Maria Teresa de Bragança, arquiduquesa da Áustria – Wikipédia, a enciclopédia livre

Maria Teresa
Arquiduquesa da Áustria
Maria Teresa de Bragança, arquiduquesa da Áustria
Princesa Imperial Consorte da Áustria
Reinado 30 de janeiro de 1889
a 19 de maio de 1896
Antecessor(a) Estefânia da Bélgica
Sucessor(a) Zita de Parma
 
Nascimento 24 de agosto de 1855
  Castelo de Löwenstein, Kleinheubach, Alemanha
Morte 12 de fevereiro de 1944 (88 anos)
  Viena, Áustria
Sepultado em Cripta Imperial de Viena, Áustria
Nome completo  
Maria Teresa da Imaculada Conceição Fernanda Eulália Leopoldina Adelaide Isabel Carolina Micaela Rafaela Gabriela Francisca de Assis de Paula Gonzaga Inês Sofia Bartolomeu dos Anjos de Bragança
Cônjuge Carlos Luís da Áustria
Descendência Maria Anunciata da Áustria
Isabel Amália da Áustria
Casa Bragança (por nascimento)
Habsburgo-Lorena (por casamento)
Pai Miguel I de Portugal
Mãe Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg
Religião Católica
Assinatura Assinatura de Maria Teresa

Maria Teresa de Bragança (Kleinheubach, 24 de agosto de 1855Viena, 12 de fevereiro de 1944), foi a segunda filha do deposto rei Miguel I de portugal, esposa do arquiduque Carlos Luís da Áustria, e cunhada dos imperadores Francisco José I da Áustria e Maximiliano I do México, também meia-avó do último imperador da Áustria, Carlos I.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Família[editar | editar código-fonte]

Maria Teresa de Bragança foi a terceira filha do, então, já ex-infante D. Miguel de Portugal e da princesa Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg[1]. Seu pai tornou-se rei de Portugal em 1828, quando depôs sua sobrinha, a rainha D. Maria II de Portugal. Ele reinou até 1834, sendo deposto e exilado após sua derrota nas Guerras Liberais e por meio da assinatura da Convenção de Évoramonte. Maria Teresa de Bragança tinha apenas onze anos de idade quando seu pai faleceu. Sua mãe educou-a ensinando-lhe a lavar suas próprias roupas e a cuidar de seus irmãos menores.

Casamento[editar | editar código-fonte]

Maria Teresa com o seu marido o arquiduque Carlos Luís da Áustria.

Descrita como uma das mais belas mulheres da Europa, Maria Teresa foi a terceira esposa do arquiduque Carlos Luís da Áustria, filho de Francisco Carlos da Áustria e de Sofia da Baviera e irmão do imperador Francisco José I. A cerimônia de casamento realizou-se em Kleinheubach, em 23 de julho de 1873. A união não foi feliz, pois Maria Teresa de Bragança sofria constante assédio moral por parte do marido [2]. Além das duas filhas, a arquiduquesa também cuidou de seus enteados - filhos da segunda esposa de Carlos Luís, a princesa Maria Anunciata de Bourbon-Duas Sicílias, falecida em 1871 - Francisco Fernando [3], Otto, Fernando Carlos e Margarida.

Maria Teresa de Bragança passou a ter considerável influência na corte austríaca quando a imperatriz "Sissi" retirou-se da cena social de Viena, após a misteriosa morte de seu único filho, o príncipe-herdeiro Rodolfo, em janeiro de 1889. Maria Teresa de Bragança ocupou o lugar da cunhada, participando com o imperador de recepções e cerimônias oficiais no Palácio de Hofburg até a morte de seu marido, em 1896, quando a etiqueta da corte determinou que ela se retirasse dos eventos sociais [2].

Viuvez[editar | editar código-fonte]

O Colar de Diamantes de Napoleão, em exposição no Instituto Smithsoniano, em Washington, D.C..

A arquiduquesa permaneceu como figura influente nos bastidores da corte mesmo após a morte do seu marido, a tal ponto que, quando surgiram rumores de que ela estaria prestes a casar-se com o mordomo-mor de sua casa, o conde Cavriani, ninguém ousou dizer uma palavra contra ela. No final, comprovou-se que os rumores eram falsos [2]. Durante sua viuvez, ela passou os meses de inverno em Viena e os meses de verão no Castelo Reichstadt na Boêmia [2].

