Monio Viegas I de Ribadouro – Wikipédia, a enciclopédia livre

Monio Viegas I de Ribadouro
Rico-homem/Senhor
Senhor de Ribadouro
Reinado ?-1022
Sucessor(a) Egas Moniz I
Nascimento c. 950?
Morte 1022
  Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, Porto, Portugal
Sepultado em Mosteiro de Vila Boa do Bispo, Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, Porto, Portugal
Nome completo Monio Viegas de Ribadouro
Cônjuge ?
Descendência Egas Moniz I, senhor de Ribadouro
Garcia Moniz
Gomes Moniz
Godo Moniz
Fromarico Moniz
Dinastia Ribadouro (fundador)
Pai Egas (Moniz?)
Mãe ?
Religião Catolicismo romano

Monio Viegas (por vezes grafado Munio), cognominado o Gasco[1] (c. 950? - 1022, Vila Boa do Bispo) foi um nobre portugalense dos séculos X e XI. Este Gascão terá sido dos primeiros, com o auxílio dos seus irmãos, a dar início à restauração de Portugal contra os Mouros, sendo considerado o "herói da reconquista do Ribadouro ocidental"[2].

A origem da sua família[editar | editar código-fonte]

Notícias antigas relatam que em 999, num ano de mudança no reino de Leão, uma vez em que se dá a morte de Bermudo II e a ascensão do conde Mendo Gonçalves de Portucale à regência do pequeno Afonso V, teriam ocorrido na foz do Douro um desembarque de Cristãos, comandados por Monio Viegas, o suposto fundador da estirpe ribaduriense (ou gascã) que seria oriundo da Gasconha.[3] Esta informação pode ser crível, mas na doação que o filho de Monio, Garcia, faz em 1068 ao rei da Galiza, se refira a bens que herdara dos avós. Desta forma, os supostos pais do “fundador da Gasconha” já tinham domínio no Ribadouro, e assim Monio não conquistou tal domínio, mas herdou-o. Não podia advir da Gasconha, pois era natural de Portugal, provavelmente de um lugar português chamado Gasconha (ou Casconha, no atual concelho de Paredes)[4].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Na realidade, o seu patronímico, Viegas já aponta para uma paternidade portuguesa, já que seria filho de D. Egas (provavelmente Moniz, dada a frequência do nome na família) e de D. Dordia[4], podendo haver a hipótese (da qual existem poucas certezas) de ser inclusive neto de Monio Guterres e Elvira Arias, e assim sobrinho de Gonçalo Moniz, Conde de Coimbra.

Sabe-se que possuiu bens nos atuais concelhos de Marco de Canaveses, Baião, Cinfães, Castelo de Paiva, Penafiel e Arouca, onde se sabe que, pelo menos em algumas, dispunha de autoridade como vigário do Rei de Leão[4].

A fundação de mosteiros[editar | editar código-fonte]

Pouco antes de 1008 terá doado a seu filho Garcia a vila de Travanca,[desambiguação necessária] sem obrigação de a repartir com o seu irmão Egas, mas com a de edificar um mosteiro[4], que terá fundado nesse ano de 1008.[5]

Não foi seu filho o único que fundou um mosteiro, pois, talvez depois de 1010, terá fundado, juntamente com seu irmão, o futuro bispo do Porto D. Sisnando[6], o Mosteiro de Vila Boa do Bispo. Perto do mosteiro teria inclusive derrotado uma hoste muçulmana, mediante promessa.

O território onde pousava o Mosteiro apresentava condições favoráveis à vida monástica, uma vez que era acidentado e por isso pouco frequentado por peregrinos e outros viajantes. Fora recentemente arroteado e repovoado por uma população que se acabaria por enraizar fortemente àquela terra[7]. Nos séculos seguintes, o Mosteiro e o próprio lugar estaria ligado a vários descendentes de Monio, com propriedades em Vila Boa do Bispo ou no território da atual freguesia. Existe também notícia de vários membros da família que doaram bens a este mosteiro[4].

Morte e posteridade[editar | editar código-fonte]

Desconhece-se como terá morrido, e nada descarta ter mesmo falecido em batalha. A data mais provável da sua morte será 1022, pois, sendo sepultado no mosteiro que fundou, descobriu-se mais tarde existia nesse lugar um túmulo com uma inscrição que o identificava e apontava aquele ano como a data da sua morte[4].

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

Não se conhece o nome da sua esposa, mas os linhagistas apontam-lhe Velida Trutesendes, algo que seria fisicamente impossível, uma vez que esta só está atestada a partir do final do séc. XI[4]. Monio teria tido a seguinte descendência:

Referências

  1. Mattoso 1994.
  2. Fernandes 1960.
  3. Portugal primitivo medievo. [S.l.]: A. de Almeida Fernandes, Tarouca (Viseu, Portugal). Câmara Municipal, Santa Casa da Misericórdia do Porto 
  4. a b c d e f g GEPB 1935-57.
  5. Historia antiga e moderna da sempre leal e antiquíssima de Amarante. [S.l.: s.n.] 
  6. a b c d e f Mosteiro de Travanca - Moninho Viegas, o Gasco
  7. Mosteiro de Vila Boa do Bispo - História

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. , Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa.
  • Fernandes, A. de Almeida (1960). A ação das linhagens no repovoamento. Porto: [s.n.] 
  • Mattoso, José (1994). A Nobreza Medieval Portuguesa - A Família e o Poder. Lisboa: Editorial Estampa. ISBN 972-33-0993-9