Isabel da Trindade – Wikipédia, a enciclopédia livre

Elisabeth da Trindade
Isabel da Trindade
Santa Elisabeth da Trindade com o hábito religioso carmelita.
Nascimento 18 de julho de 1880
Farges-en-Septaine (Cher), França
Morte 9 de novembro de 1906 (26 anos)
Carmelo de Dijon, França
Veneração por Igreja Católica
Beatificação 25 de novembro de 1984
por Papa João Paulo II
Canonização 16 de outubro de 2016
Vaticano
por Papa Francisco
Festa litúrgica 8 de novembro
Padroeiro Doentes; orfãos
Portal dos Santos

Elisabeth (No Brasil: Elisabete) da Trindade, OCD (Farges-en-Septaine, 18 de julho de 1880-Dijon, 9 de novembro de 1906) foi uma monja carmelita descalça francesa.

Vida e obras[editar | editar código-fonte]

Nascida Elisabeth Catez Rolland, em 1901 entrou no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Dijon. Foi uma verdadeira adoradora em espírito e verdade, entre penas interiores e doenças, viveu como "louvor de glória" da Santíssima Trindade presente na alma, encontrando no mistério da habitação de Deus na alma o seu "céu na terra", seu carisma e missão eclesial.

Nascimento[editar | editar código-fonte]

Na manhã de domingo 18 de julho de 1880, Elisabeth Cates nasce no acampamento militar de Avor, onde seu pai, o Capitão José Catez, do oitavo esquadrão do trem das equipagens, está em guarnição. O seu nascimento não esteve isento de dificuldades. Os dois médicos presentes já haviam advertido o Capitão que seria necessário fazer o sacrifício desta primeira criança. A mãe sofreu muito durante trinta e seis horas. Mas, no final da Missa que o Capelão Chaboisseau celebrava nas suas intenções, a pequena Elisabeth vem ao mundo. A criança tem boa saúde, “era muito bonita e muito esperta”, se recordará a senhora Catez. A 22 de julho, festa de Santa Maria Madalena (será motivo de alegria para a futura contemplativa), ela é batizada.

Morte de Pai[editar | editar código-fonte]

A 24 de janeiro de 1887 morre Raymond Rolland, tão hábil, segundo se diz, “na arte de ser avô”. Oito meses mais tarde, novo luto, bem mais doloroso: na manhã de domingo, 2 de outubro, o senhor Catez, que já sofrera várias crises cardíacas, morre de modo brusco. (p.14).

Formação[editar | editar código-fonte]

Sem ser rica, a senhora Catez goza de uma comodidade suficiente para assegurar a formação de suas filhas.Por volta dos sete anos, Elisabeth recebe as primeiras aulas particulares de francês da senhorita Gemaux, sem dúvida para prepará-la para um ofício de professora de piano, sua mãe a inscreve no Conservatório de Dijon aos oito anos de idade.

O que se passou no seu coração, no dia 19 de abril de 1891, [dia de sua primeira comunhão], durante a Missa e a ação de graças, lágrimas de alegria correm sobre seu rosto…Ao sair da Igreja de São Miguel, ela diz a Maria Luísa: “Eu não tenho fome, Jesus me alimentou…”Pode-se supor a intensidade deste primeiro encontro com o Corpo de Cristo através de uma de suas poesias da juventude escrita para o sétimo aniversário desta comunhão – uma das únicas poesias redigidas unicamente para ela mesma em face de Jesus, e que formam seu diário íntimo. À tarde, com a sua bela veste branca, ela vai visitar a Madre Priora do Carmelo. Maria de Jesus explica-lhe o significado de seu nome hebreu: “Elisabeth é a casa de Deus”. A menina está e permanecerá profundamente impressionada. Ela experimentou tão bem esta manhã que Deus nela habita! (p.16).

A partir desse dia, ela começa a entender a grandeza da própria vocação. Se sente chamada a ser “Casa de Deus”. Uma vocação que amadureceu sempre mais, até chegar a consumação total em Deus. Para ela esse momento teve uma nota decisiva em sua vida, entende que era casa de Deus e procurou cultivar esse templo de uma maneira simples, sendo ela mesma, porque se deixou trabalhar por Deus, esse Deus que para ela era “Só Amor”.[1]

A mãe consente a entrada no Carmelo aos 21 anos.

Em 26 de março de 1899, durante a grande Missão pregada em Dijon, a Senhora Catez finalmente consente na entrada de sua filha no Carmelo, mas somente aos vinte e um anos. (p.19).

Entrada no Carmelo[editar | editar código-fonte]

O dia 2 de agosto de 1901 traz também para Elisabeth a paz profunda de poder, enfim, dizer sim a Jesus que a quer no Carmelo. Nesta manhã ela escreve ao Cônego Angles: “Nós comungaremos na Missa das oito horas e, depois disto, quando Ele estiver no meu coração, mamãe me conduzirá à porta da clausura!” Quando Ele estiver no meu coração…Ela termina: “Eu sinto que sou toda sua, que não reservo nada, lanço-me nos seus braços como uma criancinha”. (p.22).

