Papai Noel – Wikipédia, a enciclopédia livre

Papai Noel retratado por Jonathan Meath em 2010

Papai Noel (português brasileiro) ou Pai Natal (português europeu), também conhecido como São Nicolau, Kris Kringle ou Santa Claus, é um personagem lendário originário da cultura cristã ocidental que acredita-se trazer presentes para as crianças durante a noite na véspera de Natal de brinquedos e doces, ou carvão ou nada, dependendo se são "boas ou más".[1][2][3] Ele supostamente consegue isso com a ajuda de elfos natalinos, que fazem os brinquedos em sua oficina, no Polo Norte, e renas voadoras que puxam seu trenó pelo ar.[4][5]

O personagem moderno do Papai Noel é baseado nas tradições folclóricas que cercam Nicolau de Mira, a figura inglesa de Father Christmas e a figura holandesa de Sinterklaas.

O Papai Noel é geralmente descrito como um homem corpulento, alegre, de barba branca, geralmente com óculos, vestindo um casaco vermelho com gola e punhos de pele branca, calças vermelhas, chapéu vermelho com pele branca e cinto e botas de couro preto, carregando uma sacola cheia de presentes para as crianças. Ele é comumente retratado rindo de uma forma que soa como "ho ho ho". Essa imagem tornou-se popular nos Estados Unidos e no Canadá no século XIX devido à influência significativa do poema "A Visit from St. Nicholas", de 1823. O caricaturista e cartunista político Thomas Nast também desempenhou um papel importante na criação da imagem do Papai Noel.[6][7][8] Essa imagem foi mantida e reforçada por meio de canções, rádio, televisão, livros infantis, tradições familiares de Natal, filmes e publicidade.

História[editar | editar código-fonte]

As primeiras representações de Papai Noel na história do cristianismo remontam à fusão dos personagens de São Nicolau com o "Pai Natal", resultando no personagem mítico conhecido pelo resto do mundo como Papai Noel (uma derivação fonética de Sinterklaas, do holandês). Em várias das possessões ultramarinas inglesas, mais tarde nas colônias inglesas na América e, finalmente, em países como Canadá e Estados Unidos, as versões inglesas e holandesa do entregador de presentes foram fundidas no futuro. Por exemplo, no livro A History of New York escrito por Washington Irving em 1809, Sinterklaas foi anglicizado para Santa Claus.​[9][10]

Divulgação[editar | editar código-fonte]

Santa Claus na capa da edição de 3 de Janeiro de 1863 do Harper's Weekly, ilustrado por Thomas Nast.
Merry Old Santa Claus - Ilustração de Thomas Nast na edição de 1 de Janeiro de 1881 do Harper's Weekly.

Uma das pessoas que ajudaram a dar força à lenda do Papai Noel foi Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova Iorque, que lançou o poema Uma visita de São Nicolau, em 1822, escrito para seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulgava a versão de que ele viajava num trenó puxado por renas. Ele também ajudou a popularizar outras características do bom velhinho, tais como entrar pela chaminé.

O caso da chaminé, inclusive, é um dos mais curiosos na lenda de Papai Noel. Alguns estudiosos defendem que isso se deve ao fato de que várias pessoas tinham o costume de limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte entrasse na casa durante o resto do ano.

No poema, várias tradições foram buscadas de diversas fontes e a verdadeira explicação da chaminé veio da Finlândia. Os antigos lapões viviam em pequenas tendas, semelhantes a iglus, que eram cobertas com pele de rena. A entrada para essa “casa” era um buraco no telhado.

A última e mais importante característica incluída na figura do Pai Natal é sua blusa vermelha e branca. Antigamente, ele usava trajes verde e costumava usar um gorro também verde na cabeça.

Seu atual visual foi obra do cartunista Thomas Nast,[11] na edição de 1 de Janeiro de 1863 da revista Harper's Weeklys. Em alguns lugares na Europa, contudo, algumas vezes ele também é representado com os paramentos eclesiásticos de bispo, tendo, em vez do gorro vermelho, uma mitra episcopal.

A típica barba branca do Papai Noel (Pai Natal).

