Jaysh al-Islam – Wikipédia, a enciclopédia livre

Jaysh al-Islam
Exército do Islão
Datas 2011 a 2013 (Liwa al-Islam)
2013 a presente (Jaysh al-Islam)
Ideologia Islamismo sunismo
Salafismo
Wahhabismo
Fundamentalismo islâmico
Nacionalismo sírio
Objetivos Derrube do governo de Bashar al-Assad
Declarar um Estado Islâmico na Síria, baseado na Sharia
Organização
Parte de Exército Livre Sírio (2013-2015)

Frente Islâmica
Conselho da Shura dos Mujahidin (2014-2015)
Comando Militar Unificado de Ghouta Oriental (2014-2015)
Exército Nacional Sírio (2018-presente)

Líder Essam al-Buwaydhani (2015-presente)
Orientação
religiosa
Sunismo
Sede Actualmente:
Jarablus, Turquia Zona ocupada turca no Norte da Síria
Anteriormente: Douma, Síria (até Abril de 2018)
Área de
operações
Norte da Síria
Efetivos 10.000 a 15.000 (2018)
Antecessor(es)
anterior
Liwa al-Islam
Relação com outros grupos
Aliados  Turquia (a partir de 2018)
Arábia Saudita (até 2018)
Exército Livre Sírio
Ahrar al-Sham
Legião al-Rahman (às vezes)
1.ª Brigada de Damasco (às vezes)
Jabhat al-Nusra (às vezes)
Saraya Ahl al-Sham
Aknaf Bait al-Maqdis
Inimigos Síria República Árabe Síria
Irã Irão
 Rússia
Hezbollah
Forças Democráticas Sírias
Estado Islâmico do Iraque e da Síria
Tahrir al-Sham
Jaysh al-Ummah
Legião al-Rahman (às vezes)
1.ª Brigada de Damasco
Conflitos
Guerra Civil Síria

Jaysh al-Islam (árabe: جيش الإسلام‎; português: Exército do Islão), inicialmente fundado com o nome de Liwa al-Islam ("Brigadas do Islão"), é uma coligação de rebeldes salafistas, islamistas e wahhabistas envolvida na Guerra Civil Síria.[1]

O grupo tinha como principal área de influência era Damasco, com especial destaque para a cidade de Douma e a restante área leste de Ghouta,[2] onde Jaysh al-Islam era o maior grupo rebelde,[3] como antes era Liwa al-Islam.

Jaysh al-Islam integrou o Conselho Supremo Militar do Exército Livre Sírio (ELS) até Dezembro de 2013,[4] mas em Novembro de 2013 o grupo formou a Frente Islâmica e no mês seguinte viria a romper relações com o ELS.[5][6][7] Tal como Ahrar al-Sham, era dos principais grupos apoiados e financiados pela Arábia Saudita,[8] com Jaysh al-Islam a defender a criação de um Estado Islâmico na Síria baseado na Sharia para substituir o governo de Bashar al-Assad.[9]

História[editar | editar código-fonte]

Liwa al-Islam[editar | editar código-fonte]

Liwa al-Islam foi fundado por Zahran Alloush, filho de um clérigo islâmico residente na Arábia Saudita Abdullah Mohammed Alloush, após ter sido solto pelas autoridades governamentais sírias em 2011,[10] após ter cumprido penas pelas suas ligações a movimentos salafistas. O grupo declarou que era responsável pelo Atentado de 18 de julho de 2012 em Damasco que causou a morte de Dawoud Rajiha (Ministro da Defesa), Assef Shawkat (Secretário do Ministro da Defesa) e Hassan Turkmani (Vice-Presidente Assistente). Liwa al-Islam foi responsável por diversas operações rebeldes na zona de Damasco, efectuando operações conjuntas com Jabhat al-Nusra, braço armado da Al-Qaeda na Síria.[11]

Fusão para formar Jaysh al-Islam[editar | editar código-fonte]

Em 29 de Setembro de 2013, 50 facções rebeldes operando na zona de Damasco anunciaram a sua fusão para dar origem a um novo grupo: Jaysh al-Islam. Liwa al-Islam era a principal facção no novo grupo, e o seu líder Zahran Alloush tornou-se o líder da nova milícia.[12][13] 38 dos 50 grupos que fundaram Jaysh al-Islam já estavam aliados a Liwa al-Islam.[14][15] Em Setembro, o porta-voz do grupo Islam Alloush (irmão de Zahran) tinha criticado o Conselho Nacional Sírio (CNS), ao afirmar que o CNS deveria ser liderado por pessoas que estejam a combater na Síria em vez de exilados, mas não decidiu (neste momento) romper totalmente o CNS.

