Maria de Jesus de Bragança – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pretendente
Maria de Jesus de Bragança
Reivindicação
Título(s) Infanta de Portugal¹
País Portugal
Período circa 1834 - 1903
Último monarca D. Manuel II de Portugal
Dados pessoais
Nome completo D. Maria de Jesus de Bragança e Bourbon
Nascimento Entre 1833 e 1837
Santarém Portugal Portugal
Morte 3 de fevereiro de 1903 (66 anos)
Ajuda, Lisboa Portugal Portugal
Cônjuge 1.º – D. Silverio Rodriguez
2.º – D. Tomás José Fletcher de Melo Homem
Descendência Maria Justina Micaela Tomásia José de Jesus de Melo (1874-1962)
Casa Casa de Bragança
Pai D. Miguel I de Portugal
Mãe Identidade desconhecida (uma senhora de condição humilde nascida em Santarém)
Notas ¹ O rei D. Miguel I ao pretender afirmar os seus direitos dinásticos perdidos pela Constituição Monárquica de 1838 semi-legitimou esta filha e permitiu-lhe a reivindicação do estatuto de Infanta de Portugal.
² No dia 5 de outubro de 1910 deu-se a implantação da República Portuguesa.

Maria de Jesus de Bragança (de seu nome completo: Maria de Jesus de Bragança e Bourbon; Santarém, entre 1833 e 1837Ajuda, Lisboa, 3 de fevereiro de 1903) foi a segunda filha natural do rei D. Miguel I de Portugal e resultante da relação do monarca com uma senhora de origens humildes residente em Santarém. Esta filha, que nasceu no período final do reinado de seu pai, foi semi-legitimada pelo monarca com a concessão dos apelidos da realeza para efeitos de registo de baptismo e de reconhecimento da sua paternidade.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

D. Maria de Jesus de Bragança e Bourbon nasceu em Santarém entre os anos de 1833 e 1837, filha natural do rei D. Miguel I de Portugal, então ainda solteiro, e de uma senhora de origens e condição humildes, e identidade desconhecida, com quem o monarca manteve uma relação durante o último ano que antecedeu a sua partida para o exílio na Alemanha.[2]

Em virtude da mãe de D. Maria de Jesus de Bragança não pertencer à nobreza portuguesa, esta filha não gozou do mesmo reconhecimento público que D. Maria Assunção de Bragança, a primeira filha natural do monarca; todavia, o rei conferiu-lhe, tal como o fizera à sua primeira filha, o direito ao uso dos apelidos da realeza para efeitos de registo de baptismo e de reconhecimento da sua paternidade.[3] Pelo facto desta filha ter nascido antes da aplicação da Lei do Banimento que, após as guerras liberais, obrigaram ao exílio o rei e os seus descendentes, e somando os factos desta filha natural ter nascido em plena vigência do reinado do pai e de ter sido reconhecida pelo próprio, a mesma também reivindicou direitos de sucessão ao trono de Portugal.

Tanto D. Maria de Jesus de Bragança como a sua meia-irmã D. Maria da Assunção de Bragança reivindicaram direitos de sucessão (embora estes tenham sido ocultados devido aos interesses pessoais da restante filiação de D. Miguel nascida no exílio) e ambas casaram e deixaram descendência.

Casamentos e descendência[editar | editar código-fonte]

D. Maria de Jesus de Bragança teve um primeiro casamento com D. Silverio Rodriguez, que faleceu em Havana, na República de Cuba, e do qual não resultou descendência.

A 20 de setembro de 1873, em Lisboa, na Igreja Paroquial de Santa Isabel, contraiu o segundo casamento com D. Tomás José Fletcher de Melo Homem (Encarnação, Lisboa, 23 de fevereiro de 1836 - Socorro, Lisboa, 3 de outubro de 1905), do qual resultou o nascimento de uma filha, D. Maria Justina Micaela Tomásia José de Jesus de Melo (Socorro, Lisboa, 23 de julho de 1874 – Sanatório do Hospital da Real Beneficência, Petrópolis, Brasil, 1962) e de mais dois filhos. Utilizou no acto do matrimónio e no próprio registo o nome de «Maria Rosa Tell de Mondedeu da Silva», possivelmente para se ocultar, apesar de, ao assinar, referir a sua verdadeira identidade: "D. Maria de Jesus de Bragança e Bourbon, viúva de D. Silverio Rodriguez, com o nome de D. Maria Rosa Tell de Mondedeu da Silva".

