João Gomes da Silva – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados de João da Silva, veja João da Silva (desambiguação).
João Gomes da Silva
Cidadania Reino de Portugal
Filho(a)(s) Aires Gomes da Silva
Ocupação senhorio

João Gomes da Silva (1412 . 1431), foi um nobre português, rico homem,[1] 1.º ou 2.º senhor de Vagos,[2][3] tendo igualmente com o senhorio de Unhão, Sepais, Gestaço, Meinedo e Ribeira de Soas e a alcaidaria-mor de Montemor-o-Velho.[4]

Foi partidário do Mestre de Avis em 1383-85, tendo participado nas Cortes de Coimbra de 1385. Depois foi provido no ofício de copeiro-mor e, mais tarde, no de alferes-mor (1399-1416)[5] e de vedor das obras da província de Entre-Douro e Minho.[6]

Dados biográficos[editar | editar código-fonte]

«João Gomes da Silva, ... era um homem forte e ardido, cujas palavras sempre traziam jogo e sabor».[7]

Teve, em 23 de Abril de 1384, carta de doação temporária do lugar de Vagos. Passados anos, por outra carta de 26 de Fevereiro de 1412, confirmou-lhe D. João I a mercê tornando-a perpétua, de juro de herdade.[8]

Como seu tio Aires Gomes da Silva (alferes-mor), meio-irmão de seu pai, mais sua mulher e o filho deles seguiram o partido de Castela, levaram que D. João I doasse a João Gomes da Silva, a 5 de Setembro de 1385, todos os bens que estes tinham.[9][10] excepto aqueles que o referido tio tinha doado em vida.[11]

Em 1405, juntamente com o infante D. Afonso, é escolhido para acompanhar princesa infanta D. Beatriz, filha de D. João I de Portugal, na viagem a Inglaterra na qual ela foi conduzida para se juntar com Thomas FitzAlan, 12.º Conde de Arundel, seu marido.[12]

Na companhia dos doutores Martim de Ocem e e Fernão Gonçalves Beliagua[13] foi igualmente ele o fidalgo representante de D. João I de Portugal que foi negocial a corte de Castela[14] e que resultou no tratado de paz de Ayllon, em outubro de 1411.[15] Mais tarde foi novamente enviado lá para requerer a ratificação desse mesmo acordo com Portugal.[5]

Aparece mencionado pela primeira vez como membro do conselho do rei, a 7 de março de 1412, em carta de confirmação para si de todos os bens e terras de referido tio Aires.[5][16]

Em 1414, o seu nome constava da relação das "Moradias da Casa Real".[5]

Era ainda alferes-mor, em 1419, tendo estado na conquista de Ceuta no comando de uma galé.[5]

Permanece como membro do conselho em 1431, quando uma carta datada de 14 de março lhe atribuía o privilégio da posse da quinta de Lanhelas, em Riba de Minho.[5]

Foi o fundador de uma ermida[17] que deu depois origem ao Mosteiro de São Marcos de Coimbra.[18]

Dados genealógicos[editar | editar código-fonte]

Filho primogénito de Gonçalo Gomes da Silva, senhor de Vagos, alcaide-mor de Sabugal e Montemor-o-Velho, e de sua mulher Leonor Gonçalves Coutinho (filha de Gonçalo Martins Coutinho),[19] do couto de Leomil.[20] Faleceu em 1444 ou 1445.[5]

Casou com D. Margarida Coelho, filha de Egas Coelho, mestre sala de D. João I, e 1." senhor de Montalvo em Castela[21] e de Maria Afonso Pacheco,[4] ou de Gonçalo Pires Coelho e de Maria da Silva.

