Lauro Müller – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Lauro Müller
Lauro Müller
Presidente de Santa Catarina
Período 1º: 2 de dezembro de 1889 até 29 de junho de 1890
2º: 10 de novembro de 1891 até 28 de dezembro de 1891
3º: 28 de setembro de 1902 até 6 de março de 1905
4º: Renunciou no dia da posse
Antecessor(a) Junta governativa catarinense de 1889
Felipe Schmidt
Felipe Schmidt
Sucessor(a) Gustavo Richard
Vidal Ramos
Hercílio Luz
Vice-governador de Santa Catarina
Período 1º: 28 de outubro de 1914 até 20 de junho de 1915
2º: 11 de agosto de 1915 até 8 de outubro de 1916
3º: 28 de setembro de 1918 até 24 de abril de 1920
Ministro das Relações Exteriores do Brasil
Período 14 de fevereiro de 1912 até 7 de maio de 1917
Antecessor(a) Eneias Martins (interino)
Sucessor(a) Nilo Procópio Peçanha
Ministro dos Transportes do Brasil
Período 15 de novembro de 1902 até 15 de novembro de 1906
Antecessor(a) Antônio Augusto da Silva
Sucessor(a) Miguel Calmon du Pin e Almeida
Dados pessoais
Nome completo Lauro Severiano Müller
Nascimento 8 de novembro de 1863
Itajaí
Morte 30 de julho de 1926 (62 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Ana Maria Michels Müller
Pai: Peter Müller
Prêmio(s) Doutor Honoris Causa pela Universidade de Harvard
Esposa Luiza Henriqueta Ferreira de Andrade
Filhos(as) Laura Müller (12/2/1894)
Lauro Müller (3/4/1896)
Antônio Pedro de Andrade Müller (30/5/1898)
Profissão engenheiro, militar e diplomata
Assinatura Assinatura de Lauro Müller
Serviço militar
Lealdade Império do Brasil
Primeira República Brasileira
Serviço/ramo Exército Imperial Brasileiro
Exército Brasileiro
Anos de serviço 1882-1926
Graduação General de divisão
Constituição brasileira de 1891, página da assinatura de Lauro Müller (última assinatura). Acervo Arquivo Nacional

Lauro Severiano Müller (Vila de Itajaí, Província de Santa Catarina, 8 de novembro de 1863Rio de Janeiro, Guanabara, 30 de julho de 1926) foi um militar, engenheiro, político e diplomata brasileiro.

Antepassados[editar | editar código-fonte]

A família Müller fazia parte do primeiro contingente de imigrantes alemães que se fixou na colônia de São Pedro de Alcântara em 1829. O avô, Johann, de origem camponesa, recebeu um lote colonial, explorado por ele e seus filhos menores; portanto, Lauro Müller era filho de um colono. Mas seu pai, Peter, abandonou a atividade agrícola para trabalhar como embarcadiço nos barcos que faziam a linha Desterro (Florianópolis) - Itajaí. A mãe, Anna Michells, era filha de outro colono da primeira leva de imigrantes, que havia se retirado para Itajaí, onde abriu uma casa comercial. Após seu casamento, Peter Müller mudou-se para Itajaí, onde também ingressou, com o irmão, na atividade comercial — escolha lógica para estabelecer uma casa comercial, pois era o lugar para onde convergia a maior parte da produção agrícola e manufatureira do Vale do Itajaí.[1]

Juventude[editar | editar código-fonte]

Sua educação foi ministrada pelo professor público Justino José da Silva. Depois frequentou a escola alemã de Itajaí e mais tarde foi aluno do professor alemão Bruno Scharn, em Blumenau,[2] onde morou com seus tios Gertrud Müller e Bernhard Händchen.[3]

Com 14 anos incompletos o pai quis fazê-lo agrimensor, mas ele preferiu seguir para o Rio de Janeiro por causa da presença ali de um tio, onde se empregou numa casa de ferragens na Rua do Teatro. Convivia com os livros nas horas de lazer. Seu tio Leopoldo Riegel, notando-lhe o gosto pelo estudo, matriculou-o no Liceu de Humanidade de Niterói.

Carreira militar[editar | editar código-fonte]

Em 28 de fevereiro de 1882 matriculou-se na Escola Militar da Praia Vermelha. Estudou engenharia e formou-se alferes em 1885. Foi sucessivamente promovido a segundo-tenente em 1889, primeiro-tenente em 1890, major em 1900, tenente-coronel em 1906, coronel em 1912, general de brigada em 1914 e general de divisão em 1921.

Vida familiar[editar | editar código-fonte]

Casou-se em 11 de maio de 1893 com Luiza Henriqueta Ferreira de Andrade, carioca, filha de Antônio Pedro de Andrade (português da Ilha da Madeira). Tiveram três filhos: Laura, nascida em 12 de fevereiro de 1894; Lauro, nascido em 3 de abril de 1896 e Antônio Pedro, nascido em 30 de maio de 1898.[4]

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Benjamin Constant e a República[editar | editar código-fonte]

Promovido a tenente engenheiro militar em 1889, entrou na Escola Superior de Guerra, aderindo então às ideias republicanas de um dos seus professores, Benjamin Constant. Servia como ajudante-de-ordens do marechal Deodoro da Fonseca por ocasião da Proclamação da República,[5] e por indicação de Constant foi nomeado governador provisório da província transformada em Estado de Santa Catarina.

