Luís de Portugal, Duque de Beja – Wikipédia, a enciclopédia livre

Luís de Portugal
Duque de Beja
Luís de Portugal, Duque de Beja
Pintura de Luís de Portugal, localizado na Casa Pia Pina Manique Biblioteca, originalmente na parte do Mosteiro de Belém na coleção dos retratos reais.
Nascimento 3 de março de 1506
  Reino de Portugal Abrantes
Morte 27 de novembro de 1555 (49 anos)
  Reino de Portugal Lisboa
Cônjuge Violante Gomes
Descendência António de Portugal

Beatriz Mendes

Casa Casa de Avis
Pai Manuel I de Portugal
Mãe Maria de Aragão
Religião Catolicismo romano

Luís de Portugal (Abrantes, 3 de março de 1506Lisboa, 27 de novembro de 1555). Filho do rei Manuel I de Portugal e da infanta espanhola Maria de Aragão, foi 5.º Duque de Beja, 5.º Senhor de Moura, 9.º Condestável de Portugal e Prior da Ordem Militar de S. João de Jerusalém, com sede portuguesa no Crato.[1]

Irmão de D. João III, sobre o infante D. Luís diz-se que só faltou ser rei, dadas as suas qualidades.

Além de um exímio militar, era conhecido por ser um cortesão exemplar, cuja etiqueta e comportamento deveriam ser imitados[2].

Esteve, durante algum tempo, noivo da rainha Maria I de Inglaterra.

Foi, também, considerado para assumir o trono do Reino da Polónia e do Grão Ducado da Lituânia.

Educação[editar | editar código-fonte]

Deu em criança provas de grande inteligência, e teve como professor Pedro Nunes, com quem aprendeu Filosofia, Aritmética, Geometria e Astronomia, e que lhe dedicou várias obras, dirigindo-se a ele da seguinte forma:

“E duvidando muito comigo, se dirigiria isto a Vossa Alteza a matéria da obra me convidou a fazer: que pois V. A. tem tanto primor na Cosmografia, e na parte instrumental, e tem tão alto e tão claro entendimento e imaginação, que pode facilmente inventar muitas coisas que os antigos ignoraram, parece que de direito lhe pertencia: de outra parte punha-me grande receio de ser a Obra tão pequena e não haver nela coisa que a V. A. seja nova.” in Memórias históricas sobre alguns matemáticos portugueses, de António Ribeiro dos Santos[3]

Participação na Conquista de Tunis[editar | editar código-fonte]

O Infante Dom Luís enquanto Condestável de Portugal comandou o contingente português que o Imperador Carlos V usou aquando da Conquista de Tunis. Quando Carlos V solicitou apoio naval a Portugal, referiu especificamente o galeão Botafogo, que Dom Luís comandou. Foi o esporão do Botafogo que conseguiu quebrar as correntes em La Goleta, que defendiam a entrada do porto, permitindo, então, à armada cristã que atingisse e conquistasse a cidade de Tunes.

O galeão portuguez chamado S. João Baptista, em que o imperador de Alemanha, e rei de Hespanha Carlos V foi com seu cunhado o nosso infante Dom Luiz, chamado Delicias de Portugal, á conquista de Tunes contra o famoso corsario Heredim Barba-Rôxa, não só é celebrado por ser o maior navio, que nos mares da Europa opprimiram as ondas, pois jogava 366 peças de bronze, e sendo redondo continha 600 mosqueteiros, 400 soldados de espada e rodella, e 300 artilheiros; mas tambem é famoso pelo talhamar, ou serra grande de aço finissimo, que tinha na próa, para romper a cadea de Goleta; o que se não poude conseguir da primeira vez, mas sim da segunda, em que o infante Dom Luiz mandou ao piloto, que se fizesse ao mar com volta mais larga, e dadas as velas todas ao vento [prevenção que faltara na primeira] investiu a cadeia com impulso tão furioso, e vehemente, que a fez em pedaços, levantando uma grande serra de agua. Entrou o galeão pelo rio, como pelo corro o cavalleiro depois d’uma boa sorte, e começou a lançar tanta immensidade de raios sobre as fortificações dos infieis, que daqui lhe veio o nome, que o vulgo repete [ainda hoje em dia], chamando-lhe o galeão botafogo. Com elle, sem duvida, se facilitou, e conseguiu a conquista da Goleta, que se afigurava inexpugnavel, no dia 13 de Julho do anno de 1535. (Revista Panorama, 1841, Volume 5, pág. 384) [4]

Paternidade real de D. António[editar | editar código-fonte]

Brasão pessoal do infante D. Luís, 5º Duque de Beja.

