Iolanda Fleming – Wikipédia, a enciclopédia livre

Iolanda Fleming
Iolanda Fleming
9.ª Governadora do Acre
Período 14 de maio de 1986
15 de março de 1987
Vice-governador [nota 1]
Antecessor(a) Nabor Júnior
Sucessor(a) Flaviano Melo
4.ª Vice-governadora do Acre
Período 15 de março de 1983
14 de maio de 1986
Governador Nabor Júnior
Antecessor(a) José Fernandes Rego
Sucessor(a) Édison Simão Cadaxo
Deputada estadual pelo Acre
Período 1º de fevereiro de 1979
1º de fevereiro de 1983
Vice-prefeita de Rio Branco
Período 1º de janeiro de 1989
1º de janeiro de 1993
Prefeito Jorge Kalume
Antecessor(a) Airton Rocha[1]
Sucessor(a) Regina Lino
Vereadora de Rio Branco
Período 1º de fevereiro de 1973
1º de fevereiro de 1979
Dados pessoais
Nome completo Iolanda Ferreira Lima
Nascimento 20 de junho de 1936 (87 anos)
Manoel Urbano, AC
Nacionalidade Brasileira
Cônjuge Geraldo Fleming
Partido PTB (1954-1965)
MDB (1966-1979)
PMDB (1980-1988)
PDS (1988-1993)
PMDB (1994-2009)
PTB (2009-2022)
UNIÃO (2022-presente)
Profissão professora

Iolanda Ferreira Lima, mais conhecida como Iolanda Fleming (Manoel Urbano, 20 de junho de 1936), é uma professora e política brasileira filiada ao União Brasil (UNIÃO). Foi a 4.ª vice-governadora do Acre de 1983 a 1986, e, posteriormente, a 9.ª governadora de 1986 a 1987, tendo sido a primeira mulher a governar um estado brasileiro.[2][3]

Dados biográficos[editar | editar código-fonte]

Origem e formação[editar | editar código-fonte]

Natural de Manoel Urbano, Iolanda Ferreira Lima é filha do seringueiro cearense Horácio Lima e da imigrante árabe Nazira Anute. Agricultora e empregada doméstica, estudou no Instituto Santa Juliana, em Sena Madureira, antes de formar-se professora na Escola Normal Lourenço Filho.[4] Aos doze anos de idade, foi animadora dos comícios do PTB no Acre,[nota 2] casando-se anos depois com Geraldo Fleming, veterinário e capitão do exército nascido na cidade mineira de Campanha.[5] Em 1961 o governador Rui Lino a nomeou para trabalhar na rede estadual de ensino e um ano depois, Geraldo Fleming foi eleito deputado estadual, licenciando-se para ocupar os cargos de secretário de Agricultura e secretário de Justiça[nota 3] no governo Edgar Cerqueira, alçado ao Executivo acriano nos primeiros meses do Regime Militar de 1964.[6] No ano seguinte, Iolanda Fleming foi exonerada do cargo de diretora da escola Neutel Maia, em Rio Branco.[7]

Governadora do Acre[editar | editar código-fonte]

Quando os militares impuseram o bipartidarismo em 1965,[8] Geraldo Fleming e Iolanda Fleming viram-se sem o PTB e optaram pelo MDB. Nesta legenda ela foi eleita vereadora em Rio Branco em 1972 e 1976, chegando à presidência da Câmara Municipal e formando-se advogada no ano seguinte pela Universidade Federal do Acre.[7] Eleita deputada estadual em 1978 após quatro mandatos consecutivos do marido,[9] filiou-se ao PMDB com o retorno do pluripartidarismo em 1980,[10] sendo eleita vice-governadora do Acre na chapa de Nabor Júnior em 1982.[11][12]

Em 28 de março de 1983 entrou para a história política brasileira como a primeira mulher a assumir o governo de um estado, pois Nabor Júnior viajou para Belém, onde participou de uma reunião no Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia.[13][nota 4] Investida no cargo em outras oportunidades, foi em uma de suas passagens pelo governo que eclodiu a "Questão do Abunã", uma disputa territorial envolvendo Acre e Rondônia.[14][15][nota 5] Tomou posse como governadora em 14 de maio de 1986, quando Nabor Júnior renunciou para candidatar-se a senador,[16] numa cerimônia prestigiada por Nicette Bruno e Yoná Magalhães,[17] além do ministro da Justiça, Paulo Brossard (em nome do presidente José Sarney) e do deputado Heráclito Fortes (em nome de Ulysses Guimarães, presidente nacional do PMDB e da Câmara dos Deputados).[18] Deixou o Palácio Rio Branco ao final do mandato, mas foi secretária de Transportes no governo de seu sucessor, Flaviano Melo.[7]

Filiação ao PDS[editar | editar código-fonte]

Ao longo de 1987 separou-se de Geraldo Fleming passando a assinar "Iolanda Lima" e em maio do ano seguinte deixou a Secretaria de Transporte alegando "desprestígio" junto ao governo estadual. Um mês depois assinou a ficha de filiação ao PDS,[19] elegendo-se vice-prefeita de Rio Branco na chapa de Jorge Kalume em 1988 e amargando o penúltimo lugar como candidata a senadora em 1990.

