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José Loureiro Fernandes
Nascimento 1903
Lisboa
Morte 16 de fevereiro de 1977
Curitiba
Cidadania Brasil
Ocupação antropólogo, professor
Instituições Universidade Federal do Paraná

José Loureiro Ascenção Fernandes (Lisboa, março de 1903 - Curitiba, 16 de fevereiro de 1977) foi um médico, antropólogo e etnógrafo brasileiro. Nasceu em Lisboa, sendo registrado no Consulado Brasileiro, pois seus pais, portugueses, residiam no Brasil. Médico por formação, buscou aperfeiçoar-se em Antropologia e Etnologia. [1]

Vida e carreira

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O professor José Loureiro Fernandes era o responsável pela cátedra de Antropologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Paraná, criada em 1938. Especialista em Antropologia, com formação na França, ministrava as disciplinas de Antropologia Física, Etnografia Geral e Etnografia do Brasil para os cursos de Geografia e História, em 1950; e Antropologia Física, Antropologia Cultural e Etnografia do Brasil para as Ciências Sociais, em 1956. Além disso, tendo concluído sua tese em Medicina em 1927, passou a seguir um ano se especializando em Urologia clínica em um hospital especializado de Paris.[2][3]

Atuou junto ao Museu Paranaense, coordenando a área de Antropologia e Etnografia estando no cargo de diretor por duas oportunidades, nos períodos de 1936 a 1943 e 1945 a 1946. Dirigiu o Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas (Cepa), criado em 1956 – e posteriormente coordenado por Igor Chmyz, de quem Loureiro foi mentor.[4] Investiu na atualização e especialização em Arqueologia Pré-Histórica e criou e dirigiu o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR – MAE, localizado na cidade de Paranaguá. Criou e dirigiu o Departamento de Antropologia de 1958 a 1968, quando se aposentou da cátedra de Antropologia. O Departamento de Antropologia que integrava à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras foi integrado ao Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, SCHLA, da Universidade Federal do Paraná.[5].

José Loureiro Fernandes participou da I Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953, no Museu Nacional, juntamente com os antropólogos Herbert Baldus, Thales de Azevedo, René Ribeiro, Egon Schaden, Luiz de Castro Faria, Eduardo Galvão, Darcy Ribeiro e Oracy Nogueira, que deliberaram sobre a criação da Associação Brasileira de Antropologia, efetivada em 1955, com a constituição de diretoria e conselho científico, do qual o professor fez parte, sendo o antropólogo Luiz de Castro de Faria o presidente. Em 1958, na III Reunião da ABA, em Salvador, Loureiro Fernandes elegeu-se presidente da entidade, tornando-se responsável por promover a reunião realizada na cidade histórica de Paranaguá[6].

"De todas as distinções honoríficas que recebi, nenhuma tão alta em significação como esta para minha vida de brasileiro (...). Nestas buscas das razões íntimas que me haviam trazido a convicção de ser um cidadão de Curitiba (...) invoquei e foram preponderantes as tradicionais raízes de família que por gerações me vinculam ao passado desta cidade. São os vínculos maternos, em cuja ascendência patrilinear há, novamente, um avô beirão – José Fernandes Loureiro, brasileiro por naturalização, presidente que foi desta Câmara, intendente municipal, governou a cidade (...). A linha matrilinear desta progênie vive em cinco gerações da história de Curitiba, através do tronco Corrêa de Bittencourt, aqui radicado há dois séculos." (José Loureiro Fernandes agradecendo a concessão do título de Cidadão Honorário de Curitiba, a ele outorgado pela Câmara Municipal em janeiro de 1960).

Seu avô, José Fernandes Loureiro, vindo de outro país, foi quem criou vínculos e relações de aliança com a elite local Curitibana. Imigrante português, enriqueceu a partir de suas atividades no comércio; ainda jovem, casou com a neta de um industrial da erva mate, de família tradicional curitibana. A partir dos laços estreitos que construiu com Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, maior empresário paranaense de sua época, foi membro fundador da Associação Comercial do Paraná e fundador do Clube Curitibano, associação recreativa e cultural que congregava a elite local. Foi também membro fundador e provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia; fazia parte da Irmandade da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, foi fundador da Sociedade Portuguesa Beneficente Primeiro de Dezembro e membro das lojas maçônicas Apóstolo da Caridade e Fraternidade Paranaense. [2]

Fim da vida e morte

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A trajetória de Loureiro Fernandes cessou no dia 16 de fevereiro de 1977, consternando a comunidade intelectual. Não conseguiu, porém, o criador das bases da moderna arqueologia no Paraná, ver consolidado o MAAP, projeto ao qual dedicou muitos anos com especial carinho. As dificuldades de ordem estrutural e conjuntural que sempre enfrentara naquela Casa, continuaram após a sua morte.[7]

Na doença. mesmo após ter sofrido um derrame e ter dificuldades para caminhar, conta-se que um dia em que o carro atolou e seu tempo para os trabalhos era pequeno, seguiu a pé. Sobre seus últimos tempos, comunica a bibliotecária Regina M. de Campos Rocha que jamais usou de sua debilidade física para conseguir favores ou atenções especiais. Nunca perdeu o entusiasmo, e manteve até o fim de sua vida o poder de indignar-se.[1]

Referências

  1. a b Bonamigo, Zélia Maria (2005). «Revista narra vida de José Loureiro Fernandes». Tribuna do Paraná. Consultado em 17 de agosto de 2018 
  2. a b GUÉRIOS, Paulo Renato (2017). «Trajetórias intelectuais marcadas entre a ciência e a religião: José Loureiro Fernandes e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná». Campos - Revista de Antropologia. Consultado em 17 de maio de 2020 
  3. Guérios, Paulo (2021). «ANTROPOLOGIA, CIÊNCIA, ENGAJAMENTO José Loureiro Fernandes e os sentidos da atividade intelectual». Revista Brasileira de Ciências Sociais (107): e3610708. ISSN 1806-9053. doi:10.1590/3610708/2021. Consultado em 21 de novembro de 2021 
  4. «Cepa comemora 50 anos de atividades | Notícias, Paraná». Tribuna do Paraná. 28 de setembro de 2006. Consultado em 21 de novembro de 2021 
  5. HALBWACHS, Maurice (2004). «Memória da antropologia no Sul do Brasil». SCIELO. Consultado em 17 de agosto de 2018 
  6. SANTOS, Silvio Coelho dos; HELM, Cecília; TEIXEIRA, Sérgio (2006). Memória da antropologia no Sul do Brasil. Florianópolis: Editora da UFSC/ABA 
  7. Chmyz, Igor (2006). «JOSÉ LOUREIRO FERNANDES E A ARQUEOLOGIA BRASILEIRA». researchgate.net. Consultado em 17 de agosto de 2018