Naja naja – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Naja naja
Naja naja
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Domínio: Eukariota
Reino: Animalia
Sub-reino: Eumetazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Superclasse: Tetrapoda
Classe: Sauropsida
Subclasse: Diapsida
Superordem: Lepidosauria
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes
Superfamília: Xenophidia
Família: Elapidae
Género: Naja
Espécie: N. naja
Distribuição geográfica
É encontrada no subcontinente indiano.
É encontrada no subcontinente indiano.

Naja indiana (Naja naja) ou cobra-capelo é uma serpente da espécie da naja venenosa encontrada no subcontinente indiano. É uma das quatro grandes espécies que causam a maioria das picadas de serpentes na Índia. Esta serpente é reverenciada na mitologia e cultura indiana, e é vista frequentemente com encantadores de serpentes. É protegida por uma lei de proteção de animais selvagens da Índia (1972).

Descrição[editar | editar código-fonte]

Naja-indiana de costas.

Atrás da cabeça da serpente tem 200 listas circulares ligadas por uma linha curva que semelha os óculos, por causa disso é conhecida como naja-binóculo, cobra-capelo ou serpente-de-lunetas. Os hindus acreditam que essas sejam a pegadas de Krishna, que dançavam na cabeça da serpente Kaliya. Uma cobra média mede de cerca de 1,9 metros de comprimento e raramente chega 2,4 metros.[1]

É muitas vezes confundida com a cobra-ratívora oriental (Ptyas mucosus), mas esta cobra é muito maior e pode ser facilmente distinguida pela aparência mais proeminente do seu corpo. Outras cobras que se assemelham com a naja indiana são Argyrogena fasciolata e Coronella brachyura.[2]

A característica mais distintiva e impressionante da naja indiana é a capa, que faz levantando a parte anterior do corpo e espalhando algumas das costelas na região do pescoço, quando ela é ameaçada.

Ciclo vital[editar | editar código-fonte]

A naja é nativa do subcontinente indiano, que inclui atuais Paquistão, Índia, Bangladesh e Sri Lanka. Ela pode ser encontrada em planícies, florestas, campos abertos e regiões densamente povoadas por pessoas.[3] Sua distribuição abrange do nível do mar até 2000m.[2] Cobras normalmente se alimentam de roedores, anfíbios, pássaros ou mesmo outras cobras. Sua dieta ratívora leva a áreas habitadas por seres humanos, incluindo fazendas e nos arredores das áreas urbanas. Najas indianas são ovíparas e depositam seus ovos entre os meses de abril e julho. A naja fêmea põe 10 a 30 ovos em buracos de rato ou cupinzeiros e os ovos eclodem 48 a 69 dias depois. As najas recém-nascidas medem entre 20 e 30 cm. Os jovens, quando eclodem, têm glândulas de veneno totalmente funcionais.

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Veneno[editar | editar código-fonte]

O seu veneno contém uma neurotoxina pós-sináptica poderosa. O veneno age sobre as lacunas sinápticas dos nervos, assim, paralisa os músculos, e em mordidas graves leva à insuficiência respiratória ou parada cardíaca. Os componentes do veneno incluem enzimas como a hialuronidase, que causa lise e aumenta a propagação do veneno. A toxicidade do seu veneno é semelhante ao da naja chinesa[3] e tem efeito semelhante ao de curare, substância com que os indígenas da América do Sul envenenavam suas flechas,[4] e é uma das espécies mais venenosas com base em valor LD50 em ratos.[5][6] Os sintomas de envenenamento dessa cobra pode começar de 15 minutos a duas horas após a picada, e pode ser fatal em menos de uma hora.[7]

A naja indiana é uma das quatro grandes responsáveis das picadas no sul da Ásia um soro polivalente pode ser usado para o tratamento da picada dessa cobra. Zedoária, um tempero local com uma reputação de ser eficaz contra picada de cobra,[8] tem se mostrado promissor em experimentos testando sua atividade contra o veneno.[9]

O veneno de cobras jovens tem sido utilizado como uma substância de abuso na Índia, com casos de encantadores de serpentes sendo pagos pela prestação de mordidas de suas serpentes. Sintomas incluíam perda de consciência, sedação e euforia. Embora esta prática está desabituada.[10]

