Kyikatejê-gavião – Wikipédia, a enciclopédia livre

Kyikatejê-gavião
(Gavião do Mãe Maria, Gavião do Oeste, Timbira, Koykateyê e Gavião Kykatejê)
População total
Regiões com população significativa
 Brasil (Pará) 259 (2008)
Línguas
timbira
Religiões
Xamanismo
Etnia

Os Kyikatejê-gavião, são um povo indígena do grupo Gavião do Oeste cuja língua é o Timbira Oriental, da família , também são conhecidos como "Koykateyê" e "Gavião Kykatejê". A denominação gavião foi dado a diferentes grupos timbiras e vem das penas da ave usadas em suas flechas[1].

Em 2010 perfaziam aproximadamente 320 indivíduos. Vivem na Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do estado do Pará[2].

Denominação e história[editar | editar código-fonte]

Os Kyikatêjê fazem parte do tronco linguístico macro-jê e do grupo dos timbiras. [3]

Os timbiras, por sua vez, se dividem entre os ocidentais na margem esquerda do rio Tocantins (Apinajé, no Tocantins) e orientais na margem direita do rio Tocantins (Gaviões do Oeste no Pará; Gavião Pukobyê, Krikati, Canela, Krenyê, Krepumkateyê, no Maranhão; Krahô, no Tocantins).[3][4]

Os “Gaviões do Oeste” vieram a se fixar a margem direita do rio Tocantins, por rejeição ao contato com a frente de expansão, sobretudo criadores de gado nos campos maranhenses, se reorganizando em três unidades nomeadas de acordo com a localização em relação à bacia do rio Tocantins: Parkatêjê (o povo da jusante); Kykatêjê (povo da montante), e que por motivo de conflitos contra o primeiro povo, refugiou-se na montante do rio Tocantins; e Akrãtikatêjê (povo da montanha), que ocupava as cabeceiras do rio Capim.[5]

Os Kyikatêjê também são conhecidos como “turma do Maranhão” em razão de, no começo do século XX, por motivo de conflito com os Parkatêjê e por recusar o contato com o homem branco, refugiaram-se em direção ao Maranhão, na região situada no curso do igarapé dos Frades, um afluente do rio Tocantins, no entorno dos atuais municípios de Cidelândia e Vila Nova dos Martírios, mas que na época faziam parte do município de Imperatriz.[5]

Diante dos conflitos provocados pelas frentes de ocupação em seu território, a FUNAI promoveu a sua remoção para a Terra Indígena Mãe Maria, em 1969.[5]

Vivendo juntamente com os Parkatêjê, os Kyikatêjê decidiram se separar e fundar uma nova aldeia em 2001, na TI Mãe Maria. Os Parkatêjê continuaram vivendo na altura do Km 30 da BR-222, enquanto os Kyikatêjê vivem no Km 25.[6]

Língua[editar | editar código-fonte]

O povo Kyikatêjê é falante da língua Kyikatêjê, uma variedade linguística muito próxima do Parkatêjê, e que juntamente com Krahô, Krinkati, Canela Ramkókamekra, Canela Apanyekrá, Gavião-Pykobjê e Apinayé, faz parte de um grupo de línguas conhecido como “Complexo dialetal Timbira”, pertencente à família Jê, do tronco linguístico Macro-Jê.[6]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Uma das maiores tradições é a corrida de toras: as equipes de revezamento (formada somente por homens), carregam troncos de buriti nos ombros. O mais importante não é quem chega primeiro, o que vale mais é o divertimento. A comemoração é maior quando as equipes chegam juntas ou quase juntas[7].

O povo Kykatejê também tem um time de futebol que disputa o campeonato paraense de futebol o Gavião Kyikatejê Futebol Clube. É o primeiro time de futebol indígena do Brasil, e a maioria dos atletas é da aldeia que dá nome ao clube[8]. O treinador Zeca Gavião é também o primeiro técnico indígena do país[9].

Referências

  1. «ARHU, Guerreiro Gavião». Laboratório de estudos do tempo paraense. Consultado em 13 de abril de 2011 
  2. «Tempo-Espaço e Memória». Carlos Branco Jornalista. Consultado em 13 de abril de 2011 
  3. a b Valeria Moreira Garcia Vilar Veiga; Alberto Pedrosa Dantas Filho. «UFMA». UM RITUAL NA VIDA DO POVO RAMKOKAMEKRÁ CANELA: CORRIDA COM TORA 
  4. Carlos Eduardo Penha Everton; Marinete Moura da Silva Lobo. «INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO». Temas Indígenas: Diálogos Interculturais no IFMA Campus Barra do Corda 
  5. a b c Rianne Souza Araujo (2010). «Estudando culturaː educação escolar indígena Escola Tatakti Kyitakateje» (PDF). Universidade Federal do Pará. Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  6. a b Silva, Marília de Nazaré Ferreira (7 de maio de 2014). «Descrição fonético-fonológica do Kyikatêjê». Letras de Hoje (1): 56–65. ISSN 1984-7726. doi:10.15448/1984-7726.2014.1.14864. Consultado em 26 de dezembro de 2021 
  7. «V Jogos dos povos indígenas». FUNAI. Consultado em 13 de abril de 2011 
  8. «Time profissional indígena faz sua estréia». Globo Vídeos. 20 de setembro de 2009. Consultado em 13 de abril de 2011 
  9. «Conversa com Zeca Gavião: "Não gosto de técnico escandaloso"». Veja.com. 23 de dezembro de 2009. Consultado em 13 de abril de 2011