Dom Luís afirmou ter casado em segredo em Évora com Violante Gomes, a Pelicana (Torre de Moncorvo, c. 1510 - Almoster, 16 de julho de 1568), filha de Pedro Gomes, de Évora, e de sua mulher, tendo um filho, D. António, Prior do Crato, o que garante a Legitimidade de D. António, que não é socialmente aceite, e que mais tarde viria a ser aclamado rei de Portugal e lutado contra o domínio filipino.

Paternidade de Beatriz Mendes[editar | editar código-fonte]

Beatriz Mendes de Góis e Vasconcelos, ou na caligrafia da época "Brites Mendes", filha de Luís de Portugal com uma Dama da Corte, Joana de Goés Vasconcelos[5]. Beatriz foi dada como órfã, fazendo Bartolomeu Rodrigues assumir por obrigação a paternidade. Assim ela não fez parte da realeza portuguesa.

Hoje historiadores e genealogistas consideram Luís de Portugal o pai de Beatriz Mendes. Um dos mais importantes pesquisadores do período da ocupação neerlandesa em Pernambuco, Evaldo Cabral de Mello, considera que Beatriz é: filha natural de algum fidalgo da corte, talvez do próprio Dom Luís, solteirão impenitente, cujo camareiro se tenha prestado à ficção, então comum, de passar por pai da bastarda.[6]

Beatriz Mendes migrou para o Brasil, então período colonial e casou-se com Arnau de Holanda que era sobrinho-neto do Papa Adriano VI[7], ela desempenhou o serviço de Senhora de engenho no estado brasileiro de Pernambuco, Beatriz morreu em 19 de dezembro de 1620 em torno de 90 anos.

Precedido por
Manuel I

5.º Duque de Beja

1506-1555
Sucedido por
extinto e incorporado na Coroa
(recriado mais tarde em favor de
D. Pedro, filho segundo de D. João IV)
Precedido por
João III

Príncipe herdeiro de Portugal

1521-1526
Sucedido por
Afonso, Príncipe de Portugal
Precedido por
Afonso, Príncipe de Portugal

Príncipe herdeiro de Portugal

1526-1527
Sucedido por
Maria Manuela
Precedido por
Afonso de Viseu
Condestável de Portugal
? - 1555
Sucedido por
Duarte I de Guimarães
Precedido por
João Coelho
Prior do Crato
? - 1555
Sucedido por
António I
Realeza Portuguesa
Casa de Avis
Descendência
Ícone de esboço Este artigo sobre História de Portugal é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.

Referências

  1. PINHO, António Brandão de (2017). A Cruz da Ordem de Malta nos Brasões Autárquicos Portugueses. Lisboa: Chiado Editora. 426 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2017 
  2. O Último Avisː D. Antônio, antonismo e a crise dinástica portuguesa (1580-1640), por Carlos Jokubauskas Coral, Universidade de S. Paulo, Brasil, 2010
  3. Portugal. Dicionário Histórico.
  4. «Portentos da Marinha». Panorama. Vol. 5. 384 páginas. 1841 
  5. Borges, José William Ribeiro; Sousa, Antonio Roniel Marques de; Lobato, Elen Priscila de Souza; Lima, Jefferson Alan da Silva; Fonseca, Wellington da Silva (2020). «Indústria 4.0: Aplicação experimental em motor de indução monofásico». Editora Poisson. Consultado em 14 de setembro de 2022 
  6. Mello, Evaldo Cabral de (2009). O nome e o sangue : uma parabola genealógica no Pernambuco colonial. São Paulo, SP: Companhia de Bolso. OCLC 959341616 
  7. «Família Holanda». familiaholandabr.blogspot.com. Consultado em 10 de outubro de 2022 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • José Miguel João de, Vida do Infante D. Luiz, Lisboa 1735