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João Barone
João Barone
Baterista do Os Paralamas do Sucesso desde 1982.
Informação geral
Nome completo João Alberto Barone Reis e Silva
Nascimento 5 de agosto de 1962 (61 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade Brasileira
Gênero(s) rock, pop
Instrumento(s) bateria
Período em atividade 1982 - hoje
Outras ocupações Veículos militares
Afiliação(ões) Os Paralamas do Sucesso

João Alberto Barone Reis e Silva (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1962) é um baterista brasileiro, membro do grupo Os Paralamas do Sucesso.

Reconhecido como um dos mais influentes bateristas do Brasil, construiu sua reputação ao longo da trajetória de mais de três décadas dos Paralamas do Sucesso, com uma ampla discografia de álbuns de estúdio e ao vivo. Por conta de seu trabalho na banda, foi convidado para gravar com vários artistas e grupos como Ultraje a Rigor, Titãs, Sepultura, Marina Lima, Lenine, Rita Lee, Zizi Possi, Zé Ramalho, dentre outros.

Barone teve alguns trabalhos como produtor nos discos do cantor/tecladista Fábio Fonseca (1987), a banda Conexão Japeri (1988), com Ed Motta, o álbum do cantor Supla (de mesmo nome) (1991) e a banda Los Djangos (1998).

Biografia[editar | editar código-fonte]

João Barone nasceu no Rio de Janeiro. Seus pais viviam numa casa na Universidade Rural, na zona oeste da capital da antiga Guanabara, onde cresceu num ambiente familiar permeado por música de todos os gêneros. Seu pai, funcionário público, apreciava jazz e MPB.[1] Os irmãos mais velhos eram fãs de rock em suas mais variadas vertentes, de Beatles até o rock progressivo, passando pelos grandes nomes da música negra americana, e também pelos ícones do rock nacional e da Tropicália.[2]

Barone desenvolveu um interesse infantil pela bateria desde então, sendo Ringo Starr o seu primeiro ídolo no instrumento. Mesmo sem ter uma bateria, tocava em travesseiros usando baquetas feitas de bambu. Quando alguns amigos de rua pensaram em montar uma banda, Barone foi chamado para ser o baterista. Uma escola local doou-lhe uma sucata bateria, que Barone restaurou como pôde. Foi a sua primeira bateria. Barone teve aulas com um baterista de baile e, depois de algum tempo, juntamente com amigos, deu canjas em bailes no clube da comunidade local. Entretanto, o sonho de ser baterista ainda era algo distante de sua realidade. No início da década de 80, Barone foi aprovado no vestibular para Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde começou a estudar em 1982.[2]

Seu encontro com Os Paralamas do Sucesso aconteceu um pouco antes, em setembro de 1981, quando um amigo em comum do baixista Bi Ribeiro o convidou, em cima da hora, para tocar em um show. Os Paralamas haviam sido convidados para uma apresentação como banda "hors-concours" no festival de música estudantil da Universidade Rural -- onde Bi estudava Zootecnia. O então baterista do grupo, Vital Dias, não compareceu para a apresentação, e Barone foi chamado no mesmo dia.[3] Essa história, além da história inicial de Barone (acima descrita), e tantas outras da banda Os Paralamas do Sucesso está fartamente relatada nos canais oficiais da banda, bem como na biografia "Vâmo bate lata", escrita pelo jornalista Jamari França, e lançada pela Editora 34, em 2003.[2]

João Barone não estudou formalmente o instrumento, e tornou-se efetivamente um baterista ao ingressar n'Os Paralamas. Nesse processo, foi atrás da experiência de bateristas que admirava, como Lobão e Serginho Herval (Roupa Nova), além dos que volta e meia encontrava nos estúdios da gravadora Odeon, como Paulo Braga, Juba (Blitz) e Teo Lima. Barone também chegou a ter alguns encontros com o Robertinho Silva, que fez parte do conjunto Som Imaginário. Apreciava todos os estilos musicais, como a Bossa Nova de Milton Banana e de Rubinho (Zimbo Trio) e o jazz de Tony Williams, Art Blakey, Billy Cobham, Steve Gadd, dentre outros bateristas, como Jorginho Gomes (Novos Baianos). Entretanto, sua maior influência vinha do rock internacional, de grandes ícones da bateria como Ginger Baker, Mitch Mitchell, Keith Moon, Bill Bruford e John Bonham. O seu grande referencial nesse início de jornada foi Stewart Copeland, a quem passou a admirar desde que o viu pela primeira vez num vídeo da banda The Police, tocando "Roxanne", em 1978.

Desde as primeiras gravações e entrevistas, em 1983, Barone nunca escondeu sua idolatria por Copeland.[4] Não à toa, no início da carreira, Os Paralamas eram muito comparados ao Police, pois além de serem trios, o estilo de tocar era semelhante, culminando com o grande sucesso do segundo álbum da banda, O passo do Lui (1984). No disco, Barone apresentava exemplos do “Copelandismo“ (do inglês “Copelandism”, estilo de tocar reconhecido nos muitos bateristas influenciado por Stewart Copeland), tanto nas batidas como na sonoridade de sua bateria. Este álbum virou um referencial na gravação de bateria no rock nacional, provando que era possível “tirar um som de batera igual ao dos gringos”, elevando assim os padrões de exigência de como gravar bateria dali em diante para um outro patamar na produção musical brasileira.