Por Novembro de 2013, 60 grupos tinham-se fundido no Jaysh al-Islam,[16] e mais 175 diversos grupos rebeldes expressaram o seu interesse em se juntarem ao grupo.[16]

A criação do novo grupo foi alegadamente negociada e pensada pela Arábia Saudita, que acreditava que a Frente al-Nusra estava a ganhar demasiada influência.[17] Após a fusão, o The Guardian relatou que o governo saudita estava preparado para dar milhões de dólares em financiamento e armamento ao grupo,[18] e usando o instrutores do Paquistão para treinar os seus combatentes.[19]

Cisão do ELS e fundação da Frente Islâmica[editar | editar código-fonte]

Embora anteriormente tenha estado afiliado ao Exército Livre Sírio (dentro do Conselho Militar Supremo), em Dezembro de 2013 Zahran Alloush anunciou que abandonava o ELS, dizendo: "A nossa afiliação ao Conselho veio quando estava a conduzir operações contra Assad sem estar dependente de terceiros, e quando assinou que nada tinha delineado sobre o futuro do Estado." Quando o ELS se juntou à Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias e se comprometeu com um estado democrático e pluralista, Alloush - que tinha fundado a Frente Islâmica em Novembro de 2013 - decidiu que não iria fazer mais parte do Conselho Militar do ELS.

Em Março de 2015, Jaysh al-Islam e o Comando Militar Unificado do leste de Ghouta formaram o "Conselho Militar de Damasco e Arredores", sob o comando directo de Zahran Alloush.[20]

Até finais de 2015, o grupo continuou a cooperar com Frente Al-Nusra.[21]

Morte de Zahran Alloush[editar | editar código-fonte]

A 25 de Dezembro de 2015, o fundador e líder do grupo Zahran Alloush foi morto, bem como outros diversos líderes do grupo, num ataque aéreo da Força Aérea Árabe Síria nos subúrbios de Damasco.[22][23] Abu Hammam Bouwidani foi o sucessor de Alloush para liderar o grupo.[24]

2016-2018[editar | editar código-fonte]

A partir da morte de Alloush no final de 2015, conflitos emergiram entre Jaysh al-Islam e os outros grupos jihadistas que ocupavam o leste de Ghouta, bem como a Frente al-Nusra e sua aliança Jaish Al-Fustat, enquanto Ahrar al-Sham manteve-se neutral no conflito.[25][26][27][28][29] O conflito entre rebeldes em Ghouta ocorreu em Maio de 2016, provocando cerca de 300 mortos, até que a 24 de Maio, os líderes de Jaysh al-Islam e da Legião al-Rahman assinaram um acordo de cessar-fogo.[30]

A 25 de Janeiro de 2017, a secção de Idlib do grupo fundiu-se no Ahrar al-Sham.[31]

Em Abril de 2017, uma coligação entre Legião al-Rahman e Tahrir al-Sham infiltraram-se na zona de Ghouta Oriental controlada por Jaysh, que lançou uma campanha para expulsar do seu território, o que resultou em 95 mortos entre 26 de Abril a 1 de Maio.[32] Os confrontos entre rebeldes levou que as forças governamentais ganhassem território na zona rebelde, que originou manifestações a pedirem às facções rebeldes se unirem e pararem o conflito. Filmagens destas manifestações em Abril mostraram militantes do grupo a abrirem fogo contra os manifestantes.[32]

A 12 de Abril, após a vitória decisiva do Governo Sírio na ofensiva sobre Ghouta, os militantes de Jaysh com as suas famílias concordaram em abandonar a zona, em direcção à zona ocupada pela Turquia no norte da Síria.[33]

Filiação às forças pró-turcas[editar | editar código-fonte]

Após ter se fixado na zona ocupada turca, Jaysh al-Islam estabeleceu uma nova sede em Jarablus.[34] Segundo relatos, a Arábia Saudita cortou relações com o grupo, levando Jaysh a se tornar mais próximo da Turquia.[34] Alegadamente, o governo turco pretende usar os combatentes do grupo para expulsar as Forças Democráticas Sírias de Manbij.[34]

Em Setembro de 2018, o líder do grupo confirmou que Jaysh al-Islam tinha aceitado integrar no Exército Nacional Sírio, o grupo de forças rebeldes controladas e financiadas pela Turquia para combater as forças curdas.[35]

