József Bozsik – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para o estádio, veja Estádio József Bozsik.
József Bozsik
Informações pessoais
Data de nascimento 28 de novembro de 1925
Local de nascimento Kispest, Hungria
Nacionalidade húngaro
Data da morte 31 de maio de 1978 (52 anos)
Local da morte Budapeste, Hungria
Ambidestro
Informações profissionais
Posição Meia
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1943–1962 Honvéd 0477 00(33)
Seleção nacional
1947–1962 Hungria 0101 00(11)
Jogos Olímpicos
Ouro Helsinque 1952 Futebol

József Bozsik (Kispest, 28 de novembro de 1925Budapest, 31 de maio de 1978) foi um futebolista da Hungria.

Bozsik celebrizou-se como um dos coadjuvantes da Seleção Húngara que assombrou o mundo esportivo na primeira metade da década de 1950, e do Honvéd, o melhor time do mundo na época e base do selecionado.[1] Além disso, era também deputado da Assembleia Nacional Húngara.[2]

Bozsik detinha o recorde de mais partidas pela Hungria, 101 partidas, mas foi superado por Gabor Kiraly, que passou ter 108 partidas quando participou da Eurocopa de 2016.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Honvéd[editar | editar código-fonte]

Bozsik passou toda a carreira no Honvéd, desde que o clube ainda chamava-se Kispest, sendo colega de Ferenc Puskás, que ingressou na equipe principal do Kispest dois anos depois de Bozsik. A mudança de nome veio em 1949, quando a equipe tornou-se do Exército, em uma reforma dirigida pelo vice-ministro dos esportes, Gusztáv Sebes.[3] Até então mediana, o Honvéd tornou-se um dos mais fortes times do país, recebendo vários craques recrutados por Sebes,[3] dentre eles Gyula Grosics, László Budai, Sándor Kocsis e Zoltán Czibor.

Os títulos que o Kispest nunca conquistara não demorariam a chegar após a transformação. Bozsik faturou os campeonatos húngaros em 1950, 1952, 1954 e 1955. Ele foi um dos que acabaram continuando no clube após os meses em que o time ficou exilado no biênio 1956-1957: o Honvéd estava na Espanha para enfrentar o Athletic Bilbao [4] pela Copa dos Campeões da UEFA quando a Revolução Húngara de 1956, movimento de ampla adesão popular que lutava contra a excessiva influência soviética, foi reprimida pelo Pacto de Varsóvia.

Na ocasião, os jogadores decidiram não voltar, tendo de enfrentar o Athletic, no jogo de volta, em Bruxelas. Depois, a equipe realizou amistosos pelo mundo, chegando a vir para o Brasil, onde jogou contra Flamengo e Botafogo.[1] Após muita negociação - a FIFA, pressionada pela Federação Húngara, proibiu os jogadores de atuarem partidas oficiais por outras equipes -, Bozsik esteve entre os que aceitaram regressar à Hungria.

O Honvéd, porém, só voltaria a ser campeão nacional na década de 1980, já após a morte de Bozsik, que se aposentou na equipe em 1962. Até lá, a equipe faturou apenas a desvalorizada Copa Mitropa de 1959 e a Copa da Hungria de 1964, esta já sem ele. Ele chegou a ter uma curta passagem de técnico no clube que defendera por quase vinte anos, na temporada 1966/67.

Seleção Húngara[editar | editar código-fonte]

A primeira partida de Bozsik pela Hungria realizou-se em 1947. O país, porém, decidiu não participar das eliminatórias para a Copa do Mundo de 1950, juntamente com os demais comunistas do Leste Europeu, com exceção da Iugoslávia.[5]

Cinco anos depois após seu debute, Bozsik ganhava a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Verão de 1952 com a seleção. O Honvéd era a base do elenco titular da Hungria, que no início da década de 1950 viveu uma invencibilidade ainda não igualada de 32 partidas. A consagração definitiva estava prometida para a Copa do Mundo de 1954: no ano anterior, a Hungria faturou a Copa Dr. Gerö, precursora da atual Eurocopa, e bateu por 6 x 3 a Inglaterra em pleno Wembley, tornando-se a primeira seleção não-britânica a vencer os ingleses nos domínios deles. A um mês do mundial, na revanche do English Team em Budapeste, a Hungria ampliou seu favoritismo, massacrando por 7 x 1.

Copa do Mundo de 1954[editar | editar código-fonte]

Os húngaros chegaram até a final após uma campanha brilhante: na primeira fase, impuseram novos massacres: foram 9 x 0 na Coreia do Sul e 8 x 3 na Alemanha Ocidental. Depois, nas quartas-de-final e semifinais, venceram por 4 x 2 as seleções que decidiram a Copa do Mundo anterior, Brasil e Uruguai. O jogo contra a Celeste foi o único em que ele não participou: contra os brasileiros, havia sido expulso juntamente com Nilton Santos, após ambos trocarem empurrões e pontapés,[6] em uma partida tão marcada pela violência das duas equipes que ficou conhecida como "Batalha de Berna", em alusão também à cidade onde foi realizada a partida.

