Normandos – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pintura da era vitoriana representando os normandos do século X

Os normandos foram um povo germânico estabelecido no norte da França, cuja aristocracia descendia em grande parte de viquingues da Escandinávia (a palavra viquingue vem de vikingr do nórdico antigo e se refere a expedições no mar). Muitas vezes se usa normano como sinónimo, nome derivado de Northmen ou Norsemen, que significa "homens do Norte". Eles desempenharam um importante papel político, militar e cultural na parte norte e mediterrânea da Europa Medieval e Oriente Médio, por exemplo: a colonização da Normandia, a Conquista Normanda da Inglaterra, o estabelecimento de estados na Sicília e sul da península Itálica e as Cruzadas. Sua rica história originou várias lendas a seu respeito.

Os normandos na Inglaterra[editar | editar código-fonte]

História[editar | editar código-fonte]

Em 911, sob o tratado de Saint Claire Sur Epte, o rei da França, Carlos o Simples, cedeu a um líder invasor viquingue, Rolão, o ducado da Normandia, na esperança de que esses viquingues defendessem o país de novos ataques estrangeiros, fossem viquingues também ou não. Rolão aceitou o tratado e se instalou no território que em alguns anos de conquistas e anexações seria transformado na Normandia. Era usual que os viquingues se casassem com mulheres francesas e dessem uma educação católica a seus filhos. Desse modo, já no ano 1000, os viquingues normandos já deixavam de ser pagãos para se tornarem normandos cristãos e falantes do francês.

Em 1066, os normandos vencem a Batalha de Hastings, e com isso conquistam o trono inglês. A língua inglesa moderna surgiria da união entre os idiomas dos anglos e saxões com o francês trazido pelos normandos.

Em 1154, Henrique II marcou o fim do período normando na Inglaterra. Já no fim do século, nenhum normando ainda se considerava normando, nem mesmo na própria Normandia.

Durante a Revolução Francesa, a cultura normanda foi praticamente extinta, mas ainda existem vestígios desta cultura nas Ilhas do Canal.

Organização social[editar | editar código-fonte]

Ao se estabelecer no norte da França, os viquingues adotaram o feudalismo como modelo sócio-econômico. Já denominados como normandos, esses implantaram o sistema feudal nos países que conquistavam. O binômio terra-proteção se enraizou na sociedade do povo normando.

A sociedade era composta por servos sem terra, vilões, aldeões, proprietários livres, cavaleiros, abades e abadessas, barões, bispos e rei.

As casas dos normandos indicavam qual sua posição na hierarquia social. O senhor da propriedade ou um comerciante rico tinha casa de pedras com vários quartos. Entretanto, os que não tinham meios para construir suas casas as faziam de palha, argila e madeira.

Castelos[editar | editar código-fonte]

Os castelos normandos tinham um objetivo bem definido. O rei Guilherme I ordenou a construção de castelos nos pontos mais importantes do país na medida em que era difícil a manutenção das conquistas territoriais. Os castelos eram localizados perto das cidades no intuito de evitar rebeliões. Se fosse necessário, centenas de casas poderiam ser demolidas para a construção dos castelos.

Vida na cidade[editar | editar código-fonte]

Na época áurea da dominação Normanda, as cidades tiveram alto crescimento populacional. Por exemplo, Londres, no fim do século XII, já possuía 20 mil habitantes. As cidades se formavam à medida que os senhores feudais conseguiam do rei o direito de ter mercados em seus domínios e isso foi um dos motivos pela qual o comércio se intensificou na Inglaterra e o feudalismo foi aos poucos deixado para trás. Quando isso acontecia, eles abriam ruas e estabelecimentos comerciais.

Nas cidades, as doenças eram ameaças constantes. O lixo, a água poluída e a ausência de sistema de esgoto eram problemas graves naquela época.

