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Luigi Pareyson
Luigi Pareyson
Nascimento 4 de fevereiro de 1918
Piasco
Morte 8 de setembro de 1991 (73 anos)
Rapallo, Milão
Cidadania Itália, Reino de Itália
Alma mater
Ocupação historiador de arte, político, filósofo, professor universitário
Empregador(a) Universidade de Turim, Universidade de Pavia
Religião catolicismo

Luigi Pareyson (Piasco, 4 de fevereiro de 1918Milão, 18 de setembro de 1991) foi um filósofo italiano do século XX.

Vida[editar | editar código-fonte]

Desde muito cedo, Pareyson demonstrou grande inclinação para a reflexão e escrita filosófica. Concluiu sua licenciatura em 1939 na Universidade de Turim, sob orientação de Augusto Guzzo, com a tese "Karl Jaspers e a Filosofia da Existência".

Ao longo da sua vida, destacou-se também por sua atividade política. Participou na resistência antifascista italiana e integrou o Partito d'Azione.

Lecionou na Universidade de Turim e na Universidade Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina.

Alguns de seus alunos se tornaram famosos, como Gianni Vattimo, Umberto Eco e Mario Perniola.

Obra[editar | editar código-fonte]

A obra de Pareyson está ligada à Filosofia da Existência, à Hermenêutica, à Filosofia da Religião e à Estética. Foi também um importante crítico do Idealismo Alemão (Fichte, 1950; Schelling, 1975).

Desde cedo, sua atenção voltou-se para os problemas da Filosofia da Existência, especialmente a de inspiração alemã, dedicando-se particularmente a avaliar as consequências da queda do sistema hegeliano tal como foi conduzida por Kierkegaard, acentuando o papel e o lugar da pessoa no seio da existência, o que inclui um vínculo essencial com a divindade.

A reflexão de Pareyson esforça-se por não desembocar nem no pessimismo, comumente associado ao existencialismo, nem tão pouco em um optimismo. Estas são apenas categorias psicológicas que encobrem o fundo e as implicações ontológicas da situação de cada homem no mundo. Por isso, o próprio Pareyson categorizou a fase inicial do seu pensamento como um "existencialismo personalista" ou "personalismo ontológico".

Hermenêutica[editar | editar código-fonte]

Muito importante ao longo de todo o seu percurso é o lugar da Hermenêutica. Para Pareyson, a única forma de entrar em contacto com a verdade é através da interpretação. Mas esta sua hermenêutica não é concebida como método particular de leitura de textos. Ela é, antes de mais, uma abordagem da pessoa à própria existência, o que implica uma alteração da experiência humana, levando-a aos domínios de uma experiência religiosa. Só no interior da experiência religiosa, segundo Pareyson, é possível proceder a uma investigação acerca da incomensurabilidade da existência e, aí sim, também através da interpretação do texto, especialmente do texto do mito. É assim que se chega àquilo que Pareyson chama de "ontologia do inexaurível".

Entendida desta forma, a hermenêutica envolve a totalidade da pessoa no momento da interpretação. Pareyson chama "pensamento trágico" ao modo como o ser humano toma um contacto profundo com a sua realidade existencial, ou seja, com a sua situação no mundo. O domínio cultural e textual no qual melhor se expressa a verdadeira natureza da existência e do homem é, segundo ele, o cristianismo. Por esta razão é possível considerar Pareyson um filósofo cristão e principalmente porque o seu pensamento obriga a repensar o próprio cristianismo.

Estética e Filosofia da Arte[editar | editar código-fonte]

Também as suas idéias estéticas se desenvolvem a partir da Hermenêutica e do conceito de interpretação. Segundo Pareyson, a obra de arte é um objecto "em construção", já que desde o seu início, mesmo antes de tomar forma física e existindo apenas enquanto vontade "informe" de criação, ela já entra em um processo interpretativo por parte do artista. Essa interpretação continua em todos os estágios da sua existência e da sua permanência no mundo, defronte a cada ser humano que entre em contacto com a obra. A obra define-se exatamente nessa presença em face a uma interpretação. Quando a obra não é pensada, relacionada, discutida, ela deixa de ser obra. Assim, Pareyson define a sua Estética como um "teoria da formatividade". A obra está em permanente "formação".

Ontologia da Liberdade - mal e sofrimento[editar | editar código-fonte]

A Ontologia da Liberdade constitui a maturidade filosófica plena de Pareyson e é também o título do seu magnum opus, publicado postumamente.

Pareyson procede a uma reflexão acerca da liberdade, pensando-a não como uma faculdade humana, mas como aquilo que está "no coração da realidade". O próprio ser é o resultado de uma escolha perante duas possibilidades: o ser ou o não-ser. A decisão é feita por um acto de dádiva divina, mas não como se um ser demiúrgico se colocasse defronte a uma alternativa e decidisse: é a simultaneidade da escolha com a alternativa que define Deus e que auto-origina a existência:

" A liberdade é o acto da escolha que é a escolha de um acto".

Como consequência, Deus e toda a realidade têm na sua origem não só o ser como também o nada, não só o positivo como também o negativo. E é essa negatividade que a humanidade, através de um acto de liberdade, reavivou provocando a queda do paraíso e da eternidade, "manchando" a criação com a história temporal, onde todos estamos e onde tanto o mal como o bem (negatividade e positividade) coexistem numa luta indefinida.

As ideias de criação, pecado, queda, eternidade, mal e sofrimento são retiradas dos contos bíblicos, onde Pareyson encontra o aparelho simbólico que melhor expressa a condição da existência.

Selecção das principais obras[editar | editar código-fonte]

  • La filosofia dell'esistenza e Karl Jaspers (1940), Casale Monferrato, 1983.
  • Studi sull'esistenzialismo, Firenze, 1943.
  • Esistenza e persona, Genova, (1950),(1960), 1966.
  • L'estetica dell'idealismo tedesco, Torino, 1950.
  • Estetica. Teoria della formatività, Milano, 1954, 1988. (nuova ed.)
  • Conversazioni di estetica, Milano, 1966.
  • Verità e interpretazione, Milano, 1971.
  • Schelling, Milano, 1975.
  • Essere, Libertà, Ambiguità, Milano, 1998.
  • Ontologia della Libertà, Torino, (1995), 2000.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]