Neoestoicismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Justo Lípsio, figura proeminente do neoestoicismo

O neoestoicismo foi um movimento filosófico resultante de sincretismo entre o estoicismo e o cristianismo.

Lípsio[editar | editar código-fonte]

O neoestoicismo teve como figura proeminente o humanista flamengo Justo Lípsio, que em 1584 apresentou os princípios do movimento, na sua obra De constantia, um diálogo entre Lípsio e o seu amigo Charles de Langhe.[1]

No diálogo, Lípsio e de Langhe exploram aspectos sobre dilemas políticos contemporâneos, com referência ao estoicismo pagão e da Grécia Antiga, em particular às encontradas nos escritos em latim de Séneca. Posteriormente desenvolveu o neoestoicismo nos seus tratados Manductio ad stoicam philosophiam (Introdução à Filosofia Estoica) e Physiologia stoicorum (Física dos Estoicos), ambos publicados em 1604.

O neoestoicismo é uma filosofia prática que afirma que a regra básica de uma boa vida é a de que o ser humano não se deve submeter às paixões, mas sim a Deus. O neoestoicismo reconhece quatro paixões: ganância, felicidade, medo e o pesar. Apesar de o ser humano possuir livre arbítrio, tudo o que acontece está sob o controlo de Deus e tende finalmente para o bem. O ser humano que cumpre esta regra é livre, isto porque não subjugado pelos instintos. Ele também é sereno porque todos os prazeres materiais e sofrimentos são irrelevantes para ele. Finalmente, é espiritualmente feliz porque vive próximo de Deus.

O neoestoicismo teve uma influência directa em escritores dos séculos XVII e XVIII, incluindo Montesquieu, Bossuet, Francis Bacon, Joseph Hall, Francisco de Quevedo e Juan de Vera y Figueroa.[2] A obra de Guillaume du Vair, Traité de la Constance (1594), foi outra influência importante no neoestoicismo, mas enquanto que Lípsio baseou o seu estoicismo na obra de Séneca, du Vair enfatizou o pensamento estoico de Epiteto.[3]

O pintor Peter Paul Rubens foi discípulo e amigo de Lípsio, e existe uma pintura de Rubens, actualmente no Palácio Pitti, que mostra Rubens ao lado de Lípsio, enquanto ele ensina dois estudantes que estão sentados à sua frente.[4][5]

A New Stoicism, obra de Lawrence C. Becker é uma visão secularista de como o estoicismo teria evoluído se tivesse tido uma história contínua até aos nossos dias.

Referências

  1. Justus Lipsius, On Constancy - tradução em inglês por John Stradling, editado por John Sellars (Bristol Phoenix Press, 2006).
  2. Artigo sobre Neoestoicismo na Stanford Encyclopedia of Philosophy
  3. The Internet Encyclopedia of Philosophy: John Sellars, Neostoicism.
  4. [1] Bryn Mawr Classical Review: Stoics and Neostoics: Rubens and the Circle of Lipsius by Mark Morford
  5. [2] The Artchive: Peter Paul Rubens The Four Philosophers

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Mark Morford, Stoics and Neostoics: Rubens and the Circle of Lipsius (1991)
  • Gerhard Oestreich, Neostoicism and the Early Modern State, English translation by David McLintock (1982)
  • Jason Lewis Saunders, Justus Lipsius: The Philosophy of Renaissance Stoicism (1955)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]