Mortimer Adler – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mortimer Adler
Mortimer Adler
Nascimento 28 de dezembro de 1902
Nova Iorque
Morte 28 de junho de 2001 (98 anos)
Palo Alto
Cidadania Estados Unidos
Alma mater
Ocupação filósofo, escritor, professor universitário, educador
Prêmios
Empregador(a) Universidade Columbia, Universidade de Chicago
Religião Igreja Católica

Mortimer Jerome Adler (Nova Iorque, 28 de dezembro de 1902Palo Alto, 28 de junho de 2001) foi um filósofo americano, educador e autor popular. Como filósofo, ele trabalhou dentro das tradições aristotélica e tomista. Ele viveu por longos períodos na cidade de Nova York, Chicago, São Francisco e San Mateo, Califórnia.[1] Trabalhou na Universidade de Columbia, na Universidade de Chicago, na Encyclopædia Britannica e no Instituto de Pesquisa Filosófica de Adler.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Nova Iorque, em uma família judia. Seu pai era vendedor de jóias. Abandonou a escola aos 14 anos e foi trabalhar como secretário e contínuo no jornal The New York Sun, almejando tornar-se jornalista. Um ano depois, frequentou aulas noturnas na Columbia University para melhorar sua escrita. Foi lá que ele tomou contato e começou a se interessar, depois de ler a autobiografia do filósofo inglês John Stuart Mill, e os grandes filósofos e pensadores da civilização ocidental. Adler direcionou sua leitura depois de aprender que Mill tinha lido Platão com apenas cinco anos de idade, enquanto ele mesmo não tinha lido nada sobre o filósofo grego até então. Um vizinho emprestou-lhe um livro de Platão e Adler foi seduzido pela filosofia definitivamente. Decidiu então estudar filosofia em Columbia, onde recebeu uma bolsa de estudos. Por não ter aprendido a nadar e não ter disposição para participar de outras atividades atléticas, Adler não cumpriu os requisitos mínimos para completar a graduação. Isso não impediu que ele terminasse as disciplinas necessárias do curso, e Columbia concedeu o B.A. (Bachelor in Arts, Bacharel em Artes) a Adler em 1984 em reconhecimento do trabalho.

A teoria pedagógica de Mortimer Adler baseia-se, essencialmente, em três livros publicados na década de 80: The Paideia Proposal: An Educational Manifesto; Paideia Problems and Possibilities; The Paideia Program.

Mortimer Adler afirma-se profundamente influenciado pelo pensamento educacional de Horace Mann, John Dewey e Robert Hutchins e uma leitura cuidada dos seus livros leva-nos a considerar as propostas de Adler como uma verdadeira síntese aplicável à realidade actual.

Adler parte do pressuposto que as semelhanças básicas entre os indivíduos são mais importantes que as suas diferenças, uma ideia que suporta a defesa de um currículo igual para todos em detrimento de um currículo diferenciado. Acredita firmemente que todas as diferenças individuais que possa haver entre os alunos podem ser abordadas num contexto de igualdade. É importante perceber que, segundo Adler, todas as crianças têm as mesmas tendências inerentes, os mesmos poderes inerentes, as mesmas capacidades inerentes. Como a igualdade social implica a mesma qualidade de vida para todos, então deveria haver o mesmo tipo de escola para todos.

Adler fala dos propósitos da escolaridade como um processo de auto governo para a cidadania, ganhar a vida e gozar as coisas do espírito e da mente. A mente pode ser aperfeiçoada de três maneiras: através da aquisição de conhecimento organizado nas áreas fundamentais do estudo humano, por exemplo, na língua, literatura, belas artes, matemática, ciências da natureza, história, geografia, e ciências sociais; através do desenvolvimento de competências intelectuais, por exemplo, competências de leitura, escrita, oralidade, escuta, observar, medir, estimar e calcular; e através do aumento do entendimento e apreciação estética. O ênfase ao longo deste currículo deve ser no estudo individual, na construção de um vocabulário comum de ideias, e a passagem de uma aprendizagem simples para uma mais complexa.