Maria Teresa de Bragança incentivou e apoiou seu enteado Francisco Fernando em sua determinação de se casar com a condessa Sofia Chotek contra a vontade de sua família [2]. Ela viajou até um convento em Praga para buscar Sofia e a hospedou em sua própria casa, intercedendo por ela junto ao imperador Francisco José I. Quando a união foi finalmente autorizada, Maria Teresa organizou todos os preparativos para o casamento, insistindo que a cerimônia ocorresse em sua capela privada [2].

A arquiduquesa em seus últimos anos.

Ela manteve-se próxima a Francisco Fernando e Sofia até o assassinato de ambos em Sarajevo, em 28 de junho de 1914, sendo a responsável por noticiar aos pequenos Sofia, Maximiliano e Ernesto sobre a morte trágica dos pais. Ela também conseguiu garantir a segurança financeira das crianças depois de dizer ao imperador que, se ele não concedesse aos órfãos uma renda anual, ela renunciaria à sua pensão em favor deles (pois a maior parte das propriedades de Francisco Fernando foram herdadas por seu sobrinho, o arquiduque Carlos) [2].

Francisco José morreu em 21 de novembro de 1916, deixando o trono para seu sobrinho, o arquiduque Carlos, filho do arquiduque Otto Francisco, que tornou-se imperador da Áustria (como Carlos I), rei da Hungria (como Carlos IV) e rei da Boêmia (como Carlos III). Ele iria reinar até novembro de 1918, quando o Império Austro-Húngaro desmoronou, após sua derrota na Primeira Guerra Mundial. Maria Teresa de Bragança acompanhou Carlos e sua esposa Zita (filha de sua irmã, Maria Antónia) para o exílio na ilha da Madeira, mas acabou por regressar a Viena, onde passou o resto de sua vida.

Em 1929, após um declínio em suas finanças, Maria Teresa de Bragança contratou dois agentes para vender nos Estados Unidos o Colar de Diamantes de Napoleão, uma peça herdada de seu marido. Após uma série de tentativas fracassadas de venda, a dupla finalmente vendeu o colar por US$ 60.000, com a ajuda do sobrinho-neto de Maria Teresa de Bragança, o arquiduque Leopoldo, que exigiu cerca de 90% do valor da venda a título de "despesas". Maria Teresa recorreu aos tribunais americanos, conseguindo recuperar o colar [4]. O incidente terminou com a prisão de seu sobrinho-neto, e a fuga dos dois agentes [4].

Morte[editar | editar código-fonte]

Maria Teresa de Bragança morreu em Viena, em 12 de fevereiro de 1944, aos 88 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na Cripta Imperial de Viena, na Áustria[5].

Títulos e honrarias[editar | editar código-fonte]

  • 23 de julho de 1873 – 12 de fervereiro de 1944: Sua Alteza Imperial e Real, a Arquiduquesa e Princesa Imperial Maria Teresa da Áustria, Princesa Real da Hungria e Boêmia

Descendência[editar | editar código-fonte]

Nome Nascimento Morte Notas
Maria Anunciata 31 de julho de 1876 8 de abril de 1961 abadessa do convento teresiano de Hradschin, Praga.
Isabel Amália 7 de julho de 1878 13 de março de 1960 casada (1903) com o príncipe Alois de Liechtenstein, com descendência.

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Almanach de Gotha. Justus Perthes, 179th edition, 1942, p. 37
  2. a b c d e f g Radziwill, Catherine: The Austrian Court From Within. Cassell and Company, 1916.
  3. Francisco Fernando tornou-se Príncipe-Herdeiro do trono austro-húngaro em 1889, após a morte de seu primo, o arquiduque Rodolfo. O assassinato de Francisco Fernando em 1914, em Sarajevo, seria o estopim da Primeira Guerra Mundial.
  4. a b Gaillou, Eloïse; Post, Jeffrey; "An Examination of the Napoleon Diamond Necklace", Gems and Gemology (Winter 2007), p. 353.
  5. Braganza, in: Royalty Guide

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Friedrich Weissensteiner, Franz Ferdinand - Der verhinderte Herrscher, Öst.Bundesverlag, Copyr.1983, S.58-63

Ver também[editar | editar código-fonte]