Mangueira (Rio de Janeiro) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mangueira
  Bairro do Brasil  
Morro da Mangueira.
Morro da Mangueira.
Morro da Mangueira.
Localização
Distrito Centro e Centro Histórico
Município Rio de Janeiro
História
Criado em 23 de agosto de 1985
Características geográficas
Área total 79,81 ha (em 2003)
População total 17,835 (em 2 010)[1] hab.
 • IDH 0,800[2](em 2000)
Outras informações
Domicílios 5.634 (em 2010)
Limites Benfica, São Cristóvão, Maracanã,
Vila Isabel e São Francisco Xavier[3]
Subprefeitura Centro e Centro Histórico

Mangueira é um bairro da Zona Norte do município do Rio de Janeiro.[4] É administrado pela subprefeitura do Centro e Centro Histórico e pela Região VII - Grande Bairro Imperial, uma das cinco regiões a compor a subprefeitura do Centro e Centro Histórico com a qual possui uma estação de trem. Seu grande atrativo é escola de samba Estação Primeira de Mangueira e Quinta da Boa vista.

Faz limite com Bairro Imperial de São Cristóvão e Benfica; além de Maracanã, Vila Isabel e São Francisco Xavier na Zona Norte[3]. Seu IDH, no ano 2000, era de 0,800, o 94º melhor do município do Rio de Janeiro, sendo analisado junto com o bairro de São Francisco Xavier.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Vista áerea da Mangueira.

A favela surgiu a partir de alguns barracos nas terras do Visconde de Niterói. Desde 11 de maio de 1852, quando se inaugurou nas proximidades da Quinta da Boa Vista o primeiro telégrafo aéreo do Brasil, a elevação vizinha da Quinta era conhecida como Morro dos Telégrafos. Pouco depois, foi instalada ali perto uma indústria com o nome de Fábrica de Fernandes Braga, que produzia chapéus e que, em pouco tempo, passou a ser conhecida como "fábrica das mangueiras", já que a região era uma das principais produtoras de mangas do Rio de Janeiro. Não demorou muito para que a Fábrica de Fernandes Braga mudasse para Fábrica de Chapéus Mangueira. O novo nome era tão forte que a Estrada de Ferro Central do Brasil batizou de Mangueira a estação de trem inaugurada em 1889. A elevação ao lado da linha férrea também começou a ser chamada de Mangueira, enquanto o antigo nome de Telégrafos permaneceu para identificar apenas uma parte do morro. Atualmente, Telégrafos, Pindura Saia, Santo Antônio, Chalé, Faria, Buraco Quente, Curva da Cobra, Candelária e outros são pequenos núcleos populacionais que formam o complexo do Morro de Mangueira.

O Visconde de Niterói, que recebeu o morro de presente do Imperador D. Pedro II já era falecido quando os primeiros moradores instalaram os seus barracões, e outros, mais espertos, construíam moradias para alugar, como foi o caso do português Tomás Martins, padrinho do futuro compositor e poeta Carlos Cachaça, que aos oito anos de idade vivia no morro, e aponta o padrinho como o verdadeiro fundador do Morro de Mangueira, por ter sido o primeiro a explorá-lo como local de moradia. Aos dez anos, Carlos Cachaça tinha a incumbência de assinar os recibos dos aluguéis, já que o português Tomás Martins era analfabeto.

Em 1908, a prefeitura carioca decidiu reformar a Quinta da Boa Vista e, para isso, demoliu dezenas de casinhas ali construídas por soldados que serviam no 9° Regimento de Cavalaria. Com a permissão de carregar os restos da demolição para onde bem entendessem, os militares escolheram instalar-se no Morro de Mangueira. Outro fato que serviu para aumentar a população da área foi o incêndio que, em 1916, destruiu inúmeros casebres do Morro de Santo Antônio, no centro da cidade. Surgia assim em Mangueira uma comunidade de gente pobre, constituída quase que na totalidade por negros, filhos e netos de escravos, inteiramente identificada com as manifestações culturais e religiosas que caracterizavam esse segmento social e racial.