Adler desenvolve ainda outros modos de ensino: o modo didáctico, que consiste em transmitir os conhecimentos através de estórias; o modo orientado, que envolve o ensino de como adquirir as habilidades básicas que implica o exercício e a prática; e o modo Socrático, que essencialmente é o diálogo que ajuda o nascimento de novas ideias. Estes três métodos – didáctico, orientado, e socráticos – devem ser usados em todos os estádios de desenvolvimento moral, intelectual, e estético na tentativa de elevar a mente a altos níveis de entendimento e apreciação. Falta saber se realmente a arte pode ser utilizada para atingir o objectivo de aumentar a imaginação e o entendimento. Basicamente Adler pensa que o tónus deve ser colocado em obras de excelente qualidade seja ela literária, musical ou visual, que são para ser apreciadas esteticamente e aproveitadas e contempladas pela sua excelência. Adler faz um apelo aos educadores artísticos dizendo que esta apreciação deve ser alargada através de actividades performativas e criativas: os alunos devem pintar imagens, compor poesia, actuar em peças, e dançar.

Tudo se reúne no manifesto em três colunas onde figura três modos de aprendizagem (aquisição organizada de conhecimento, desenvolvimento de competências intelectuais, e o alargamento do entendimento e da apreciação) e três modos de ensino (didáctico, orientado, e socrático).

De todas as orientações de Adler interessa denotar que as suas recomendações tinham o especial compromisso na excelência na Educação Artística. A escrita filosófica renovada em nome dos estudantes e dos educadores dizem que as artes têm a capacidade de expandir a experiência humana e contribuir para uma boa vida e por essa razão deveria ser uma disciplina básica num qualquer currículo central.

Algumas publicações subsequentes do grupo Paidéia explicam os problemas e as possibilidades de estabelecer um programa paidéia e continham discussões sobre três tipos de ensino e aprendizagem (seminários, orientação, e instrução didáctica), a descrição das disciplinas que os jovens deveriam aprender (Língua materna e literatura, matemática, ciência, história, estudos sociais, línguas estrangeiras, belas artes, artes manuais, trabalho, e educação física), reflexões sobre o desenho e reconhecimento do programa paidéia, e os graus dos estudantes. É de realçar o facto da disciplina de belas artes estar separada da disciplina de língua materna e literatura.

Na medida em que o programa paidéia é baseado numa educação generalista não especializada, que preconiza o ensino e a aprendizagem de uma série de artes liberais, onde se incluiu as belas e as úteis, não quer dizer que se queira assim treinar artistas, mas que os alunos aprendam um espectro de competências apropriadas relativas às disciplinas que acompanham um currículo paidéia. O programa aposta muito nas práticas artísticas embora o estudo de obras de excelência seja uma parte importante deste currículo.

Actividades performativas e criativas e o estudo de excelentes obras podem levar a descoberta do mundo de fora para dentro dos indivíduos. Embora as belas artes possam contribuir para o entendimento humano, elas fazem-no em detalhes e acentuações diferentes dos conhecimentos adquiridos através de outras disciplinas do currículo. O objectivo da educação de belas artes num programa paidéia é aprender a conhecer e a fazer música, dança, drama, desenho, pintura, escultura, aproximando-se cada vez mais das artes simbólicas (que está relacionado com as belas artes tradicionais) e o resto aproximando-se das artes úteis e materiais.

De realçar também os seminários de orientação pessoal sobre obras de arte com o objectivo de tomada de consciência que o discernimento através de obras de arte é mesmo possível, podendo chegar ou ser articulado e melhorado ao ser tornado explícito. O que se procura é a total consciência e resposta intelectual; a habilidade de ouvir e ver com discriminação, para que não sejamos cegos e surdos para o que se passa à nossa volta nas artes e nas obras de arte, boas ou más, elas estão por todo o lado.

Adler também promoveu a ideia de que a filosofia deveria ser integrada com a ciência, a literatura e a religião. Em 2000, Adler converteu-se ao Catolicismo Romano e foi batizado.

