Kang Kek Iev – Wikipédia, a enciclopédia livre

Kang Kek Ievកាំង ហ្គេកអ៊ាវ
Camarada Duch
Kang Kek Iev
Kang Kek Ievកាំង ហ្គេកអ៊ាវ
Camarada Duch
Dados pessoais
Nascimento 17 de novembro de 1942
Indochina Francesa
Morte 2 de setembro de 2020 (77 anos)
Religião Ateu
Serviço militar
Lealdade Quemer Vermelho
Anos de serviço 1975–1979
Comandos Diretor da prisão S-21 e líder dos Santebal

Kang Kek Iev ou Kang Kek Iew, também romanizado como Kaing Guek Eav, pseudónimo Camarada Duch ou Deuch, (17 de novembro de 19422 de setembro de 2020)[1] foi um líder criminoso do movimento comunista Quemer Vermelho, que governou o Kampuchea Democrático de 1975 a 1979. Sendo o chefe da segurança interna do governo, ele supervisionou a prisão de Tuol Sleng (S-21) onde foram realizados milhares de interrogatórios e torturas. Foi primeiro líder do Quemer Vermelho a ser julgado pelo Tribunal Especial do Camboja pelos crimes do regime,[2] ele foi condenado por crimes contra a humanidade, assassinato e tortura por seu papel durante o regime do Quemer Vermelho do Camboja e condenado a 30 anos de prisão. Em 3 de fevereiro de 2012, sua sentença foi estendida à prisão perpétua pelo Tribunal Especial do Camboja.[3][4]

Duch morreu em 2 de setembro de 2020, aos 77 anos de idade.[5]

Nos maquis[editar | editar código-fonte]

Grupos comunistas nas colônias da França na Indochina utilizaram a expressão francesa da Segunda Guerra Mundial "maquis" quando se referiam aos seus movimentos de resistência nas selvas.[6]

Na zona sob o controle do Quemer Vermelho, Kek Iew assumiu o pseudónimo de Camarada Duch, sendo foi nomeado o chefe de segurança especial por seu superior imediato Vet Vorn. Nas florestas de Amleang, no distrito de Thpong, ele montou sua primeira prisão, com nome de código M-13. Dois anos mais tarde, ele estabeleceu uma segunda prisão a "M-99" no vizinho distrito de Aoral, localizado este também na província de Kampong Speu.

Ajudado por seus dois adjuntos, Mam Nai (camarada Chan)[7] e Tang Sin Hean[8] (o camarada Pon),[9] Duch começou a aperfeiçoar suas técnicas de interrogatório e da eliminação de supostos inimigos dentro das próprias fileiras do Quemer Vermelho. Os presos nesses campos, principalmente, os pertencentes ao próprio Quemer Vermelho, eram rotineiramente submetidos a fome e torturados para extrair confissões reais ou inventadas. Em 06 de janeiro de 1979, ele foi ordenado por seu superior de matar os prisioneiros restantes.

Liderando o Santebal e Tuol Sleng[editar | editar código-fonte]

Após a vitória do Quemer Vermelho em abril de 1975 Duch e seus homens montaram prisões em diversas partes da capital, incluindo a infame prisão de Tuol Sleng. Um pedido de Duch para sua transferência para o setor industrial do governo, em maio 1975, foi negado.[10] Posteriormente Duch foi promovido diretor do setor presidiário.[11]

Duch ordenou a execução de prisioneiros após o seu interrogatório ser concluído. Em uma lista contendo os nomes dos 17 presos (oito adolescentes e nove crianças), ele escreveu a ordem: "Esmagá-los em pedaços". Em uma longa lista de detentos, em sua anotação se lê "Esmagar: 115; manter: 44 pessoas". Em uma lista de 20 mulheres detidas, Duch escreveu anotações para cada uma delas, ordenando: "Levar para execução", "manter para interrogatório" ou "experimento médico". Pelo menos 100 detentos morreram após a coleta de sangue para transfusões para soldados feridos. Operações cirúrgicas também foram realizadas nos detentos, a fim de treinar a equipe médica.[12]

Como os expurgos do partido aumentaram no final do período do Kampuchea Democrático, mais e mais pessoas foram trazidas para Duch, incluindo muitos ex-colegas e seu antecessor em Tuol Sleng. Ao longo desse período ele construiu um grande arquivo com os registros dos presos e das "confissões" obtidas.

Em 7 de janeiro de 1979, Duch estava entre os últimos membros do Quemer Vermelho a fugir de Phnom Penh depois que esta foi tomada pelo exército vietnamita. Embora ele não foi capaz de destruir grande parte dos documentos extensos da prisão, acompanhou a execução de vários prisioneiros sobreviventes antes de fugir da cidade.

Morte[editar | editar código-fonte]

Em 2 de setembro de 2020, Duch morreu aos 77 anos em um hospital em Phnom Penh.[5] A causa da morte foi doença respiratória.[13]

Referências

  1. Totten, Samuel; Bartrop, Paul Robert (2008). Dictionary of Genocide: A-L. [S.l.]: Greenwood Publishing Group. p. 82. ISBN 978-0-313-34642-2. Consultado em 12 de outubro de 2010 
  2. «Landmark Khmer Rouge trial starts». BBC News. 17 de fevereiro de 2009. Consultado em 17 de fevereiro de 2009 
  3. Leng, Maly; Yun, Samean (3 de fevereiro de 2012). «Dutch Appela Rejected, Gets Life». Radio Free Asia. Consultado em 25 de julho de 2014 
  4. «Case 001: Kaing Guek Eav (Alias "Duch")». Cambodia Tribunal Monitor. Consultado em 25 de julho de 2014 
  5. a b «Khmer Rouge's chief jailer, guilty of war crimes, dies at 77». Associated Press (em inglês). 2 de setembro de 2020. Consultado em 2 de setembro de 2020 
  6. Henry Kamm (1998). Cambodia: Report from a Stricken Land. [S.l.]: Arcade Publishing. p. 140. ISBN 1-55970-433-0 
  7. Mam Nay : « Je ne sais pas, je ne me souviens pas »
  8. Phnom Penh Post - Contrition all a sham, victims say
  9. HRW - Anatomy of an Interrogation: The Torture of Comrade Ya at S-21
  10. Lim Phalla. «Duch's confession and apology». Consultado em 31 de março de 2009 [ligação inativa] 
  11. «Tuol Sleng Organizational Chart». Yale Cambodian Genocide Program. Consultado em 18 de dezembro de 2005 
  12. Judgement of the Trial Chamber of the Extraordinary Chambers in the Courts of Cambodia[ligação inativa]
  13. Duch, Prison Chief Who Slaughtered for the Khmer Rouge, Is Dead at 77 (em inglês). The New York Times. Consultado em 2 de setembro de 2020

Ligações externas[editar | editar código-fonte]