Mesquita dos Cafariotas – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mesquita dos Cafariotas
Kefeli Camii
Mesquita dos Cafariotas
Lado sul da mesquita
Nomes alternativos Kefeli Mescidi
Tipo Mesquita
Estilo dominante Bizantino e Otomano
Função inicial Igreja
Religião Cristianismo ortodoxo (séc. IX (?)–1475)
Catolicismo romano e armênio (1475–1630)
Islamismo (1630–atual)
Geografia
País  Turquia
Cidade Istambul
Localidade Distrito de Fatih
Coordenadas 41° 1' 46" N 28° 56' 30" E
Mesquita dos Cafariotas está localizado em: Istambul
Mesquita dos Cafariotas
Localização da Mesquita dos Cafariotas em Istambul
A mesquita em um desenho de 1877

A mesquita dos Cafariotas (em turco: Kefeli Camii; assim nomeado em honra aos habitantes de Cafa na Crimeia), também chamada Pequena Mesquita dos Cafariotas (em turco: Kefeli Mescidi; mescit é turco para pequena mesquita) é uma antiga igreja ortodoxa oriental em Istambul, Turquia, mais tarde conjuntamente oficiada por católicos romanos e armênios e finalmente convertida em uma mesquita pelos otomanos. A igreja católica foi dedicada a São Nicolau. Sua data de consagração como Igreja Ortodoxa é desconhecida. A mesquita é interessante porque repropõe a forma precoce da basílica cristã durante o período bizantino final.[1]

Localização[editar | editar código-fonte]

O edifício encontra-se em Istambul, no distrito de Fatih, na bairro de Salmatomruk, em Kasap Sokak, mais ou menos a meio caminho entre o Museu de Chora e a Mesquita de Fethiye.

História[editar | editar código-fonte]

A origem deste edifício, que localiza-se no sopé da sexta colina de Constantinopla, é incerta. A tradição afirma que no século IX Manuel, o Armênio, um general das guerras contra os sarracenos durante o reinado do imperador Teófilo (r. 829–842), converteu sua casa, que ficava próxima da cisterna de Áspar, em mosteiro;[2] Manuel era tio da imperatriz Teodora e antes de se retirar para seu mosteiro foi um dos três conselheiros que ajudaram-na na regência do infante Miguel III, o Ébrio, após a morte de seu marido.[3][4][5] O mosteiro foi reconstruído pelo patriarca Fócio, e foi restaurado novamente pelo usurpador Romano I Lecapeno (r. 920–944). O imperador Miguel VII Ducas (r. 1071–1078), ao ser deposto, partiu para o mosteiro.[6] Todos estes eventos mostram a importância deste mosteiro em Constantinopla. De qualquer forma, a atribuição do edifício ao complexo fundado por Manuel está longe de ser certo, e tem sido negado pela pesquisa mais recente.[1]

A história documentada do atual edifício começa em 1475, logo após a Queda de Constantinopla, quando os otomanos conquistaram a colônia genovesa de Cafa, na Crimeia. Todos os habitantes latinos, gregos e judeus que viviam em Cafa ("cafariotas" ou, em turco, "Kefeli") foram então deportados para Istambul e realojados neste quarteirão. Os latinos, principalmente genoveses, foram autorizados a usar este edifício como uma igreja junto com os armênios.[1] A igreja, dedicada a São Nicolau, foi oficiada pelos dominicanos e mantida por quatro famílias católicas. Armênios e católicos tinham altares separados. Este pequena igreja dependia da vizinha igreja católica de Santa Maria, que mais tarde tornou-se a Mesquita de Odalar. Em 1630, sob o reinado de Murade IV (r. 1623–1640), a igreja foi convertida em uma pequena mesquita (mescit) pelo grão-vizir Recebe Paxá, mas manteve a denominação, sendo primeiro conhecida como Kefe Mahalle e depois como Kefeli Mescidi. Em troca, os armênios obtiveram uma igreja grega em Balat.[7]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

A datação do edifício é incerta. A abside poligonal e os nichos na abside são típicos das igreja do período paleólogo. O edifício é arquitetonicamente interessante porque é um exemplo de re-proposição da forma da basílica cristã precoce durante o final do período bizantino.[1] O edifício é um grande salão, de 22,6 metros de comprimento por 7,22 de largura, orientado na direção norte-sul, o que é bastante incomum entre as igrejas bizantinas em Constantinopla. Sua alvenaria consiste de camadas alternadas de tijolos e pedras. O edifício original tinha uma planta de três naves, mas os únicos restos das naves laterais pertencem à parede final ocidental. Do lado norte há um arco e uma abside semicircular feita de tijolos, que fora tem um formato poligonal. Nas paredes da abside há dois nichos. A principal nave lateral tem paredes que são iluminadas por duas faixas de janelas. As janelas inferiores são muito mais largas que as superiores. A entrada está situada no meio da parede ocidental. Sob o lado ocidental há uma cisterna, cujo telhado assenta em três colunas.[8]

Referências

  1. a b c d Mathews 1976, p. 190.
  2. van Millingen 1912, p. 254.
  3. Guilland 1967, p. 437.
  4. van Millingen 1912, p. 255–256.
  5. Winkelmann 2000, p. 138.
  6. Van Millingen 1912, p. 257.
  7. Müller-Wiener 1977, p. 166.
  8. Van Millingen 1912, p. 258.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Guilland, Rodolphe (1967). Recherches sur les Institutions Byzantines, Tome I. Berlim: Akademie-Verlag 
  • Mathews, Thomas F. (1976). The Byzantine Churches of Istanbul: A Photographic Survey. University Park: Pennsylvania State University Press. ISBN 0-271-01210-2 
  • Müller-Wiener, Wolfgang (1977). Bildlexikon Zur Topographie Istanbuls: Byzantion, Konstantinupolis, Istanbul Bis Zum Beginn D. 17 Jh. Tubinga: Wasmuth. ISBN 978-3-8030-1022-3 
  • van Millingen, Alexander (1912). Byzantine Churches of Constantinople. Londres: MacMillan & Company 
  • Winkelmann, Friedhelm; Ralph-Johannes Lilie; Claudia Ludwig; Thomas Pratsch; Ilse Rochow; Beate Zielke (2000). «Manuel (#4707)». Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit: I. Abteilung (641–867), 3. Band: Leon (#4271) – Placentius (#6265) (em alemão). Berlim, Alemanha e Nova Iorque, EUA: Walter de Gruyter. pp. 136–141. ISBN 978-3-11-016673-6 
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