Uso do visual em publicidade[editar | editar código-fonte]

O visual vermelho e branco ganhou impulso em 1931, quando a Coca-Cola realizou uma grande campanha publicitária usando um Papai Noel vestido conforme a criação de Nast.[11] Historicamente, a Coca-Cola não foi a primeira empresa de bebidas não alcoólicas a usar este visual moderno numa campanha publicitária: Já em 1915, a White Rock Beverages o tinha feito para vender água mineral. Tornou a recorrer ao visual para um anúncio de ginger ale em 1923.[12][13][14] Ainda mais cedo, o gorducho vestido no atual traje vermelho e branco já tinha aparecido em várias capas da revista Puck nos primeiros anos do século XX.[15]

Lapônia[editar | editar código-fonte]

Nos países do Norte da Europa, diz a tradição que o Papai Noel não vive propriamente no Pólo Norte, mas sim na Lapônia, mais propriamente na cidade de Rovaniemi, onde de fato existe o "escritório do Papai Noel" bem como o parque conhecido como "Santa Park", que se tornou uma atração turística do local. Criou-se inclusive um endereço oficial como a residência do Papai Noel, a saber:

Destinatário: Santa Claus

Código postal: FIN-96930 Arctic Circle

Rovaniemi - Finlândia

Em função disso, a região de Penedo, distrito de Itatiaia, no Rio de Janeiro, que é uma colônia finlandesa, se autodeclarou como a "residência de veraneio" do Papai Noel.

As renas[editar | editar código-fonte]

As renas do Papai Noel são as únicas renas do mundo que sabem voar, ajudando-o a entregar os presentes para as crianças do mundo todo na noite de Natal. Quando o Papai Noel ou o Pai Natal pede para serem rápidas, elas podem ser as mais rápidas renas do mundo. Mas quando ele quer, elas tornam-se lentas.

A quantidade de renas que puxam o trenó é controversa, tudo por causa da rena conhecida como Rodolfo. Existe uma lenda que diz que Rodolfo teria entrado para equipe de renas titulares por ter um nariz vermelho e brilhante, que ajuda a guiar as outras renas durante as tempestades. E, a partir daquele ano, a quantidade de renas passou a ser nove, diferente dos trenós tradicionais, puxados por oito renas. Tal lenda foi criada em 1939 e retratada no filme Rudolph, a Rena do Nariz Vermelho (1960 e 1998).

O nome das renas, em inglês são: Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner, Blitzen e Bernard. E em português são: Rodolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão, Relâmpago e Bernardo.

A agência que controla o espaço aéreo americano (North American Aerospace Defense Command) também instalou um "Santa Tracker" ("Rastreador de Papai Noel") em sete idiomas, onde se pode ver a localização atual e as próximas paradas de Papai Noel, acompanhado de suas lendárias renas.[16] O programa de rastreamento do Papai Noel pela agência é uma tradição que data de 1955, quando um anúncio no jornal Colorado veio com o número telefônico para conectar as crianças com o bom velhinho e algumas chamadas, por erro, caíram numa linha da NORAD.[17]

O envio de correspondências[editar | editar código-fonte]

Uma criança com o Papai Noel em um shopping.

Cartas para santos ou de cunho religioso são uma prática existente desde a antiguidade, mas apenas a partir do século XX surgiu no mundo o ato de enviar cartas ao Papai Noel como um cunho familiar, ou seja, os pais da criança leem as cartas dela, e com a condição de serem bem-comportadas durante o ano, recebem o presente como sendo de autoria do Papai Noel; às vezes de forma tão ensaiada que chegam a acreditar fielmente em sua existência, identicamente ao coelho da páscoa.

Há, entretanto, versões oficiais ou semioficiais de papais noéis no mundo receptoras de correspondências, e correspondem de acordo com algum critério de seleção (presentes muito onerosos não são entregues por razões óbvias). É comum encontrá-los em shopping centers, praças centrais das cidades, hospitais e estabelecimentos públicos, etc. Na maioria destes lugares as cartas são entregues presencialmente ou depositadas no próprio ambiente.

