Distrito Federal (GDF), que é responsável por nomear seu administrador.[22][23]

Visitantes[editar | editar código-fonte]

Pai e filho brincam no parque, em 2013

É um dos pontos mais frequentados das quadras da Asa Norte de Brasília.[4] Em 2019, o governo do Distrito Federal referiu que o parque recebia a visita de, em média, 1,1 mil pessoas nos dias de semana e 2,6 mil nos finais de semana.[24] Em 2008, um estudo indicou que os visitantes atribuíram nota 7,90 ao parque, considerando-o "satisfatório". Foi a posição mais elevada entre os cinco parques urbanos de Brasília pesquisados.[25]

É aberto todos os dias, com horário de funcionamento das 6h às 20h e entrada gratuita.[24][26] Em 2015, a administração do parque proibia a entrada de animais domésticos, patins, skates e bicicletas. Também estava vedado o consumo de bebidas alcoólicas e a formação de fogueiras, bem como a montagem de redes.[4]

Atividades[editar | editar código-fonte]

Além de suas visitas diárias, o Parque Olhos D'água recebe muitas atividades diversificadas, incluindo eventos culturais, aulas de yoga[27][28] tai chi chuan e meditação,[29] bem como feiras de trocas de sementes.[4]

O parque serve como espaço para pesquisa e extensão de instituições de ensino superior.[4] Em 2002, a Universidade de Brasília iniciou o Projeto de Extensão de Ação Contínua no parque, em que foram ministradas aulas de educação ambiental para alunos de escolas da região. O projeto, que encerrou suas atividades em 2011, foi o responsável por recuperar áreas degradadas, desmatadas e antropizadas, e inclusive recorreu ao plantio de árvores nativas.[30]

Em 2010, foi constituído o projeto Vô, Vó Malhar é no Parque, com o intuito de levar idosos a frequentar a Academia da Terceira Idade (ATI), construída nas dependências do parque.[24] Em 2012, os participantes do programa, que era gratuito, recebiam acompanhamento de educadores físicos.[31][32]

Em 2011, o Coletivo 7 Saberes fundou o projeto "Ecoparque" que, através de educadores físicos, arquitetos e biólogos, promovia "trilhas ecopedagógicas." Seu roteiro incluía um "circuito [que] consiste em uma caminhada de baixa intensidade, cruzando pelo parque Olhos D’ Água, uma área de proteção ambiental do bioma cerrado até chegar à nascente."[4]

Biodiversidade[editar | editar código-fonte]

Flora[editar | editar código-fonte]

Exemplar de cipó prata (Banisteriopsis oxyclada) encontrado no parque, em 2010
Cipó amarelo (Cuscuta racemosa) fotografado no parque, em 2012

No parque, há o predomínio do campo cerrado, da mata mesofítica e da mata de galeria.[4] As principais espécies vegetais são as arbóreas barbatimão (Stryphnodendron adstringens), jacarandá-do-Cerrado (Dalbergia miscolobium), faveiro (Dimorphandra mollis), pau-jacaré (Piptadenia gonocantha), angico (Anadenanthera macrocarpa) e embaúba (Cecropia pachystachya).[33] Em 2004, foi relatado que, por conta de ações antrópicas, encontrou-se também capim braquiária (Braquiara sp), capim-elefante (Pennisetum purpureum) e capim-gordura (Melinis minutiflora).[2]

Fauna[editar | editar código-fonte]

Um mico-estrela (Callithrix penicillata) em uma árvore do parque, em 2015

As espécies de animais mais comuns no parque são pequenos anfíbios, assim como os gambás (Didelphis albiventris), preás (Cavea aperea) e morcegos (Glossophaga soricina, Artibeus lituratus e Platyrrinus lineatus).[33][4]

Em 2013, o engenheiro florestal Angelo de Sousa Santarlacci[34] escreveu:

"Além disso, aves, répteis, anfíbios e peixes, muitos responsáveis pela dispersão de sementes e no controle de populações de insetos, podem ser observados. Devido à proximidade com o lago Paranoá e área de Mata Mesofítica preservada, o local apresenta abundante avifauna. Também são encontrados alguns animais domésticos abandonados tais como coelhos, jabutis e tartarugas. Um fator influente com relação à baixa abundância de espécies é o fato desta área estar também totalmente isolada de outros fragmentos de cerrado, e consequentemente, não haver migrações de outras populações para o parque, o que, caso ocorresse, propiciaria ali uma maior riqueza de espécies."[35]

Introdução de espécies não nativas[editar | editar código-fonte]

Um dos maiores problemas do parque é a soltura no local de espécies exóticas que, encontrando um nicho ecológico vazio, passam a dominar as espécies nativas. É o caso das tartarugas tigre d´água asiáticas, que existem em grande número na Lagoa do Sapo, onde também estão em expansão patos domésticos e tilápias. Muitos levam pão para dar a esses animais, o que acaba atraindo ratos e ratazanas.[carece de fontes?]

Em 2013, técnicos ambientais capturaram coelhos que foram deixados no parque e passaram a se reproduzir. Na época, estimou-se que existiam 40 coelhos naquela área que, após serem retirados dali, foram levados para a adoção.[36]