O filósofo é o criador do conceito de Grande Conversação.

Como ler um livro[editar | editar código-fonte]

I. ANÁLISE E ESTRUTURA DE UM LIVRO.

  1. Classificá-lo de acordo com seu tipo e seu assunto.
  2. Expor, com a máxima brevidade, sua constituição.
  3. Enumerar as partes principais em sua ordem e relação, e analisá-las como se analisou o todo.
  4. Definir o problema ou problemas que o autor está procurando resolver.

II. INTERPRETAÇÃO DO CONTEÚDO DE UM LIVRO.

  1. Concordar com o autor, interpretando suas palavras básicas.
  2. Compreender as proposições principais do autor, estudando suas sentenças mais importantes.
  3. Conhecer os argumentos do autor, descobrindo-os na série de sentenças ou construindo-os fora delas.
  4. Indicar que problemas o autor resolveu e que problemas não resolveu; e, quanto aos últimos, ver se o autor reconheceu seu fracasso.

III. CRÍTICA DE UM LIVRO COMO TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS.

A – Máximas Gerais:

  1. Não começar a critica, antes de completar a análise e a interpretação. (Não digam que concordam, discordam ou deixam de julgar, antes de poderem dizer “Compreendo”.)
  2. Não discordar, como se se estivesse brigando ou disputando.
  3. Respeitar a diferença entre o conhecimento e a opinião, apresentando os motivos de qualquer julgamento crítico que se fizer

B – Critérios Específicos de Observação Crítica:

  1. Mostrar em que o autor não está informado.
  2. Mostrar em que o autor está mal informado.
  3. Mostrar em que o autor é ilógico.
  4. Mostrar em que a análise ou concepção do autor é incompleta.