No Brasil, os Correios oficialmente recebem cartas endereçadas ao Papai Noel desde 2001,[18] e o número de mensagens correspondidas equivaleu em 2008 em aproximadamente metade, selecionadas de acordo com o contexto ou com o valor financeiro do presente. As mensagens são enviadas aos funcionários do Correios, e todos os brasileiros podem se voluntariar a pegar uma das cartinhas nas agências dos Correios do país.[18]

Os correios dos países escandinavos também têm programas parecidos, mas preparados para correspondências de todo o planeta, uma vez que a Lapônia é terra dada como sendo oficialmente da origem do Papai Noel.[19] Na Finlândia inclusive, todas as cartas dirigidas a Papai Noel ou Santa Claus e com endereço Lapônia ou Polo Norte são direcionadas para a agência em Rovaniemi (capital da região da Lapônia), e segundo a própria agência, o endereço correto é: Santa Claus, Santa Claus’ Main Post Office, Tähtikuja 1, 96930, Arctic Circle, Finland.[20][21] As cartas recebidas com remetente recebem uma resposta em oito idiomas diferentes.[21]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Santa Claus: History, Legend, & Facts». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 10 de agosto de 2020 
  2. Krulwich, Robert. «How Does Santa Do It?». ABC News. Consultado em 25 de dezembro de 2015 – via Good Morning America 
  3. Calarco, Jessica McCrory (24 de dezembro de 2020). «The Real Problem With the 'Naughty List'». The Atlantic. Consultado em 17 de dezembro de 2021 
  4. B. K. Swartz, Jr.; THE ORIGIN OF AMERICAN CHRISTMAS MYTH AND CUSTOMS Arquivado em 30 abril 2011 no Wayback Machine; Retrieved 22 December 2007
  5. Jeff Westover; The Legendary Role of Reindeer in Christmas Arquivado em 3 agosto 2012 no Wayback Machine; Retrieved 22 December 2007
  6. Coke denies claims it bottled familiar Santa image, Jim Auchmutey, Rocky Mountain News, 10 December 2007.
  7. «Santa's arrival lights up the Green». Consultado em 2 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 5 de dezembro de 2012 
  8. Restad, Penne L. (5 de dezembro de 1996). Christmas in America: A History. [S.l.: s.n.] ISBN 9780195355093 
  9. Muehlhausen, Michael (21 de dezembro de 2015). «The Christmas Conspiracy (or How New Yorkers Created Santa Claus)». Edible Manhattan (em inglês). Consultado em 24 de dezembro de 2023 
  10. «Christmas Was Invented in New York». Bloomberg.com (em inglês). 13 de dezembro de 2019. Consultado em 24 de dezembro de 2023 
  11. a b «Nast, Thomas: "Merry Old Santa Claus" - Encyclopædia Britannica». Britannica.com. Consultado em 11 de junho de 2013 
  12. The White Rock Collectors Association, "Did White Rock or The Coca-Cola Company create the modern Santa Claus Advertisement?," whiterocking.org, 2001 Retrieved 2007-01-19.
  13. White Rock Beverages, "Coca-Cola's Santa Claus: Not The Real Thing!," BevNET.com, December 18, 2006.
  14. White Rock Beverages, "Coca-Cola's Santa Claus: Not The Real Thing!," BevNET.com, December 18, 2006 . Retrieved 2007-01-19.
  15. thumb|Santa Claus on the 1902 cover of Puck magazine, thumb|Santa Claus on the 1904 cover of Puck magazine, thumb|Santa Claus on the 1905 cover of Puck magazine.
  16. O mapa pode ser seguido no site http://www.noradsanta.org Arquivado em 22 de fevereiro de 2011, no Wayback Machine.
  17. [1] AFP, acessado em 28 de dezembro de 2009
  18. a b Papai Noel recebe mais cartinhas de crianças a cada ano, dizem Correios O Globo, acessado em 28 de dezembro de 2009
  19. Lapônia: a terra do Papai Noel[ligação inativa]
  20. «How to Write a Letter to Santa Claus | Visit Finnish Lapland». House of Lapland (em inglês). 14 de novembro de 2018. Consultado em 6 de agosto de 2021 
  21. a b Cartas para Papai Noel agitam o correio do Pólo Norte Olhar direto, acessado em 28 de dezembro de 2009

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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