Mycena overholtsii – Wikipédia, a enciclopédia livre

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMycena overholtsii

Classificação científica
Reino: Fungi
Divisão: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Agaricales
Família: Mycenaceae
Género: Mycena
Espécie: M. overholtsii
Nome binomial
Mycena overholtsii
A.H.Sm. & Solheim (1953)

Mycena overholtsii é uma espécie de cogumelo da família Mycenaceae.[1] Seu corpo de frutificação possui um chapéu marrom-acinzentado, liso e de formato convexo. Quando maduro, apresenta um umbo central e atinge 5 cm de diâmetro. As lamelas da face inferior do chapéu são esbranquiçadas ou cinza-pálido, apinhadas a princípio, ficam espaçadas depois que o fungo cresce. Já o tronco chega a 15 cm de altura, tem cor marrom-rosado e sua base é densamente coberta com "pêlos" brancos lanosos. O cogumelo tem um odor parecido com o de levedura e um sabor suave; a sua comestibilidade é desconhecida, mas não é considerado venenoso.

Seu nome é uma homenagem ao micologista norte-americano Lee Oras Overholts, feita por Alexander Smith e Wilhelm Solheim, cientistas que descreveram a espécie em 1953. Comum no oeste da América do Norte, especialmente no Noroeste Pacífico, nas Montanhas Rochosas e na Cordilheira das Cascatas, o cogumelo cresce geralmente em grupos sobre toras apodrecidas de coníferas, como a Pseudotsuga menziesii. Também já foi encontrado em plantações e florestas no Japão. Os corpos de frutificação surgem entre março e julho, mas esse período pode ser prolongado, especialmente em áreas com fortes nevascas ou em altas altitudes. Há uma preferência notável por áreas elevadas, de modo que sua ocorrência é restrita a regiões com mais de mil metros de altitude.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie foi descrita cientificamente pela primeira vez pelos micologistas Alexander H. Smith e Wilhelm Solheim em 1953, com base em exemplares coletados nas Montanhas Medicine Bow no condado de Albany, no estado de Wyoming, Estados Unidos.[2] O epíteto específico homenageia o micologista norte-americano Lee Oras Overholts.[3] Em língua inglesa, o cogumelo é popularmente conhecido como "snowbank fairy helmet" ou "fuzzy foot".[4][5] Embora este último nome seja compartilhado com Tapinella atrotomentosa e Xeromphalina campanella.[6][7] Já em japonês é chamado de "yukitsutsumikunugitake".[8]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Na face inferior do chapéu é possível ver as lamelas

Mycena overholtsii produz alguns dos maiores corpos de frutificação do gênero Mycena.[9] Eles têm píleos ("chapéus") que medem de 1,5 a 5 centímetros de diâmetro, de formato convexo, e que desenvolvem um umbo (uma saliência central semelhante a um mamilo) na maturidade. A superfície do chapéu é lisa, úmida, e marcada com estrias radiais.[10] Os píleos são um pouco higrofanosos, e dependendo da idade e estado de hidratação, variam na cor de marrom ou marrom-acinzentado a cinza escuro.[11] A carne do cogumelo é fina e aquosa, com uma cor cinza claro.[3]

O chapéu do cogumelo maduro tem um umbo no centro e estrias radiais nas bordas.

As lamelas aderem de maneira adnata, adnexa, ou superficialmente ao tronco, e são inicialmente apinhadas mas depois ficam bem espaçadas quando o cogumelo amadurece.[12] Elas têm uma cor esbranquiçada a cinza pálido, e se mancham de cinza quando são danificadas.[13] Há três ou quatro fileiras de lamélulas (lamelas curtas que não se estendem completamente da margem do chapéu até o tronco) intercaladas entre as lamelas.[12] A estipe mede de 4 a 15 cm de comprimento por 0,3 a 1 cm de espessura. Ela se estreita para cima de modo que seu vértice é ligeiramente mais fino do que sua base.[10] Pode ser reta ou curva, tem uma carne parecida com cartilagem, e é oca no cogumelo maduro.[12] Quando cresce sobre a madeira apodrecida e macia, a estipe muitas vezes penetra profundamente no substrato.[4] Ela tem uma coloração marrom-rosado, e sua metade inferior é tomentosa - densamente coberta com "pêlos" brancos lanosos.[11] O cogumelo tem um odor parecido com o de levedura e um sabor suave;[14] a sua comestibilidade é desconhecida,[11] mas não é considerado venenoso.[10]

