João Comneno (doméstico das escolas) – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja João Comneno.
João Comneno
João Comneno (doméstico das escolas)
Selo de João Comneno como curopalata e doméstico das escolas
Nascimento 1020
Constantinopla
Morte 12 de julho de 1067 (47 anos)
Constantinopla
Ocupação Comandante militar do Império Bizantino entre 1057 e 1059.

João Comneno (em grego: Ἰωάννης Κομνηνός; romaniz.:Ioánnes Komnenós; ca. 1015 - 12 de julho de 1067) foi um aristocrata e líder militar bizantino do século XI. Irmão mais novo do imperador Isaque I Comneno, serviu como doméstico das escolas durante o breve reinado de Isaque (r. 1057–1059). Quando Isaque I abdicou, Constantino X Ducas tornou-se imperador e João retirou-se da vida pública até sua morte em 1067. Através de seu filho Aleixo I Comneno, que tornou-se imperador em 1081, foi o progenitor da dinastia comnena que governou o Império Bizantino de 1081 a 1185, e o Império de Trebizonda de 1204 a 1461.

Vida[editar | editar código-fonte]

Histameno de Isaque I (r. 1057–1059)
Histameno de Constantino X (r. 1059–1067)

João Comneno nasceu ca. 1015 como o filho mais jovem do patrício Manuel Erótico Comneno, um comandante militar sênior no final do reinado de Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025).[1][2] É mencionado pela primeira vez em 1057, o ano que seu irmão mais velho Isaque I Comneno, como chefe dum grupo de generais, rebelou-se contra Miguel VII Ducas e forçou-o a abdicar. Ao mesmo tempo da revolta, João reteve o posto de duque, mas após a vitória de seu irmão, foi elevado à posição de curopalata e nomeado como doméstico das escolas do Ocidente.[3] Nada se sabe sobre as atividades de João durante o reinado de seu irmão, embora Nicéforo Briênio, o Jovem, que casou-se com a neta de João, Ana Comnena, diga que em sua capacidade de doméstico do Ocidente ele deixou seus atos (não especificados) como um "monumento imortal" para o povo das províncias dos Bálcãs.[4]

O reinado de Isaque foi de curta duração por seu confronto com o poderoso patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, que havia sido importante para assegurar a abdicação de Miguel VII, e a poderosa aristocracia civil da capital imperial. Cerulário e seus apoiantes lideraram a oposição contra as rigorosas políticas econômicas de Isaque, forçando-o a resignar em 22 de novembro de 1059, após o qual retirou-se para o Mosteiro de Estúdio.[5][6] A coroa passou para Constantino X Ducas (r. 1059–1067), embora Briênio afirme que foi primeiro oferecida para João, que recusou-a, apesar da pressão de sua esposa, Ana Dalassena, para aceitar.[7] Segundo o historiador Konstantinos Varzos, contudo, esta versão é suspeita, e pode bem ser um tentativa pós-factual de legitimar a posterior usurpação do trono pelo filho de João, Aleixo I Comneno (r. 1081–1118).[8]

João não é mencionado nas fontes durante o reinado de Constantino X, talvez indicando, segundo Konstantinos Varzos, que esteve em desfavor imperial, apesar da afirmação de Briênio que ele e seu irmão foram muito honrados pelo novo imperador.[4] O típico do final do século XII do Mosteiro de Cristo Filantropo, fundado por Irene Ducena, esposa de Aleixo I,[9] é a única fonte a registrar que João Comneno retirou-se para um mosteiro, provavelmente ao mesmo tempo que sua esposa Ana Dalassena. Ele morreu como monge em 12 de julho de 1067.[4][10]

Relações familiares[editar | editar código-fonte]

Iluminura de Aleixo I (r. 1081–1118)

João Comneno casou-se com Ana Dalassena, a filha de Aleixo Caro, muito provavelmente em 1044.[11] Ana, nascida ca. 1028, viveu até muito depois de seu marido e após a morte dele comandou a família como sua matriarca indisputada. Ana envolveu-se em conspirações contra a família Ducas, que ela nunca perdoou por tomar o trono em 1059. Depois, desempenhou um importante papel na derrubada bem sucedida de Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081) e a ascensão de seu filho Aleixo ao trono.[12] Por aproximados 15 anos, serviu como co-governante virtual do império junto de seu filho. Ela então retirou-se para um mosteiro, onde morreu em 1100 ou 1102.[13][14]

Com Ana, João teve oito crianças, cinco meninos e três meninas:[15]

Referências

  1. Kazhdan 1991, p. 1143–1144.
  2. Varzos 1984, p. 49.
  3. Varzos 1984, p. 41–42, 49.
  4. a b c Varzos 1984, p. 50.
  5. Kazhdan 1991, p. 1011–1012.
  6. Varzos 1984, p. 42–43.
  7. Varzos 1984, p. 49–50.
  8. Varzos 1984, p. 49–50, esp. nota 5.
  9. Kouroupou 2005, p. 41ff.
  10. Kouroupou 2005, p. 65.
  11. Varzos 1984, p. 51.
  12. Varzos 1984, p. 51–53.
  13. Varzos 1984, p. 53–56.
  14. Kazhdan 1991, p. 578.
  15. Varzos 1984, p. 52.
  16. Varzos 1984, p. 61–64.
  17. Varzos 1984, p. 64–67.
  18. Varzos 1984, p. 64–79.
  19. Varzos 1984, p. 80–84.
  20. Varzos 1984, p. 85–86.
  21. Varzos 1984, p. 87–114.
  22. Varzos 1984, p. 114–117.
  23. Varzos 1984, p. 118–120.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Kouroupou, Matoula; Vannier, Jean-François (2005). «Commémoraisons des Comnènes dans le typikon liturgique du monastère du Christ Philanthrope (ms. Panaghia Kamariotissa 29)». Revue des études byzantines (em francês). 63: 41–69. doi:10.3406/rebyz.2005.2305