Esta filha, baptizada um ano após o seu nascimento, foi declarada no registo como neta materna de «D. Miguel de Bragança e avó incógnita».[4] Maria Justina casou-se a 22 de junho de 1890, na Igreja de Santa Justa, em Lisboa, com João Ferrão de Sequeira Barreto (Encarnação, Lisboa, 7 de abril de 1862Santa Isabel, Lisboa, 8 de março de 1892), e de quem teve um filho de seu nome D. João de Melo de Sequeira Barreto (nascido a 21 de setembro de 1891) e que deu continuidade à descendência da família. Teve também outro filho, de pai incógnito, durante a sua estadia no Brasil, de seu nome D. Tomás de Melo (Rio de Janeiro, Brasil, 11 de agosto de 1906Paço de Arcos, Oeiras, 7 de janeiro de 1990).

Morte[editar | editar código-fonte]

D. Maria de Jesus de Bragança e Melo morreu na Calçada da Tapada, número 166, primeiro andar, da freguesia da Ajuda (Lisboa), onde residia. Foi sepultada em jazigo particular no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Possivelmente D. Maria de Jesus e seu marido já se encontrassem separados à data de seu falecimento. Tomás José de Melo casaria novamente passado um ano e quatro meses, em 5 de junho de 1904, com D. Emília da Costa Carneiro, solteira, com quem vivia, que se encontrava gravemente doente, senhora de quem teria tido uma filha ilegítima, Angélica, nascida em 20 de fevereiro de 1879, baptizada como filha de pai incógnito na freguesia da Encarnação, que legitimou neste acto.

Referências

  1. Thomson 2014, Appendix 2: The Descendants of Dom Miguel.
  2. SILVA, António de Mattos e; SOUSA LARA, António de; MATOS, Lourenço Correia de; Uma filha natural do Rei D. Miguel, ascendente do pintor Thomaz de Mello. Lisboa: Tabardo, n.º 4, (2008). Págs. 23-28
  3. THOMSON, Ron B.; The Concession of Évora Monte: The Failure of Liberalism in Nineteenth-Century Portugal. Lexington Books (September 11, 2014). 186 pp.
  4. LENCASTRE, Isabel; Bastardos Reais - Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal. Lisboa: Oficina do Livro, 2012. Págs. 199-200.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SILVA, António de Mattos e; SOUSA LARA, António de; MATOS, Lourenço Correia de; Uma filha natural do Rei D. Miguel, ascendente do pintor Thomaz de Mello. Lisboa: Tabardo, n.º 4, (2008). Págs. 23-28
  • ZUQUETE, Afonso Eduardo Martins; Nobreza de Portugal e do Brasil. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1960. Tomo II, pág. 47
  • PIMENTEL, Alberto; A Última Corte do Absolutismo. Lisboa: Livraria Férin, 1893. Pág. 290
  • Dom Miguel, ses aventures scandaleuses, ses crimes, et son usurpation.... HardPress Publishing (reedição de 2013).
  • RIBEIRO, Thomaz; D. Miguel: A sua realeza e o seu empréstimo Outrequin & Jauge; Estudo crítico, histórico e jurídico. Kessinger Publishing, LLC (reedição de 2010).
  • THOMSON, Ron B.; The Concession of Évora Monte: The Failure of Liberalism in Nineteenth-Century Portugal. Lexington Books (September 11, 2014). 186 pp.
  • LENCASTRE, Isabel; Bastardos Reais - Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal. Lisboa: Oficina do Livro, 2012. Págs. 193-200

Ver também[editar | editar código-fonte]