A 2 de agosto de 1901, data de sua entrada, vinte e quatro Irmãs vivem no interior, e duas Irmãs veleiras na habitação exterior. Elisabeth é a sétima jovem do “noviciado”, onde se permanece ainda três anos após a profissão (não havia naquela época os votos temporários). (p.23).

A 11 de janeiro de 1903, na festa da Epifania, após treze meses de noviciado, Irmã Elisabeth da Trindade, aceita por unanimidade por sua Comunidade, consagra-se a Deus pela Profissão por toda a eternidade. (p.24).

O noviciado[editar | editar código-fonte]

Se os quatro meses de seu postulado transcorreram na alegria e na luz, o ano de noviciado foi tanto mais duro e penoso. A oração tornou-se árida; pela segunda vez, Elisabeth está regularmente agoniada pelos escrúpulos devidos em parte a seu desejo de fazer tudo com perfeição; sua saúde vacila um pouco; sua sensibilidade (o traço dominante de seu caráter, afirma ela durante o seu postulado) vibra dolorosamente. Mas ninguém conhece este sofrimento afora suas Superioras.

Todo o sofrimento será então vivenciado por Elisabeth numa perspectiva relacional. Ela carrega a sua Cruz em obediência a Jesus que convida seus discípulos a “segui-lo”(Mt 8, 34). Eu não posso dizer que amo o sofrimento em si mesmo, mas o amo porque ele me faz conforme Àquele que é meu Esposo e meu Amor.

Antes do final de março de 1906, Elisabeth entra na enfermaria do Carmelo. O enfraquecimento progressivo dos últimos meses a confina num esgotamento total. Alimenta-se sempre com maior dificuldade. (p.28). É assim que Madre Germana classifica os oito meses e meio da terrível enfermidade de Elisabete. É impossível retraçar aqui com detalhes a evolução desta doença nem toda a riqueza espiritual que a acompanha. (p.29).

Provavelmente após uma tuberculose, Elisabeth foi atingida pela doença de Addison, então incurável, afecção crônica das glândulas supra-renais que não produziram mais as substâncias necessárias para o metabolismo. Donde resulta a astenia característica, perturbação gastrointestinal, náuseas, hipotensão arterial, uma quase impossibilidade de se alimentar, emagrecimento, tudo isto conduzindo a um esgotamento físico total e à morte. Sobre este estado geral se inserem com Elisabeth outras complicações, como ulcerações interiores, fortes dores de cabeça, e insônias. À medida que ela se aproxima da morte,todos estes sintomas se manifestam mais violentamente. Há também crises mais agudas, como a do dia 13 de maio quando pensou que fosse morrer (p.29).

“Madre Germana fala de seu corpo ‘comparável a um esqueleto’, literalmente calcinado’. Francisco de Sourdon, recordando-se do corpo de sua amiga exposto depois de sua morte, afirma: “Ela estava assustadora. Sentia-se uma criatura destruída, consumida” (p.30).

A morte[editar | editar código-fonte]

“No dia de todos os Santos, comunga pela última vez.(…) Elisabeth sai de sua prostração e pede perdão às suas irmãs em termos emocionantes. Convidada a lhes dizer ainda alguma palavra, ela responde: “Tudo passa!…Na tarde da vida só o amor permanece…É preciso fazer tudo por amor; é preciso se esquecer sem cessar: o bom Deus ama tanto quem se esquece de si…Ah! se eu tivesse feito sempre assim!…A noite de 8 para 9 de novembro é penosíssima. A seus sofrimentos se acrescenta a asfixia…Quase sem que se perceba ela cessa de respirar. Era por volta das seis horas e quinze minutos. (p.32).

Em 25 de novembro de 1984 foi beatificada pelo papa João Paulo II. Ele a apresentou como modelo à juventude e a todos os contemplativos.[2]

Beatificação e canonização[editar | editar código-fonte]

Elisabeth da Trindade foi beatificada em 25 de novembro de 1984, na Basílica de São Pedro no Vaticano pelo Papa João Paulo II.

Em junho de 2016, o Vaticano anunciou a canonização de Elisabeth domingo dia 16 de outubro de 2016. No dia 16 de outubro de 2016, a então Beata Elisabeth foi canonizada pelo S.S. Papa Francisco , juntamente com outros 6 beatos, em cerimônia presidida na Praça de São Pedro no Vaticano.[3]

  1. Comunidade Católica Shalom (19 de dezembro de 2002). «Elisabeth da Trindade». Comunidade Católica Shalom - comshalom.org. Consultado em 9 de novembro de 2014 
  2. Sciadini, ocd, Frei Patrício (2009). "Jesus, Quero escutar tua voz - A vida e os pensamentos da Beata Elisabeth da Trindade". [S.l.]: Edições Shalom. p. 15 
  3. http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2016-10-16/papa-francisco-canoniza-primeiro-santo-argentino-e-outros-seis-beatos.html

Ligações exteriores[editar | editar código-fonte]

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