Do Natal ao Dia de Reis, em 6 de janeiro, conjuntos de pastores e pastorinhas percorriam o morro entoando as suas cantorias. Os católicos construíram uma capela a Nossa Senhora da Glória, que passou a ser a padroeira do morro. O Candomblé e a Umbanda tinham muitos adeptos, e alguns casebres serviam de templos, sendo o principal deles o de Tia Fé, (Benedita de Oliveira), uma mineira (segundo Carlos Cachaça) ou baiana (segundo o neto Sinhozinho, presidente da Estação Primeira na década de 70), que trajava diariamente de baiana, e em cuja casa realizavam-se as grandes festas de Mangueira. Em 1935, houve uma tentativa de descendentes do Visconde de Niterói de despejar os moradores do morro, mas estes foram socorridos pelo prefeito Pedro Ernesto.

Uma nova tentativa, em 1964, feita por um português de sobrenome Pinheiro, que dizia ter adquirido os bens da família Saião Lobato, esbarrou num decreto do governador Carlos Lacerda, desapropriando todo o Morro de Mangueira.

Em 1910, Tia Fé cria o rancho carnavalesco Pérolas do Egito. Entre blocos, ranchos e cordões, outras agremiações surgem depois, tais como Guerreiros da Montanha, Trunfos da Mangueira e Príncipe das Matas. Em 1926, a Mangueira já era um reduto de sambistas, representados no concurso na casa de Zé Espinguela, em 1929, pelo então bloco Estação Primeira. A partir daí sua história se confunde com a história do Carnaval, e de sua mais popular agremiação carnavalesca, a Estação Primeira.

Vila Olímpica da Mangueira

Formado por grandes sambistas do Bloco dos Arengueiros, tais como Cartola, Carlos Cachaça, Zé Espinguela e Saturnino Gonçalves, entre outros, estes abandonaram a ideia deste bloco para em 1928 criar o Estação Primeira, que mais tarde se tornaria a atual escola de samba.

Também existiu na década de 30 a escola Unidos de Mangueira, porém não durou muitos anos.

Com o crescimento do mundo do samba, a Estação Primeira de Mangueira trouxe melhorias e um certo prestígio a comunidade, obtendo apoio governamental e de empresas para oferecer cursos e opções de esportes e lazer à população local. A identidade do morro e da escola com o tempo se misturaram, a ponto de a Supervia ter pintado a bandeira verde e rosa da agremiação na estação de trem. Em 03 de Novembro de 2011 a comunidade passou a ser atendida pela 18° Unidade de Polícia Pacificadora.

Delimitação geográfica[editar | editar código-fonte]

Delimitação do bairro Mangueira, Código 011, segundo o Decreto número 5.280 de 23 de agosto de 1985.

"Do entroncamento da Rua Abdon Milanez com a Rua Ana Néri; por esta (excluída, excluindo a Praça Guilherme Guinle), atravessando a Rua Visconde de Niterói, até o Ramal Leopoldina RFFSA; pelo leito deste (incluindo o trecho da Rua Santos Melo sobre a Estrada de Ferro e o Viaduto da Mangueira); e pelo Ramal Principal da RFFSA, passando pela Estação de Mangueira (incluída, incluindo a passarela ao lado da Estação) até a Avenida Bartolomeu de Gusmão; por esta (incluída) e pelos limites das áreas sob jurisdição Militar e da Quinta da Boa Vista, ao final da Rua Sinimbu (excluída); daí, em linha reta perpendicular à Rua Sinimbu, até a Rua São Luiz Gonzaga; por esta (excluída) até a Rua Chantecler, por esta (excluída) até seu final, e daí, até o final da Rua Vigário Morato; por esta (excluída) até a Rua Abdon Milanez; por esta (excluída) ao ponto de partida."

Televisão e cinema[editar | editar código-fonte]

Foi cenário para o quinto episódio da série As Cariocas, A Internauta da Mangueira. Esta foi escrita por Euclydes Marinho e dirigida por Daniel Filho. A série foi exibida pela Rede Globo a partir de 19 de outubro de 2010, às terças-Feiras às 23h.

O filme O Assalto ao Trem Pagador, de 1962, teve parte de suas cenas filmadas no morro, sendo este o núcleo do personagem Tião Medonho e seus comparsas.

E também foi locação pras gravações da Telenovela Guerra sem Fim, da extinta Rede Manchete

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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