João Barone em ação com os Paralamas do Sucesso

A antológica participação dos Paralamas no primeiro Rock in Rio em janeiro de 1985 projetou a banda por todo o Brasil e América do Sul, com uma intensa agenda de shows, onde muitas vezes a banda fazia duas apresentações por noite em ginásios lotados.[5] Barone começou a amadurecer seu próprio estilo e personalidade musical já no terceiro e consagrado álbum dos Paralamas, Selvagem?, com o emprego de batidas de reggae e afro beat, aliados à uma pegada roqueira, o que deixou claro naquele momento que a banda Os Paralamas do Sucesso não só veio para ficar, como já era tida como uma das mais originais da geração 80 do rock brasileiro.[6]

A extensa discografia dos Paralamas demonstra a diversidade de estilos e climas exigidos, através da habilidade de Barone no instrumento, resultado do grande entrosamento dos integrantes da banda e da maestria de Herbert Vianna em suas composições.[7] Barone tem grande estima por Bi Ribeiro, (baixista e fundador dos Paralamas), pois acredita que ambos possuem um approach intuitivo em seus instrumentos, o que resultou numa grande sintonia entre os dois com o tempo de estrada.[8]

Os Paralamas ganharam inúmeras premiações ao longo de décadas de atividade, com destaque para quatro Grammys Latinos.[9] Barone também foi premiado inúmeras vezes como melhor instrumentista em votações de público e crítica, em revistas, jornais e canais de televisão.[10]

Em 2017, João Barone se juntou a Rodrigo Santos (ex-baixista do Barão Vermelho) e a Andy Summers (ex-guitarrista do The Police) para o projeto Call The Police.[11] O trio se apresenta anualmente pelo Brasil e em outros países da América Latina,[12] executando os maiores sucessos do The Police, a maior influência do baterista.

Frutos de dois relacionamentos, Barone tem três filhos: Clara, Laura e Vicente. Também é avô de Luca (filho de Clara). Em julho de 2018, o baterista se casou com Janete Watanabe.[13]

Prestes a completar 40 anos de atividades, Os Paralamas do Sucesso preparam seu retorno aos palcos depois da paralisação causada pela pandemia de COVID-19.[14]

Fora dos Paralamas[editar | editar código-fonte]

Gravou com muitos outros artistas, como:

Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

João Barone em debate sobre seus livros

Filho de um ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira que lutou na Segunda Guerra, Barone sempre teve o assunto presente em sua vida; não por qualquer incentivo do seu pai, mas sim pela curiosidade. O seu pai não costumava falar muito de sua experiência durante seu tempo em ação nos campos de batalha italianos[43]. Ávido colecionador de modelos em miniatura na sua infância, Barone desviou do assunto na adolescência, quando descobriu o rock. Em 1999, retornou o interesse pelo tema quando restaurou um jipe utilizado na Segunda Guerra. Foi o começo de uma jornada paralela aos Paralamas do Sucesso. Barone tornou-se cronista da revista Grandes Guerras (2006/2008 - coluna “Barone vai a guerra”), apresentou programas, escreveu dois livros e produziu três documentários sobre o Brasil na II Guerra:

  • Um Brasileiro no Dia D (2008): em junho de 2004, Barone levou seu jipe por via aérea até a Normandia para tomar parte nas comemorações do 60º aniversário do Dia D e revelar o ás da aviação de caça franco-brasileiro: Pierre Clostermann. Quatro anos depois, o documentário foi finalmente lançado em DVD pela revista Grandes Guerras, e vendido em bancas de jornais por todo o país.[44] Posteriormente, foi exibido no History Channel e no Canal Curta!;
  • O Caminho dos Heróis (2014): segundo documentário, relata a trajetória dos brasileiros em combate na Itália, para onde Barone seguiu com seu jipe, percorrendo os lugares onde as tropas brasileiras e seu pai lutaram[45]. No caminho, o baterista entrevistou testemunhas da época. Foi exibido com exclusividade no History Channel em novembro de 2014.
  • Documentário do livro "1942" (2015): Projeto realizado para o canal "on demand" Philos, e que alcançou grande sucesso em sua grade de programação. O filme conta com a participação de figuras ilustres como Pedro Bial e Luiz Fernando Verissimo, além de ex-combatentes e historiadores que relataram suas impressões sobre o conflito, bem como as importantes lições deixadas para a posteridade.[46]

Lançou em 2006 Um Brasileiro no Dia D, um documentário que aborda as comemorações do 60º aniversário do Dia D e o sobre o aviador franco-brasileiro Pierre Clostermann. O filme foi exibido no History Channel, em 2010. Em 2009, apresenta a série "Redescobrindo a Segunda Guerra", pelo National Geographic Channel brasileiro,[47] assim como lança o livro "Minha Segunda Guerra" pela Panda Books, também sobre o tema.[48] Sua ajuda em manter viva a história dos brasileiros no conflito lhe rendeu condecorações como a Medalha Mascarenhas de Morais, Medalha Três Bravos Brasileiros e Medalha da Vitória, de autoridades do Ministério da Defesa e entidades de veteranos da Força Expedicionária Brasileira. Em 2013, lançou seu segundo livro "1942-O Brasil e sua guerra quase desconhecida"[49] abrangendo de forma mais ampla a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.

