Língua aragonesa – Wikipédia, a enciclopédia livre

Aragonês

Aragonés

Falado(a) em: Espanha
Região: Pirenéus aragoneses
Total de falantes: 25.500 (2011)[1]
Família: Indo-europeia
 Itálica
  Românica
   Ítalo-ocidental
    Galo-Ibérica
     Occitano-Românica ou Ibero-românica
      Aragonês
Escrita: Alfabeto latino
Estatuto oficial
Língua oficial de: Aragão (Espanha)
Regulado por: Academia de l'Aragonés
Códigos de língua
ISO 639-1: an
ISO 639-2: arg (ex roa)

O aragonês (aragonés) é uma língua românica falada na Península Ibérica por mais de dez mil pessoas nos vales do rio Aragão, e nas comarcas de Sobrarbe e Ribagorza, na província de Huesca, em Aragão, em Espanha. É conhecido coloquialmente por fabla (literalmente, "fala"). É a única língua moderna que sobreviveu do navarro-aragonês medieval em uma forma distintamente diferente do espanhol.

História[editar | editar código-fonte]

O aragonês nasceu por volta do século VIII como um dos muitos dialetos do latim desenvolvidos nos Pirenéus sobre um forte substrato de tipo basco. O reino de Aragão (formado pelos condados de Aragão, Sobrarbe e Ribagorza) expandiu-se progressivamente das montanhas para o sul, empurrando os mouros mais para o sul e aumentando a área de uso da língua aragonesa.

A união do Reino de Aragão sob o mesmo rei significou a união de territórios linguisticamente heterogéneos, com o catalão falado na região oriental e o aragonês na ocidental. As duas línguas estenderam-se para os novos territórios conquistados aos mouros: as Ilhas Baleares e o novo reino de Valência. A reconquista aragonesa para o sul terminou no reino de Múrcia, que foi cedido por Jaime I de Aragão, o conquistador, ao Reino de Castela, como dote duma princesa aragonesa.

A expansão do castelhano (ou espanhol), como uma das línguas dominantes da Península, junto com o fato do aragonês ter sido escudo protetor do catalão ante o castelhano, significou a recessão do aragonês.

Mapa cronológico mostrando o desenvolvimento das línguas do sudoeste da Europa entre as quais o aragonês.

Um dos momentos chaves na história do aragonês foi quando um rei de origem castelhana foi coroado no século XV: Fernando I de Aragão, (também conhecido como Fernando de Antequera).

A união de Aragão e Castela e a progressiva suspensão de toda a capacidade de autogoverno no século XVIII significou a redução do aragonês, que ainda se falava extensamente num emprego rural e coloquial, quando a nobreza elegeu o espanhol como símbolo de poder. A supressão do aragonês foi mais intensa durante o regime do ditador Francisco Franco no século XX. Os professores castigavam os alunos por empregarem o aragonês e a legislação proibiu que no ensino fosse usada qualquer outra língua que não fosse o castelhano.

A transição espanhola em 1978 significou um incremento no número de trabalhos literários e estudos na língua aragonesa. Todavia, este renascimento pode ser tarde demais para a sobrevivência desta língua.

Situação atual[editar | editar código-fonte]

O aragonês é ainda falado como língua materna no seu núcleo original, as montanhas aragonesas dos Pirenéus, nos locais do Velho Aragão, Somontano, Sobrarbe e Ribagorça.

As cidades principais onde ainda se podem achar falantes patrimoniais do aragonês são: Huesca, Barbastro, Saragoça, Ejea, e Teruel. Segundo alguns questionários de princípios da década de 1980, o número total de falantes não supera os 30.000, fazendo que o aragonês seja uma das línguas europeias com maior perigo de extinção.

Desde a década de 1970, publica-se mais do que nunca literatura em aragonês, com alguma cinquentena de autores.

Peculiaridades linguísticas[editar | editar código-fonte]

Alguns rasgos históricos do aragonês são:

  • 'O's e 'E's abertos românicos resultam sistematicamente nos ditongos [we], [je], e.g. VET'LA > biella (Por. velha, Esp. vieja, Cat. vella)
  • Perda do E final não tônico e.g. GRANDE > gran (Por. grande, Esp. grande)
  • Preserva o F- românico inicial, e.g. FILIU > fillo (Por. filho, Esp. hijo, Cat. fill)
  • A aproximante palatal românica (GE-, GI-, I-) evolui para a africada palatal surda ch [tʃ], e.g. IUVEN > choben (Por. jovem, Esp. joven), GELARE > chelar (Por. gelar, Esp. helar, Cat. gelar)
  • Como em occitano os grupos cultos romances -ULT-, -CT- evoluem para [jt], e.g. FACTU > feito (Por. feito, Esp. hecho, Cat. fet)
  • Os grupos românicos -X-, -PS-, SCj- evoluem para ix [ʃ ou jʃ], v.g. COXU > coixo (Por. coxo, Esp. cojo, Cat. coix)
  • Os grupos românicos -Lj-, -C'L-, -T'L- evoluem para lateral palatal ll [λ], e.g. MULIERE > muller (Por. mulher, Esp. mujer, Cat. muller), ACUT'LA > agulla (Por. agulha, Esp. aguja, Cat. agulla)
  • O -B- latino se mantém no imperfeito de indicativo das conjugações 2ª e 3ª: teneba (Por. tinha, Esp. tenía, Cat. tenia)

Expressões básicas[editar | editar código-fonte]

  • Buen día – Bom-dia;
  • Buena tarde – Boa-tarde;
  • Buena nueit – Boa-noite;
  • Gracias – Obrigado;
  • Au! Fez bien! – Adeus;
  • Per favor / Por favor – Por favor;
  • Bienveniu – Bem-vindo;
  • No entiendo – Não entendo;
  • Lunes – Segunda-feira;
  • Martes – Terça-feira;
  • Miércols – Quarta-feira;
  • Chueves – Quinta-feira;
  • Viernes – Sexta-feira;
  • Sabado – Sábado;
  • Domingo – Domingo.

Referências

  1. [1] Report about Census of population 2011 of Aragonese Sociolinguistics Seminar and University of Zaragoza

Ligações externas[editar | editar código-fonte]