Mulheres de conforto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Yangon, Birmânia. 8 de agosto de 1945. Uma jovem chinesa étnica, encontrada em um dos "batalhões de conforto" do Exército Imperial Japonês é entrevistada por um oficial Aliado.
Fantasmas da guerra: Nam Koo Terrace, um palacete em Hong Kong construído em 1918 e abandonado há décadas, do qual diz-se ser frequentado por fantasmas de "mulheres de conforto", mortas ali pelos japoneses.

Mulheres de conforto ou mulheres de alívio é um eufemismo utilizado para designar mulheres forçadas à prostituição e escravidão sexual em bordéis militares japoneses durante a II Guerra Mundial.[1][2][3]

Calcula-se que entre 50 000 e 200 000 mulheres tenham sido conscritas, mas ainda existem discordâncias sobre os números exatos. Historiadores e pesquisadores têm declarado que a maioria delas provinham da Coreia e China, mas mulheres das Filipinas, Tailândia, Vietnã, Malásia, Taiwan, Índias Orientais Neerlandesas, Indonésia (incluindo Timor-Leste[4]) e outros territórios ocupados pelo Império do Japão também foram usadas nos "postos de conforto". Tais postos ficavam localizados no Japão, China, Filipinas, Indonésia, Malásia Britânica, Tailândia, Birmânia, Nova Guiné, Hong Kong, Macau, e no que então era a Indochina Francesa.[5]

Mulheres jovens de países sob domínio imperial japonês foram levadas de seus lares contra sua vontade e também recrutadas pelos militares com ofertas de trabalho (não sexual).[6][7][8][9] Foi documentado também que os militares japoneses recrutavam mulheres pelo uso da força.[10]

Muitos bordéis militares japoneses eram administrados por particulares e supervisionados pelo Exército Imperial Japonês. Historiadores japoneses, usando o testemunho de ex-mulheres de conforto, têm argumentado que o Exército e a Marinha Imperial Japonesa estavam direta ou indiretamente envolvidos na coerção, engodo, sedução e, em certos casos, rapto de mulheres jovens nas colônias asiáticas e territórios sob domínio do Império do Japão.[11]

Criação do Sistema de Mulheres de Conforto[editar | editar código-fonte]

Prostituição militar japonesa[editar | editar código-fonte]

A correspondência do Exército Imperial Japonês mostra que o objetivo da implantação dos "postos de conforto" era evitar que crimes de estupro fossem cometidos por pessoal militar japonês e assim evitar o surgimento de hostilidades entre a população das áreas ocupadas.[12]

Tendo em vista a natureza bem-organizada e aberta da prostituição no Japão, foi vista como lógica a necessidade de haver uma prostituição organizada que servisse às Forças Armadas Japonesas.[13] Além de supostamente servir para evitar estupros e transmissão de doenças venéreas, os "postos de conforto" militares japoneses serviriam para o lazer dos soldados e para minimizar o risco de espionagem. Os "postos de conforto", todavia, não conseguiram resolver os dois primeiros problemas. De acordo com o historiador japonês Yoshiaki Yoshimi, eles contribuíram para agravá-los. Yoshimi declarou que, "o Exército Imperial Japonês temia que o descontentamento latente dos soldados pudesse explodir em motim e revolta. Era por isso que forneciam mulheres".[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Comfort-Women.org FAQ». Consultado em 15 de junho de 2007. Arquivado do original em 15 de junho de 2007 
  2. Vickers, Edward; Frost, Mark R., eds. (2021). «Special Issue: The 'Comfort Women' as Public History (Table of Contents)». The Asia-Pacific Journal: Japan Focus, Volume 19(5) 
  3. McCurry, Justin (8 de março de 2021). «Harvard professor sparks outrage with claims about Japan's 'comfort women'». The Guardian (em inglês). Consultado em 8 de março de 2021 
  4. Timorenses violadas na 2ª Guerra contam suas histórias, Agência Lusa, 26 de maio de 2007.
  5. Staff, Reuters (5 de março de 2007). «FACTBOX-Disputes over Japan's wartime "comfort women" continue». Reuters (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  6. Yoshimi, Yoshiaki (2000), Comfort Women. Sexual Slavery in the Japanese Military During World War II, "Asia Perspectives", Nova York: Columbia University Press, ISBN 0-231-12033-8. pp=100-101, 105-106, 110-111
  7. Fackler, Martin (2007-03-06), The New York Times, No Apology for Sex Slavery, Japan’s Prime Minister Says. Recuperado em 23 de março de 2007.
  8. Abe questions sex slave 'coercion'
  9. «Japan party probes sex slave use» (em inglês). 8 de março de 2007. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  10. van Buitenlandse zaken (24 de janeiro de 1994), "Gedwongen prostitutie van Nederlandse vrouwen in voormalig Nederlands-Indië [Prostituição forçada de mulheres holandesas nas ex-Índias Orientais Neerlandesas]", Handelingen Tweede Kamer der Staten-Generaal [Hansard Dutch Lower House] 23607(1), ISSN 0921-7371, escrito pelo Ministro de Relações Exteriores Neerlandês, sumário do Nationaal Archief [Arquivo Nacional Neerlandês] (língua neerlandesa), 2007-03-27.
  11. Onishi, Norimitsu (2007-03-08), The New York Times, Denial Reopens Wounds of Japan's Ex-Sex Slaves Arquivado em 22 de março de 2007, no Wayback Machine.. Recuperado em 23 de março de 2007. pp=6–9, 11, 13–14
  12. «The "Comfort Women" Issue and the Asian Women's Fund» (PDF) (em inglês) 
  13. George Hicks (1995). "The Comfort Women" ISBN 1863737278. . Allen & Unwin.
  14. (30 de novembro de 2007). "Comfort women used to prevent military revolt during war: historian" . Korea.net. Acessado em 02-07-2008.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Mulheres de conforto

Pesquisas acadêmicas[editar | editar código-fonte]

Declarações oficiais do governo japonês[editar | editar código-fonte]

Documentos históricos estadunidenses[editar | editar código-fonte]


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