Nicolaus Heinsius – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nicolaus Heinsius, O Velho
(1620-1681)
Nicolaus Heinsius
Primeira edição de Poemata, 1653
Nascimento 20 de julho de 1620
Leiden, hoje Alemanha
Morte 7 de outubro de 1681
Haia, hoje Países Baixos
Cidadania República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos
Progenitores
Alma mater Universidade de Leiden
Ocupação poeta, escritor, filólogo clássico, diplomata, erudito clássico

Nicolaus Heinsius, O Velho (Nicolaas Heinsius, Nicolaes Heinsius) (1620-1681) (* Leiden, 20 de Julho de 1620 - † Haia, 7 de Outubro de 1681), foi um filólogo clássico, diplomata, bibliotecário, poeta e escolástico neerlandês. Era filho do filólogo e poeta neolatino Daniel Heinsius (1580-1655) e pai de Nicolaus Heinsius, O Jovem (1656-1718)[1]. Fez traduções de autores clássicos como Claudiano, Ovídio, Prudêncio, Virgílio e Valério Flaco.

Vida[editar | editar código-fonte]

Era filho de Daniel Heinsius e sobrinho de Jan Rutgersius (1589-1625)[2], nasceu em Leiden e se dedicou ao estudos dos antigos. Percorreu os principais países da Europa para visitar as bibliotecas e consultar os manuscritos.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Seu poema latino Breda expugnata, com características pueris, foi impresso em 1637, e ganhou celebridade. Em 1642, ele começou suas viagens para a Inglaterra em busca de manuscritos dos clássicos; mas teve pouca receptvidade por parte dos eruditos ingleses. Em 1644, ele foi enviado para Spa a fim de beber das fontes termais do lugar, e quando a sua saúde melhorou, ele partiu em busca do Codex, passando por Lovaina, Bruxelas, Mechelen, Antuérpia, e voltando para Leiden, colecionando manuscritos por toda parte e compulsando notas textuais e filológicas.

Viagens[editar | editar código-fonte]

Quase imediatamente viajou novamente, e chegando em Paris, foi recebido de braços abertos pelos eruditos franceses. Depois de consultar todos os textos clássicos que conseguia, seguiu para o sul, e visitou com o mesmo objetivo as cidades de Lyon, Marseille, Pisa, Florença (onde fez uma pausa para lançar uma nova edição de Ovídio) e depois Roma. No ano seguinte, 1647, o encontramos em Nápoles, da qual ele fugiu durante o reinado de Masaniello (1620-1647)[3] Ele realizou seus trabalhos em Leghorn, Bolonha, Veneza, onde recebeu o apoio de Jan Reynst (1601-1646)[4] e Pádua, em cuja cidade ele publicou seu volume original de versos latinos em 1648 intitulado Italica.

Seguiu para Milão e trabalhou durante um tempo considerável na Biblioteca Ambrosiana. Preparava-se ele para explorar a Suíça com toda tranquilidade quando as notícias da doença de seu pai o obriga a retornar a Leiden. Pouco tempo depois foi convidado pela rainha Cristina para ir a Estocolmo, em cuja corte se desentendeu com Claudius Salmasius[5], que o acusou de ter atribuído a John Milton (1608-1674) fatos e características do grande, mas irritadiço humanista. Heinsius fez uma curta visita a Leiden em 1650, mas imediatamente retornou para Estocolmo. Em 1651, visitou a França e a Itália mais uma vez em companhia de Isaac Vossius (1618-1689)[6], com o objetivo de comprar livros e moedas para a rainha da Suécia. Em 1654, Cristina renunciou ao trono, e dois anos depois Heinsius se tornou diplomata para os Estados Gerais como representante de Coenraad van Beuningen (1622-1693)[7]. Em 1665 foi nomeado historiador oficial da cidade de Amsterdam. Em 1669, viajou para Moscou e em 1672 esteve em Brêmen. Em 1675, estabeleceu-se em sua casa de campo perto de Vianen, na Holanda, mas logo se mudou para Haia.