Referências

  1. Tue Oct 01 14:51:13 UTC 2013. «Insight: Saudi Arabia boosts Salafist rivals to al Qaeda in Syria». Reuters 
  2. «Rise of Jaish al-Islam marks a turn in Syria conflict». Middle East Eye (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  3. «Yahoo». Yahoo (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  4. «Leading Syrian rebels defect, dealing blow to fight against al-Qaeda» (em inglês). 5 de dezembro de 2013. ISSN 0307-1235 
  5. «The Dawn of Freedom Brigades: Analysis and Interview - Syria Comment». www.joshualandis.com. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  6. «Islamist Mergers in Syria: Ahrar al-Sham Swallows Suqour al-Sham». Carnegie Middle East Center (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  7. «Syrian rebels form new Islamic Front». BBC News (em inglês). 22 de novembro de 2013 
  8. Lynch, John Hudson, Colum. «The Road to a Syria Peace Deal Runs Through Russia». Foreign Policy (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  9. «Iron Rule: Jaish al-Islam in Eastern Ghouta». Syria (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  10. «Freedom fighters? Cannibals? The truth about Syria's rebels». The Independent (em inglês). 17 de junho de 2013. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  11. «Jaysh al-Islam (formerly Liwa al-Islam) | Terrorist Groups | TRAC». www.trackingterrorism.org. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  12. Hassan, Hassan. «The Army of Islam Is Winning in Syria». Foreign Policy (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  13. «YouTube». www.youtube.com. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  14. roadmin. «Assessing Syria's Islamic Alliance | Revolution Observer» (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2013 
  15. «GUEST POST: On Liwa al-Islam and the new 'Jaysh al-Islam' merger :: Aymenn Jawad Al-Tamimi». web.archive.org. 30 de setembro de 2013. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  16. a b «Syria: Jaysh Al-Islam rejects Geneva II conference | ASHARQ AL-AWSAT». web.archive.org. 15 de novembro de 2013. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  17. «Insight: Saudi Arabia boosts Salafist rivals to al Qaeda in Syria». Reuters (em inglês). 1 de outubro de 2013 
  18. Black, Ian; editor, Middle East (7 de novembro de 2013). «Syria crisis: Saudi Arabia to spend millions to train new rebel force». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  19. Kenner, David. «Saudi Arabia's Shadow War». Foreign Policy (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  20. «تشكيل "المجلس العسكري في دمشق وريفها" وانضمامه لـ"القيادة الموحدة"». السورية نت | Alsouria.net (em árabe). 30 de março de 2015. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  21. «Why Jaish Al Islam and Ahrar Al Sham are at the heart of Geneva squabbles». The National (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  22. «Syrian rebel leaders die in air strike». BBC News (em inglês). 26 de dezembro de 2015 
  23. Shaheen, Kareem (25 de dezembro de 2015). «Leader of powerful Syrian rebel group killed in airstrike». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  24. «Russian raids kill prominent Syrian rebel commander | News | Al Jazeera». www.aljazeera.com. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  25. Ali, Abdallah Suleiman (3 de julho de 2015). «Is Jabhat al-Nusra behind Ghouta demonstrations?». Al-Monitor (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 24 de junho de 2016 
  26. «After Zahran: Rising Tension in the East Ghouta». Carnegie Middle East Center (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  27. «Rebel allies fight each other in east Damascus: monitor». now.mmedia.me. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  28. Szakola, Albin. «Rebel heavyweights clash outside Damascus». now.mmedia.me. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  29. Magnier, Elijah J. (30 de abril de 2016). «Jaish al-islam "appreciates the non-participation of Ahrar al-Sham in the attack against its positions in Al-Ghouta"pic.twitter.com/bYBDxHjpks». @EjmAlrai (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  30. Lister, Charles (24 de maio de 2016). «Jaish al-Islam & Faylaq al-Rahman sign major agreement - ceasing hostilities, exchanging prisoners, opening routes :pic.twitter.com/1lv5Pec6Gs». @Charles_Lister (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  31. Hadi, هادي العبدالله (25 de janeiro de 2017). «عاجل| بيان مشترك من كبرى الفصائل الثورية في الشمال السوري تعلن فيه انضمامها الكامل إلى صفوف حركة #أحرار_الشامpic.twitter.com/uvW6YvfsOc». @hadialabdallah (em árabe). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  32. a b «Syrian rebels 'fire on protesters' calling for end to infighting». Middle East Eye (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  33. «Jaysh al-Islam reportedly agrees to leave Dumayr for Jarablus in northern Syria». The Defense Post (em inglês). 17 de abril de 2018. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  34. a b c «How Has Turkey Exploited the Saudi-funded Jaish al-Islam?». The Syrian Observer. 7 de novembro de 2018. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  35. SouthFront (28 de setembro de 2018). «Jaysh Al-Islam Joins Turkish-backed Forces In Northern Syria» (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2019