Sua administração, embora curta, foi extremamente hábil e proveitosa. Não demitiu ninguém e, sem traumatismos, fez adaptarem-se ao novo regime todos os serviços públicos.[2]

Maçonaria[editar | editar código-fonte]

Em 14 de março de 1888, é iniciado maçom na Loja Maçônica Grande Oriente do Brasil onde o movimento republicano era muito forte.[6]

Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]

Renunciou ao mandato de governador de Santa Catarina para a 24 de agosto de 1890 retornar ao Rio de Janeiro a fim de assumir o cargo de deputado da Assembleia Nacional Constituinte. Foi ele quem na sessão de 22 de dezembro de 1890 da Câmara Federal apresentou uma indicação, subscrita por 80 deputados, para a inclusão da mudança da Capital Federal para o Planalto Central, onde o governo mandaria demarcar 400 léguas quadradas para o Distrito Federal.

Cumpriu três mandatos de deputado federal, de 1891 a 1899, e outros cinco de senador, até 1923.

Revolução Federalista[editar | editar código-fonte]

Em 10 de novembro de1891 reassumiu o governo de Santa Catarina onde já atuavam as forças que resultarão na Revolução Federalista. Teve que renunciar ainda no mesmo mês, em 28 de novembro de 1891. Na realidade estava sendo deposto pelos federalistas em potencial, e teve de se ocultar, a fim de não sofrer violências. Em 1893, no auge da revolução, combateu à mesma junto com Hercílio Luz e Felipe Schmidt. Retomada a capital de Santa Catarina, em 17 de abril de 1893, pelas forças legais da república, inaugurou o governo republicano em Santa Catarina tomando os rumos de sua política até falecer.[5]

Lauro Müller nos Estados Unidos

Ministério[editar | editar código-fonte]

Em 1902, na presidência de Rodrigues Alves, assumiu o cargo de Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas. Tornou-se popular por algumas obras, como a construção da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, e os melhoramentos do porto do Rio de Janeiro.

Chanceler[editar | editar código-fonte]

De 1913 a 1917, na presidência de Hermes da Fonseca e depois de Venceslau Brás, foi ministro das Relações Exteriores onde defendeu a integração das nações sul-americanas e mais tarde, a neutralidade brasileira durante a Primeira Guerra Mundial. Pressionado pela imprensa alertando contra o "perigo alemão" e os discursos inflamados de Rui Barbosa, foi obrigado a renunciar por causa de suas origens germânicas.[7]

Quando ocupando a posição de Chanceler recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Harvard.

Academia Brasileira de Letras[editar | editar código-fonte]

Em 1917, sua popularidade como homem público e orador emérito, e o reconhecimento como homem de cultura lhe propiciaram a eleição para a vaga como membro da Academia Brasileira de Letras com a morte do acadêmico Barão do Rio Branco.

Hercílio Luz[editar | editar código-fonte]

Em 1918, voltaria a se eleger governador de Santa Catarina, dentro da composição política para manter as forças republicanas no estado. Sendo eleito pelo voto direto, no entanto, renunciou, possibilitando a ascensão de Hercílio Luz como governador, já que o mesmo era seu adversário no próprio partido e a segunda maior força política catarinense. Fez-se constar em ata que Lauro Müller não assumiu porque deixou de prestar juramento ao cargo por não haver comparecido.

Voltou ao senado até 1923.

Faleceu no Rio de Janeiro a 30 de julho de 1926. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista, em Botafogo, zona sul da capital fluminense.[8]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • A Liga de Defesa Nacional;
  • Os ideais republicanos (1912);
  • Saudação a Hélio Lobo (1919).

Referências

  1. OBERACKER JR., Carlos H. 1968. A Contribuição Teuta à Formação da Nação Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Presença.
  2. a b D’AVILA, Edison. Pequena História de Itajaí. Fundação Genésio Miranda Lins, 1981.
  3. KRUG, Norberto Karsten (2015). Crônicas da família Karsten. Jaraguá do Sul/SC: Editora Avenida. p. 192. ISBN 9788578532017 
  4. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Lauro Müller – Biografia. Patrimônio Histórico e Museológico de Blumenau.
  5. a b SEYFERTH, Giralda. Monografia: Etnicidade, Política e Ascensão Social: Um Exemplo Teuto-brasileiro. UFRJ, 1999.
  6. BURITY, Elvandro. Maçons do Passado. Rio de Janeiro, RJ. 2009.
  7. GOMES, Angela Maria de Castro. Histórias de Imigrantes e de Imigração no Rio de Janeiro. Ed. 7Letras, 2000.
  8. http://concessionariariopax.com.br/project/cemiterio-sao-joao-batista/

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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