Heinsius teve dois filhos ilegítimos com a filha de um ministro luterano. Ele se casou com ela somente depois de um processo judicial, mas não quis reconhecer os seus filhos: Daniel e Nicolaus Heinsius, O Jovem (1655-1718). Este seu filho Nicolaus se tornou um aventureiro, e 1679 foi nomeado médico particular de Cristina em Roma.

Heinsius colecionou uma das maiores bibliotecas particulares na Europa. Em 1668 ele recebeu as visitas de Cosimo III de' Medici e de Lorenzo Magalotti (1637-1712)[8] durante uma visita que realizaram nas Províncias Unidas. Outros eruditos com quem manteve relações foram Petrus Francius (1645-1704)[9], Jacobus Tollius (1633-1696)[10], Jacobus Perizonius (1651-1715)[11], Johannes Georgius Graevius(1632-1703)[12] e Johann Friedrich Gronovius(1611-1671)[13]. Em 1683, depois de sua morte, 13.000 livros da sua coleção foram vendidos. O famoso catálogo foi usado como referência por muitos estudiosos.

Em 1653, Heinsius compilou seus poemas em latim para um único volume. Suas últimas publicações foram a edição de Veleio Patérculo em 1678 e de Valério Flaco em 1680. Ele morreu em Haia em 7 de Outubro de 1681.

Nicolaus Heinsius foi um dos mais originais e mais elegantes poetas latinistas, e se a sua erudição não foi tão perfeita quanto a de seu pai, sem dúvida ele mostrou muita qualidade como escritor original.

Obras[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Nicolaus Hensius, O Jovem (1656-1718) (* Haia, 1656 - † Culemborg, 12 de Janeiro de 1718), médico holandês.
  2. Jan Rutgersius (1589-1625) (* 28 de Agosto de 1589 - † 26 de Outubro de 1625), foi filólogo e diplomata holandês.
  3. Tommaso Aniello (1620-1647) (* Amalfi, 29 de Junho de 1620 - † Nápoles, 16 de Julho de 1647), também conhecido como Masaniello, pescador napolitano e líder da revolta contra o domínio dos Habsburgos em Nápoles.
  4. Jan Reynst (1601-1646) (* Amsterdam, 26 de Outubro de 1646 - † Veneza, 29 de Junho de 1646), foi um mercador holandês protestante e colecionador de artes.
  5. Claudius Salmasius (1588-1653) (* Semur-en-Auxois, 15 de Abril de 1588 - † Spa, 3 de Setembro de 1653), foi humanista, filólogo e erudito clássico francês.
  6. Isaac Vossius (1618-1689) (* Leiden, 1618 - † Londres, 21 de Fevereiro de 1689, foi um erudito e colecionador holandês de manuscritos antigos.
  7. Coenraad van Beuningen (1622-1693) (* Amsterdam, 1622 - † Amsterdam, 26 de Outubro de 1693), foi diplomata holandês e burgomestre de Amsterdam.
  8. Lorenzo Magalotti (1637-1712) (* Roma, 24 de Outubro de 1637 - † 2 de Março de 1712), foi filósofo, diplomata e poeta italiano.
  9. Petrus Francius (1645-1704) (* Amsterdam, 19 de Agosto de 1645 - Aldaar, 19 de Agosto de 1704), foi poeta e orador latino e professor de história, retórica e grego do Ateneu de Amsterdam.
  10. Jacobus Tollius (1633-1696) (* Rhenen, 1633 - † Utrecht, 22 de Junho de 1696), foi médico, reitor e filólogo holandês.
  11. Jacobus Perizonius (1651-1715) (* Appingedam, 26 de Outubro de 1651 - † Leiden, 6 de Abril de 1715), foi erudito clássico holandês e professor de eloquência e história da Universidade de Franeker.
  12. Johannes Georgius Graevius (1632-1703) (* Naumburg, 29 de Janeiro de 1632 - † Utrecht, 11 de Janeiro de 1703), erudito e filólogo clássico alemão.
  13. Johann Friedrich Gronovius (1611-1671) (* Hamburg, 8 de Setembro de 1611 - † Leiden, 28 de Dezembro de 1671), foi erudito clássico e crítico literário alemão.