Genoma e transcriptoma[editar | editar código-fonte]

Os cientistas montaram um andaimes N50 de 223,35 Mb, com 19 esqueletos contendo 95% do genoma. Dos 23.248 genes codificadores de proteína previstos, 12.346 genes expressos na glândula de veneno constituem o 'ome-veneno' e isso incluiu 139 genes de 33 famílias de toxinas. Entre os 139 genes de toxinas estavam 19 'toxinas específicas para o veneno' (VSTs) que mostraram expressão específica da glândula de veneno, e provavelmente codificam as proteínas efetivas mínimas do núcleo do veneno.[11] O direcionamento dessas 19 toxinas específicas usando anticorpos humanos sintéticos deve levar a um antiveneno seguro e eficaz para o tratamento de picadas de cobra indiana. Atualmente, o antiveneno é produzido pela imunização de cavalos com veneno de cobra extraído e é baseado em um processo desenvolvido há mais de 100 anos.[12]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Sinonímia[editar | editar código-fonte]

Subespécies[editar | editar código-fonte]

  • N. naja bombaya Deraniyagala, 1961
  • N. naja ceylonicus Chatman & Di Mari, 1974
  • N. naja gangetica Deraniyagala, 1945
  • N. naja indusi Deraniyagala, 1960
  • N. naja karachiensis Deraniyagala, 1961
  • N. naja lutescens Deraniyagala, 1945
  • N. naja madrasiensis Deraniyagala, 1945
  • N. naja naja Smith, 1943
  • N. naja polyocellata Mehrtens, 1987

Referências

  1. «Snakes of Pakistan: Spectacled or Indian Cobra, Black Pakistan Cobra, Central Asian; Oxus or Brown Cobra». www.wildlifeofpakistan.com. Consultado em 11 de setembro de 2015 
  2. a b Whitaker, Romulus & Captain, Ashok (2004) Snakes of India: The Field Guide
  3. a b Snake of the medical importance: Venomous snakes in India and the related medical importance; LD50 of some major venomous snakes in India. Singapore: Venom and toxin research group 
  4. «Naja». Consultado em 11 de setembro de 2015  Site de curiosidades
  5. «The LD50 value of some venomous snakes». Consultado em 24 de julho de 2011. Arquivado do original em 5 de fevereiro de 2005 
  6. Achyuthan, K. E. and L. K. Ramachandran(1981) Cardiotoxin of the Indian cobra (Naja naja) is a pyrophosphatase. J. Biosci. 3(2):149-156 PDF
  7. «First aid». Consultado em 24 de julho de 2011. Arquivado do original em 30 de agosto de 2006 
  8. Martz W (1992). «Plants with a reputation against snakebite». Toxicon. 30 (10): 1131–1142. PMID 1440620. doi:10.1016/0041-0101(92)90429-9 
  9. Daduang, Sakda; Nison (15 de junho de 2005). «Screening of plants containing Naja naja siamensis cobra venom inhibitory activity using modified ELISA technique». Analytical Biochemistry. 341 (2): 316-325. doi:10.1016/j.ab.2005.03.037 
  10. [1], Katshu, Mohammad Zia Ul Haq , Dubey, Indu , Khess, C. R. J. and Sarkhel, Sujit (2011) 'Snake Bite as a Novel Form of Substance Abuse: Personality Profiles and Cultural Perspectives', Substance Abuse, 32:1, 43 - 46
  11. Suryamohan, Kushal; Krishnankutty, Sajesh P.; Guillory, Joseph; Jevit, Matthew; Schröder, Markus S.; Wu, Meng; Kuriakose, Boney; Mathew, Oommen K.; Perumal, Rajadurai C. (6 de janeiro de 2020). «The Indian cobra reference genome and transcriptome enables comprehensive identification of venom toxins». Nature Genetics (em inglês): 1–12. ISSN 1546-1718. doi:10.1038/s41588-019-0559-8 
  12. «Scientists decoded the genome of Indian cobra». Tech Explorist (em inglês). 7 de janeiro de 2020. Consultado em 7 de janeiro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]