Referências

  1. «Você conhece a história do Parque Ecológico Olhos d'água?». Governo do Distrito Federal. Instituto Brasileiro de Museus. 24 de abril de 2020. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  2. a b c d Gomes, Gustavo Henrique (2004). «Parque Ecológico de Uso Múltipla Olhos d'Água: situação atual e importância para o lazer da comunidade» (PDF). Brasília: Universidade de Brasília. 59 páginas. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  3. a b «LEI N° 556, DE 07 DE OUTUBRO DE 1993». Sistema Integrado de Normas Jurídicas do Distrito Federal. 7 de outubro de 1993. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  4. a b c d e f g h i j Nasser, Luiz Carlos Bhering; Rocha, Lilian Rose Lemos; Pinto, Gabriel Rozendo (2016). «Caderno de pós-graduação em análise ambiental e desenvolvimento sustentável: legislação ambiental». Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento. Brasília: Centro Universitário de Brasília. 169 páginas. ISBN 978-85-61990-57-2 
  5. «Parque Olhos D'Água». Museu do Cerrado. 12 de agosto de 2019. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  6. Almeida, Alexandre Nascimento de; Versiani, Raphael de Oliveira; Soares, Philipe Ricardo Casemiro; Angelo, Humberto (Agosto de 2017). «Avaliação Ambiental do Parque Olhos D'Água: Aplicação do Método da Disposição a Pagar». Floresta e Ambiente. 24. Brasília: Universidade de Brasília e Universidade do Estado de Santa Catarina. ISSN 1415-0980. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  7. Flávia Maia (8 de agosto de 2011). «Cresce mobilização contra shopping perto do parque Olhos D´Agua». Correio Braziliense. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  8. «Relatório da UnB contraria defensores do Parque Olhos D'Água». G1. 30 de agosto de 2011. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  9. «Ambientalistas abraçam supostas nascentes de parque no DF». G1. 25 de setembro de 2011. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  10. «Moradores da Asa Norte protestam contra obra perto de parque». G1. 31 de julho de 2011. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  11. «Moradores da Asa Norte protestam contra obra perto do parque Olhos D'água». Correio Braziliense. 31 de julho de 2011. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  12. «DECRETO Nº 33.588, DE 22 DE MARÇO DE 2012». Sistema Integrado de Normas Jurídicas do Distrito Federal. 22 de março de 1992. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  13. «Nova ameaça ao parque Olhos D'Água». Jornal de Brasília. 2 de julho de 2013. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  14. «GDF amplia área de conservação do Parque Olhos D'Água». G1. 22 de março de 2012. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  15. Santarlacci, Silva; Letícia do Nascimento (2002). «VALORAÇÃO DOS PARQUES URBANOS DE BRASÍLIA: O CASO DO PARQUE OLHOS D' ÁGUA» (PDF). Brasília: Centro Universitário de Brasília. 32 páginas. ISSN 2237-9290. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  16. «Parque Olhos D'Água». Museu Virtual Brasil. 2020. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  17. «Parque Olhos D'água é revitalizado e entregue à população». Jornal de Brasília. 12 de setembro de 2019. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  18. Renato Ferraz (7 de agosto de 2020). «Ajude a definir propósito e potencialidades do Olhos d'Água». Agência Brasília. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  19. «PLANILHA DE PARÂMETROS URBANÍSTICOS E DE PRESERVAÇÃO PURP» (PDF). Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal. Outubro de 2017. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  20. «PLANILHA DE PARÂMETROS URBANÍSTICOS E DE PRESERVAÇÃO» (PDF). Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal. Novembro de 2017. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  21. «Parceria com comunidade faz do Parque Olhos D'Água um modelo». Correio Braziliense. 14 de janeiro de 2009. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  22. Natália Ferreira e Renata Nagashima (3 de fevereiro de 2019). «Parque Olhos D'Água oferece opções variadas para quem quer viver bem». Correio Braziliense. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  23. «GDF entrega à população um revitalizado Parque de Águas Claras». Agência Brasília. 5 de junho de 2019. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  24. a b c Lucíola Barbosa (28 de setembro de 2019). «Parque Ecológico Olhos d'Água é entregue revitalizado à população». Agência Brasília. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  25. Brito, Darlan Quinta de; Dutra, Marcelo Luiz; Brasileiro, Iara (Outubro de 2008). «Análise situacional dos cinco parques urbanos de Brasília: áreas estratégicas para conservação de cerrado no meio urbano» (PDF). II Simpósio Internacional de Savanas Tropicais. Brasília: Universidade de Brasília. 6 páginas. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  26. Lívia Frazão (2020). «Parque Olhos d'Água». Mapa das Nuvens. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  27. «Aulas gratuitas de ioga no Parque Olhos D'Água ganha adeptos». Correio Braziliense. 25 de agosto de 2009. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  28. Tarcila Rezende (7 de abril de 2009). «Fuja do estresse: saiba onde praticar meditação no Distrito Federal». Correio Braziliense. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  29. «Ecológico Olhos D'Água». Instituto Brasileiro de Museus. Governo do Distrito Federal. 2020. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  30. Soares e Silva, Lucia Helena; Silveira, Conceição Eneida dos Santos; Vieira, Ana Beatriz Duarte (Março de 2012). «Conhecendo a natureza, defendendo a vida: um elo entre universidade e comunidade». ParticipAção. Brasília: Universidade de Brasília. 9 páginas. ISSN 2237-9290 
  31. «Dupla mostra programa de atividade física para idosos na Asa Norte». G1. 13 de setembro de 2012. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  32. «Fôlego de menino». Correio Braziliense. 4 de maio de 2014. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  33. a b Santarlacci, Angelo de Sousa; Nogueira, Jorge Madeira; Martins, Ildeu Soares; Joaquim, Maísa Santos; Souza, Álvaro Nogueira de (20 de junho de 2019). «Externalidades positivas geradas pelo parque olhos d'água ao mercado imobiliário de Brasília (DF) por meio de índices hedônicos». 9 (2). Brasília: Companhia Brasileira de Produção Científica. 7 páginas. ISSN 2237-9290. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  34. Angelo de Sousa Santarlacci (18 de setembro de 2019). «Pagamento por serviços ambientais, uma alternativa para a Amazônia». Metrópoles. Consultado em 3 de setembro de 2019 
  35. Santarlacci, Angelo de Sousa (abril de 2013). «Externalidades positivas geradas pelo Parque Olhos D'água ao mercado imobiliário por meio de índices hedônicos» (PDF). Brasília: Universidade de Brasília. 72 páginas. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  36. «Técnicos iniciam captura de coelhos no Parque Olhos d'Água, em Brasília». G1. 26 de novembro de 2013. Consultado em 3 de setembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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