Manuel Vitorino – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura o município da Bahia, veja Manoel Vitorino.
Manuel Vitorino
Manuel Vitorino
2.º Vice-presidente do Brasil
Período 15 de novembro de 1894
a 15 de novembro de 1898
Presidente Prudente de Morais
Antecessor(a) Floriano Peixoto
Sucessor(a) Rosa e Silva
Presidente em exercício do Brasil
Período 10 de novembro de 1896
a 3 de março de 1897
Antecessor(a) Prudente de Morais
Sucessor(a) Prudente de Morais
Senador pela Bahia
Período 25 de agosto de 1892
a 15 de novembro de 1894
2.º Presidente da Bahia
Período 23 de novembro de 1889
a 26 de abril de 1890
Antecessor(a) Virgílio Damásio
Sucessor(a) Hermes Ernesto da Fonseca
Dados pessoais
Nome completo Manuel Vitorino Pereira
Nascimento 30 de janeiro de 1853
Salvador, Bahia, Brasil
Morte 9 de novembro de 1902 (49 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal, Brasil
Progenitores Mãe: Carolina Maria Franco
Pai: Vitorino José Pereira
Alma mater Faculdade de Medicina da Bahia
Cônjuge Maria Amélia da Silva Lima (1881–1902)
Filhos(as) 8
Partido Liberal (1876–1889)
PRF (1889–1902)
Profissão Médico

Manuel Vitorino Pereira[1] (Salvador, 30 de janeiro de 1853Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1902) foi um político brasileiro e 2.º vice-presidente do Brasil, durante o governo de Prudente de Morais. Durante a licença do titular, foi presidente interino por quase quatro meses.[2]

Manuel Vitorino era filho do português Vitorino José Pereira e de Carolina Maria Franco Pereira. O pai era marceneiro e Manuel teve uma infância muito pobre. Foi médico e escritor na imprensa baiana. Foi presidente do estado da Bahia e também senador federal. Foi presidente interino do Brasil entre 1896-1897 quando Prudente de Morais afastou-se por motivos de saúde. Foi então o único baiano a assumir a presidência da república do Brasil.

Durante sua interinidade na presidência da república, transferiu a sede do governo, do Palácio Itamaraty para o Palácio do Catete que ele adquirira.

Governo da Bahia[editar | editar código-fonte]

Foi o segundo governador do estado da Bahia no período Republicano. Seu nome foi o primeiro cogitado para ocupar o cargo de governador, mas declinou por não ser um republicano histórico e, ainda, por recusar-se a tomar posse em um quartel. Indicou, então, seu colega, Virgílio Damásio, que efetivamente ocupou o cargo, num primeiro momento - por apenas cinco dias. Por instâncias de Rui Barbosa, entretanto, aquiesce e revê sua decisão.

Assumiu Manuel Vitorino o governo do estado, a 23 de novembro de 1889, na Câmara Municipal de Salvador. Tinha a pretensão de fazer uma administração inovadora, voltada para o incremento da educação. Sendo ele professor da Faculdade de Medicina, e ex-diretor do Liceu de Artes e Ofícios, tinha ali empreendido uma reforma no sistema de ensino.

Objetivando melhorar a instrução pública, nomeou uma Comissão da qual era o próprio presidente, e formada por grandes nomes do ensino, então, no estado: Ernesto Carneiro Ribeiro, Sátiro Dias, Virgílio Clímaco Damásio (que o precedera no cargo e ocupava a vice-governadoria), dentre outros.

No plano político, dissolveu os Partidos Conservador e Liberal - remanescentes do Império, buscando assim promover a conciliação. Criou a Milícia Civil.

A reforma do ensino[editar | editar código-fonte]

O Palácio do Catete foi adquirido por Manuel Vitorino, quando o mesmo ocupou a Presidência da República.

Grandioso era o projeto de Manuel Vitorino: criava-se uma caixa para financiamento dos altos custos que a educação requeria, tanto no plano estadual como no dos municípios. Regulamentava o alistamento escolar, o ensino de higiene, etc. - medidas que seriam implementadas tomando-se por base dados concretos obtidos do censo escolar que determinara.

Tamanhas modificações encontraram forte oposição e, aliado a outras questões de disputa pelo poder, foi o governador nomeado afastado do cargo a 26 de abril de 1890, sendo nomeado em seu lugar o irmão mais velho do Marechal Deodoro, Hermes Ernesto da Fonseca, que no brevíssimo tempo que governou teve como principais atos desfazer as reformas empreendidas por Vitorino.

