Ocupação do Ruhr – Wikipédia, a enciclopédia livre

Soldados franceses e um civil durante a ocupação do Ruhr.

A ocupação do Ruhr entre 11 de janeiro de 1923 e 25 de agosto de 1925 pelas tropas francesas e belgas, foi a resposta para a incapacidade da República de Weimar, liderada por Wilhelm Cuno, de cumprir o pagamento das reparações pela primeira guerra mundial estabelecidas pelo Tratado de Versalhes.

Situação anterior[editar | editar código-fonte]

Após tentativas frustradas dos ingleses e americanos para estabelecer maiores garantias de segurança para a Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial, a França tentou inclinar a balança económica mais em seu favor, exigindo que a Alemanha pagasse uma compensação maior, algo que inicialmente, o Reino Unido apoiou, reconsiderando posteriormente. John Maynard Keynes, um economista no período após a Primeira Guerra Mundial, sugeriu que se a Alemanha fosse "aleijada", o Reino Unido, o seu segundo maior parceiro comercial, sofreria as consequências. Assim, os britânicos propuseram que a Alemanha pagasse um maior número de ações de pequenas quantidades de 33 000 milhões da dívida.[1][2][3]

Invasão[editar | editar código-fonte]

Zonas ocupadas em finais de 1923.
  Sarre, administrado pela França e pela Liga das Nações.

Iniciado pelo primeiro-ministro francês Raymond Poincaré, com colaboração belga, a invasão ocorreu em 11 de janeiro de 1923 para ocupar o centro da produção alemã de carvão, ferro e aço localizado no Vale do Ruhr. A França espera receber o dinheiro que a República de Weimar lhe devia. A França era rica em ferro enquanto a Alemanha era em carvão. Cada estado queria ter livre acesso a esses recursos escassos, tendo em conta que estes dois produtos valiam mais juntos do que separados. Este problema foi resolvido décadas mais tarde com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço.[1][2][3]

A ocupação foi recebida com uma campanha de resistência não violenta e alguns incidentes de sabotagem que os nazistas mais tarde exageram, criando um mito generalizado da resistência armada. Dado o colapso econômico, com desemprego enorme e hiperinflação, greves foram canceladas em setembro de 1923 pelo novo governo de coalizão formado por Gustav Stresemann, que foi seguido pela declaração de estado de emergência. No entanto, a instabilidade social cresceu, com rebeliões e tentativas de golpe de Estado contra a República de Weimar, incluindo a falha do Putsch de Munique de Adolf Hitler.[4]

Em outubro de 1923, a República do Reno foi proclamada em Aachen. Gustav Stresemann se tornou chanceler e lançou a política de "fulfillment" para cumprir as obrigações de pagamento, o que ajudou a normalizar a situação e permitiu a retirada das tropas ocupantes em 1925.[1][2][3]

Internacionalmente, a ocupação provocou um aumento da simpatia pela Alemanha, mas a Liga das Nações não tomou nenhuma ação, porque a ocupação era legal de acordo com a assinatura do Tratado de Versalhes. Os franceses, com seus próprios problemas econômicos finalmente aceitaram em 1924 o Plano Dawes - uma resposta internacional para lidar com a crise econômica na Alemanha - e retirou-se das áreas ocupadas em julho e agosto de 1925. As últimas tropas francesas evacuaram Düsseldorf, Duisburg e do importante porto de Duisburg-Ruhrort em 25 de agosto de 1925, pondo fim à ocupação.[1][2][3]

Do ponto de vista francês, a operação foi um fracasso: contribuirá para a passividade francesa à reocupação da Renânia em 1936, no entanto, claramente contrária ao Tratado de Versalhes. Na Alemanha, o ressentimento gerado pela ocupação aumentou as hostilidades da população alemã contra os Aliados, fazendo aumentar a popularidade de movimentos de extrema-direita, como os nazistas.[5]

Referências

  1. a b c d Elspeth Y. O'Riordan, Britain and the Ruhr crisis (Londres, 2001);
  2. a b c d Conan Fischer, The Ruhr Crisis, 1923-1924 (Oxford / New York, 2003);
  3. a b c d Stanislas Jeannesson, Poincaré, la France et la Ruhr 1922-1924. Histoire d'une occupation (Strasbourg, 1998);
  4. «Hyperinflation and the invasion of the Ruhr». The Holocaust Explained. Consultado em 29 de maio de 2020 
  5. James M. Diehl, "Von Der 'Vaterlandspartei' zur 'Nationalen Revolution': Die 'Vereinigten Vaterländischen Verbände Deutschlands (VVVD)' 1922–1932," [From "party for the fatherland" to "national revolution": the United Fatherland Associations of Germany (VVVD), 1922–32] Vierteljahrshefte für Zeitgeschichte (October 1985) 33 No. 4 pp. 617–639.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Michael Ruck, Die Freien Gewerkschaften im Ruhrkampf 1923 (Frankfurt am Main, 1886);
  • Barbara Müller, Passiver Widerstand im Ruhrkampf. Eine Fallstudie zur gewaltlosen zwischenstaatlichen Konfliktaustragung und ihren Erfolgsbedingungen (Münster, 1995);
  • Gerd Krüger, Das "Unternehmen Wesel" im Ruhrkampf von 1923. Rekonstruktion eines misslungenen Anschlags auf den Frieden, in Horst Schroeder, Gerd Krüger, Realschule und Ruhrkampf. Beiträge zur Stadtgeschichte des 19. und 20. Jahrhunderts (Wesel, 2002), pp. 90-150 (Studien und Quellen zur Geschichte von Wesel, 24) [esp. on the background of so-called 'active' resistance];
  • Gerd Krumeich, Joachim Schröder (eds.), Der Schatten des Weltkriegs: Die Ruhrbesetzung 1923 (Essen, 2004) (Düsseldorfer Schriften zur Neueren Landesgeschichte und zur Geschichte Nordrhein-Westfalens, 69);
  • Gerd Krüger, "Aktiver" und passiver Widerstand im Ruhrkampf 1923, in Günther Kronenbitter, Markus Pöhlmann, Dierk Walter (eds.), Besatzung. Funktion und Gestalt militärischer Fremdherrschaft von der Antike bis zum 20. Jahrhundert (Paderborn / Munique / Viena / Zurique, 2006), pp. 119-30 (Krieg in der Geschichte, 28);
  • Ben Walsh, GCSE mordern world history;