Lúcio Licínio Varrão Murena – Wikipédia, a enciclopédia livre

Lúcio Licínio Varrão Murena
Morte 22 a.C.
Roma
Nacionalidade
Império Romano
Ocupação Oficial
Principais trabalhos
Religião Politeísmo romano

Lúcio Licínio Varrão Murena (em latim: Lucius Licinius Varro Murena; m. 22 a.C.) foi um político romano que foi acusado de conspirar contra o imperador Augusto (r. 27 a.C.14 d.C.). Inicialmente um legado na Síria em 24−23 a.C., participou, em 22 a.C., do julgamento de Marco Primo, o antigo procônsul da Macedônia, defendendo-o. Após Marco ser considerado culpado, em algum momento antes de 1 de setembro do mesmo ano, Murena foi acusado de participar duma conspiração contra o imperador, o que lhe custou a vida.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Augusto com a coroa cívica,
na. Gliptoteca de Munique

Originário de Lanúvio,[1] Murena foi o filho natural de Lúcio Licínio Murena, que foi cônsul em 62 a.C..[2] Foi adotado por Aulo Terêncio Varrão, cujo nome apropriou-se.[3] Sua irmã adotiva, Terência, casou-se com Caio Cílnio Mecenas, o proeminente conselheiro e amigo de Augusto e patrono das artes,[4] enquanto seu irmão adotivo, Aulo Terêncio Varrão Murena,[5] foi cônsul designado pelo ano 23 a.C..[6]

O primeiro posto atribuído a ele durante sua carreira foi o de legado na Síria entre 24−23 a.C.,[7] quando foi substituído por Marco Vipsânio Agripa.[8] Em 22 a.C., Murena estava de volta em Roma, quando foi chamado para defender Marco Primo, o antigo procônsul da Macedônia, contra as acusações de guerrear com o Reino Odrísio da Trácia, cujo rei foi um aliado romano, sem aprovação prévia do senado.[9] Murena contou à corte que seu cliente havia recebido instruções específicas do imperador Augusto para que atacasse o Estado cliente.[10] Mais tarde, Primo testemunhou que as ordens vieram do então adoentado Marcelo, o herdeiro aparente de Augusto.[11]

A situação era tão séria, que o imperador apareceu para o julgamento, mesmo sem ter sido chamado como testemunha. Sob juramente, declarou que não teria dado tal ordem, porém Murena, desacreditando o testemunho de Augusto e ressentindo sua tentativa de subverter o julgamento pelo uso de sua auctoritas (autoridade), rudemente exigiu saber por quê o príncipe veio sem ser chamado; Augusto respondeu-o que veio em interesse público.[12][11][10] Embora Primo foi considerado culpado, alguns jurados votaram que era inocente, talvez desacreditando as palavras de Augusto.[9][13]

Em algum momento antes de 1 de setembro de 22 a.C., um certo Castrício forneceu a Augusto informações sobre uma conspiração liderada por Fânio Cépio contra o príncipe.[14][15] Murena esta entre os conspiradores. Sendo informado das acusações por sua irmão Terência, que por conseguinte havia sido notificada por seu marido Murenas, Murena aparentemente fugiu. Um tribunal é convocado em sua ausência, com Tibério agindo como procurador (prosecutor). O juri considerou Murena, junto com outros acusados, culpado, embora o veredito não tenha sido unânime.[9] Sentenciado à morte por traição, Murena foi executado logo após ser capturado sem mesmo dar testemunho em sua defesa.[16][17]

Referências

  1. Syme 1939, p. 94.
  2. Woodman 2004, p. 271.
  3. Smith 1873, Murena.
  4. Dião Cássio século III, 54.3.
  5. Ando 2000, p. 140.
  6. Swan 1967, p. 240.
  7. Syme 1939, p. 330.
  8. Syme 1939, p. 397.
  9. a b c Wells 2004, p. 53.
  10. a b Southern 1998, p. 108.
  11. a b Holland 2005, p. 300.
  12. Syme 1939, p. 333.
  13. Raaflaub 1993, p. 426.
  14. Swan 1967, p. 241.
  15. Syme 1939, p. 483.
  16. Holland 2005, p. 301.
  17. Davies 2010, p. 260.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ando, Clifford (2000). Imperial ideology and provincial loyalty in the Roman Empire. [S.l.]: University of California Press 
  • Davies, Mark; Swain, Hilary; Davies, Mark Everson (2010). Aspects of Roman history, 82 BC-AD 14: a source-based approach. [S.l.]: Taylor & Francis e-Library 
  • Holland, Richard (2005). Augustus, Godfather of Europe. [S.l.]: Sutton Publishing 
  • Raaflaub, Kurt A.; Toher, Mark (1993). Between republic and empire: interpretations of Augustus and his principate. [S.l.]: University of California Press 
  • Smith, William (1873). Dictionary of Greek and Roman Antiquities. [S.l.: s.n.] 
  • Southern, Pat (1998). Augustus. [S.l.]: Routledge 
  • Syme, Ronald (1939). The Roman Revolution. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-280320-4 
  • Swan, Michael (1967). «The Consular Fasti of 23 B.C. and the Conspiracy of Varro Murena». Harvard University Press. Harvard Studies in Classical Philology. 71 
  • Wells, Colin Michael (2004). The Roman Empire. [S.l.]: Harvard University Press 
  • Woodman, A. J. (2004). Velleius Paterculus: The Caesarian and Augustan Narrative (2.41-93). [S.l.]: Cambridge University Press