João Barone (ao lado do baixista Bi Ribeiro) recebe o 26° Prêmio da Música Brasileira 2015, no Theatro Municipal, Rio de Janeiro/RJ

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Ano Prêmio Categoria Resultado
1999 Prêmio Multishow de Música Brasileira Melhor instrumentista Venceu
2003 Venceu
2011 Venceu

Referências

  1. «dicionariompb.com.br/joao-barone/biografia». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  2. a b c França, Jamari (2003). Os Paralamas do Sucesso: vamo batê lata. [S.l.]: Editora 34 
  3. Rio, Do G1 (3 de março de 2015). «Morre baterista que inspirou 'Vital e sua moto', dos Paralamas do Sucesso». Rio de Janeiro. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  4. «Folha de S.Paulo - Police para quem precisa - 19/03/2007». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  5. «Paralamas do Sucesso relembram estreia no Rock in Rio, em 1985». O Globo. 17 de agosto de 2015. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  6. «Folha de S.Paulo - Faz 20 anos - 28/08/2006». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  7. «Os Paralamas do Sucesso | 22 álbuns da Discografia no LETRAS.MUS.BR». Letras.mus.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  8. «Revista Noize #75 - Os Paralamas do Sucesso - Fevereiro | Março 2018». Issuu (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2020 
  9. Sanches, Luciana Maria (20 de setembro de 2007). «Paralamas do Sucesso receberá Grammy especial». Omelete. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  10. «Dani e Barone são destaques no prêmio Multishow – Equipo». Consultado em 9 de setembro de 2020 
  11. «Andy Summers e João Barone falam sobre o projeto Call the Police». Metrópoles. 17 de junho de 2018. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  12. «Call the Police Tour with Andy this August and September in Brazil, Uruguay, Peru and Chile - Andy SummersAndy Summers» (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2020 
  13. «João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso, se casa em cerimônia anos 40». ESTRELANDO. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  14. «Agenda Os Paralamas do Sucesso Drive-in». Zine Cultural. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  15. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  16. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  17. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  18. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  19. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  20. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  21. «Rita Lee estréia "Yê Yê Yê de Bamba" em SP - Cultura». Estadão. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  22. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  23. «Paulo Ricardo - Rock Popular Brasileiro». Discogs. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  24. «Folha de S.Paulo - 'Domingo' é bem-humorado - 21/11/1995». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  25. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  26. «Biografia de Kid Abelha». Letras.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  27. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  28. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  29. «Dado Villa-Lobos lança segundo CD solo e aposta no formato digital». Globo News. 20 de novembro de 2012. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  30. «Dinho Ouro Preto - Vertigo». Discogs. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  31. CD BÁSICO INSTINTO - Fausto Fawcett e Falange Moulin Rouge, consultado em 9 de setembro de 2020 
  32. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
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  34. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  35. «Discoteca básica da Bizz: Léo Jaime - "Sessão da Tarde" (1985)». Consultado em 9 de setembro de 2020 
  36. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  37. «ISTOÉ Gente». www.terra.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  38. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  39. «Folha de S.Paulo - Música - Metal: Sepultura grava seguindo o espírito de "menos é mais"». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  40. «Folha de S.Paulo - Música: Toni Platão oferece sua voz em novo disco - 10/07/2000». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  41. «Discos do Brasil - www.discosdobrasil.com.br». www.discosdobrasil.com.br. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  42. «A noite vai ser boa... | Diario de Cuiabá». A noite vai ser boa... | Diario de Cuiabá. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  43. «João Barone tem uma carreira que vai bem além dos Paralamas - Variedades». 4oito. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  44. Poggio, Guilherme (12 de julho de 2011). «Documentário: Um brasileiro no Dia D». Forças Terrestres - ForTe. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  45. «DefesaNet - Ecos - Guerras, Conflitos, Ações - 'O Caminho dos Heróis' - Brasileiros na Segunda Guerra são tema de documentário». DefesaNet. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  46. Izel', 'Adriana. «Série apresenta a história da participação do Brasil na Segunda Guerra». Acervo. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  47. «João Barone apresenta série sobre a Segunda Guerra - Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: cultura & lazer». Jornal Diário do Grande ABC. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  48. Folha Online, 16/8/2009
  49. «Livro de João Barone torna-se documento indispensável sobre a Segunda Guerra - Cultura». Estadão. Consultado em 9 de setembro de 2020 
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