Ao ser indagado pelo árbitro da partida, o inglês Arthur Ellis, se havia sido suspenso posteriormente pela federação nacional, Bozsik respondeu desdenhosamente que "na Hungria, nós não prendemos deputados".[2] E ele realmente voltou ao time na final, onde novamente os húngaros enfrentariam a Alemanha Ocidental. Os magiares estavam certos de nova vitória [7] e não se abalaram nem após os alemães empatarem aos 18 minutos do primeiro tempo a vitória parcial por 2 x 0 que a Hungria conseguira construir nos sete primeiros minutos, mesmo com o segundo gol alemão saindo após falta no goleiro Grosics.

Bastante autoconfiantes, os húngaros nunca protestavam contra a arbitragem, pois costumavam compensar eventuais erros dela com muitos gols.[8] Porém, não foi o que aconteceu. Os alemães impuseram uma marcação firme sobre o principal armador das jogadas húngaras, Nándor Hidegkuti, e souberam fechar-se na defesa.[8] A seis minutos do fim, em um contra-ataque, viraram a partida e conseguiram suportar a pressão húngara nos últimos minutos, em que um gol de Puskás chegou a ser anulado.[8] A invencibilidade húngara caiu naquela partida, justo quando não podia.

Copa do Mundo de 1958[editar | editar código-fonte]

Quatro anos depois, Bozsik disputava a Copa do Mundo de 1958 como um dos titulares remanescentes de 1954, ao lado de Gyula Grosics, László Budai e Nándor Hidegkuti. A Hungria sentiu a decadência sofrida pelo Honvéd após a crise de 1956. Puskás, Czibor e Kocsis, justamente os três melhores jogadores do time, haviam preferido o exílio no futebol espanhol. Os húngaros, sem eles, já não eram considerados favoritos como antes.[9] Curiosamente, foi nesse ambiente que Bozsik marcou seu primeiro (e único) gol em Copas, na estreia contra o País de Gales. Porém os húngaros resolveram recuar para segurar o resultado, sofreram o empate e terminaram a partida sofrendo pressão galesa, algo inimaginável anos antes.[10]

No jogo seguinte, a Hungria enfrentou a anfitriã Suécia. Bozsik foi escalado no meio-de-campo, em uma posição mais avançada.[11] Ele fez o que pôde, armando jogadas para que o jovem Lajos Tichy desferisse seus chutes violentos,[11] mas apenas um deles resultou em gol, enquanto os nórdicos fizeram dois e venceram.

A partir daquela partida, o técnico Lajos Baróti, para o espanto geral, decidira não escalar mais Bozsik e Hidegkuti juntos:[12] Hidegkuti não jogou contra a Suécia,[11] voltou contra o México (contra quem Bozsik não jogou)[12] e novamente saiu para a volta de Bozsik no play-off,[13] em que os magiares voltaram a enfrentar Gales. Apesar da violência húngara,[13] os britânicos conseguiram vencer de virada e desclassificaram prematuramente os vice-campeões mundiais.

Apesar de continuar jogando pela Hungria até 1962, Bozsik acabou não incluído entre os convocados para a Copa do Mundo naquele ano.

Referências

  1. a b "O major da cavalaria húngara húngara", Especial Placar - Os Craques do Século, novembro de 1999, Editora Abril, págs. 16-17
  2. a b YALLOP, David A. Como eles roubaram o jogo - segredos dos subterrâneos da FIFA. São Paulo: Record, 1998, pp. 32-33. ISBN 85-01-05448-8
  3. a b "Ninguém segura a Hungria", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 5 - 1954 Suíça, janeiro de 2006, Editora Abril, págs. 6-8
  4. Foi doping ou vitamina C?", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 5 - 1954 Suíça, janeiro de 2006, Editora Abril, pág. 43
  5. "Surpresas desagradáveis", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 4 - 1950 Brasil, novembro de 2005, Editora Abril, págs. 10-13
  6. "A Batalha de Berna", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 5 - 1954 Suíça, janeiro de 2006, Editora Abril, pág. 37
  7. "O cabeça de ouro", Especial Placar - Os Craques do Século, novembro de 1999, Editora Abril, pág. 37
  8. a b c "Paciência e correria", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 5 - 1954 Suíça, janeiro de 2006, Editora Abril, pág. 40
  9. "Surpresas desagradáveis", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 6 - 1958 Suécia, fevereiro de 2006, Editora Abril, págs. 10-15
  10. "O fim de uma esperança", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 6 - 1958 Suécia, fevereiro de 2006, Editora Abril, pág. 31
  11. a b c "Alteração inútil", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 6 - 1958 Suécia, fevereiro de 2006, Editora Abril, pág. 32
  12. a b "Ataque novo e goleada", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 6 - 1958 Suécia, fevereiro de 2006, Editora Abril, pág. 33
  13. a b "Pancadaria na despedida", Max Gehringer, Especial Placar: A Saga da Jules Rimet fascículo 6 - 1958 Suécia, fevereiro de 2006, Editora Abril, pág. 33

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]