Os normandos no Mediterrâneo e na Itália meridional[editar | editar código-fonte]

Território normandos - século XII

Os normandos se estabeleceram com sucesso também longe da Normandia. Quase contemporaneamente à conquista da Inglaterra, na segunda metade do século XI,[1] grupos de normandos se dirigiram ao sul da península Itálica e Península Ibérica (Roberto Burdet, a Tarragona)[carece de fontes?], inicialmente como mercenários, motivados pela possibilidade que ofereciam as rebeliões antibizantinas na Apúlia.

Nessa época, a maior parte da Itália era dominada pelo Reino Lombardo, enquanto a Sicília estava dominada pelos árabes, lá chamados de sarracenos. Os mercenários normandos prestavam seus serviços para várias tarefas, como a proteção dos peregrinos que iam ou retornavam de Jerusalém ou a luta aos sarracenos. Desta maneira enriqueceram, constituindo-se em senhores territoriais (o primeiro foi o condado de Aversa com Rainulfo Drengoto em 1030). Logo, para dar uma direção política, se aliaram à família dos Altavila (originalmente Hauteville) guiada por Guilherme Braço de Ferro (morto em 1046), que liderou uma mudança radical no domínio político-territorial do Mezzogiorno.

O papa Leão IX, vendo seu Benevento ameaçado, tentou enfrentá-lo; mas o exército pontifício foi derrotado na Batalha de Civitate (1053), o Papa foi capturado, e assim Benevento permaneceu uma ilha pontifícia em terra normanda.

Em 1059, Roberto Guiscardo, dos Altavila, fez um pacto com o papa Nicolau II, a Concordata de Melfi, com a qual se declarava formalmente seu vassalo, obtendo em troca os títulos (ainda somente nominais) de duque da Apúlia (que compreendia também a Basilicata) e da Calábria (que estava, porém, ainda em parte nas mãos dos bizantinos), parte da Campânia e Sicília (que estava, porém, em mãos dos árabes).

O reino normando da Sicília em 1112

Os normandos conseguiram rapidamente livrar o Sul da presença bizantina com repetidas expedições que se concluíra com a conquista, por Roberto Guiscardo da cidade de Régio da Calábria, onde ele confirmou o título de duque de Calábria. Os Altavilas assim puderam rapidamente dedicar-se à Sicília.

Rogério Bosso de Altavila, irmão de Roberto, no comando de um grupo de cavaleiros, em 1061, desembarcou em Messina e invadiu a ilha (então sob domínio árabe).

O avanço dos normandos continuou, com Rogério instalando-se, em 1064, no canto norte-oriental da Sicília e avançando a Cefalù e a Noto. Na Apúlia, Roberto prosseguiu a luta antibizantina, tomando Brindisi e Bari (1071).[1]

Em 1072, Rogério tomou Palermo, que foi escolhida capital[1]. Em 1073, tomaram Amalfi e em 1077 Taormina e Salerno.[1]

Enquanto Boemundo I de Antioquia, filho da primeira esposa de Roberto, se tornava no fim de 1088 soberano incontestável do Principado de Taranto, Rogério I junto ao filho Rogério II, formavam o Reino da Sicília, criando assim na Itália um estado de dimensões consideráveis: o reino normando da Sicília.

Rogério II, nomeado rei de Sicília e duque da Apúlia e da Calábria na catedral de Palermo, durante a noite de Natal de 1130, estendeu o domínio normando na Itália meridional com a conquista do Ducado de Nápoles (1137) e, com Assise di Ariano (1140), conferiu ao seu Reino uma organização feudal rigidamente hierárquica e estreitamente ligada à pessoa do soberano.

O domínio dos normandos na Itália meridional teve fim em 1194 (morte de Tancredo de Lecce) e em 1198, quando o imperador romano-germânico Henrique VI (morto em 1197), em virtude de seu matrimônio com Constança de Altavila (morta em 1198), uniu à coroa imperial a de rei da Sicília.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d GAETA, Franco; VILLANI, Pasquale (1986). Corso di Storia. per le scuole medie superiori. 1 1 ed. Milão: Principato. 323 páginas