Atividades recentes[editar | editar código-fonte]

Em seu retorno ao PMDB, candidatou-se a deputada federal em 1994, a vereadora de Rio Branco em 1996 e a deputada estadual em 2002, repetindo esta última empreitada via PTB em 2010, não se elegendo em nenhum desses casos.[9][20] Em 2019 foi agraciada pelo Senado Federal com o Diploma Bertha Lutz,[21][22]

Atualmente está filiada ao União Brasil (UNIÃO).[23]

Notas

  1. Durante o mandato da governadora Iolanda Fleming, seus substitutos foram o deputado Alcimar Leitão, presidente da Assembleia Legislativa, e o desembargador Minervino Bezerra de Farias, presidente do Tribunal de Justiça.
  2. Iolanda Fleming completou doze anos em 1948, ano em que não houve eleições no Acre, então um território federal, embora mantenhamos a informação originária do Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas.
  3. Conforme a nomenclatura da época, Geraldo Fleming foi secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, e depois secretário de Segurança, Interior e Justiça.
  4. Em 3 de janeiro de 1984 a advogada Janilene Melo, secretária de Planejamento de Rondônia (estado onde não existia o cargo de vice-governador), assumiu interinamente o governo durante 42 dias em substituição a Jorge Teixeira, mas a condição de Iolanda Fleming como a primeira de nossas governadoras foi salientada pela coluna Informe JB publicada pelo Jornal do Brasil no dia 9 de janeiro daquele ano, sob o título "A segunda".
  5. O cerne da questão foram as benfeitorias feitas pelos acrianos nos distritos de Extrema e Nova Califórnia, situados em Porto Velho. Ao comentar o caso, Iolanda Fleming sustentava que o Acre apenas retomou uma área que historicamente lhe pertencia, afinal o estado vizinho foi quem errou ao instalar um posto fiscal em solo acriano, tese rejeitada de forma veemente pelo governador de Rondônia, Ângelo Angelim.

Referências

  1. Redação (3 de janeiro de 1986). «Aragão muda apenas dois do secretariado anterior. Matutina – O País, p. 02». acervo.oglobo.globo.com. O Globo. Consultado em 6 de março de 2023 
  2. Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro, pós 1930. 2ª edição. volume II. Rio de Janeiro; editora da FGV, 2001. p. 2219/2220.
  3. Matheus Tupina (31 de outubro de 2022). «Com Raquel Lyra e Fátima, Brasil chega a dez governadoras eleitas na história». Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de novembro de 2022 
  4. Tião Maia (16 de setembro de 2022). «Instituto Santa Juliana completa 100 anos no mais completo abandono, em Sena». contilnetnoticias.com. Contilnet. Consultado em 6 de março de 2023 
  5. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Geraldo Fleming no CPDOC». Consultado em 6 de março de 2023 
  6. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Geraldo Fleming». Consultado em 6 de março de 2023 
  7. a b c BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Iolanda Fleming no CPDOC». Consultado em 6 de março de 2023 
  8. BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Dois de 27/10/1965». Consultado em 6 de março de 2023 
  9. a b BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 6 de março de 2023 
  10. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.767 de 20/12/1979». Consultado em 6 de março de 2023 
  11. Pedro Duran (29 de outubro de 2022). «Brasil vai eleger 9ª mulher para comandar um estado; sete vices também assumiram governos». cnnbrasil.com. CNN Eleições 2022. Consultado em 6 de março de 2023 
  12. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Dados estatísticos: eleições federais, estaduais e municipais realizadas em 1982. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 1988. v.14 t.1.
  13. Redação (29 de março de 1983). «Acre tem mulher no governo. Primeiro Caderno, Política – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 6 de março de 2023 
  14. Redação (15 de janeiro de 1986). «Acre retoma duas vilas de Rondônia. Primeiro Caderno – p. 14». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 6 de março de 2023 
  15. Redação (19 de janeiro de 1986). «Acre disputa território com Rondônia. Primeiro Caderno, Nacional – p. 18». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 6 de março de 2023 
  16. Tácita Muniz (15 de junho de 2021). «Professor cria página no Instagram para contar história do Acre com acervo de fotos antigas». g1.globo.com. G1 Acre. Consultado em 6 de março de 2023 
  17. Redação (14 de maio de 1986). «Mulheres chegam ao Acre para a posse de Iolanda. Primeiro Caderno, Política – p. 02». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 6 de março de 2023 
  18. Redação (15 de maio de 1986). «Vices tomam posse com promessas de continuar obras de ex-governadores. Primeiro Caderno, Política – p. 07». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 6 de março de 2023 
  19. Redação (7 de junho de 1988). «Iolanda no PDS. Nacional – p. 14». bndigital.bn.gov.br. Correio Braziliense. Consultado em 7 de março de 2023 
  20. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais». Consultado em 8 de março de 2023 
  21. Agência Senado (26 de março de 2019). «Presença feminina na sociedade marca entrega do Bertha Lutz 2019». Senado Federal do Brasil. Consultado em 3 de novembro de 2022 
  22. BRASIL, Senado Federal do. Mais mulheres na política Arquivado em 30 de setembro de 2015, no Wayback Machine.. Senado Federal. Acesso em 11 de outubro de 2015.
  23. «Baixa no União Brasil: Iolanda Fleming apoia Sanderson Moura em vez de Alan Rick». Acre in Foco. 1 de outubro de 2022. Consultado em 3 de novembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]