Na Presidência da República[editar | editar código-fonte]

Na condição de vice-presidente, acumulou a presidência do Senado, conforme estabelecia a Constituição da época. Em 1896, Manuel Vitorino assume interinamente o cargo de Presidente da República, quando Prudente de Morais se licencia do cargo por quatro meses por motivo de doença. Ligado aos partidários de Floriano Peixoto, os chamados jacobinos, Manuel Vitorino não mantinha boa relação com o presidente afastado, Prudente de Morais. Pôs em prática suas próprias idéias e interesses políticos. Comprou o Palácio do Catete para abrigar a sede da Presidência.[4]

Uma vez no exercício do cargo, Vitorino entra em atrito com Maurício de Abreu, governador do estado do Rio de Janeiro. Vitorino interveio nas eleições federais na cidade de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, buscando fortalecer a liderança local de Nilo Peçanha e enfraquecer o grupo politico de José Tomás da Porciúncula do qual fazia parte Maurício de Abreu. Diante do fato o Partido Republicano Fluminense, prejudicado, rompe relações com o governo de Vitorino; Alberto Torres, membro do partido, se demite do Ministério da Justiça por considerar esta interferência um insulto.[5] Com o retorno de Prudente à presidência as relações entre os governos federal e estadual se normalizam.[6]

Por solicitação do governador da Bahia, Luís Viana, Vitorino enviou para combater o movimento da Guerra de Canudos uma terceira expedição federal, sob o comando do coronel Moreira César. Esta expedição, mais adiante, se revelou um desastre, com a trágica morte do coronel e uma negativa repercussão nacional que atingiu o Exército Brasileiro e o governo federal.[4]

Em 4 de março de 1897, sem qualquer aviso, Prudente de Morais apresentou-se para reassumir o cargo. Retornando à condição de vice-presidente, Manuel Vitorino aliou-se à oposição.[4]

O atentado a Prudente de Morais[editar | editar código-fonte]

A carreira política de Manuel Vitorino sofreu um grave abalo quando do atentado sofrido por Prudente de Morais. Em 5 de novembro de 1897 Prudente de Morais foi recepcionar os militares vitoriosos em Canudos; acabou sendo alvo de um atentado contra a sua vida. O soldado Marcelino Bispo de Melo não conseguiu atingir o presidente, mas acabou matando, a punhaladas, o marechal Carlos Machado Bittencourt, ministro da Guerra. [4]

O vice-presidente Manuel Vitorino foi indiciado no inquérito sobre o atentado, acusado de envolvimento no ato criminoso. Respondeu com um Manifesto em que proclamava inocência. Seu nome não foi incluído no despacho final do processo, mas sua carreira política arruinou-se. Findo o mandato, passou a atuar no jornalismo, publicando críticas ao novo presidente Campos Sales, sucessor de Prudente de Morais, no jornal Correio da Manhã.[4]

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

Manuel Vitorino publicou várias obras, a maioria no campo da medicina. Entre elas, destacam-se:

  • Moléstias parasitárias mais frequentes nos climas tropicais
  • Alcoóis poliatômicos
  • Saneamento do Rio de Janeiro
  • Instituto Benjamin Constant
  • Higiene das escolas e a filária de Medicina para a América pelas negras africanas

Cronologia sumária[editar | editar código-fonte]

Presidente Manoel Victorino em seu leito de morte (Eliseu Visconti, 1902).

Homenagem póstuma[editar | editar código-fonte]

Em 1962, sessenta anos após a sua morte, um município do Centro-Sul Baiano foi emancipado e recebeu o seu nome: Manoel Vitorino.

Referências

  1. Pela grafia arcaica, Manoel Victorino Pereira.
  2. «Manuel Vitorino Pereira». UOL - Educação. Consultado em 1 de março de 2012 
  3. CALMON, Pedro, História do Brasil - A República e o Desenvolvimento Nacional. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio: 1959, Vol. 6.
  4. a b c d e Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil; Silvia Noronha Sarmento. «Dicionário da Elite Política Republicana (1889-1930), verbete: Manuel Vitorino» (PDF). Fundação Getulio Vargas. Consultado em 8 de dezembro de 2017 
  5. Francisco de Vasconcellos. «Ha cem anos Alberto Torres chegava ao governo fluminense». Instituto Histórico de Petrópolis. Consultado em 8 de dezembro de 2017 [ligação inativa]
  6. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil; Raimundo Helio Lopes. «Dicionário da Elite Política Republicana (1889-1930), verbete: Maurício de Abreu» (PDF). Fundação Getulio Vargas. Consultado em 8 de dezembro de 2017 

Precedido por
Virgílio Damásio
2.º Presidente da Bahia
18891890
Sucedido por
Hermes Ernesto da Fonseca
Precedido por
Floriano Peixoto
2.º Vice-presidente do Brasil
18941898
Sucedido por
Rosa e Silva
Precedido por
Prudente de Morais
Presidente em exercício do Brasil
18961897
Sucedido por
Prudente de Morais
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