Língua friulana – Wikipédia, a enciclopédia livre

Friulano

furlan

Falado(a) em: Itália
Região: Friuli-Venezia Giulia
Total de falantes: 600.000
Família: Indo-europeia
 Itálica
  Românica
   Ítalo-ocidental
    Ocidental
     Galo-ibérica
      Galo-romance
       Galo-rética
        Rética
         Friulano
Estatuto oficial
Língua oficial de: Oficialmente reconhecida na Itália (Lei 482/1999)
Regulado por: Osservatori Regjonâl de Lenghe e de Culture Furlanis
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: fur
ISO 639-3: fur

A língua friulana é um idioma da família linguística reto-românica falado na região do Friul-Veneza Júlia, na Itália.

História[editar | editar código-fonte]

A língua friulana (furlan) possui literatura florescente desde o século XVI e a comunicação entre as variedades dialetais é compreensível.

As primeiras evidências do friulano, que remonta ao século XIV, são exercícios de tradução do latim e procedem da escola de Cividale. Também de Cividale, ainda que do final do século XIV, procedem os primeiros textos poéticos, duas canções marcadas pela tradição da lírica cortesã provençal. Talvez a mais antiga seja a lírica Piruç myó doç inculurit, escrita no anverso de uma ata datada de 14 de abril de 1380, provavelmente pela mesma mão que escreveu a ata. A primeira estrofe diz:

Piruç myó doç inculurit

quant yo chi vyot dut stoy ardit,

Per vo mi ven tant ardiment

e sì furç soy di grant vigor

ch'io no crot fa dipartiment

mai del to doç lial amor

per manaço ni per timor

çi chu nul si metto a strit.

Piruç myo doç…

Sinal de trânsito em italiano e friulano

Outro documento dos finais do século XIV é uma canção no dialeto das planícies entre Udine e Isonzo, na qual uma moça (dumlo, do latim domn(u)la, dominola, diminutivo de domina) relata, em forma de diálogo, seu amor com um rapaz (infant, do latim infante(m) ). Começa assim:

E la fuor del nuestri chiamp

Spes jo me chiat un biel infant…

(“E ali, fora de nosso campo

frequentemente me encontro com um belo rapaz…”)

O uso literário do dialeto começa no século XVI, quando Udine se converteu no principal centro cultural e promoveu sua língua vernácula convertendo-a no modelo da língua literária.

Há uma comunidade de falantes friulanos que vive na Romênia na região do delta do Danúbio desde o século XIX. Como a relação com outras variedades do reto-romance é fraca, muitos lingüistas negam essa conexão e o situam entre os dialetos do vêneto.

Dados[editar | editar código-fonte]

Atualmente falam friulano um pouco mais de 700 mil pessoas em sua região natal. Quase todos conhecem também a língua italiana, assim como o vêneto, nas cidades e na parte ocidental desta região. De acordo com estudos de 1988, o uso do friulano não se reduz exclusivamente ao âmbito familiar (55% utilizam unicamente o friulano, enquanto 18% o alterna com o italiano) e a grupos de amigos (46% e 28% respectivamente), como também em outra situações (47% utilizam apenas o italiano, 22% só o friulano e 31% ambas as línguas).

Fora das fronteiras italianas, existem comunidades de língua friulana na Romênia, Austrália, Estados Unidos e África do Sul, totalizando cerca de 300.000 falantes. O Brasil recebeu imigração italiana, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde é possível encontrar falantes desta língua.

Dialetos[editar | editar código-fonte]

Podem-se identificar três sub-variedades, mesmo todas compartilhando as mesmas características lingüísticas:

  • Friulano central, a variedade mais difundida, usada na região que inclui a capital, Udine.
  • Friulano ocidental, a oeste do rio Tagliamento, a variante mais inovadora, devido ao seu contato tão próximo com o veneziano.
  • Friulano cárnico, a variante mais conservadora, localizada na região setentrional (alpina) de Friuli.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Paola Benincà, Laura Vanelli, Linguistica friulana, Unipress, Padova, 2005.
  • Franc Fari (cur.), Manuâl di lenghistiche furlane, Forum, Udine, 2005.
  • Giuseppe Francescato, Dialettologia friulana, Società Filologica Friulana, Udine, 1966.
  • Giovanni Frau, I dialetti del Friuli, Società Filologica Friulana, Udine, 1984.
  • Sabine Heinemann, Studi di linguistica friulana, Società Filologica Friulana, Udine, 2007.
  • Carla Marcato, Friuli-Venezia Giulia, Laterza, Roma - Bari, 2001.
  • Piera Rizzolati, Elementi di linguistica friulana, Società Filologica Friulana, Udine, 1981.
  • Paolo Roseano, La pronuncia del friulano standard: proposte, problemi, prospettive, Ce Fastu?, LXXXVI (2010), n. 1, p. 7-34.
  • Federico Vicario (cur.), Lezioni di lingua e cultura friulana, Società Filologica Friulana, Udine, 2005.
  • Federico Vicario, Lezioni di linguistica friulana, Forum, Udine, 2005.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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