Obras Publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Dialectic (1927)
  • The Nature of Judicial Proof: An Inquiry into the Logical, Legal, and Empirical Aspects of the Law of Evidence (1931, with Jerome Michael)
  • Diagrammatics (1932, com Maude Phelps Hutchins)
  • Crime, Law and Social Science (1933, com Jerome Michael)
  • Art and Prudence: A Study in Practical Philosophy (1937)
  • What Man Has Made of Man: A Study of the Consequences of Platonism and Positivism in Psychology (1937)[2]
  • St. Thomas and the Gentiles (1938)
  • The Philosophy and Science of Man: A Collection of Texts as a Foundation for Ethics and Politics (1940)
  • How to Read a Book: The Art of Getting a Liberal Education (1940), 1966 edition subtitled A Guide to Reading the Great Books, 1972 revised edition with Charles Van Doren, The Classic Guide to Intelligent Reading: ISBN 0-671-21209-5
  • A Dialectic of Morals: Towards the Foundations of Political Philosophy (1941)
  • «How to Mark a Book». The Saturday Review of Literature. 6 de julho de 1940 [3]
  • How to Think About War and Peace (1944)
  • The Revolution in Education (1944, com Milton Mayer)
  • Adler, Mortimer J. (1947). Heywood, Robert B., ed. The Works of the Mind: The Philosopher. Chicago: University of Chicago Press. OCLC 752682744 
  • The Idea of Freedom: A Dialectical Examination of the Idea of Freedom, 1, Doubleday, 1958 .
  • The Capitalist Manifesto (1958, com Louis O. Kelso) ISBN 0-8371-8210-7
  • The New Capitalists: A Proposal to Free Economic Growth from the Slavery of Savings (1961, com Louis O. Kelso)
  • The Idea of Freedom: A Dialectical Examination of the Controversies about Freedom (1961)
  • Great Ideas from the Great Books (1961)
  • The Conditions of Philosophy: Its Checkered Past, Its Present Disorder, and Its Future Promise (1965)
  • The Difference of Man and the Difference It Makes (1967)
  • The Time of Our Lives: The Ethics of Common Sense (1970)
  • The Common Sense of Politics (1971)
  • The American Testament (1975, com William Gorman)
  • Some Questions About Language: A Theory of Human Discourse and Its Objects (1976)
  • Philosopher at Large: An Intellectual Autobiography (1977)
  • Reforming Education: The Schooling of a People and Their Education Beyond Schooling (1977, editado por Geraldine Van Doren)
  • Aristotle for Everybody: Difficult Thought Made Easy (1978) ISBN 0-684-83823-0
  • How to Think About God: A Guide for the 20th-Century Pagan (1980) ISBN 0-02-016022-4
  • Six Great Ideas: Truth–Goodness–Beauty–Liberty–Equality–Justice (1981) ISBN 0-02-072020-3
  • The Angels and Us (1982)
  • The Paideia Proposal: An Educational Manifesto (1982) ISBN 0-684-84188-6
  • How to Speak / How to Listen (1983) ISBN 0-02-500570-7
  • Paideia Problems and Possibilities: A Consideration of Questions Raised by The Paideia Proposal (1983)
  • A Vision of the Future: Twelve Ideas for a Better Life and a Better Society (1984) ISBN 0-02-500280-5
  • The Paideia Program: An Educational Syllabus (1984, with Members of the Paideia Group) ISBN 0-02-013040-6
  • Ten Philosophical Mistakes: Basic Errors In Modern Thought - How they came about, their consequences, and how to avoid them. (1985) ISBN 0-02-500330-5
  • A Guidebook to Learning: For a Lifelong Pursuit of Wisdom (1986)
  • We Hold These Truths: Understanding the Ideas and Ideals of the Constitution (1987). ISBN 0-02-500370-4
  • Reforming Education: The Opening of the American Mind (1988, editado por Geraldine Van Doren)
  • Intellect: Mind Over Matter (1990)
  • Truth in Religion: The Plurality of Religions and the Unity of Truth (1990) ISBN 0-02-064140-0
  • Haves Without Have-Nots: Essays for the 21st Century on Democracy and Socialism (1991) ISBN 0-02-500561-8
  • Desires, Right & Wrong: The Ethics of Enough (1991)
  • A Second Look in the Rearview Mirror: Further Autobiographical Reflections of a Philosopher At Large (1992)
  • The Great Ideas: A Lexicon of Western Thought (1992)
  • Natural Theology, Chance, and God (The Great Ideas Today, 1992)
  • The Four Dimensions of Philosophy: Metaphysical–Moral–Objective–Categorical (1993)
  • Art, the Arts, and the Great Ideas (1994)
  • Philosophical Dictionary: 125 Key Terms for the Philosopher's Lexicon, Touchstone, 1995 .
  • How to Think About The Great Ideas (2000) ISBN 0-8126-9412-0
  • How to Prove There is a God (2011) ISBN 978-0-8126-9689-9

Anthologies, collections and surveys editado por Adler[editar | editar código-fonte]

  • Scholasticism and Politics (1940)
  • Great Books of the Western World (1952, 52 volumes), 2o. edição 1990, 60 volumes
  • A Syntopicon: An Index to The Great Ideas (1952, 2 volumes), 2o. edição 1990
  • The Great Ideas Today (1961–77, 17 volumes), com Robert Hutchins, 1978–99, 21 volumes
  • The Negro in American History (1969, 3 volumes), com Charles Van Doren
  • Gateway to the Great Books (1963, 10 volumes), com Robert Hutchins
  • The Annals of America (1968, 21 volumes)
  • Propædia: Outline of Knowledge and Guide to The New Encyclopædia Britannica 15th Edition (1974, 30 volumes)
  • Great Treasury of Western Thought (1977, com Charles Van Doren) ISBN 0412449900

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Adler». www.thegreatideas.org. Consultado em 29 de setembro de 2019 
  2. What Man Has Made of Man, Archive, OCLC 807118494 .
  3. Mortimer J. Adler (6 de julho de 1940), «How to Mark a Book», The Saturday Review of Literature: 11-12, consultado em 23 de março de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Mortimer Adler