Filhos:

Teve bastardos:

  • Diogo Gomes[22] ou Diogo Gomes da Silva, alferes mor,[23] tesoureiro mor de D. Afonso V, que casou com Guiomar Borges, irmã de Duarte Borges, camareiro dei rei D. Duarte, e que ficou apenas três anos como senhor dos bens do seu irmão mais velho e depois os devolveu à sua cunhada.[24]
  • Pero Gomes da Silva, Com geração.
  • Joana Gomes da Silva, casada com Lopo Dias de Azevedo,[22] 1.º senhor de S. João de Rei. (Porém, segundo o genealogista Manuel Abranches de Soveral, Joana Gomes da Silva, casada com Lopo Dias de Azevedo, era na realidade filha de Aires Gomes da Silva - acima referido, tio de João Gomes da Silva - a quem sucedeu no senhorio da honra e quintã de Silva; as evidências documentais apontam efetivamente para esta hipótese, pois a honra de Silva foi confirmada, por D. João I, ao referido Aires Gomes da Silva em 15.07.1359 e a mesma honra seria depois doada por Joana Gomes da Silva a sua filha Maria Coelho da Silva em 08.12.1413).[25][26]
  • Fernão da Silva[22]
  • Isabel Gomes da Silva casada com Pedro Gonçalves Malafaia, vedor da fazenda[15] rico homem e embaixador em Castela. Com geração.[27]