Características microscópicas[editar | editar código-fonte]

Vistos em depósito, com uma impressão de esporos, os esporos aparecem na cor branca. Microscopicamente, os esporos são grosseiramente elípticos, aparecendo por vezes em forma de feijão, com as dimensões de 5,5 7,0 por 3,0-3,5 micrômetros (µm). Eles possuem paredes finas e lisas, e dará à luz um apêndice hilar indistinta.[12] Os esporos são amiloides, o que significa que absorvem iodo e ficam preta para azul-preto quando corados com o reagente de Melzer. Os basídios (células que carregam os esporos) possuem quatro esporos cada. Os queilocistídios (cistídios na borda das lamelas), que estão espalhadas e intercalados com os basídios, são aproximadamente cilíndricos ou fusiformes, lisos, hialinos (translúcidos), e medem 45 a 65 por 2 a 5,5 µm. Os pleurocistídios (cistídios na face das lamelas) são raros, e muito parecidos com os queilocistídios. A cutícula do chapéu é uma ixocútis (um tipo de tecido fúngico formado por hifas gelatinosas que correm paralelas à superfície do chapéu). A maior parte das hifas são lisas e medem 1,5 a 3,5 µm de diâmetro. A carne do píleo é dextrinoide, o que significa se cora com uma cor marrom-avermelhada quando lhe é aplicado o reagente de Melzer. Fíbulas estão presentes nas hifas de M. overholtsii.[14]

Espécies similares[editar | editar código-fonte]

Mycena maculata é uma espécie bastante parecida.

Outros cogumelos Mycena parecidos com o M. overholtsii e que crescem agrupados sobre restos de madeira incluem M. maculata e M. galericulata. Os corpos de frutificação de M. maculata frequentemente desenvolvem manchas vermelhas à medida que amadurecem, mas essa característica é inconsistente e não pode ser usada de forma confiável para a identificação do fungo. Os seus esporos são maiores do que os de M. overholtsii, medindo 7 a 10 por 4 a 6 µm. M. galericulata é muito similar na aparência ao M. maculata, mas não fica com a coloração avermelhada; seus esporos medem 8 a 12 por 5,5 a 9 µm.[15] Uma outra espécie semelhante é M. semivestipes,[16] que pode ser distinguido pelo seu odor semelhante ao de lixívia e pela sua ocorrência no leste da América do Norte. Além disso, este cogumelo frutifica durante o verão e outono, e forma pequenas esporos de 4 a 5 por 2,5 a 3 µm.[17]

Habitat e distribuição[editar | editar código-fonte]

Na natureza, a espécie é por vezes encontrada solitária, porém é mais comum que cresça em grupos sobre toras e galhos apodrecidos de coníferas (frequentemente Pseudotsuga menziesii) próximos a bancos de neve em derretimento,[4] ou às vezes em câmaras de neve úmida acumulada.[13] Baixas temperaturas noturnas reduzem a taxa de degelo, e ajudam a garantir que os esporos liberados pelo cogumelo sejam dispersos no solo.[10] O fungo é comum no oeste da América do Norte, especialmente no Noroeste Pacífico, nas Montanhas Rochosas e na Cordilheira das Cascatas. Foi relatado em quatro estados americanos: Dakota do Sul,[18] Califórnia, Washington e Wyoming, mas não é conhecido no Oregon.[14] Também é encontrado no oeste do Canadá.[19] O cogumelo é restrito a áreas com uma altitude mínima de 1 000 metros.[9] Em 2010, foi publicada a sua ocorrência nas florestas de coníferas boreais de Hokkaido, no Japão, em plantações de Abies sachalinensis, bem como em florestas naturais dominadas por A. sachalinensis e Picea jezoensis.[8] Na América do Norte, o cogumelo geralmente aparece entre março e julho;[14] enquanto que as coletas japonesas foram feitas no mês de maio.[8] O período de frutificação pode ser prolongado, especialmente em áreas com fortes nevascas,[20] ou em altas altitudes, onde o degelo acontece mais lentamente.[10]