Referências

  1. Chronica de el-rei D. João I", Fernão Lopes, vol. VII, Lisboa, 1898, pág. 31
  2. Embora muitos autores se referem a ele como sendo o primeiro a ter o senhorio Vagos, no entanto já tinha sido anteriormente concedidos os rendimentos desse lugar ao fidalgo galego Soeiro Anes de Parada pelo rei D. Fernando.
  3. D. João I no trono a que por eleição ascendera em 1385, entendeu o donatário que devia consolidar também a sua doação, fazendo-a renovar pelo rei ou diligenciando convertê-la de temporária em perpétua. E efectivamente, por carta régia de 26 de Fevereiro de 1412 (era de 1450), com a assistência da rainha D. Filipa e do príncipe herdeiro D. Duarte, foi confirmada a doação a favor de João Gomes da Silva, então alferes-mor do reino, nos termos em que D. Fernando doara a vila a Soeiro Anes, de juro e herdade, para ele e seus herdeiros e sucessores, com seu termo, e com suas entradas e saídas e com suas jurisdições altas e baixas, mero e misto império, reservadas apenas as apelações e a correição.- O Senhorio de Vagos, por J. Pinto Loureiro, Vol. V, pp. 81-96, Arquivo Distrital de Aveiro, Composto e impresso na Tipografia da Gráfica de Coimbra
  4. a b Corografia portugueza, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, por Antonio Carvalho da Costa, Officina Real Deslandesiana, Lisboa, 1712, tomo terceiro, pág. 263
  5. a b c d e f g A cidade de Lisboa na preparação da conquista de Ceuta, por Carlos Guardado da Silva
  6. [https://books.google.pt/books?id=sTIjwTM5atcC A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e Significado Histórico. Vol. II, por Humberto Baquero Moreno, Universidade do Porto, pág. 1065
  7. Chronica de el-rei D. João I", Fernão Lopes, vol. VII, Lisboa, 1898, pág. 131
  8. "Brasões da Sala de Sintra", por Anselmo Braamcamp Freire, Livro segundo, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1921, pág. 46
  9. "Brasões da Sala de Sintra", por Ansekmo Braamcamp Freire, Livro segundo, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1921, pág. 17 e 46
  10. Encontram-se designados aqueles bens na carta de 25 de Junho de 1394 pela qual D. João I confirmou a João Gomes da Silva, seu vassalo, todos os privilégios concedidos por D. Fernando a seu tio paterno Aires Gomes da Silva, por quanto deste não ficara no reino filho maior que de direito houvesse de haver os ditos privilégios. - "Brasões da Sala de Sintra", por Ansekmo Braamcamp Freire, Livro segundo, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1921, pág. 46
  11. Em Guimarães, "saluo daquelles de que auemos fcta mercee a mee Ro.z de uasconcellos e a Lopo diaz d Azevedo". Mais tarde, a 11 e 27 de Fevereiro de 1412, o mesmo confirmou-lhe a terra de Meinedo e os bens móveis e de raiz que Aires Gomes da Silva tinha em Guimarães, também com excepção dos que tinha feito mercê a Mem Rodrigues de Vasconcellos e Lopo Dias de Azevedo, doações que lhe fizera (provavelmente também em 1385) - A Casa da Trofa, por Manuel Abranches de Soveral.
  12. Annaes da marinha portugueza. (Acad. das sci. de Lisboa), Ignacio da Costa Quintella, Academia Real das Sciencias, 1839, pág. 55
  13. Ocem (Martim), Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume V, págs. 171-172. Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor. Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral
  14. Chronica de el-rei D. João I", Fernão Lopes, vol. VII, Lisboa, 1898
  15. a b c d O Papel da Diplomacia Portuguesa no Tratado de Tordesilhas, por Humberto Baquero Moreno, Revista da faculdade de Letras da Universidade do Porto, pág. 21
  16. As mercês do rei a ele foram várias e além das terras de Unhão, Vilar de Torno, Manhuncelos, Ataes, Vila Caís, Brunhais e Regilde, obteve da renda da comenda de Valhelhas, da Ordem de Alcântara [23 de Setembro de 1354), para no seu lugar de Unhão, em terra de Sousa, se poder fazer uma feira franqueada (26 de Fevereiro de 13gi), das terças das igrejas de Santiago do Castelo, Santa Maria de Caminha e São Cibrão de Vila Nova da Cerveira. Tentúgal, (26 de Agosto de 1392), do castelo de Valença (8 de Abril de 13 5), da Almoínha d´El-Rei, em Montemor o Velho, a par do chafariz de Aribelas (22 de Março de 1399), doação da terra de Meinedo, julgado de Lousada, almoxarifado de Guimarães (27 de Fevereiro de 1412), privilégios para quinze homens lavradores na sua quinta de Lanhelas, em Riba de Minho 14 de Março de 1431), etc - "Brasões da Sala de Sintra", por Anselmo Braamcamp Freire, Livro segundo, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1921, pág. 46 e 47, nota 2.
  17. Raquel Fraga. «Igreja de São Marcos, incluindo a Capela dos Reis Magos, o retábulo do altar-mor, os túmulos dos Silvas e a sacristia, e o claustro, a casa do capítulo e as adegas do antigo Convento de São Marcos». Direção Geral do Património Cultural 
  18. Corografia portugueza, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, por António Carvalho da Costa, Tomo II, Lisboa, 1708, pág. 55
  19. Este Gonçalo Gomes da Silva foi alcaide-mor de Sabugal e Montemor-o-Velho por D. Fernando I e depois por D. João I, a quem aclamou nas Cortes de Coimbra de 1385, de quem foi embaixador ao Papa Urbano VIII, e de quem recebeu, de juro e herdade, os senhorios de Tentúgal e Buarcos (18.3.1384) e Cantanhede (31.8.1384). Teve várias outras mercês e foi o senhor de Nespereira, por cartas de 7.5.1368 e 30.8.1370 do rei D. Fernando I. - A Casa da Trofa, por Manuel Abranches de Soveral
  20. "Brasões da Sala de Sintra", por Ansekmo Braamcamp Freire, Livro terceiro, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1921, pág. 46
  21. a b "Brasões da Sala de Sintra", por Anselmo Braamcamp Freire, Livro terceiro, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1921, pág. 79
  22. a b c A linhagem dos Silva em Portugal e suas estratégias de estabelecimento em Castela ( séculos XIV-XV), por Fátima Regina Fernandes, Actas das quintas jornadas internacionales de história de España, Yomo VIII, Fundacion paea la Historia de España, 2007, nota 48
  23. [https://books.google.pt/books?id=sTIjwTM5atcC A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e Significado Histórico. Vol. II, por Humberto Baquero Moreno, Universidade do Porto, pág. 949
  24. "Brasões da Sala de Sintra", por Anselmo Braamcamp Freire, Livro terceiro, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1921, pág. 55
  25. Soveral, Manuel Abranches de. «Casa da Trofa - Lopo Dias de Azevedo e sua mulher D. Joana Gomes da Silva». Consultado em 16 de outubro de 2019 
  26. Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra. Livro Segundo. Robarts - University of Toronto. Coimbra: Coimbra : Imprensa da Universidade. p. 7 
  27. A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e Significado Histórico. Vol. II, por Humberto Baquero Moreno, Universidade do Porto, pág. 705

Ligações externas[editar | editar código-fonte]