Referências

  1. «NCBI:txid2488084». NCBI Taxonomy (em inglês). Consultado em 7 de fevereiro de 2023 
  2. Smith, AH; Solheim WG (1953). «New and unusual fleshy fungi from Wyoming». Madroño. 12 (4): 103–9 
  3. a b Evenson, VS (1997). Mushrooms of Colorado and the Southern Rocky Mountains. Denver, Colorado: Westcliffe Publishers. p. 101. ISBN 978-1-56579-192-3 
  4. a b c McKnight VB, McKnight KH. (1987). A Field Guide to Mushrooms, North America. Boston, Massachusetts: Houghton Mifflin. p. 175. ISBN 0-395-91090-0 
  5. Cripps, C (2009). «Snowbank fungi revisited» (PDF). Fungi. 2 (1): 47–53 
  6. Russell, B (2006). Field Guide to Wild Mushrooms of Pennsylvania and the Mid-Atlantic. University Park, Pennsylvania: Pennsylvania State University Press. p. 92. ISBN 978-0-271-02891-0 
  7. Bessette, AE; Roody WC, Bessette AR (2007). Mushrooms of the Southeastern United States. Syracuse, Nova Iorque: Syracuse University Press. p. 201. ISBN 978-0-8156-3112-5 
  8. a b c Cha, JY; Lee SY, Chun KW, Lee SY, Ohga S (2010). «A new record of a snowbank fungus, Mycena overholtsii, from Japan» (PDF). 九州大学農学部紀要 (Journal of the Faculty of Agriculture Kyushu University). 55 (1): 77–78. ISSN 0023-6152. Consultado em 17 de junho de 2015. Arquivado do original (PDF) em 17 de junho de 2015 
  9. a b Castellano MA, O'Dell T. (1997). «Management Recommendations for Survey and Manage (Group 16)». U.S. Department of the Interior: Bureau of Land Management. Survey and Manage Program of the Northwest Forest Plan. Consultado em 13 de junho de 2011 
  10. a b c d e Miller HR, Miller OK. (2006). North American Mushrooms: a Field Guide to Edible and Inedible Fungi. Guilford, Connecticut: Falcon Guide. p. 168. ISBN 0-7627-3109-5 
  11. a b c Orr DB, Orr RT. (1979). Mushrooms of Western North America. Berkeley, California: University of California Press. p. 238. ISBN 0-520-03656-5 
  12. a b c d Wood M, Stevens F. «Mycena overholtzii». California Fungi. MykoWeb. Consultado em 16 de junho de 2015 
  13. a b Phillips, R (2005). Mushrooms and Other Fungi of North America. Buffalo, Nova Iorque: Firefly Books. p. 95. ISBN 1-55407-115-1 
  14. a b c d Castellano, MA; Smith JE, O'Dell T, Cázares E, Nugent S (1999). «Handbook to Strategy 1 Fungal Species in the Northwest Forest Plan. Gen. Tech. Rep. PNW-GTR-476» (PDF). Portland, Oregon: U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Pacific Northwest Research Station: S1-73 
  15. Ammirati, J; Trudell S (2009). Mushrooms of the Pacific Northwest. Col: Timber Press Field Guides. Portland, Oregon: Timber Press. p. 129. ISBN 0-88192-935-2 
  16. Maas Geesteranus, RS (1992). «Mycenas of the Northern Hemisphere». Verhandelingen der Koninklijke Nederlandsche Akademie van Wetenschappen, Afdeeling Natuurkunde. 90 (2): 284 
  17. Kuo M. (setembro 2010). «Mycena semivestipes». MushroomExpert.com. Consultado em 13 de junho de 2011 
  18. Gabel AC, Gabel ML. (2007). «Comparison of diversity of macrofungi and vascular plants at seven sites in the Black Hills of South Dakota». American Midland Naturalist. 157 (2): 258–96. JSTOR 4500617. doi:10.1674/0003-0031(2007)157[258:codoma]2.0.co;2 
  19. Farr, DF; Bills GF, Chamuris GP, Rossman AY (1989). Fungi on plants and plant products in the United States. St. Paul, Minnesota: American Phytopathological Society Press. ISBN 978-0-89054-099-2 
  20. Smith, AH; Weber NS (1980). The Mushroom Hunter's Field Guide. Ann Arbor, Michigan: The University of Michigan Press. p. 150. ISBN 0-472-85610-3 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Mycena overholtsii», especificamente desta versão.
  • Smith, AH (1947). North American Species of Mycena. Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Mycena overholtsii